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Diversidade e frugivoria de morcegos filostomídeos (Chiroptera, Phyllostomidae) em habitats secundários e plantios de Pinus spp., no município de Anhembi - SP

DISSERTAÇÕES E TESES

Diversidade e frugivoria de morcegos filostomídeos (Chiroptera, Phyllostomidae) em habitats secundários e plantios de Pinus spp., no município de Anhembi - SP

Patrícia Tavoloni

RESUMO

Na região neotropical, a família Phyllostomidae é a mais diversa, em espécies e hábitos alimentares, interagindo com diversas espécies animais e vegetais, sendo apontados na literatura como cruciais para a dinâmica de florestas tropicais, por serem os principais dispersores de sementes de muitas plantas pioneiras nesta região. Este trabalho buscou investigar aspectos estruturais das assembléias de morcegos filostomídeos, e a dieta frugívora em três diferentes ambientes da Estação Experimental de Ciências Florestais de Anhembi: talhões de Pinus spp. com sub-bosque; capoeira em estágio inicial de regeneração; e fragmento de floresta estacional semidecídua em estágio médio de regeneração. As coletas foram realizadas, com 8 redes-de-neblina, uma noite por mês em cada ambiente, durante o período de julho de 2004 a junho de 2005, totalizando 1728 horas-rede. Foram realizadas 160 capturas (29 recapturas) de 8 espécies: Micronycteris megalotis, Carollia perspicillata; Glossophaga soricina; Artibeus fimbriatus; Artibeus lituratus; Platyrrhinus lineatus; Sturnira lilium; Desmodus rotundus. A assembléia de morcegos filostomídeos da EECFA segue o padrão encontrado em outros trabalhos realizados em áreas alteradas na região sudeste, apresentando espécies associadas a fisionomias de áreas secundárias e ambientes antropizados; tendo as espécies frugívoras Carollia perspicillata, Sturnira lilium, e Artibeus lituratus como as mais abundantes, correspondendo a cerca de 80% do total das capturas. C. perspicillata apresentou-se como dominante nos plantios de Pinus spp.; A. lituratus no fragmento florestal e S. lilium na capoeira. Os plantios de Pinus registraram maior freqüência de capturas (45%), seguidos pelo fragmento florestal (38%) e a capoeira (17%), entretanto, apresentaram menor índice de diversidade, seguido pela capoeira e pelo fragmento. As observações fenológicas das plantas quiropterocóricas estudadas na EECFA, indicaram que a oferta de frutos é constante ao longo do ano, não demonstrando correlações com a variável precipitação. As análises sobre os hábitos alimentares foram realizadas para as três espécies mais abundantes. Foi registrada a utilização de 13 espécies de plantas pertencentes a 4 famílias: Cecropiaceae, Moraceae, Piperaceae e Solanaceae. A freqüência de ocorrência dos itens alimentares apresentou variação estatística altamente significativa (c2; p<0,001). O gênero Piper, representado por cinco espécies, obteve maior freqüência de ocorrência total, com aproximadamente 70,0% (n=76), destacando-se na dieta de C. perspicillata (91%) e S. lilium (62%). Sementes de Ficus spp. obteve freqüência de ocorrência de 19% (n=21) e foi a mais abundante nas fezes de A. lituratus (75%). Cecropia spp. e Solanum spp. estavam presentes em 15% (n=16) e 10% (n=11) das amostras coletadas, respectivamente. As espécies estudadas apresentaram valores baixos de amplitudes alimentar e de sobreposição de nicho entre as espécies, mostrando a existência de uma divisão de recursos alimentares, exceto entre as espécies C. perspicillata e S. lilium, que obtiveram valores elevados de sobreposição de nicho, indicando que outros fatores podem estar atuando na divisão destes recursos, como diferenças nos padrões de forrageamento ou mesmo a grande abundância de frutos de Piperaceaes na área.

Palavras-chave: dieta, dispersão de sementes, frugivoria, morcegos

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Dez 2006
  • Data do Fascículo
    2006
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