NOSSA CAPA OUR JOURNAL COVER
Durante os 15 anos em que esteve no Brasil como membro da missão francesa incumbida de criar a Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, Jean Baptiste Debret foi um pintor absolutamente integrado às questões e aos relatos sociais brasileiros. Da mesma maneira que atendia à corte, produzindo gravuras que retratavam o cerimonial cotidiano dos nobres e atendendo pessoalmente a D. Pedro I, sentia-se intimamente ligado à vida da cidade, com seus escravos e senhores, hábitos, costumes e tradições.
Em aquarelas, gravuras e litogravuras, Debret foi precioso na descrição visual da vida urbana do Brasil do início do século XIX, revelando sem pudor, mas sem exageros a realidade da escravidão, os castigos aos negros trazidos da África, a miscigenação que se iniciava e até mesmo a dificuldade experimentada pelos negros já libertos em conviver com a alforria e os costumes da vida simples, porém repleta de ícones da vida imperial da corte portuguesa.
Na aquarela que ilustra a nossa capa, uma tela de Debret, datada de 1820-1830, intitulada Máscara que se usa nos negros que têm o hábito de comer terra, um artifício que não impunha tortura física aos escravos, mas limitações àqueles que traziam de sua origem miserável o hábito de enfrentar a fome com a ingestão de terra, o que lhes trazia doenças e não raramente a morte.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
22 Mar 2006 -
Data do Fascículo
Dez 2005