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Nossa capa

NOSSA CAPA

A Europa do século XVIII foi o berço de uma imensa revolução intelectual que varreu os remanescentes da anarquia feudal e do dogmatismo medieval. Nesse período, caracterizado como Iluminismo e também chamado, às vezes, Idade da Razão, os homens passaram a crer que, aplicando as imutáveis leis da natureza à política, à filosofia, à ética, à religião e à economia, poderiam construir a sociedade perfeita.

Essa foi a era que divinizou a ciência, buscando reduzir todos os processos intelectuais e morais a precisos princípios newtonianos de matéria, movimento, espaço, tempo e força. Ao fazê-lo, muitos homens talentosos descobriram dados básicos em química e física, que indiretamente beneficiaram a medicina.

A despeito das várias teorias, o médico do século XVIII era um marco na sociedade, um erudito respeitado, um homem de recursos. Usava roupas e perucas elefantes e geralmente trazia uma bengala encastoada em ouro.

Os médicos viviam como fidalgos, dedicados às artes de tocar instrumentos musicais e escrever poemas; no campo, levavam vida de cavalheiros. Muitos deles possuíam excelentes bibliotecas e eram estudiosos sérios de outros temas além da medicina. Foi nesse século que nasceu a tendência para a especialização: a cardiologia teve origem na obra de Antonio Giuseppe Testa (1764-1814); na Alemanha, Paul Gottlieb Werlhof (1699-1767) lançou as bases da hematologia com sua original descrição da púrpura hemorrágica.

As moléstias cardíacas mereceram especial atenção de dois clínicos franceses: Jean de Senac reconheceu a asma, a ortopnéia, o edema de pernas e a hemoptise como sintomas de doenças cardíacas; Jean Nicholas Corvisart criou o termo cardite e foi o primeiro a se autodenominar especialista em coração.

Também nesse século, a cirurgia finalmente conseguiu libertar-se dos grilhões que a acorrentavam a barbeiros e ortopedistas. Em meados do século, as principais universidades de Inglaterra, França e Alemanha ofereciam cátedras em cirurgia; nas décadas seguintes, os cirurgiões alcançaram posição igual à dos médicos. O século não introduziu nenhum método revolucionário de terapia: continuaram em moda a sangria, a aplicação de ventosas e a purgação; as doenças venéreas, desenfreadas numa época de libertinagem, eram ainda tratadas com doses maciças de mercúrio, flebotomia e banhos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jan 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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