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Durante o apogeu da chamada medicina iluminista, ou a Idade da Razão, os médicos eram tentados a criar sistemas médico-filosóficos para classificar as moléstias e sua cura conforme linhas racionais.

Proposta pelo químico bávaro e médico Georg Ernst Stahl (1660-1734) sob o nome de "animismo", a teoria partia do princípio de que a vida é a atividade da alma (anima) e a doença, a conseqüência do mau direcionamento da alma. Uma condição patológica era tônus ou pletora, para o que ele prescrevia sangrias copiosas e pílulas balsâmicas para estimular o movimento curativo da anima; ele acreditava, ainda, em remédios secretos que tinham efeitos benéficos por sugestão.

Um animista rival, o prussiano Friedrich Hoffmann (1660-1742), descreveu o princípio vital como etéreo, comunicado às fibras via nervos; a doença era o resultado de uma alteração em sua natureza; as moléstias agudas eram espasmódicas; as crônicas,atônicas; podiam ser tratadas com medicamentos sedativos ou estimulantes.

Um ilustre defensor do vitalismo na França foi Théophile de Bordeu (1722-1776), que teorizava que cada órgão contribui para o sangue com uma misteriosa substância e que dessas secreções depende a integração sangüínea, uma teoria que o colocou singularmente próximo da endocrinologia.

Um brilhante vitalista da Escola de Edimburg foi Willian Cullen (1710-1790) que descreveu a propriedade da vida como devida a um fluido nervoso que determinava o tônus das partes corporais sólidas. Modificações nesse tônus causavam espasmos ou atonia, e assim a doença.

O mais sensacional dos sistemas foi a invenção de John Brown (1735-1788), um pároco escocês tornado médico, que sustentava que a propriedade da vida era sua excitabilidade e que as moléstias eram estênicas ou astênicas, segundo o grau de excitação. O tratamento era então estimulante, com álcool ou sedativo, com láudano. Seu sistema fez furor na Itália, provocou clamores nas universidades alemães e foi adotado por Benjamim Rush, na Filadélfia. Segundo conta a história, a terapia causou mais mortes do que a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Set 2007
  • Data do Fascículo
    Jun 2007
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