EDITORIAL
Epilepsia é uma condição neurológica associada a crises epilépticas recorrentes, diferentes níveis de envolvimento cognitivo e alterações comportamentais. Mais do que nunca: crises, cognição e comportamento. E não necessariamente nesta ordem. Um crescente número de publicações tem ora sugerido, ora enfaticamente apontado um contínuo, onde déficits cognitivos sutis ou evidentes e alterações do humor podem preceder em vários anos a ocorrência de crises, para depois imiscuir-se às mesmas, produzindo então os contornos mais notórios à epilepsia.
É também mais clara a percepção destes conceitos além dos laboratórios, passando a ocupar a rotina dos atendimentos a estes pacientes. Quando não convincentes em um primeiro momento, uma busca ativa, uma anamnese dirigida, permite ao clínico reconhecer e mais adequadamente abordar as comorbidades cognitivas e psiquiátricas associadas às crises.
Ainda existe um longo caminho a percorrer neste particular. Talvez uma das mais pungentes questões impostas, de forma quase natural, refere-se a própria apresentação destas comorbidades. Seria, por exemplo, a comorbidade psiquiátrica em pessoas com epilepsia semelhante aquela observada em outras condições não neurológica ou mesmo em pessoas com alterações comportamentais mais puras ou isoladas? Há óbvias implicações diagnósticas e terapêuticas.
Não supreendentemente, Guilherme de Nogueira Mendes de Oliveira e Gerardo Maria de Araújo Filho, psiquiatras, emprestam suas contribuições a este número do JECN, discutindo respectivamente a instrumentalização dos diagnósticos e os ajustes terapêuticos associados às comorbidades psiquiátricas em epilepsia. Nossa expectativa é de que esta revivida e bem vinda associação entre neurologistas e psiquiatras possa ser perpetuada em nosso e outros periódicos e efetivamente divulgada entre os interessados, no melhor benefício aos nossos pacientes.
Boa leitura!
Luciano De Paola
Editor, JECN
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
31 Out 2011 -
Data do Fascículo
2011