EDITORIAL
Nos últimos anos, assistimos a uma forte proliferação de títulos acadêmicos na área de administração. O fenômeno pode ser interpretado de várias maneiras. Os mais otimistas provavelmente o relacionarão ao crescimento da comunidade científica e ao vigor da produção científica local.
Os mais céticos, por sua vez, talvez apontem a pressão por produtividade acadêmica como a principal causa da proliferação: depois que os programas de pós-graduação montaram sas "fábricas de artigos", com o propósito de atender aos requisitos burocráticos dos órgãos federais, faltava estabelecer uma rede de distribuição que pudesse garantir o escoamento da produção.
Se acreditarmos nesta visão, que futuro terão estes periódicos? Uma vez que não dependem diretamente da existência de leitores, provavelmente continuarão a existir até que as instituições que os mantém decidam em contrário. Alguns sobreviverão com alguns artigos convidados e trabalhos de qualidade duvidosa, correndo pelas sombras. Por outro lado, os que adotarem uma linha editorial consistente e persistirem, certamente poderão ocupar espaço na comunidade.
Resta saber o que poderá determinar esta dinâmica; ou o que será capaz de separar periódicos de grande influência de periódicos de existência meramente burocrática.
Hoje, o sistema brasileiro de classificação de periódicos de administração contém apenas parâmetros básicos: com pequeno esforço, qualquer periódico pode atingir um patamar alto de pontuação. No futuro, espera-se que o principal critério seja o impacto; ou seja, quanto os trabalhos publicados são citados em outros trabalhos científicos. É a mensuração do impacto, usual em centros de pesquisa mais desenvolvidos, que deverá substituir os critérios meramente formais de avaliação.
Terceiro ano
A RAE-eletrônica chega ao seu terceiro ano com uma aceitação crescente entre pesquisadores e leitores. No último trimestre de 2003, tivemos em média 4000 acessos por mês.
O artigo mais acessado no trimestre agosto-outubro - Impactos da privatização sobre as estratégias competitivas de empresas de petróleo: um estudo de caso, de Maria Alice Deschamps Ferreira Cavalcanti, Jorge Ferreira da Silva e Jorge Manoel Teixeira - atingiu a invejável marca de 1692 acessos, quase 20 acessos por dia.
Trata-se de um indicador de impacto, ainda que não validado ou apurado com critérios científicos. Apesar de suas limitações, tomado tanto como um retrato pontual, como ao longo do tempo, é capaz de revelar o interesse dos leitores pelo conteúdo e pelo veículo.
A RAE-eletrônica já é mais que um experimento, sinaliza o futuro: um futuro "eletrônico", de acesso aberto, com indicadores transparentes de impacto, que certamente representará uma evolução sobre o momento atual.
Boa leitura!
Thomaz Wood Jr.
Diretor e Editor
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
15 Mar 2007 -
Data do Fascículo
Jun 2004