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Dificuldades para o uso da tecnologia da informação

Dificultades para el uso de la tecnología de la información

Difficulties using information technology

Resumos

A competitividade que vem sendo requerida das organizações tem exigido um processo de gestão ágil e inteligente, no qual a gestão da informação é crucial para a sobrevivência destas. A adoção e a implementação de sistemas informacionais, muitas vezes, têm levado ao desperdício e à frustração pela inobservância de determinados empecilhos quando da decisão em implantar um sistema. O presente estudo objetiva identificar fatores sociais, técnicos e financeiros inibidores da adoção de Tecnologia da Informação em duas microrregiões da Região Sul do Brasil. O método utilizado foi uma pesquisa descritiva. A análise dos dados foi realizada demonstrando como os fatores mencionados na literatura mundial são entendidos como inibidores pelas organizações da região em estudo. Concluiu-se que as empresas entendem possuir uma infra-estrutura em TI satisfatória aos usuários, entretanto a necessidade de treinamento, a falta de suporte técnico, de políticas motivacionais e a resistência cultural à mudança, entre outros fatores, dificultam uma utilização mais adequada das TIs.

Tecnologia da Informação; adoção de TI; pequena e média empresa


The increased competitiveness constantly searched by companies has required an intelligent and fast on-going management process. An efficient information management is seen as crucial to the survival of companies. The adoption and implementation of Information Technologies (IT) has led sometimes to wastefulness and frustration due to non-observance of specific problems. This study aims to identify social, technical and financial factors that inhibit the adoption of IT at two micro regions in the south of Brazil. The method applied was a descriptive study. The data analysis was carried on how the factors mentioned in the worldwide literature are understood and really used by companies in the studied region. The result shows that the companies have a satisfactory IT infrastructure for the users. However the training need, shortage of technical support, absence of motivation politicies and cultural resistance, among others factors, all of them hinder a more appropriate utilization of ITs.

IT; IT adoption; small and medium companies


ARTIGOS

Dificuldades para o uso da tecnologia da informação

Difficulties using information technology

Dificultades para el uso de la tecnología de la información

Silvio Santos JuniorI; Henrique FreitasII; Edimara Mezzomo LucianoIII

IUNOESC

IIUFRGSE

IIIPUC-RS

RESUMO

A competitividade que vem sendo requerida das organizações tem exigido um processo de gestão ágil e inteligente, no qual a gestão da informação é crucial para a sobrevivência destas. A adoção e a implementação de sistemas informacionais, muitas vezes, têm levado ao desperdício e à frustração pela inobservância de determinados empecilhos quando da decisão em implantar um sistema. O presente estudo objetiva identificar fatores sociais, técnicos e financeiros inibidores da adoção de Tecnologia da Informação em duas microrregiões da Região Sul do Brasil. O método utilizado foi uma pesquisa descritiva. A análise dos dados foi realizada demonstrando como os fatores mencionados na literatura mundial são entendidos como inibidores pelas organizações da região em estudo. Concluiu-se que as empresas entendem possuir uma infra-estrutura em TI satisfatória aos usuários, entretanto a necessidade de treinamento, a falta de suporte técnico, de políticas motivacionais e a resistência cultural à mudança, entre outros fatores, dificultam uma utilização mais adequada das TIs.

Palavras-chave: Tecnologia da Informação, adoção de TI, pequena e média empresa.

ABSTRACT

The increased competitiveness constantly searched by companies has required an intelligent and fast on-going management process. An efficient information management is seen as crucial to the survival of companies. The adoption and implementation of Information Technologies (IT) has led sometimes to wastefulness and frustration due to non-observance of specific problems. This study aims to identify social, technical and financial factors that inhibit the adoption of IT at two micro regions in the south of Brazil. The method applied was a descriptive study. The data analysis was carried on how the factors mentioned in the worldwide literature are understood and really used by companies in the studied region. The result shows that the companies have a satisfactory IT infrastructure for the users. However the training need, shortage of technical support, absence of motivation politicies and cultural resistance, among others factors, all of them hinder a more appropriate utilization of ITs.

Keyworks: IT, IT adoption, small and medium companies.

INTRODUÇÃO

É notório que, no cenário atual, a velocidade das mudanças e a disponibilidade de informações crescem de forma exponencial e globalizada. A sobrevivência das empresas está relacionada, mais do que nunca, à sua capacidade de captar, absorver e responder as demandas requeridas pelo ambiente. A nova realidade provoca uma reorganização intensa na sociedade, gerando modificações nas organizações (Tapscott, 1997, p. 82). O impacto deste fenômeno é observável em todas as empresas, independentemente de seu porte ou ramo de atividade. A intensidade do impacto, obviamente, varia em função da concorrência e da turbulência do ambiente de cada setor.

Nesse contexto, a gestão da informação centrada em aspectos organizacionais e não meramente tecnicistas se destaca fortemente. McGee e Pruzak (apud Rech, 2001, p. 20) reconhecem que o gerenciamento da informação é um fator de competitividade. Porter (1986, p. 83) considera crucial a utilização efetiva da TI para a sobrevivência e a estratégia competitiva das organizações.

Para a implantação efetiva desses sistemas, as pequenas e médias empresas (PMEs) da região considerada, em sua grande maioria com administração tradicionalmente familiar, carecem estar cientes dos requerimentos inerentes ao processo e dos impactos que podem ser nelas provocados.

Na atual conjuntura brasileira, marcada também por profundas transformações na estrutura produtiva e nas relações de trabalho, essas empresas de pequeno porte configuram-se como especialmente importantes, notadamente pela geração de emprego e renda, pois têm contribuído significativamente para desconcentrar a renda e absorver amplos contingentes de trabalhadores liberados pela tecnificação rural e automação industrial. No entanto, por serem de pequeno porte, são mais suscetíveis a dificuldades e vulneráveis aos riscos do mercado. Geralmente com carência de recursos, encontram dificuldades de sobrevivência nos mercados, que, geralmente, apresentam fracas barreiras aos novos entrantes, pouco poder de barganha com fornecedores e clientes e os produtos/serviços oferecidos são de fácil substituição, colocando-as em um ambiente altamente competitivo.

Nesse turbulento contexto, a utilização da Tecnologia da Informação (TI) assume importância vital, apresentando-se como um instrumento capaz de propiciar a competitividade necessária à sobrevivência/crescimento das PMEs. A administração dos recursos – materiais, humanos e financeiros – pode ser realizada com mais rapidez e precisão com a utilização da TI (Dias, 1998).

As pessoas e as empresas, como era de se esperar, reagem de maneira muito diferente diante dessa “nova realidade”: algumas ficam fascinadas e outras ficam perplexas; muitas ainda estão ou deslumbradas ou totalmente descrentes. Há ainda aquelas que aceitam as novas tecnologias sem maiores questionamentos e outras que relutam em aceitá-las.

A questão, entretanto, não é aceitar ou não a evolução e a mudança. Castells (1999, p. 12) resume bem um posicionamento diante de mudanças tão rápidas e profundas as quais estamos vivenciando: “Não há bons ou maus movimentos, mas contextos dinâmicos a serem compreendidos”.

O processo de informatização das organizações tem, entretanto, custo elevado, demanda tempo, provoca alterações na estrutura organizacional e sofre resistências de ordem cultural, além de apresentar resultados nem sempre satisfatórios, conforme tem sido amplamente descrito tanto no exterior como no Brasil (Audy et al., 2000, p. 1).

Dias (1998, p. 4-7) recomenda que seja feito um planejamento de medidas que gerenciem os impactos organizacionais buscando respeitar o momento da organização, sua história em relação à utilização de tecnologia, os recursos disponíveis para seu uso e os conflitos a serem resolvidos.

É necessário, portanto, que as organizações tenham seus planejamentos empresariais e de TI integrados, coerentes e em sinergia com as estratégias empresariais e as da TIs plenamente alinhadas entre si. Esse alinhamento estratégico dos negócios e da TI é muito importante para a sobrevivência das organizações, principalmente quando é utilizado como uma ferramenta de gestão (Brancheau e Wetherbe, 1987, p. 33).

Alguns tópicos de estudo, descritos com maior detalhamento na seção subseqüente, podem ser aventados a partir da revisão da literatura da área: a) existem dificuldades para adoção/mudança de TI; b) dado que uma empresa é um sistema sociotécnico, essas dificuldades são multidimensionais; c) as dificuldades são variáveis em função do contexto organizacional; d) algumas dificuldades podem não ser reconhecidas pelas organizações com a devida clareza. Sendo assim, o problema de pesquisa é: q uais dos fatores mencionados na literatura da área dificultam a adoção de novas TIs em pequenas e médias empresas da região de estudo?

O objetivo do presente estudo, de caráter descritivo, foi identificar os fatores sociais, técnicos e financeiros inibidores do uso de modernas tecnologias de informação por parte das PMEs nas microrregiões da Associação dos Municípios do Planalto Sul Catarinense (AMPLASC) e da Associação dos Municípios do Meio-Oeste Catarinense (AMMOC), ambas do Estado de Santa Catarina, Brasil.

A seguir, é apresentada a base teórica do estudo. O método da pesquisa é detalhado na seção seguinte. A quinta seção explora os resultados da pesquisa, seguida das considerações finais.

INFORMAÇÃO, TECNOLOGIA E SEU IMPACTO

A crescente facilidade de acesso à Internet vem permitindo que, cada vez mais, empresas e pessoas tenham acesso a esse veículo informacional, resultando em uma distribuição mais democrática dos conhecimentos da humanidade, oportunizando mercados e negócios a quem tiver competência. Para Kotler (1980, p. 77), “a chave de oportunidades de uma empresa repousa sobre a questão de se poder fazer mais por essa oportunidade ambiental que os seus concorrentes”.

A fonte de vantagens competitivas advém de habilidades e recursos superiores – internos à empresa – que lhe conferem vantagens posicionais, por meio do reconhecimento de valor pelo cliente e/ou redução dos custos relativos. Isso se refletirá em um desempenho superior, resultando na satisfação e lealdade do cliente que assegurará um market share com lucros relativos maiores, propiciando uma maior taxa de retorno sobre os investimentos que, aliados à escolha de estratégias adequadas, permitem reinvestimentos para manutenção das fontes de vantagens, criando um ciclo capaz de sustentar a competitividade (Day e Wensley, 1988, p. 14). Para Porter (1986, p. 22), existem cinco forças competitivas atuantes: ameaça de novos entrantes; poder de negociação com os fornecedores; poder de negociação com os clientes; ameaças de produtos substitutos; e concorrência entre as empresas existentes.

Na óptica desses autores, um elemento subjacente implícito é um Sistema de Informação (SI) que permita obter, processar, analisar, organizar e sintetizar o imenso fluxo informacional de dados brutos (e/ou informações) de forma a transformá-los em conhecimento útil à tomada de decisão. Segundo Freitas e Lesca (1992, p. 97), a informação é o processo pelo qual a empresa se informa sobre ela mesma e sobre seu ambiente, além de passar informações dela ao ambiente. Enfim, as organizações se relacionam com seu ambiente por meio de um fluxo de informações; posteriormente a informação é transformada em conhecimento e incorporada à organização (Cornella, 1994, p. 79). Nesse sentido, as tecnologias avançadas de informação, ou seja, os sistemas de informações computadorizados são elementos indispensáveis às organizações no atual ambiente competitivo global.

A tecnologia da informação

A TI vem se mostrando como ferramenta indispensável à sobrevivência organizacional, na medida em que imprime maior velocidade aos processos internos e permite aos gestores um conhecimento/relacionamento amplo com seu ambiente de influência. Conforme Davenport e Prusak (1998, p. 3), “todas as organizações precisam de dados [...] e a efetiva gestão de dados é fundamental para o seu sucesso”. Para Freitas (2000, p. 4), “não somente dos dados internos (totalmente dominável), mas também externos. Não somente dados quantitativos, mas também qualitativos. E isto de forma contínua e sistemática”. As promessas da TI são estimuladoras e exemplos reais citados amplamente na literatura da área, associada à ampla divulgação realizada pela mídia, estimulam a adoção das TIs (Caldas e Wood Jr., 2000, p. 3).

Para que a empresa faça amplo (e bom) uso das tecnologias da informação, precisa haver orientação/estímulo, vontade política, determinação/liderança, comprometimento, compartilhamento de visões, planejamento, capacidade de assimilar inovações e consciência por parte de toda a organização, notadamente da alta administração.

A utilização adequada da TI está, então, sujeita a um conjunto de condições. Isto é, os componentes organizacionais e suas interações determinarão a capacidade de utilização e adequação das TIs disponíveis para o sucesso empresarial. É necessário, pois, pensar a TI nas organizações como parte de um sistema maior, o que nos remete ao conceito de sistemas.

A Teoria Geral dos Sistemas, desenvolvida primeiramente pelas ciências biológicas e estendida posteriormente a todas as áreas do conhecimento humano, teve como um dos principais estudiosos von Bertalanffy (1975, p. 53), que enuncia:

É necessário estudar não somente as partes e processos isoladamente, mas também resolver os decisivos problemas encontrados na organização e na ordem que os unifica, resultante da interação dinâmica das partes, tornando o comportamento das partes diferente quando estudados isoladamente e quando tratado no todo.

A partir do entendimento das inter-relações entre as partes – em que o resultado final é diferente do simples somatório das partes individualizadas –, os estudiosos da informação tratam a TI e os SIs com uma visão mais holística. Para Alter (1996, p. 61), “um SI é um sistema que usa a TI para capturar, transmitir, armazenar, recuperar, manipular ou expor informações usadas em um ou mais processos de negócios”. Para Campbell (1997, p. 47), “o propósito de um SI é a coleta e interpretação de dados para o tomador de decisão”, seja pelo maior número de informações disponíveis, seja pela possibilidade de organização e estruturação dessas informações. Freitas et al. (1997, p. 78) consideram que um SI é “utilizado para fornecer informações, incluindo seu processamento, para qualquer uso que se possa fazer dela”. O'Brien (2001, p. 17) conceitua SI como “um grupo de componentes inter-relacionados que trabalham juntos rumo a uma meta comum recebendo insumos e produzindo resultados em um processo organizado de transformação”.

É evidente, pois, que os SIs são subsistemas de um sistema maior que é a empresa. Esta, por sua vez, é um subsistema de seu ambiente. A Figura 1 ilustra essa complexidade.


Uma empresa é um sistema organizacional no qual os recursos (entrada) são transformados por vários processos organizacionais (processamento) em bens e serviços (saída). Os SIs fornecem para a administração informações (feedback ) sobre as operações do sistema para sua direção e manutenção (controle), enquanto ele troca entradas e saídas com seu ambiente. Os SIs e as TIs devem apoiar as estratégias e processos empresariais, bem como a estrutura e a cultura organizacional de uma empresa para aumentar o valor dos negócios em um ambiente dinâmico. Para o efetivo funcionamento, os SIs requerem cinco requisitos básicos: pessoas, hardware, software, dados e redes (O'Brien, 2001, p. 20).

Em vista disso, a intensidade de uso e o tipo de TI dependem do setor ou do ramo de atividade das organizações (indústria, comércio ou serviço) e do grau de competitividade/turbulência do setor, ou seja, a TI deve ser adaptada às necessidades específicas de cada setor (Oz, 2000, p. 10). Assim, cabe a cada organização verificar a adequação e a composição dos SIs a utilizar, considerando os impactos destes sobre a empresa e, principalmente, a relação entre custo e benefício.

Impacto da TI nas organizações

As novas tecnologias estão provocando uma mudança fundamental na natureza do trabalho do homem, na maneira como os negócios são conduzidos, na maneira como a riqueza é criada e na própria natureza do comércio e das empresas (Tapscott, 1997, p. 84). Segundo Albertin (2000, p. 94), “o ambiente empresarial, tanto em nível mundial quanto em nacional, tem passado por inúmeras mudanças nos últimos anos, as quais têm sido diretamente relacionadas com a tecnologia de informação”. O resultado final da utilização da TI nas empresas será “uma maior produtividade e eficácia organizacional. Entretanto, conforme as tecnologias emergentes vão sendo introduzidas, veremos outras mudanças importantes. Toda estrutura da organização poderá ser modificada” (Tapscott, 1997, p. 82). Um requisito para a empresa é, pois, possuir ou desenvolver competências para o enfrentamento da realidade emergente.

A adoção de TI possibilita às pessoas fazer mais em menor espaço de tempo, de modo que a eficiência resulte em economia de tempo que, por sua vez, pode ser reinvestida na eficácia pessoal (Tapscott, 1997, p. 86). No entanto, pode haver resistência interna à mudanças, já que diferentes habilidades tornam-se relevantes na qualificação (ou não) dos indivíduos para as tarefas, levando a um desequilíbrio na estrutura social existente.

Uma vez que a adoção de TI impacta sobre os indivíduos e sobre os processos organizacionais, há que se considerar a cultura da empresa. A relevância da cultura organizacional torna-se tão abrangente que Hofstede (1991, p. 4) considera que ela adquiriu tamanha projeção, chegando ao patamar de temáticas como controle, estratégia e estrutura, não podendo ser ignorada seja pelos estudiosos, seja pelas organizações. A manifestação maior ou menor de cada um dos aspectos da cultura implica no grau de aceitação/resistência dos indivíduos e, conseqüentemente, da organização, à mudança. Pode ocorrer, por exemplo, resistência por parte dos funcionários, advinda do temor quanto ao controle e ao monitoramento, conforme relatam Laudon e Laudon (1999, p. 11-3) e Ribeiro e Silva (2001, p. 8-9). Do mesmo modo, a resistência à mudança pode provocar a esquiva dos funcionários, que passam a adotar uma postura de atribuir o sucesso ou a falha da mudança ao agente externo, como alertam Betiol e Tonelli (2001, p. 11).

Outros reconhecidos autores concordam com a tendência de mudança e adequação dinâmica das estratégias, estruturas e processos, alertando sobre os “perigos de se ir rápido” demais (Wittington et al., 1999, p. 5). É necessário considerar que a rápida evolução tecnológica provoca a obsolescência das tecnologias, antes mesmo que elas venham a ser utilizadas em toda a sua potencialidade, como colocam Benamati e Lederer (1998, p. 39) e Albano (2001, p. 2). Dias (1998, p. 4) recomenda um planejamento de medidas que gerencie os impactos organizacionais buscando respeitar o momento da organização, sua história em relação à utilização de tecnologia, recursos disponíveis para seu uso e os conflitos a serem resolvidos.

Outro ponto a ser considerado, “e que tem fortes implicações no andamento do processo [de novas TIs], é a disponibilização dos recursos físicos necessários” (Rossetto, 2000, p. 8). Apesar de o custo da TI ser cada vez menor – em função de sua universalização e conseqüente ganho de escala – e da crescente conscientização de que a TI pode proporcionar redução nos custos nas organizações, os recursos financeiros necessários para aquisição (ou mudança) da TI podem impactar significativamente, dependendo do sistema a ser utilizado. Além de as TIs requererem recursos e demandarem tempo, Audy et al. (2000, p. 1) observam que as dificuldades de implementação, uso e manutenção são enormes e que, muitas vezes, os administradores não conseguem obter as informações necessárias. Fatores de ordem técnica, como base de dados redundantes e desorganizadas, programas que impedem a absorção de novos procedimentos com a rapidez e flexibilidade desejadas, ambientes com plataforma de hardware e software inadequados são elementos que dificultam a utilização das TIs.

Por fim, há que se considerar que a adoção da TI como instrumento de competitividade requer a tomada de decisão para tal. Algumas das teorias conhecidas tratam do processo decisório. “Na decisão racional, há três condições básicas para que ocorra a escolha: (1) que todas as alternativas de escolha sejam dadas; (2) que todas as conseqüências associadas a cada uma das alternativas sejam conhecidas; (3) que o homem racional possua uma completa classificação por ordem de utilidade de todos os possíveis conjuntos de conseqüências” (Zanela, 1999, p. 25). Entretanto, a decisão racional possui limites e fatores cognitivos, situacionais, informacionais e de valores influenciam no processo decisório. Diante dessas limitações, o indivíduo, impossibilitado de encontrar a decisão ótima, busca a mais adequada tendo em vista as condições disponíveis. Ele se contenta com o satisfatório em detrimento do ótimo. Segundo Benamati e Lederer (1998, p. 43-5), essa realidade conduz os administradores dos SIs a diversas situações de “acomodação”(que eles chamam de mecanismos de cópia) diretamente associadas ao processo decisório e que são consideradas elementos que dificultam a adoção e a mudança de TI. Dessa forma, para que haja a decisão, é preciso “vontade” por parte dos decisores de efetivamente adotar a TI como instrumento gerencial para alavancar a competitividade da empresa e que esforços sejam envidados para a escolha da TI adequada.

As TIs têm evoluído muito nos últimos anos e tudo leva a crer que essa evolução continuará em velocidade crescente. Tal situação pressupõe uma maior disponibilidade e diversidade de tecnologias que devem ser conhecidas, assimiladas e aplicadas (Albano, 2001, p. 1). Essa diversidade, ao gerar um maior número de alternativas, possibilita uma decisão mais rica, e ao mesmo tempo mais complexa, requerendo que os limites da cognitividade do decisor sejam alargados incrementalmente.

Freitas et al. (2000, p. 4) lembram que “a principal responsabilidade das pessoas de uma organização no exercício de suas funções é a (antecipação e) solução de problemas e a tomada de decisão. A informação ajuda na análise, planejamento, implementação e controle, ou seja, contribui para a melhoria do processo de decisão”. Para a efetiva gestão da TI, é fundamental que seja feita a análise dos custos, dos benefícios mensuráveis e não-mensuráveis, dos resultados esperados, da realidade econômica, financeira e político-social da empresa, além de questões sociopolíticas que podem aflorar decorrentes do impacto da TI implantada (Martens, 2001, p. 26).

Por isso, ainda que complexo – e de certa forma aparentemente paradoxal –, é necessário que as PMEs se preparem para atender as demandas e pressões externas, sob pena de pôr em risco sua sobrevivência no contexto do moderno mundo globalizado.

O Quadro 1 mostra a base teórica completa de onde advieram os enunciados das questões, bem como que categorias e dimensão de estudo avaliam. Estes últimos serão abordados com maior detalhamento na seção seguinte.


MÉTODO DE PESQUISA

O presente artigo é resultado de uma pesquisa descritiva. O método utilizado foi a pesquisa tipo survey, uma vez que esse método permite “o exame de um fenômeno em uma grande variedade de ambientes naturais” (Pinsonneault e Kraemer, 1993, p. 5). Os dados foram coletados de março a abril de 2002 junto à amostra selecionada para representar a população-alvo, caracterizando-se, pois, em um estudo de corte transversal, segundo Hoppen et al. (1996, p. 6).

A pesquisa foi realizada em pequenas e médias empresas (a classificação se deu pelo número de empregados) das microrregiões geográficas da AMPLASC e AMMOC, situadas no Estado de Santa Catarina. Na região em estudo existe um total de 5.196 empresas com registro no CNPJ segundo o IBGE (2001). Trata-se de uma amostra não-probabilística, por conveniência. Foram pesquisadas as pequenas e médias empresas das cidades de Campos Novos, Capinzal e Joaçaba, que são cidades-pólo das duas microrregiões. A “escolha” dessas unidades de análise deu-se por um motivo razoável, partindo do princípio de que as empresas das cidades-pólo detêm as características das demais empresas da região. Existiam 169 empresas categorizadas como pequenas e médias, segundo listagem fornecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE/CEE, 2001). Dessa listagem foram desclassificados 61 estabelecimentos por não se enquadrarem nos critérios da amostragem (bancos, multinacionais ou filiais). Assim, na tentativa de realizar um censo, o universo resultou em 108 empresas. Obteve-se uma amostra resultante, por “adesão”, de 62 empresas.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário. Para sua confecção, fez-se uma ampla revisão da literatura da área, em busca dos conceitos preliminares potencialmente inibidores da adoção de TIs. A validação do instrumento contou com o apoio de especialistas do GESID – Grupo de Estudos em Sistemas de Informação e Tomada de Decisão do PPGA/EA/UFRGS – e contou com participação de mestres e doutores da UNOESC (campus Joaçaba). Foram realizados três pré-testes para refinamento do instrumento.

O instrumento era composto de 83 questões, que avaliavam as dimensões de estudo: identificação do respondente e da organização, a TI existente na empresa, a percepção de fatores técnicos e financeiros inibidores e a percepção dos fatores socioinibidores. Cada dimensão era avaliada por um conjunto de variáveis categorizadas e subcategorizadas, conforme o Quadro 2.


Por contemplar categorias de estudo com elementos de subjetividade, há duas unidades em análise: a organização – elemento objetivo – e o respondente – elemento subjetivo. Segundo Hoppen et al. (1998, p. 5), “a unidade de análise está normalmente ligada à questão ou às hipóteses de pesquisa e um estudo pode ter mais de uma unidade de análise”.

As questões de 1 a 17, em um contingente total de 83, identificavam o respondente e a organização, enquanto as questões de número 18 a 34 identificavam a estrutura de TI disponível. As respostas eram do tipo escolha simples e múltipla, abertas textos ou abertas numéricas. As questões de número 35 a 83 identificavam os fatores inibidores sócio-técnico-financeiros e eram respondidas em uma escala intervalar, em que o respondente apontava – de “1 = Nada Inibidor“ à “5 = Altamente Inibidor” – a intensidade em que cada variável estava presente ou era percebida em sua organização.

Os instrumentos foram entregues pessoalmente e houve preocupação com um planejamento que assegurasse um máximo retorno dos mesmos (Luciano, 2000, p. 94):

a) Preliminarmente, foi estabelecido contato com cada respondente via telefone, quando, após rápida explicação da pesquisa, solicitava-se a disposição em responder o questionário. O contato era feito diretamente com o responsável por TI na empresa, explicando sucintamente a temática;

b) Solicitava-se, então, permissão para encaminhar o questionário, que era entregue pessoalmente, em mãos, ao respondente;

c) Acompanhava o questionário uma carta de encaminhamento assinada pelo Pró-Reitor de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação da UNOESC – Campus Joaçaba – e pelos pesquisadores;

d) Também acompanhava o questionário um envelope pré-endereçado e selado para facilitar o retorno;

e) Quando da entrega do questionário, combinava-se uma data para retorno;

f) Caso até cinco dias após a data combinada o instrumento não retornasse, contatava-se novamente o respondente, reforçando a solicitação de colaboração e propondo-se a busca do instrumento na data acordada;

g) Buscava-se pessoalmente o questionário;

h) Caso não estivesse respondido, combinava-se nova data para retorno;

i) Na nova data combinada ia-se de novo, também pessoalmente, em busca do instrumento preenchido.

Com esses procedimentos, de um total de 108 instrumentos encaminhados, 62 retornaram, correspondendo a uma taxa de resposta de 57%.

Quando da entrega dos documentos, reforçava-se a privacidade das informações, com o objetivo de deixar o respondente seguro de que ninguém teria acesso a suas informações isoladamente. Tal procedimento foi adotado, pois no instrumento há questões nas quais o respondente deveria manifestar-se quanto ao posicionamento da alta administração e/ou colegas, bem como sobre outros aspectos relacionais e de sigilo empresarial. O fato de assegurar sigilo permitia que o respondente expressasse sua percepção com a liberdade e segurança de que ela não seria do conhecimento de outrem.

Para análise dos dados utilizou-se a média aritmética das repostas de uma escala intervalar de 1 a 5, considerando-se os fatores com média igual ou superior a 3 como um fator potencialmente inibidor.

A análise dos dados foi realizada primeiramente considerando a amostra total. Em um segundo momento as organizações foram estratificadas por tamanho (pequena e média empresa) e ramo de atividade (comércio, indústria e serviços), demonstrando como os fatores mencionados na literatura mundial eram entendidos com potencialidade inibidora pelas organizações da região em estudo.

RESULTADOS

Os respondentes tinham a idade média de 28 anos, e 58% eram do sexo masculino, com um tempo médio de serviço nas organizações de 7 anos, dos quais 4 anos na área de TI. A escolaridade dos respondentes distribuiu-se entre 17,7% de pós graduados, 40,3% graduados e 41,9% com 2º grau.

O tempo médio de atividade das organizações era de 27 anos, e 50% delas eram do comércio, 25,8% de serviços e 24,2% da indústria. Tinham uma média de 55 funcionários e o faturamento médio por empresa, em 2001, foi de R$ 7.582.776,28. O investimento médio em TI naquele ano foi de R$ 42.900,00 por empresa. A Internet estava disponível em 56,5% das organizações e uma média de 14,96 empregados tinham acesso a esse veículo informacional. Existia uma média de 18,79 computadores por empresa e, em média, 30 funcionários por empresa faziam uso do equipamento para o desempenho de suas atividades. Na percepção de 77,5% dos respondentes o hardware disponibilizado era suficiente para o desempenho das atividades e 82,2% dos respondentes percebiam como suficientes os recursos de softwares disponibilizados para o desempenho das atividades.

Pelos resultados do presente estudo é possível observar que as empresas possuem uma infra-estrutura em TI satisfatória aos seus usuários, que consideram, em sua grande maioria, suficientes os recursos de hardware e software disponibilizados pelas organizações para realização de suas atividades.

Apesar disso, a análise de algumas questões de ordem sociotécnicas e financeiras permite inferir que a situação não é totalmente confortável. Isto é, ainda que os respondentes tenham considerado que a infra-estrutura em TI seja suficiente, existem alguns fatores que dificultam uma utilização das TIs de forma mais eficiente, efetiva e eficaz.

A Tabela 2 apresenta as médias aritméticas das repostas escalares no estrato “amostra total”, nos estratos “PE” e “ME”; e nos estratos “Indústria”, “Comércio” e “Serviços”; relacionadas em ordem decrescente pelo estrato “amostra total”.

Verifica-se que três fatores apresentam potencialidade inibidora para qualquer estrato que se considere. São eles: 1) c usto elevado de software e/ou hardware ; 2) falta de uma política clara de adoção ou mudança de TI (não existe um procedimento padrão sobre adoção/troca de TI na empresa); e 3) a adoção/mudança de TI tem a resistência dos funcionários mais antigos (os funcionários mais antigos não confiam no que não é palpável).

Muito próximo da unanimidade, o fator “ Falta suporte técnico na região (fornecedores que prestam orientação/assistência)” é considerado potencialmente inibidor por todos os estratos analisados, exceto o ramo de serviços.

Outra evidência perceptível é que as MEs vêem um maior número de fatores com potencialidade inibidora (10 fatores com média aritmética maior ou igual a 3, contra 6 apontados pelas PEs), ainda que a média do conjunto de todos os fatores seja menos inibidora nas MEs (2,54) que nas PEs (2,63).

A Tabela 2 permite visualizar, também, que o ramo de atividade Indústria é o que considera os fatores analisados com mais potencialidade inibidora. Esse segmento aponta 17 fatores com média aritmética igual ou superior a 3. O ramo de Comérci o considera 6 fatores como potencialmente inibidores e o ramo de Serviços considera 5 fatores com potencialidade inibidora. Verifica-se que a Indústria atribui um índice de inibição ao conjunto dos fatores analisados de 2,84, seguido do ramo Comércio com média 2,62, e o ramo Serviços é o que considera o conjunto de fatores com menor grau de inibição, com média aritmética 2,36.

Dessa forma, é importante observar que, embora os respondentes não vejam complexidade nas TIs como fator inibidor, consideram que “ Novas TIs requerem treinamento intensivo e constante” como elemento potencialmente inibidor à adoção/mudança de TI, indicando certa incoerência.

A Tabela 2 resume os fatores que apresentaram potencialidade inibidora em algum dos estratos analisados, indicando a categoria de análise que este fator avalia.

A Tabela 3 sintetiza, por estrato e por categoria, a quantidade de fatores considerados com potencialidade inibidora.

A análise vertical da Tabela 3 permite verificar que as categorias “R ecursos” e “ Comprometimento” comportam um maior número de variáveis que foram consideradas inibidoras, ao passo que a categoria “A dministrativo” é onde se verifica o menor número de variáveis consideradas inibidoras.

Na análise horizontal, é facilmente perceptível que a “ indústria” é o ramo de atividade em que as variáveis mensuradas se apresentam com intensidade inibidora mais elevada. Também é visível que as MEs consideram os fatores analisados com potencialidade inibidora maior que as PEs.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante observar que, no contexto geral, fatores sociotécnicos relacionados aos recursos humanos – como necessidade de treinamento, falta de suporte técnico e de políticas motivacionais, e a resistência cultural à mudança – são questões a serem resolvidas para uma melhor utilização das TIs disponíveis.

Com relação às questões de ordem econômica, o custo do hardware e software é tido como um fator potencialmente inibidor independentemente do segmento da amostra analisado.

A pesquisa permite ainda concluir que, quanto maior a organização, mais fatores inibidores surgem, notadamente aqueles de ordem relacional advindos de uma organização com sistemas organizacionais mais complexos.

Assim, deve ser dedicada atenção especial às empresas do ramo industrial, nas quais se verificou uma quantidade significativamente maior de fatores com potencialidade inibidora, possivelmente advindos da complexidade dos softwares que estas empresas utilizam.

A Tabela 4 mostra os fatores inibidores presentes em função da ordem da restrição: Financeira, Técnica e/ou Sócio.

É possível verificar, na Tabela 4, que os fatores técnicos, com 11 aparições, lideram em quantidade. Verifica-se, entretanto, que essa quantidade é puxada pelo estrato Indústria. No estrato ME observam-se 3 aparições de fatores técnicos com potencialidade inibidora e, quando se considera o estrato Total, o estrato PE e o estrato Comércio, surge apenas 1 fator técnico (falta suporte técnico) com potencialidade inibidora.

Os fatores sócio, com 9 aparições, têm uma percepção de inibição mais uniformemente distribuída entre os estratos. O estrato ME considera 6 fatores sócio potencialmente inibidores. O estrato Indústria apresenta 5 fatores sócio como potencialmente inibidores. O estrato Total, o estrato Comércio e o estrato Serviço consideram 4 fatores sócio como inibidores, e o estrato PE aponta 3 fatores sócio como potencialmente inibidores.

Os fatores financeiros, apesar de apenas 2 aparições, contêm o fator considerado com a maior média inibidora de todos os fatores considerados (custo do software / hardware elevado) e que se faz presente em qualquer estrato que se considere.

A pesquisa atingiu os objetivos propostos e fornece uma “fotografia” dos fatores inibidores na região de estudo no período considerado.

Soluções para as questões nas quais problemas foram identificados podem ser encaminhadas pelas instituições governamentais, educacionais, entidades setoriais representativas, sindicatos etc. no sentido de propor ações conjuntas para equacionar questões relativas aos recursos humanos e esclarecer sobre os benefícios potenciais que a TI pode trazer às empresas.

Em algumas situações, o uso de “ softwares livres”1 1 Softwares distribuídos livremente, sem necessidade de compra de licença de uso. utilizando a tecnologia de “processamento centralizado”2 2 Rede na qual “terminais leves” – computadores com baixa capacidade de processamento, dotados de “placa-mãe” (32 Mb-RAM) e um processador de baixa capacidade (486 acima), além dos periféricos ( drive, monitor e teclado) – são conectados em um servidor com alta capacidade de processamento. reduziria significativamente os custos de hardware e de software . Além disso, tornaria mais fácil a manutenção, diminuindo a percepção de que o suporte técnico na região é carente.

Outra alternativa seriam ações de entidades de classes, sindicatos etc. para a aquisição conjunta de softwares e/ou hardwares, que poderiam conferir poder de barganha e conseqüente redução dos custos individuais, além de facilitar a integração tecnológica inter-empresas e propiciar condições de treinamento, com pessoal qualificado, a custos rateados reduzidos.

Conforme recomendam Benamati e Lederer (1998, p. 37-43), medidas educacionais e de treinamento, associadas ao apoio de uma consultoria reconhecida que orientasse quanto aos procedimentos migratórios, facilitaria o processo de mudança. Com isso, seriam reduzidas as resistências e seria gerada uma cultura de políticas de motivação e recompensa, desde que as empresas vislumbrassem os benefícios que poderiam abstrair do uso eficiente e eficaz da TI.

Por se tratar de uma pesquisa descritiva, na qual se buscou verificar conceitos preliminares, levantar características inéditas e novas dimensões a respeito da população-alvo, importantes informações foram abstraídas.

Inúmeras são as possibilidades de pesquisas futuras a partir da pesquisa apresentada. Aprofundar estudos confirmatórios em questões específicas e setorizadas é a principal delas; seria recomendável ainda para a formação do construto dessa área do conhecimento. Estudos comparativos podem ser feitos em outras regiões e/ou em empresas de diferentes portes, para verificar se os fatores detectados neste estudo se confirmam e como evoluem.

A pesquisa demonstra haver dependência entre variáveis consideradas potencialmente inibidoras com outras que, na percepção dos respondentes, não atingiram o limite considerado inibidor (média = 3). A apresentação dessas correlações não é aqui abordada exaustivamente por restrições metodológicas, uma vez que o espaço disponível limita a demonstração.

A título de exemplo, a Tabela 5 mostra as variáveis nas quais se identificou uma dependência significativa com a variável Custo do software e/ou custo do hardware elevados, que é a variável que possui maior potencialidade inibidora de todo o conjunto.

Apesar de existirem variáveis de cruzamento que não foram consideradas potencialmente inibidoras, como a variável “ resistência de funcionários” e a variável “ existe um descrédito por experiências anteriores frustadas”, verifica-se correspondência entre estas e a percepção de Custo do software e/ou custo do hardware elevados. Aprofundar o estudo das causas dessas correlações pode ajudar a compreender melhor as causas subjacentes dos elementos inibidores ao uso da TI.

Alguns fatores podem ser considerados limites desta pesquisa. O desconhecimento do grau de sinceridade nas respostas, que é um fator que não pode ser medido, bem como a percepção individual do respondente, notadamente nas questões escalares, é, sem dúvida, um aspecto limitador de toda e qualquer pesquisa que dependa da participação do respondente.

A falta de conhecimentos técnicos por parte de alguns dos respondentes também pode ser considerada como limitador. Muitas questões de cunho mais técnico podem ter sido interpretadas diferentemente em função do nível diferenciado de conhecimento técnico dos respondentes.

A percepção do respondente, em grande parte das questões colocadas e que estão carregadas de elementos de subjetividade, pode não representar a percepção da maioria dos indivíduos da organização.

Acredita-se que a extensão do instrumento de pesquisa possa ser um limitador, considerando que alguns respondentes, no intuito de terminá-lo logo, respondem apressadamente, prejudicando a qualidade da resposta.

NOTA

O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq, do CAPES-COFECUB, da FAPERGS e da UNOESC.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidades >. Acesso em: set. 2001.

Artigo recebido em 29.09.2003. Aprovado em 24.11.2004.

Silvio Santos Junior

Professor e pesquisador da UNOESC. Mestre em Administração pela UFGRS.

Interesses de pesquisa nas áreas de impacto da tecnologia da informação, processo decisório, estratégia, e desenvolvimento regional.

E-mail: ssj@unoesccnv.edu.br

Endereço: Rua Benjamin Colla, 289, sala 333, Campos Novos – SC, 89620-000.

Henrique Freitas

Professor do PPGA/EA/UFRGS. Doutor em Gestão pela Universidade de Grenoble II, França.

Interesses de pesquisa nas áreas de impacto da tecnologia da informação, sistemas de apoio à decisão, e técnicas de análise de dados qualitativos.

E-mail: hf@ea.ufrgs.br

Endereço: Rua Washington Luiz, 855, sala 307, Porto Alegre – RS, 90010-460.

Edimara Mezzomo Luciano

Professora da PUC-RS. D outora em Administração pela UFRGS.

Interesses de pesquisa nas áreas de impacto da tecnologia da informação, indicadores de gestão de TI, avaliação e qualidade em sistemas de informação, e exclusão digital.

E-mail: eluciano@pucrs.br

Endereço: Av. Ipiranga, 6.681, prédio 50, sala 913, Porto Alegre – RS, 90619-900.

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  • 1
    Softwares distribuídos livremente, sem necessidade de compra de licença de uso.
  • 2
    Rede na qual “terminais leves” – computadores com baixa capacidade de processamento, dotados de “placa-mãe” (32 Mb-RAM) e um processador de baixa capacidade (486 acima), além dos periféricos (
    drive, monitor e teclado) – são conectados em um servidor com alta capacidade de processamento.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Ago 2006
    • Data do Fascículo
      Dez 2005

    Histórico

    • Aceito
      24 Nov 2004
    • Recebido
      29 Set 2003
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