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Produção científica brasileira sobre empresa familiar - um metaestudo de artigos publicados em anais de eventos da ANPAD no período de 1997-2007

Brazilian scientific production about family organization - a meta-studies of articles published in the annals of ANPAD's meetings during the period of 1997-2007

Resumos

A importância das empresas familiares no Brasil é inegável em diversas esferas: econômica, política, social, cultural etc. O objetivo deste artigo é analisar a produção científica no campo da administração no que diz respeito aos estudos que abordam tais organizações, quer direta, quer indiretamente. Nesse intuito, apresentaram-se os principais conceitos sobre "empresa familiar", e foram identificados e analisados todos os artigos publicados nos anais de todos os eventos organizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad) entre os anos de 1997 e 2007. Ao final, somaram-se 83 artigos, cujos conteúdos foram categorizados segundo os seguintes critérios: distribuição anual e por evento, categorização temática, natureza da análise, setor econômico abordado, tipo de abordagem, principais técnicas de coleta e de análise de dados, base teórico-espistemológica, origem das bibliografias consultadas, tipos de materiais bibliográficos nacionais mais consultados e demografia de instituição de origem do autor (ou do primeiro autor de artigos de autoria conjunta). Além de ser um dos primeiros metaestudos sobre empresas familiares na administração, este trabalho contribui para os estudos organizacionais com o propósito de indicar fragilidades, lacunas e brechas para novas investigações na temática em questão.

Empresa familiar; Produção científica; Metaestudo; Estudos organizacionais; Sucessão


The importance of family organizations in Brazil is undeniable in various spheres: economic, political, social, cultural etc. The purpose of this article is to examine the scientific production in the field of Administration with regard to studies which address such organizations, either directly or indirectly. To this goal, the main concepts of "family business" were presented and all articles published in the annals of all the meetings organized by the National Association of Post-Graduate and Research in Administration (Anpad) during the period of 1997 to 2007 were identified and examined. In the end, the contents of 83 articles were categorized under the following criteria: distribution per year and per meeting, thematic categorization, nature of the analysis, economic sector, type of approach, key-techniques for collecting and analysing data, base theoretic-epistemological, origin of bibliographies consulted, types of national bibliographic materials consulted and institution of author's origin (or the first author of articles with co-authors). Besides being one of the first meta-studies on family organizations in the Administration, this article contributes to the Organizational Studies to indicate weaknesses, gaps and loopholes for new research in the subject in question.

Family organizations; Scientific production; Meta-studies; Organizational studies; Succession


Produção científica brasileira sobre empresa familiar – um metaestudo de artigos publicados em anais de eventos da ANPAD no período de 1997-2007

Brazilian scientific production about family organization – a meta-studies of articles published in the annals of ANPAD's meetings during the period of 1997-2007

Kely César Martins de PaivaI; Michelle Cristina de Souza Mendes de OliveiraII; Marlene Catarina de Oliveira Lopes MeloIII;

IDoutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora adjunta e pesquisadora do Programa de Mestrado Acadêmico em Administração da Faculdade Novos Horizontes (Unihorizontes). Rua Alvarenga Peixoto, 1.270, Santo Agostinho – Belo Horizonte – MG – CEP 30180-121 E-mail: kely.paiva@unihorizontes.br

IIMestranda em Administração pela Faculdade Novos Horizontes (Unihorizontes). Rua Alvarenga Peixoto, 1.270, Santo Agostinho – Belo Horizonte – MG – CEP 30180-121 E-mail: michelle.oliveira@unihorizontes.br

IIIDoutora em Ciências das Organizações pela Université Paris IX ( França). Diretora-geral da Faculdade Novos Horizontes (Unihorizontes). Coordenadora do Programa de Mestrado Acadêmico em Administração da Faculdade Novos Horizontes (Unihorizontes). Rua Alvarenga Peixoto, 1.270, Santo Agostinho – Belo Horizonte – MG – CEP 30180-121 E-mail: diretoriageral@unihorizontes.br

RESUMO

A importância das empresas familiares no Brasil é inegável em diversas esferas: econômica, política, social, cultural etc. O objetivo deste artigo é analisar a produção científica no campo da administração no que diz respeito aos estudos que abordam tais organizações, quer direta, quer indiretamente. Nesse intuito, apresentaram-se os principais conceitos sobre "empresa familiar", e foram identificados e analisados todos os artigos publicados nos anais de todos os eventos organizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad) entre os anos de 1997 e 2007. Ao final, somaram-se 83 artigos, cujos conteúdos foram categorizados segundo os seguintes critérios: distribuição anual e por evento, categorização temática, natureza da análise, setor econômico abordado, tipo de abordagem, principais técnicas de coleta e de análise de dados, base teórico-espistemológica, origem das bibliografias consultadas, tipos de materiais bibliográficos nacionais mais consultados e demografia de instituição de origem do autor (ou do primeiro autor de artigos de autoria conjunta). Além de ser um dos primeiros metaestudos sobre empresas familiares na administração, este trabalho contribui para os estudos organizacionais com o propósito de indicar fragilidades, lacunas e brechas para novas investigações na temática em questão.

Palavras-chave: Empresa familiar; Produção científica; Metaestudo; Estudos organizacionais; Sucessão.

ABSTRACT

The importance of family organizations in Brazil is undeniable in various spheres: economic, political, social, cultural etc. The purpose of this article is to examine the scientific production in the field of Administration with regard to studies which address such organizations, either directly or indirectly. To this goal, the main concepts of "family business" were presented and all articles published in the annals of all the meetings organized by the National Association of Post-Graduate and Research in Administration (Anpad) during the period of 1997 to 2007 were identified and examined. In the end, the contents of 83 articles were categorized under the following criteria: distribution per year and per meeting, thematic categorization, nature of the analysis, economic sector, type of approach, key-techniques for collecting and analysing data, base theoretic-epistemological, origin of bibliographies consulted, types of national bibliographic materials consulted and institution of author's origin (or the first author of articles with co-authors). Besides being one of the first meta-studies on family organizations in the Administration, this article contributes to the Organizational Studies to indicate weaknesses, gaps and loopholes for new research in the subject in question.

Keywords: Family organizations; Scientific production; Meta-studies; Organizational studies; Succession.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Gersick et al. (1997), 80% de todas as empresas no mundo são familiares. Apesar de muitas delas serem micro e pequenas organizações, uma considerável parte encontra-se entre as maiores e mais bem-sucedidas empresas do mundo.

Em um dos primeiros trabalhos publicados sobre empresa familiar no Brasil, Souza-Silva, Fischer e Davel (1999, p. 2) afirmam que

Na América Latina, grupos construídos e controlados por famílias constituem a principal forma de propriedade privada na maioria dos setores industriais (Gersick et al. 1997). No Brasil, quase 90% dos 300 maiores grupos nacionais privados são administrados por membros da família controladora, gerando um total de 1,6 milhão de empregos diretos (Hartmann, 1997). Apregoa Vidigal (1996) que, em termos de quantidade de empresas, as familiares representam mais de 99% das empresas não-estatais[sic] brasileiras. Netz (1992) apud Scheffer (1993) afirma que as empresas familiares, no Brasil, representam cerca de 99% das empresas privadas e respondem por 2/3 dos empregos, desempenhando importante função na economia do Brasil. Nota-se que somente as pequenas e micro empresas[sic] familiares são responsáveis por 52% do PIB no Brasil (Freitas, 1996).

A importância das empresas familiares no Brasil é inegável em diversas esferas: econômica, social, cultural etc. Com dados mais recentes, Bethlem (2002) afirma que essas empresas representam cerca de 90% dos grandes grupos empresariais brasileiros, e Leite (2002) informa que elas são responsáveis por 90% dos negócios e empregam mais de 60% da força de trabalho.

Do ponto de vista histórico, Bernhoeft (1989) afirma que a importância das empresas familiares está relacionada ao processo de transformação do país, considerando-se os campos político, social e econômico. Especificamente na esfera política, o autor ressalta a participação dos membros da cúpula em instituições de interesse coletivo, como é o caso de associações de classe, e, noutra perspectiva, a sua contribuição na descentralização dos pólos regionais de desenvolvimento. No âmbito social, as empresas familiares destacam-se como geradoras de empregos, como forças motrizes na manutenção e expansão de mercados consumidores e como meio de melhorar a distribuição de renda, fato relevante no Brasil, um país reconhecido internacionalmente por seu elevado nível de concentração de renda.

Apesar de ser esse tipo de empreendimento predominante no mundo atual, autores como Bethlem (2002) e Tagiuri e Davis (1996) indicam haver poucas pesquisas nesse campo. Nesse sentido, Waiandt e Junquilho (2005) sublinham a importância de tais investigações, pois questões de menor nível de formalidade, como as relacionadas à afetividade e emoção, têm impactos diretos na produtividade, e podem, quando gerenciadas com baixo nível de efetividade, comprometer o futuro do negócio. Assim, disputas por poder tomam uma conotação diferenciada quando no ambiente familiar, em virtude dos outros laços que unem determinados membros do quadro funcional. É natural, portanto, que os estudos realizados até então dêem especial ênfase a questões relacionadas à

sobrevivência das organizações familiares, destacando-se principalmente as dificuldades relacionadas à: [sic] competitividade no mercado global (BERNHOEFT, MARTINS e MENEZES, 1999), processo sucessório (BERNHOEFT, 1989; GALLO, 1995; GARCIA, 2001; GERSICK et al., 1997), profissionalização (BERNHOEFT, 1995; GARCIA, 2001) e conflitos (GALLO, 1995) entre os membros da família (WAIANDT; JUNQUILHO, 2005, p. 2).

Diante disso, o objetivo deste artigo é analisar a produção científica no campo da administração com base em estudos que abordam tais organizações, quer direta, quer indiretamente. Tradicionalmente percebido como um campo de elevado nível de complexidade, busca-se, aqui, lançar luzes sobre como a pesquisa a respeito da organização familiar vem sendo realizada no país. Para tanto, este artigo está organizado da seguinte forma: referências conceituais sobre empresas familiares, percurso metodológico, apresentação e análise de dados, e considerações finais.

2 SOBRE EMPRESA FAMILIAR

De acordo com Déry et al. (1993), não existe um consenso em torno do conceito de empresa familiar. Para esses autores, há tantas definições quanto pesquisadores, fato restritivo à consecução de estudos comparativos que usualmente promovem ampliação e aprofundamento sobre a diversidade de empresas que se encontram em determinado campo.

Segundo Donneley (1964), um dos precursores no estudo sobre tais organizações, a empresa para se caracterizar como familiar deve se identificar com uma família há no mínimo duas gerações, influenciando-se reciprocamente. Lodi (1993) conclui que, na percepção de Donneley (1964), uma "empresa familiar" em que não se verifica a presença de herdeiros nem de investimentos de uma família não pode ser caracterizada como tal.

Bernhoeft (1989), no entanto, afirma que uma empresa não é familiar apenas quando segue a linha apresentada anteriormente, ou seja, quando ela tem membros da família do fundador trabalhando ativamente. Para o autor, a organização pode também ser adjetivada como tal quando existem relacionamentos pautados em variáveis como dedicação, afetividade, gostar e não gostar, tempo de casa, entre outros. Já Gélinier e Gaultier (1975) frisam a interação entre empresa e família, devendo esta última deter a maioria do capital e exercer cargo diretivo na empresa. Nesse sentido, Gallo e Lacueva (1983), Tagiuri e Davis (1996), Gracioso (1998) e Lanzana e Constanzi (1999) concordam no que tange à ocupação, por parte de membros da família, de cargos diretivos, além da propriedade do capital majoritário.

Lethbridge (1997, p. 7), atento ao grau de influência na gestão e ao controle das empresas familiares, descreveu os seguintes tipos de empresa familiar:

a tradicional, que mais corresponde ao estereótipo da instituição, o capital é fechado, existe pouca transparência administrativa e financeira e a família exerce um domínio completo sobre os negócios; a híbrida, onde o capital é aberto, mas a família ainda detém o controle, havendo, contudo, maior transparência e participação na administração por profissionais não familiares; e a de influência familiar, em que a maioria das ações está em poder do mercado, mas a família, mesmo afastada da administração cotidiana, mantém uma influência estratégica através de participação acionária significativa.

Assim, na concepção desse autor, pode-se caracterizar uma empresa como familiar separando propriedade de gestão, ou seja, a família é proprietária (acionista majoritária), mas não administra a empresa diretamente.

Grzybovski (2004) apóia essa percepção na medida em que compreende que a empresa familiar

corresponde a um estereótipo da instituição de capital fechado, de modelo burocrático, com pouca transparência administrativa e financeira e um sistema de tomada de decisões centrado na figura da pessoa que representa o poder, para onde convergem as regras que seguem os integrantes da família na empresa (ANDRADE; GRZYBOYSKI, 2004, p. 3).

Tece-se, portanto, uma rede mútua de influências, cabendo à gestão do negócio identificar e implementar estratégias que satisfaçam às necessidades de ambos os atores, conforme afirma Cattani (1992).

De maneira mais ampla, segundo Souza-Silva, Fischer e Davel (1999), para caracterizar uma empresa como familiar, ela deve abraçar simultaneamente as seguintes características: propriedade, parcial ou integral, do capital; influência diretivo-estratégica; influência ou identificação dos valores organizacionais com a família; e decisão sobre o processo sucessório. Leone (1992) acrescenta a essa lista o fato de a empresa ter sido iniciada por um membro da família da sucessão e estar ligada ao fator hereditário.

Assim sendo, a proximidade e a inserção da família nesse tipo de empreendimento se dão em diversas instâncias – econômica, política, simbólico, social, cultural, ideológica etc. – de maneira que equacionem interesses individuais, coletivos, organizacionais e familiares.

Vislumbrando tal complexidade, percebe-se como necessário desnudar a maneira pela qual esse campo dos estudos organizacionais vem sendo examinado nos últimos anos, com o propósito de indicar fragilidades, lacunas e brechas para novas investigações na temática em questão.

3 METODOLOGIA

Como objeto deste estudo, consideraram-se todos os artigos publicados em anais de todos os eventos organizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad), entre os anos de 1997 e 2007, os quais abordassem, de forma central ou periférica, questões relacionadas à empresa familiar ou nos quais uma empresa familiar fizesse parte da pesquisa empírica do artigo, independentemente de porte, segmento ou mesmo da unidade de observação analisada no artigo em questão. Foram pesquisados anais de 26 eventos, assim distribuídos:

  • onze de Encontros da Anpad (EnAnpad, no período de 1997 a 2007);

  • dois de Encontros de Marketing (EMA, nos anos de 2004 e 2006);

  • três de Encontros de Estudos em Estratégia (3E, nos anos de 2003, 2005 e 2007);

  • quatro de Encontros de Estudos Organizacionais (EnEO, nos anos de 2000, 2002, 2004, 2006);

  • um de Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica (Simpósio, no ano de 2006);

  • dois de Encontros de Administração Pública e Governança (EnAPG, nos anos de 2004 e 2006);

  • um de Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (EnGPR, no ano de 2007);

  • um de Encontro de Administração da Informação (EnADI, no ano de 2007);

  • um de Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade (EnEPQ, no ano de 2007).

Ao final, somaram-se 83 artigos, cujos conteúdos foram categorizados segundo os seguintes critérios: distribuição anual e por evento, categorização temática, natureza da análise, setor econômico abordado, tipo de abordagem, principais técnicas de coleta e de análise de dados, base teórico-espistemológica, origem das bibliografias consultadas, tipos de materiais bibliográficos nacionais mais consultados e demografia de instituição de origem do primeiro autor. Tais critérios foram definidos com base na leitura de outros metaestudos, como Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), Cappelle et al. (2006), e outros apresentados em Bertero, Caldas e Wood Jr. (2005).

Após a leitura dos artigos digitalizados disponíveis no site da Anpad e nos anais dos eventos organizados no ano de 2007, as variáveis foram categorizadas (codificadas) por dois pesquisadores, com o propósito de evitar desvios e tendências naturais.

Após apresentação da distribuição anual e por evento dos artigos analisados, eles sofreram uma categorização temática, optando-se aqui por não se definirem a priori as temáticas para que se enquadrassem nelas os artigos. O caminho utilizado neste metaestudo foi o de listar as temáticas centrais de cada artigo, identificar repetições e similaridades e, então, promover condensações em torno de tais eixos.

Quanto à categoria natureza da análise, seguiram-se os caminhos percorridos por Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), em seu metaestudo sobre a produção científica brasileira na área de recursos humanos, e por Cappelle et al. (2006), em outro metaestudo sobre as publicações brasileiras acerca de gênero. Da mesma forma que os referidos autores, adotou-se a classificação de Creswell (1998) que permite diferenciar os artigos em três tipos: teórico, empírico e teórico-empírico.

Dentre os artigos classificados nos dois últimos casos (empírico e teóricoempírico), identificou-se o setor econômico das organizações abordadas.

Da mesma forma, tais artigos foram ainda reclassificados em termos da abordagem utilizada, a saber: qualitativo, quantitativo e misto ou quali-quantitativo. Considerou-se um estudo qualitativo aqueles relacionados a motivos e razões subjacentes a situações e fatos descritos pelos sujeitos (RICHARDSON et al., 1999). Já os estudos quantitativos, segundo Malhotra (2001), buscam quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população de interesse. Note-se que essa classificação pode ser temerária, já que, no que diz respeito à dicotomização entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa, Goode e Hatt (1973) afirmam que a pesquisa moderna deve rejeitá-la. Os autores percebem como falsa a separação entre estudos qualitativos e quantitativos, ou, noutra linguagem, entre o estatístico e o não-estatístico: para Goode e Hatt (1973), não importa quão precisa seja uma medida, pois o que é medido continua a ser uma qualidade. Nesse sentido, Demo (2002) sublinha que o objetivo da pesquisa qualitativa é desnudar os aspectos menos formais dos fenômenos em questão, sem desconsiderar sua faceta quantitativa, já que tal dicotomia não é, segundo o autor, real. Desse modo, todo fenômeno histórico quantitativo que envolve o ser humano contém uma dimensão qualitativa; o qualitativo, por sua vez, é histórico e guarda um contexto material, temporal e espacial. Para o autor, a dicotomização absoluta entre tais faces é apenas uma ficção conceitual. Quanto a essa discussão, Richardson et al. (1999, p. 79) reconhecem "que a forma como se pretende analisar um problema, ou, por assim dizer, o enfoque adotado é que, de fato, exige uma metodologia qualitativa ou quantitativa". Convém ressaltar a possível complementaridade entre tais enfoques em termos de triangulação, conforme sugerem Lewis e Grimes (2005) e Vergara (2005). Richardson et al. (1999, p. 79) apontam ainda a existência de três instâncias de integração entre métodos qualitativos e quantitativos: o planejamento de pesquisa, a coleta de dados e a análise da informação. Tais instâncias foram consideradas quando do enquadramento dos artigos em tal critério.

Outra categoria analisada nos artigos empíricos e teórico-empíricos selecionados foram as técnicas de coleta de dados. Verificou-se em cada um deles qual foi a técnica adotada, considerando a tipificação de Bruyne et al. (1991): documental, observação, entrevista e questionário. No levantamento documental, consideraram-se dados apresentados no artigo oriundos de documentos e protocolos da(s) organização(s) investigada(s), assim como dados de outras organizações necessários à compreensão do ambiente em que tal empresa se situa, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), arquivos de prefeituras, sindicatos, associações etc. Como observação, somaram-se observações diretas dos tipos não-participante e participante, além de presença em reuniões, visitas técnicas etc. Nas entrevistas, somaram-se tanto aquelas com roteiro estruturado como as com roteiro semi-estruturado e as não-estruturadas, ou livre. Quanto aos questionários, estes foram adotados tanto em pesquisas essencialmente quantitativas, nos moldes de survey, como em outras nos quais a sistemática se fez necessária. Ainda nesse item convém ressaltar que foram quantificados os artigos que abordaram casos únicos ou mais de uma unidade de observação quando da coleta de dados.

No que tange à categorização das técnicas de análise de dados, as opções foram sistematizadas da seguinte forma:

  • Análise documental: normalmente aplicada em dados secundários coletados via levantamento documental.

  • Estatística descritiva: utilizada na tabulação de questionários e contando com medidas de posição (média, mediana ou moda) ou, ainda, de dados oriundos de entrevistas ou observação, conjuntamente com análise de conteúdo.

  • Estatística bi ou multivariada: primordialmente aplicada na tabulação de questionários.

  • Análise de conteúdo: freqüentemente usada em dados de entrevistas ou, ainda, em levantamento documental ou em observação, quer aplicada de modo menos estruturado, quer de maneira mais estruturada.

  • Análise de discurso: usualmente utilizada na análise de dados de entrevistas.

Quanto à categoria base teórico-espistemológica, adotou-se modelo de Burrell e Morgan (1979), tradicionalmente utilizado em metaestudos como este. Conforme afirmam Caldas, Tonelli e Lacombe (2002, p. 6),

Os paradigmas funcionalista, intepretativo, humanista radical e estruturalista radical, conforme já referido por estes meta-estudos anteriores, parecem ser uma indicação confiável – embora não necessariamente nova e adequada para novas perspectivas teóricas surgidas desde 1979 no campo – da base epistemológica dos artigos e da ideologia impressa no desenvolvimento científico de uma área científica em ciências sociais.

No que diz respeito às bibliografias utilizadas para caracterizar a empresa familiar, optou-se, inspirando-se em Vergara e Pinto (2000) e Caldas, Tonelli e Lacombe (2002), por observar a origem de tais referências, nacional ou estrangeira. Quando no artigo houve citação de autor brasileiro, identificou-se a que tipo de material foi feita a consulta: livro, periódico, tese ou dissertação ou anais de eventos. No caso de bibliografia internacional, contabilizaram-se autores estrangeiros, incluindo aqui material traduzido e observando a origem em termos idiomáticos de tal literatura.

Por fim, realizou-se, ainda, uma contagem simples das instituições de origem do autor ou do primeiro autor de cada artigo, com o propósito de identificar os programas que mais têm pesquisado, produzido e publicado em tais eventos a respeito da temática das empresas familiares.

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS: A EMPRESA FAMILIAR NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS

Conforme descrito na seção "Metodologia", várias categorias foram analisadas neste estudo. Para cada uma delas, foram criadas tabelas para auxiliar na contagem e na própria visualização dos dados, de forma resumida e condensada. Tais resultados são apresentados em termos tanto absolutos como relativos, visando facilitar a análise.

Na Tabela 1, pode-se visualizar a distribuição dos artigos por evento e por ano. Convém relembrar que os eventos temáticos são bienais e tiveram sua primeira edição em anos diferentes, a saber: EnEO em 2000, 3E em 2003, EMA e EnAPG em 2004, Simpósio1 1 O Simpósio foi incorporado aos eventos temáticos patrocinados pela Anpad a partir de 2006, mas ele já ocorria antes e, naquele ano, teve sua 24ª edição. em 2006 e EnGPR, EnADI e EnEPQ em 2007.

Percebe-se, então, a evolução quantitativa dos estudos que abordam as empresas familiares nos eventos da Anpad, quer sejam tais organizações objeto central de análise, quer tenham sido unidade de análise ou observação para outra temática. O EnAnpad, como o fórum mais tradicional no campo da administração no Brasil, deteve o maior percentual (75,9%) das publicações analisadas, seguido pelo EnEO (12,0%). Nos eventos EMA e EnADI não foram observados artigos que contemplavam empresas familiares. O ano de 2006 foi o mais profícuo (24,1%) de artigos, seguido de 2007 (16,9%), mostrando que a temática arregimenta o interesse dos pesquisadores, numa curva ascendente nos últimos onze anos.

Cabe ressaltar que, em 47 dos 83 artigos analisados, 56,6% do total tiveram a empresa familiar como alvo do estudo, discutindo aspectos específicos desse tipo de organização. Os outros 36 artigos (43,4%) utilizaram a empresa familiar como um mero contexto para o estudo em si, sem distingui-la de qualquer outro tipo de empreendimento produtivo.

Quanto às temáticas centrais abordadas nos artigos, merecem destaque as questões acerca de sucessão (26 artigos, 31,3% do total), estratégia (11 artigos, 13,3% do total), modelos de gestão (9 artigos, 10,8 % do total), profissionalização (8 artigos, 9,6% do total), cultura (7 artigos, 8,4% do total), aprendizagem (6 artigos, 7,2% do total), representações sociais (6 artigos, 7,2% do total), mudança (5 artigos, 6,0% do total), empreendedorismo (5 artigos, 6,0% do total), sistemas contábeis (5 artigos, 6,0% do total). Outras temáticas foram menos expressivas, como redes, gênero, governança, poder, aquisições, políticas públicas, institucionalismo, identidade, processo de tomada de decisão, inovação, turnover, liderança, entre outros. Assim, presencia-se uma pulverização de esforços de pesquisa em termos temáticos, fato considerado ambíguo: demonstra riqueza do campo e também falta de foco, principalmente em artigos que reúnem mais de uma temática.

A classificação dos artigos analisados quanto à natureza da análise pode ser observada na Tabela 2. Note-se que a maioria desses trabalhos acadêmicos é de natureza teórico-empírica (90,4%), seguida de ensaios teóricos (7,2%).

Essa distribuição dos artigos analisados segue o padrão de outros metaestudos realizados, como o de Caldas, Tonelli e Lacombe (2002) e Cappelle et al. (2006), nos quais ocorre a predominância dos estudos teórico-empíricos, seguidos pelos teóricos e, depois destes, os empíricos. No entanto, no caso da temática das empresas familiares, percebe-se que ensaios com reflexões consistentes são menos freqüentes, daí a dificuldade de sistematização de questões recursivas, como é o caso de sucessão, estratégia, poder, profissionalização, cultura, mudança, representações sociais, formas e sistemas de custeio, redes, dentre outras, e a não-inserção de forma profunda de novas categorias de análises nas discussões efetivadas, como é o caso de identidade, gênero, simbolismo etc., as quais poderiam promover avanços na compreensão dessa realidade organizacional e gerencial. Diante disso, questiona-se a existência de dificuldades por parte dos estudiosos quanto à elaboração de ensaios teóricos e de barreiras à publicação.

Ressalte-se o caráter descritivo dos trabalhos teórico-empíricos os quais, com raras exceções, não apontam perspectivas fecundas em termos de pesquisas futuras que propiciem explicação para os fatos apresentados. Já os estudos empíricos, por seus próprios objetivos, pouco contribuem para avanços conceituais. Esse quadro contribui para uma certa fragilidade nesta temática de estudos organizacionais, denotando replicação de estudos em organizações diferenciadas. Por um lado, esses estudos retratam a importância da empresa familiar no contexto brasileiro; por outro, pouco avançam no que tange à sistematização de conceitos e elaboração de teorias ou modelos de análise.

Note-se, ainda, que dentre os artigos analisados, prevalecem os estudos de caso, abordagem avaliada como apropriada no contexto dos estudos sobre empresas familiares no Brasil, já que busca compreender fenômenos sociais complexos, preservando características holísticas e significativas dos fatos do cotidiano (YIN, 2005). Observando-se os 77 (92,8% do total) artigos empíricos e teóricoempíricos, 34 deles (41,0%) analisaram um único caso, enquanto 43 (51,8%) trabalharam com casos múltiplos ou unidades de observação dispersas por várias unidades de análise.

Convém ainda ressaltar que em cinco artigos (6,0% do total) adotou-se etnografia e em outros dois (2,4% do total) pesquisa-ação, denotando que formas mais amplas e profundas de inserção dos pesquisadores nas realidades de seu interesse de estudo não são freqüentes.

Merece destaque a concentração de artigos teóricos nos anos de 2003 a 2005 e as publicações de 2006, com a maior produção em comparação aos demais anos, totalizando 20 artigos, todos eles teórico-empíricos.

Quanto aos setores econômicos nos quais se encontravam as empresas familiares investigadas nos artigos empíricos e teórico-empíricos analisados, predominaram a prestação de serviços (27 artigos, 35,1% do total) com destaque para o transporte (10 artigos, 13,0% do total) e a indústria (27 artigos, 35,1% do total) com destaques para o segmento alimentício (9 artigos, 11,7% do total) e para a construção civil (5 artigos, 6,5% do total). O comércio (19 artigos, 24,7% do total) e a agropecuária (14 artigos, 18,2% do total) também se fizeram presentes, denotando, mais uma vez, ambigüidades quanto à riqueza do campo de estudo e a falta de foco e profundidade, principalmente em artigos que abordam mais de uma organização familiar.

No que diz respeito à classificação dos artigos empíricos e teórico-empíricos quanto à abordagem da pesquisa realizada, percebe-se a predominância da abordagem qualitativa, seguida da mista ou quali-quantitativa.

Dos 77 artigos analisados, 59 (76,6%) seguem uma abordagem qualitativa, 11 (14,3%) percorrem uma abordagem mista, restando, portanto, 7 (9,1%) como quantitativos. Dessa maneira, abordagens que contam com triangulação entre métodos (JICK, 1979; DENZIN, 1989), a qual observa o grau de validade externa, utilizando métodos diferenciados na busca de congruência e comparabilidade de dados (DENZIN, 1989), não são as mais freqüentes nos artigos analisados, podendo denotar um certo nível de fragilidade nas pesquisas sobre empresas familiares publicadas no anais considerados. Mesmo apresentando problemas e dificuldades, como a demora na coleta e na organização de dados e a possibilidade de enviesamento da análise ante o quadro teórico desenvolvido, e podendo incorrer em questões relacionadas a critérios de validade e fidedignidade (MILES, 1979), a utilização da abordagem qualitativa ainda predomina nos estudos sobre tais organizações.

Note-se que os artigos classificados como quantitativos e mistos distribuemse com certa uniformidade no período considerado, enquanto os artigos qualitativos seguem este padrão no período de 1997 a 2003, crescendo nos próximos três anos, de 2004 a 2006, e sofrendo uma pequena diminuição em 2007.

Já no que se relaciona à técnica de coleta de dados, nos artigos empíricos e teórico-empíricos preponderaram as utilizações de entrevistas e de levantamento documental. Os resultados da análise dos artigos estão sistematizados na Tabela 4.

Tendo em vista a predominância de estudos qualitativos e mistos, é natural que as entrevistas tenham sido utilizadas em 62 (80,5%) dos 77 artigos avaliados. Outras técnicas, como o levantamento documental e a observação, também foram amplamente usadas nos estudos sobre empresas familiares publicados nos anais da Anpad no período considerado. Nesses casos, o levantamento documental prestou-se a recuperar variados dados: a história da família, a história da empresa, características e estatísticas da empresa e/ou do setor no qual ela atua, políticas organizacionais, políticas públicas, entre outros. Já a observação, independentemente do grau de participação do pesquisador, permite uma avaliação mais subjetiva com relação aos processos políticos, psicológicos e sociais, contribuindo para a riqueza da análise. Assim, com base na leitura dos artigos foi possível identificar procedimentos de coleta no sentido da triangulação intramétodo (JICK, 1979; DENZIN, 1989), a qual tem por finalidade, conforme afirma Denzin (1989), verificar consistência interna e níveis de confiabilidade dos dados, fato positivo para os estudos sobre a temática.

Os questionários, por sua vez, foram usados em 18 estudos (23,4%), em pesquisas de cunho quantitativo, com objetivo de mapear diversas características dos sujeitos envolvidos, principalmente fundadores e herdeiros, e também dos processos de gestão da empresa familiar.

Cabe ainda salientar que recursos diferenciados desses tradicionais praticamente não foram usados nas pesquisas dos artigos analisados: em uma pesquisa, utilizaram-se recursos visuais (fotografias) e, em outra, recursos audiovisuais (filmagem). Isso demonstra tradicionalismo em termos de coleta de dados no campo estudado, o qual pode ser mais bem compreendido se houver, entre outros fatores, a utilização de técnicas complementares, conforme sugere Melo et al. (2007).

Note-se, ainda, que as referidas técnicas de coleta de dados têm implicação direta nas formas como tais dados são analisados. Na Tabela 5, estão sistematizadas as técnicas de análise de dados empregadas nos estudos apresentados nos 77 artigos empíricos e teórico-empíricos analisados.

Para realizar essa classificação, encontrou-se o maior grau de dificuldade comparativo com as outras categorias analisadas. Em muitos artigos, não se mencionou explicitamente como os dados foram analisados, fato também observado por Cappelle et al. (2006). Independentemente disso, com a leitura do artigo, foi possível perceber como os autores trabalharam com os dados em tais casos. Percebeu-se também que, em casos menos freqüentes, os autores apontavam uma técnica empregada, mas na apresentação dos dados ficava nítido o emprego de uma ou mais técnicas adjacentes. Esse fato parece ser recorrente no campo da pesquisa em administração, fragilizando a compreensão e, quando é o caso, a replicação de investigações.

A baixa utilização da estatística descritiva (12 artigos ou 15,6% do total) e, mais ainda, da estatística bi ou multivariada (3 artigos ou 3,9% do total) pode ser explicada pelo volume de pesquisas de cunho quantitativo, no entanto pode denotar a falta de domínio de conhecimentos matemáticos e estatísticos por parte dos pesquisadores. O emprego da análise de discurso também foi pouco freqüente (14 artigos ou 18,2% do total), fato justificável tendo em vista as dificuldades da técnica. Já a análise de conteúdo foi amplamente utilizada, contabilizando 48 artigos (62,3% do total); mesmo assim, poucos foram os artigos que explicitaram o percurso utilizado para aplicar tal técnica. Por fim, a análise documental foi a mais empregada, somando 53 artigos (68,8% do total).

Quando se analisam as duas últimas tabelas, percebe-se, no entanto, que houve mais dados coletados por diversos mecanismos do que dados analisados via técnicas comumente utilizadas para tal. Mais uma vez, apontam-se problemas no delineamento metodológico realizado por alguns autores, que não explicitam como atuaram com os dados, que apresentam dados sem explicar como foram levantados, que analisam dados valendo-se de técnicas incompatíveis com a natureza destes, entre outros problemas recorrentes.

Após a leitura de cada artigo, procedeu-se a sua classificação em termos da sua orientação predominante quanto à base teórico-metodológica, considerando a classificação de Burrell e Morgan (1979). Os estudos de base "humanista radical" e "estruturalista radical" não foram identificados. Os resultados estão sistematizados na Tabela 6.

Os estudos de base funcionalista (59 artigos, 71,1% do total) predominam nos artigos analisados, seguidos pelos interpretacionistas (24 artigos, 28,9% do total). Isso indica uma predominância da sociologia da regulação nos estudos organizacionais publicados nos anais de eventos da Anpad dos últimos onze anos que contemplam, direta ou indiretamente, as empresas familiares. Assim, tais estudos pautam-se em uma sociologia relacionada a status quo, ordem social, consenso (como voluntariedade e espontaneidade), integração social, coesão, solidariedade, satisfação de necessidades e realidade (BURRELL; MORGAN, 1979).

Note-se que os estudos de base interpretacionista sofreram um incremento a partir de 2004, e isso pode ser avaliado como positivo para as pesquisas sobre a temática das empresas familiares no Brasil, já que essas investigações podem contribuir para a compreensão das percepções e das ações humanas, enfatizando seu caráter subjetivo, personalizado, maleável, relativo, abstrato (BURRELL; MORGAN, 1979). Isso vai além das descrições e dos modelos de causa-efeito funcionalistas, transcendendo para possibilidades de análise mais profundas e relacionais. Convém ressaltar que os estudos de orientação funcionalista cresceram substancialmente nos dois últimos anos de análise, o que pode indicar um avanço de perspectivas mais positivistas e determinísticas no campo considerado.

Outra classificação realizada neste metaestudo relaciona-se à bibliografia utilizada a respeito da temática "empresa familiar". Em cada artigo, observou-se a citação de autores sobre a temática e pontuou-se quando ela era realizada por autores brasileiros ou de origem estrangeira, incluindo traduções. Pela Tabela 7, percebese a predominância de autores brasileiros entre os referenciados nos 83 artigos.

De acordo com o exposto, a maioria das citações sobre empresa familiar nos artigos são originárias de autores brasileiros. Em 62 artigos (74,7% do total), pode-se observar a recursividade de determinadas referências, como é o caso de Bernhoeft, Bethlem, Colbari, Davel, Gallo, Grzybosvski, Lodi, Rossato-Neto, entre outros, considerando aqui publicações "solo" e em co-autoria. Da mesma forma, nos 41 artigos que fizeram menção a publicações de autores estrangeiros, merecem destaque Déry et al., Donnelley, Gersick et al., Kets de Vries, Lethbridge, Tagiuri e Davis, entre outros. Disso conclui-se por uma proximidade entre teoria e prática, ou melhor, entre as pesquisas realizadas no país (e publicadas nos eventos observados) e a realidade brasileira.

No caso específico das referências nacionais, averiguou-se que tipo de material bibliográfico foi consultado.

Sublinhe-se que a maioria das referências nacionais citadas no corpo dos artigos analisados é oriunda de livros, periódicos e anais de eventos, tendo servido de apoio em, respectivamente, 58 (69,9% do total), 33 (39,8% do total) e 31 (37,3% do total) dos 83 artigos analisados neste metaestudo. Observe-se que sites não foram considerados por causa de sua baixa expressividade em termos de citação sobre a temática das empresas familiares.

Por fim, procedeu-se à contabilização das instituições de origem do autor (ou primeiro autor no caso de artigos de autoria conjunta) dos artigos. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apresentou 11 artigos (13,3% do total), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contribuiu com oito trabalhos (9,6% do total), a Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) colaboraram com sete artigos cada uma (8,4% do total cada uma), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) somou seis trabalhos publicados nos anais dos eventos (7,2% do total) e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) apresentou cinco artigos (6,0% do total). Assim, as publicações analisadas são, em sua maioria, originárias de centros de pesquisas de universidades federais. Ressalte-se que, tradicionalmente, são essas instituições de ensino superior, somadas às instituições privadas sem fins lucrativos, que recebem mais recursos de órgãos de fomento para pesquisa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi analisar a produção científica no campo da administração no que diz respeito aos estudos que abordam tais organizações, quer direta, quer indiretamente. Com esse intuito, apresentaram-se os principais conceitos sobre "empresa familiar" e foram identificados e analisados todos os artigos publicados nos anais de todos os eventos organizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad) entre os anos de 1997 e 2007. Ao final, somaram-se 83 artigos, cujos conteúdos foram categorizados segundo os seguintes critérios:

  • Distribuição anual e por evento: observou-se uma tendência crescente de estudos que abordam as organizações familiares, principalmente no EnAnpad, evento mais tradicional dos organizados pela Anpad.

  • Categorização temática: foram destacadas as questões acerca de sucessão, estratégia, modelos de gestão, profissionalização, cultura, aprendizagem, representações sociais, mudança, empreendedorismo e sistemas contábeis.

  • Natureza da análise: notou-se predominância de estudos teórico-empíricos.

  • Setor econômico abordado: os mais pesquisados foram a prestação de serviços e a indústria.

  • Tipo de abordagem: os estudos qualitativos foram os mais freqüentes.

  • Principais técnicas de coleta de dados utilizadas: entrevistas e levantamento documental e das observações foram as técnicas de coleta de dados mais utilizadas.

  • Principais técnicas de análise de dados utilizadas: preponderaram as análises de documentos e de conteúdo.

  • Base teórico-epistemológica: os estudos de orientação predominantemente funcionalista sobrepuseram os interpretacionistas, não tendo sido identificados estudos de base humanista radical ou estruturalista radical.

  • Origem das bibliografias consultadas: a maioria das bibliografias consultadas e referenciadas nos artigos são nacionais.

  • Tipos de materiais bibliográficos nacionais mais consultados: as publicações nacionais mais referenciadas nos artigos analisados foram os livros, periódicos e anais de eventos.

  • Demografia de instituição de origem do autor (ou do primeiro autor): as instituições que mais publicaram, dentre os artigos analisados, foram as federais UFRGS, UFMG, Ufla, UFBA e UFPE, seguidas da PUC-SP.

Convém ressaltar nos estudos empíricos e teórico-empíricos a maciça utilização de estudos de caso abordando uma ou mais empresas. Se, por um lado, tais estudos se pretendem mais profundos, por outro, a maioria trata de peculiaridades das empresas e não das famílias propriamente ditas. Isso pode dizer da predominância de estudos mais conservadores, que não avançam do ponto de vista teórico sobre as questões específicas das empresas familiares brasileiras. Como percebem Davel e Colbari (2003), esse campo de pesquisa parece dominado por abordagens sistêmicas, desenvolvimentistas e instrumentais. Daí a necessidade de avanços que incluam ajustamentos também no que tange ao percurso metodológico. Assim, parecem perpetuar as sugestões de Davel e Colbari (2003, p. 1011) para sofisticação das pesquisas sobre empresas familiares no Brasil, a saber:

privilegiar o estudo de caso como estratégia de pesquisa; focalizar processos, interdependências e dinâmicas socioculturais, no lugar de entidades estáticas, elementos e estruturas isoladas; sistematizar a interação com o material empírico e a análise de observações e discursos; e desenvolver uma interpretação crítica e reflexiva dos primeiros resultados da análise preliminar.

Quando se consideram as diluições tanto das temáticas abordadas nos estudos analisados como dos programas/instituições que têm investigado as empresas familiares, esse cenário torna-se mais preocupante, pois indica uma sensível dispersão de esforços.

Observando-se, ainda, a recursividade dos autores citados, explicitam-se duas questões: primeira, que alguns autores têm ampliado suas discussões e realizado pesquisas diferenciadas sobre a temática, enquanto outros são citados pelos mesmos trabalhos; segunda, causa preocupação o fato anteriormente exposto, pois pode dizer do "paroquialismo" a que alguns campos da administração – e mesmo dos estudos organizacionais – têm se submetido. Torna-se necessário, portanto, expandir a pesquisa no país, desde que se respeitem as diferenças regionais e locais, principalmente num país de dimensões continentais como é o Brasil. Assim, parece apropriada a citação realizada por Vergara e Pinto (2000) de Boyacigiller e Adler (1991, p. 263): "paroquialismo é baseado na ignorância de outros caminhos". Pela leitura dos artigos, observou-se que alguns dos autores que mais publicam sobre a temática das empresas familiares têm tentado evitar a "tradição anglo-saxônica" mencionada por Rodrigues e Carrieri (2000), optando por obras "francofônicas".

Com o presente estudo, percebe-se que a questão das empresas familiares permanece na agenda, mas também na berlinda, sob riscos de findar em si mesmas, sem incorporar outras categorias de análise que apontem possibilidades e caminhos rumo à sua compreensão e à sua própria sobrevivência.

REFERÊNCIAS

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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Submissão: 17 jun. 2007

Aceitação: 24 jul. 2008

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Fev 2012
    • Data do Fascículo
      Out 2008

    Histórico

    • Recebido
      17 Jun 2007
    • Aceito
      24 Jul 2008
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