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Apresentação

Apresentação

Caro leitor,

Este número da Revista de Administração Mackenzie (RAM) conta com sete artigos que envolvem temas relevantes vinculados às seções temáticas da RAM.

Iniciamos a apresentação do fascículo pela seção "Gestão Humana e Social", a qual apresenta três artigos. O primeiro, de autoria de Luiz Alex Silva Saraiva e Alexandre Vitorino dos Santos, teve por objetivo analisar as estratégias de poder nas organizações de atores sociais desprovidos de recursos, como as condições de posse de meios de produção ou de conhecimentos técnicos. Para tanto, os autores desenvolveram uma pesquisa qualitativa envolvendo dezoito entrevistas com trabalhadores de uma siderúrgica selecionados pelos critérios de tempo de casa e acessibilidade. Os dados foram tratados mediante a análise do discurso. Os autores concluem que, para o alcance dos seus próprios objetivos, os trabalhadores interpretam as regras do jogo e constroem estratégias dinâmicas, exercendo, assim, o poder. Destaca-se, na contribuição dos autores, a existência de racionalidades, no plural, que coexistem e competem na dinâmica organizacional.

Uma reflexão sobre o as possibilidades do uso do método de história de vida em estudos dos processos de aprendizagem gerencial é oferecida pelo ensaio teórico de Lisiane Quadrado Closs e Claudia Simone Antonello. As autoras sugerem que o uso do método de história de vida pode contribuir para o resgate da valorização humana, desvendando entendimentos de fenômenos coletivos a partir de relatos de vivências e experiências pessoais. Uma das contribuições relevantes do trabalho é a sistematização de conhecimentos sobre esse método de pesquisa, escassos em termos de literatura aplicada à área da Administração.

Neusa Rolita Cavedon explora em seu artigo a compreensão dos modos de enfrentamento de morte violenta no exercício profissional. A pesquisa utiliza uma abordagem etnográfica, coletando dados a partir de entrevistas, observação simples e participante. A análise dos dados atentou para as interlocuções entre a visão sistêmica, a visão ética e os teóricos referenciados. A autora conclui que os sujeitos pesquisados não foram educados para lidar com a morte no trabalho e que a proposição educacional é aplicável. Uma das principais contribuições do trabalho é chamar a atenção para uma temática pouco abordada na área e enfatizar a relevância de as organizações encontrarem mecanismos de apoio àqueles que convivem com a morte violenta em suas profissões.

Na seção "Finanças Estratégicas" são apresentados dois artigos. O primeiro, de Augusto Cesar Arenaro e Mello Dias, Carlos de Lamare Bastian-Pinto, Luiz Eduardo Teixeira Brandão e Leonardo Lima Gomes, analisa a decisão pela geração de energia a partir da biomassa em uma planta de produção de açúcar e etanol no Brasil. Os autores aplicaram a abordagem de possibilidades reais para quantificar as opções de expansão da produção e de investimento em uma planta de cogeração. Estas foram modeladas como opções americanas compostas sobre seus respectivos ativos subjacentes. Os autores concluem que pode existir um potencial significativo para investimento e desenvolvimento de unidades de cogeração de bioeletricidade e que os incentivos do governo vêm sendo efetivos na contribuição desse desenvolvimento.

Renata Cardoso Ferretti e Bruno Funchal avaliam o efeito da regulação trabalhista e tributária no investimento interno e externo, fornecendo evidências empíricas de seus efeitos sobre os investimentos e estratégias nos negócios brasileiros. O estudo é cross-country baseado em dados em pooled cross-section de 180 países, coletados no período de 2003 a 2006. Os dados foram testados por meio dos métodos de regressão quantílica (RQ) e mínimos quadrados ordinários (MQO). Os autores concluem que quanto maior a rigidez da regulação do trabalho, menor o nível de investimento em termos de formação bruta de capital fixo e investimento estrangeiro direto no Brasil, e que uma redução da carga tributária, medida pela tributação sobre o lucro empresarial, pode elevar os níveis de investimentos. Uma das principais contribuições do artigo é que, embora razões econômicas, sociais e políticas sejam usadas para justificar a regulação, raramente evidências empíricas são apresentadas.

Por fim, na seção "Recursos e Desenvolvimento Empresarial" são apresentados dois artigos. O primeiro, de Marcelo Sanches Pagliarussi e Giuliana Bronzoni Liberato, estudou as diferenças observadas no nível de disclosure de aspectos relativos à estratégia verificados nos relatórios anuais de uma amostra de firmas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e do Brasil. Uma matriz de previsão foi construída com base nas dimensões cultura, sistema legal e governança corporativa, e o disclosure da estratégia foi abordado em cada relatório por meio da técnica de análise de conteúdo temático. A amostra foi formada por 73 relatórios anuais de empresas dos quatro países no ano de 2006. As hipóteses foram testadas por análise de regressão linear e testes não paramétricos. Os autores concluem que o sistema legal tem poder de influir na quantidade de informações estratégicas reveladas pelas empresas de capital aberto.

Por fim, Cristiano Oliveira Maciel, Maurício Reinert e Camila Camargo analisam a relação entre as dimensões da confiança e os conflitos entre as organizações componentes de redes hierárquicas estratégicas. Os autores desenvolveram um survey com 79 proprietários de lojas de shopping centers. A análise dos dados ocorreu por meio da técnica estatística de análise de regressão múltipla. Os autores concluem que a crença dos lojistas de que a gestão da rede está interessada no seu bem-estar diminui a possibilidade de conflitos. Também destacam que há outras variáveis influentes na mitigação de conflitos a serem descobertas, uma vez que o poder de explicação do modelo testado foi de aproximadamente 15%.

Aproveitem a leitura!

Walter Bataglia

Editor acadêmico

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Out 2011
  • Data do Fascículo
    Ago 2011
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