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Apresentação

Apresentação

Caro leitor,

O número 14.1 da RAM inicia o ano de 2013. Nele são apresentados oito artigos, envolvendo temas relevantes da administração vinculados às seções temáticas deste periódico.

Iniciamos a apresentação do fascículo pela seção "Gestão Humana e Social (GHS)", a qual traz três artigos.

O artigo de autoria de Diego Antonio Bittencourt Marconatto, Marcelo Trevisan, Eugenio Avila Pedrozo, Kleiton Douglas Saggin e Valdecir José Zonin explora a fragmentação da temática do desenvolvimento sustentável entre dois grupos: o que prioriza a preservação dos recursos naturais sobre os sistemas socioeconômicos, e o que acredita que a natureza existe para servir ao homem. O ensaio teórico propõe uma nova perspectiva conceitual de análise e decisão sustentáveis que permite uma maior aproximação dessas duas visões a partir da integração da perspectiva da ecologia industrial, da teoria dos stakeholders e da sustentabilidade 3-D de Mauerhofer.

Mariana Nazaré Livramento, Luis Fernando Hor-Meyll e Luís Alexandre Grubits de Paula Pessôa buscam identificar os valores individuais que motivam mulheres de baixa renda a comprar produtos de beleza. Os autores conduziram entrevistas com 17 mulheres de baixa renda residentes na cidade do Rio de Janeiro. As entrevistas foram interpretadas via análise de conteúdo e de discurso, em que se utilizou a técnica de laddering. Conclui-se que o uso de produtos de beleza por consumidoras de baixa renda busca elevar sua autoestima, visando, pela beleza, obter o respeito das classes sociais hierarquicamente superiores.

Uma escala para mensuração da percepção dos docentes sobre a importância da abordagem socioambiental nos cursos de administração de empresas é oferecida pelo artigo de Carla Vanessa Pinto de Macedo, Ana Augusta Ferreira de Freitas e Diego de Sousa Guerra. Os autores propuseram uma escala a partir de revisão bibliográfica que foi testada e validade via uma análise fatorial confirmatória. O instrumento foi aplicado a uma amostra de 100 professores de IES públicas e privadas de Fortaleza, Ceará, escolhida por conveniência. Os autores concluem que, na percepção dos professores pesquisados, os cursos de administração não abordam de forma satisfatória e não incentivam a temática socioambiental dentro da sala de aula, e que há uma descrença quanto às reais preocupações das empresas com os temas sustentáveis.

Na seção "Finanças Estratégicas (FE)", são apresentados três artigos.

O artigo de autoria de Luiz Claudio Magnago Andrade, Aridelmo José Campanharo Teixeira, Graziela Fortunato e Valcemiro Nossa busca identificar a intensidade da utilização de práticas de Contabilidade Gerencial Estratégica (CGE) e explicar a influência das variáveis contingenciais "estratégia" e "tamanho da empresa" para explicar os seus usos. A pesquisa foi realizada em uma população de 27 empresas do ramo de educação profissional, com representatividade nacional, a partir de um questionário enviado aos responsáveis pelas áreas de planejamento ou de contabilidade. Para verificar a relação das práticas de CGE com as variáveis contingenciais, foi utilizada uma regressão ordered probit. Os resultados indicam que a "medição integrada do desempenho" e o "custeio meta" representam práticas amplamente utilizadas, seguidas por "benchmarking", "precificação estratégica", "custeio estratégico" e "avaliação e monitoramento da marca". Também foi revelado que as abordagens estratégicas e o tamanho da empresa desempenham um papel contingente na utilização de práticas de CGE.

Philippe Lemes Ribeiro, Sérgio Jurandyr Machado e José Luiz Rossi Júnior estimam o impacto do uso de derivativos no valor da firma para uma amostra de empresas brasileiras não financeiras de capital aberto no período de 2004 a 2007. Os autores concluem que a utilização de instrumentos derivativos exerce um impacto positivo e estatisticamente significativo sobre o valor da firma, que existe uma diferença relevante no efeito associado a derivativos distintos, e que esses resultados corroboram o fato de que investidores estão dispostos a pagar um maior valor por firmas que fazem gestão ativa de risco financeiro em ambientes mais voláteis como o Brasil. Também concluem que esta disposição varia de acordo com o instrumento utilizado e com a eventual combinação de derivativos financeiros.

Uma estimativa do desempenho do modelo CAPM condicional com aprendizagem (proposto por Adrian e Franzoni), quando aplicado às séries de retornos das ações mais líquidas do mercado brasileiro no período de 1987 a 2010, é oferecida pelo artigo de João Henrique Gonçalves Mazzeu, Newton Carneiro Affonso da Costa Junior e André Alves Portela Santos. Utilizando dados de 25 carteiras classificadas por tamanho e pelo índice valor contábil-valor de mercado, os autores concluíram que a aprendizagem sobre os betas deve ser levada em consideração na estimação do CAPM incondicional e condicional.

Na seção "Recursos e Desenvolvimento Empresarial (RDE)", são apresentados dois artigos.

O artigo de autoria de Adilson Aderito da Silva e Eliane Pereira Zamith Brito avalia a ocorrência do comportamento oportunista a partir dos conceitos incerteza, racionalidade limitada e especificidade de ativos. Os autores coletaram dados de três gestores da indústria de transformação do Estado de São Paulo, os quais foram analisados via modelagem por equações estruturais. Conclui-se que a racionalidade limitada e a especificidade dos ativos influenciam positivamente o comportamento oportunista dos agentes econômicos, e que o construto incerteza é multidimensional. Tal constatação levou à proposta de uma operacionalização do construto racionalidade limitada a partir de tipos de incerteza, aproximando a teoria de custo de transação da abordagem teórica da incerteza da informação.

Por fim, uma reflexão sobre os fundamentos sociais como fatores determinantes para o sucesso de arranjos interorganizacionais em territórios, ou seja, os arranjos produtivos locais (APL), é oferecida pelo ensaio teórico de Gustavo Melo Silva e Jorge Alexandre Barbosa Neves. Os autores apresentam as bases conceituais da sociologia econômica para suportar a reflexão sobre as bases da solidariedade por meio da competição, concluindo que a aglomeração é uma possibilidade concreta para o desenvolvimento empresarial a partir de estruturas organizacionais baseadas na associação, complementariedade, compartilhamento, troca e ajuda mútua.

É importante mencionar que nesta edição da RAM tivemos a colaboração dos editores convidados Charles Kirschbaum (Instituto de Ensino e Pesquisa - Insper, São Paulo) e Edson Ronaldo Guarido Filho (Universidade Positivo - UP, Curitiba), os quais conduziram de forma independente o processo editorial do artigo de Gustavo Melo Silva e Jorge Alexandre Barbosa Neves.

Ainda cabe destacar que nesta edição é publicado um artigo com coautoria de Newton Carneiro Affonso da Costa Junior, membro do Comitê Editorial Científico da RAM. Destaca-se que o processo editorial do artigo ocorreu completamente isento de sua participação e foi conduzido de forma independente pelo editor convidado Hsia Hua Sheng (Escola de Administração de Empresas de São Paulo - Eaesp, da Fundação Getulio Vargas - FGV).

Agradecemos a dedicação dos editores convidados ao processo editorial da Revista de Administração Mackenzie. Aproveitem a leitura!

Walter Bataglia

Editor acadêmico

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Mar 2013
  • Data do Fascículo
    Fev 2013
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