Acessibilidade / Reportar erro

ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES SOBRE CAPACIDADES DINÂMICAS ENTRE 1992 E 2012: DISCUSSÕES SOBRE A EVOLUÇÃO CONCEITUAL E AS CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES DE MAIOR NOTORIEDADE NA ÁREA

ANALYSIS OF PUBLICATIONS ON DYNAMIC CAPABILITIES BETWEEN 1992 AND 2012: DISCUSSIONS ON THE CONCEPTUAL EVOLUTION AND CONTRIBUTIONS BY THE MOST RENOWNED AUTHORS IN THE AREA

ANÁLISIS DE LAS PUBLICACIONES SOBRE CAPACIDADES DINÁMICAS ENTRE 1992 Y 2012: DISCUSIONES SOBRE LA EVOLUCIÓN CONCEPTUAL Y LAS CONTRIBUCIONES DE LOS AUTORES DE MAYOR NOTORIEDAD EN EL ÁREA

RESUMO

Alguns elementos constituintes da abordagem das capacidades dinâmicas aparecem em diversas publicações (Schumpeter, 1942Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper.; Penrose, 1959Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: John Wiley., Nelson & Winter, 1982Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press., Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.), mas é a partir de Teece, Pisano e Schuen (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. que o tema capacidades dinâmicas tem despertado interesse crescente dos estudiosos. A relevância do tema tem levado pesquisadores a considerar capacidades dinâmicas como um novo e robusto paradigma no campo da estratégia, principalmente por propor respostas às lacunas deixadas pela resource-based view (RBV). O arcabouço teórico das capacidades dinâmicas sofreu alterações ao longo do tempo (Barreto, 2010Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.) e apresenta, além de convergências, ramificações entre seus defensores, principalmente no tocante ao embasamento e às fontes teóricas utilizadas em suas diferentes concepções. O conceito de capacidade dinâmica como fonte de vantagem competitiva fez com que estudos sobre esse tema proliferassem ao longo dos últimos anos, contudo essa proliferação ocorre de maneira não homogênea e consensual, o que torna o aprofundamento do tema um desafio ainda maior. Dessa forma, considerando as principais publicações sobre o tema capacidades dinâmicas entre os anos de 1992 e 2012, esta investigação apresenta as contribuições dos principais autores para o desenvolvimento da abordagem das capacidades dinâmicas e discute sua evolução conceitual. Trata-se de um estudo bibliométrico com tratamento dos dados por meio de escala multidimensional e análise de rede. Qualitativamente, a evolução da abordagem é analisada considerando os diferentes conceitos e proposições teórico-empíricas apresentados por autores de maior notoriedade na área, em diversos estudos sobre o tema. Os resultados indicam 1. uma evolução conceitual e de proposições teórico-empíricas; 2. um aumento de citações a autores contribuintes do tema; 3. uma diversidade de fontes de publicação e multidisciplinaridade da abordagem; e 4. uma multiplicidade temática relacionada às capacidades dinâmicas. Temas como conhecimento, competências, aprendizagem, criação de valor, capacidade dos gestores, parcerias e alianças estratégicas, e associações com capacidades dinâmicas ampliam os debates em torno de pontos nevrálgicos, ausentes ou obscuros das teorias antecessoras, reforçando seus pontos contribuintes como uma forma de ampliar a possibilidade de testes e comprovações empíricas, suplantando, de certa forma, limitações de teorias anteriores.

PALAVRAS-CHAVE
Estratégia; Capacidades dinâmicas; Notoriedade; Análise bibliométrica; Análise de rede

ABSTRACT

Some elements of the dynamic capabilities approach emerge in several publications (Schumpeter, 1942Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper.; Penrose, 1959Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: John Wiley., Nelson & Winter, 1982Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press., Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.), but it is through Teece, Pisano and Schuen (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. that this theme has attracted an increasing interest from scholars. The relevance of this issue has led researchers to consider dynamic capabilities as a robust new paradigm in the field of strategy, especially by proposing answers to the shortcomings of the resource-based view (RBV). The theoretical framework of dynamic capabilities has changed over time (Barreto, 2010Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.) and it has, in addition to convergence, branches among its supporters, especially regarding the theoretical foundations and sources used in their various conceptions. The concept of dynamic capabilities as a source of competitive advantage has made studies on this topic proliferate over the last few years, however, this proliferation does not occur homogeneously nor in a consensual way that makes going deeper into the theme even more challenging. Thus, considering the major publications on dynamic capabilities between the years 1992 and 2012, this research introduces contributions from leading authors interested in developing the dynamic capabilities approach and discusses its conceptual evolution. This is a bibliometric study with data processing by using multidimensional scaling and network analysis. Qualitatively, the evolution of the approach is analyzed by considering the different concepts and theoretical-empirical claims made by authors based on their notoriety. The results indicate 1. evolution in terms of conceptual, theoretical, and empirical propositions; 2. increased citations of authors concerned with the theme; 3. diverse sources of publication having multidisciplinary approaches; and 4. multiple themes related to dynamic capabilities. Themes such as knowledge, skills, learning, value creation, manager’s capacity, strategic partnerships and alliances, and associations with dynamic capabilities broaden the debates on complex, absent, or obscure points of the previous theories, reinforcing their strong points as a way to expand the possibility of empirical evidence, somehow overcoming drawbacks of the previous theories.

KEYWORDS
Strategy; Dynamic capabilities; Notoriety; Bibliometric analysis; Network analysis

RESUMEN

Algunos elementos aportados del abordaje de las capacidades dinámicas aparecen en diversas publicaciones (Schumpeter, 1942Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper.; Penrose, 1959Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: John Wiley., Nelson & Winter, 1982Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press., Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.), pero es a partir de Teece, Pisano y Schuen (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. que el tema capacidades dinámicas despertó interés creciente de los estudiosos. La relevancia de los temas ha llevado a los investigadores a considerar capacidades dinámicas como un nuevo y robusto paradigma en el campo de las estrategias, principalmente por proponer respuestas a las lagunas dejadas por la visión basada en recursos (resource-based view – RBV). La estructura teórica de las capacidades dinámicas sufrió alteraciones a lo largo del tempo (Barreto, 2010Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.) y presenta, además de convergencias, ramificaciones entre sus defensores, con respecto a los fundamentos teóricos y las fuentes utilizadas en sus diferentes concepciones. El concepto de capacidad dinámica como fuente de ventaja competitiva hiso que estudios sobre este tema aumentara a lo largo de los últimos años. No optante este aumento ocurre de manera no homogénea y consensuada lo que hace que la profundización del tema sea un desafío aún mayor. De esta forma, considerando las principales publicaciones sobre el tema capacidades dinámicas entre los años 1992 y 2012, esta investigación presenta los aportes de los principales autores para el desarrollo del abordaje de las capacidades dinámicas y discute su evaluación conceptual. Se trata de un estudio bibliométrico con tratamiento de los datos por medio de escala multidimensional y análisis de red. Cualitativamente, la evaluación del tratamiento es analizada considerando los diferentes conceptos y proposiciones teórico-empíricas presentadas por los autores de mayor notoriedad en las áreas, en diversos estudios sobre el tema. Los resultados indican 1. una evolución conceptual y de proposiciones teórico-empíricas: 2. un aumento al citar autores que contribuyen al tema; 3. tener diversas fuentes de publicación y el enfoque multidisciplinario; y 4. tener multiplicidad temática relacionada a las capacidades dinámicas. Temas como conocimientos, competencias, aprendizaje, creación de valores, capacidad de los gestores, asociación y alianzas estratégicas están asociados con las capacidades dinámicas y amplían los debates en torno de puntos complejos, ausentes u oscuros de las teorías antecesoras, reforzando sus puntos contribuyentes como una forma de ampliar la posibilidad de pruebas y comprobaciones empíricas suplantando, de ciertas forma, limitaciones de teorías anteriores.

PALABRAS CLAVE
Estrategia; Capacidades dinámicas; Notoriedad; Análisis bibliométrico; Análisis de red

1 INTRODUÇÃO

Pesquisadores em qualquer disciplina acadêmica tendem a se agrupar em redes informais, ou escolas invisíveis, que tratam de problemas comuns de maneira parecida (Price, 1963Price, D. J. (1963). Little science, big science. New York: Columbia University Press.). Dentro dessas redes, conceitos e descobertas de um pesquisador logo são escolhidos por outro para ser ampliado, testado e aprimorado, e, dessa forma, o trabalho de cada pessoa contribui para a construção do trabalho de outros. A história das trocas entre os membros desses subgrupos em uma disciplina descreve a história intelectual do campo. Pesquisadores podem se beneficiar por meio da compreensão desse processo e de seus resultados, pois revela a vitalidade e a evolução do pensamento em uma disciplina e porque dá um sentido para o futuro. É por essa razão que a análise de citações é frequentemente utilizada para determinar a notoriedade de estudiosos pela contagem da frequência de citações recebidas durante certo período, em um conjunto de documentos preestabelecidos.

Dois estudos que fizeram uso de técnicas bibliométricas apresentaram contribuições significativas para a área da estratégia. Ramos-Rodriguez e Ruiz-Navarro (2004)Ramos-Rodriguez, A. R., & Ruiz-Navarro, J. (2004). Changes in the intellectual structure of strategic management research: a bibliometric study of the Strategic Management Journal 1980-2000. Strategic Management Journal, 25(10), 981-1004. buscaram identificar as obras que tiveram o maior impacto na investigação sobre gestão estratégica e analisar as mudanças ocorridas na estrutura intelectual da disciplina, utilizando-se de técnicas bibliométricas nos artigos publicados no Strategic Management Journal entre 1980 e 2000. Ampliando o estudo de Ramos-Rodriguez e Ruiz-Navarro (2004)Ramos-Rodriguez, A. R., & Ruiz-Navarro, J. (2004). Changes in the intellectual structure of strategic management research: a bibliometric study of the Strategic Management Journal 1980-2000. Strategic Management Journal, 25(10), 981-1004. , Nerur, Rasheed e Natarajan (2008)Nerur, S. P., Rasheed, A. A., & Natarajan, V. (2008). The intellectual structure of the strategic management field: an author co-citation analysis. Strategic Management Journal, 29(3), 319-336. investigaram a estrutura intelectual do campo da gestão estratégica por meio de análise de cocitação, mas utilizando autores como unidade de análise. Nerur et al. (2008)Nerur, S. P., Rasheed, A. A., & Natarajan, V. (2008). The intellectual structure of the strategic management field: an author co-citation analysis. Strategic Management Journal, 29(3), 319-336. buscaram identificar a evolução da estrutura intelectual do campo da gestão estratégica durante o período de 1980-2000, usando uma variedade de técnicas analíticas de dados, tais como escalonamento multidimensional, análise fatorial e Pathfinder. Apresentaram um delineamento dos subcampos constituintes da estrutura intelectual da gestão estratégica e as relações entre eles, além de apontarem autores com papel fundamental na transição de dois ou mais domínios conceituais. Adicionalmente, mapearam a estrutura intelectual em espaço bidimensional, de modo a possibilitar a visualização das distâncias espaciais entre os temas intelectuais e fornecer insights sobre a mudança da influência de autores ao longo do tempo.

Considerando tais estudos, surge uma oportunidade de pesquisa bibliométrica associada às análises multidimensional e de rede sobre as publicações acerca do tema capacidades dinâmicas, haja vista a importância que a abordagem tem recebido ao longo dos anos e o número crescente de publicações. Alguns elementos constituintes da abordagem das capacidades dinâmicas aparecem em diversas publicações (Schumpeter, 1942Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper.; Penrose, 1959Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: John Wiley.; Nelson & Winter, 1982Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press.; Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.), mas é a partir de Teece, Pisano e Schuen (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. que o tema capacidades dinâmicas tem despertado interesse crescente dos estudiosos. A relevância do tema tem levado pesquisadores a considerar capacidades dinâmicas como um novo e robusto paradigma no campo da estratégia, principalmente por propor respostas às lacunas deixadas pela visão baseada em recursos (resource-based view – RBV), uma das mais influentes teorias conforme Ramos-Rodriguez e Ruiz-Navarro (2004)Ramos-Rodriguez, A. R., & Ruiz-Navarro, J. (2004). Changes in the intellectual structure of strategic management research: a bibliometric study of the Strategic Management Journal 1980-2000. Strategic Management Journal, 25(10), 981-1004. e Nerur et al. (2008Nerur, S. P., Rasheed, A. A., & Natarajan, V. (2008). The intellectual structure of the strategic management field: an author co-citation analysis. Strategic Management Journal, 29(3), 319-336.).

O arcabouço teórico das capacidades dinâmicas sofreu alterações ao longo do tempo (Barreto, 2010Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.) e apresenta, além de convergências, ramificações entre seus defensores, principalmente no tocante ao embasamento e às fontes teóricas utilizadas em suas diferentes concepções. O conceito de capacidade dinâmica como fonte de vantagem competitiva fez com que estudos sobre esse tema proliferassem ao longo dos últimos anos, contudo essa proliferação ocorre de maneira não homogênea e consensual, o que torna o aprofundamento do tema um desafio ainda maior.

Dessa forma, considerando as principais publicações sobre o tema capacidades dinâmicas entre 1992 e 2012, esta investigação discute a evolução conceitual e as contribuições dos autores para o desenvolvimento da abordagem das capacidades dinâmicas em três períodos subsequentes, fazendo uso de escala multidimensional e de análise de rede.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este estudo busca identificar autores que tenham influenciado a conceituação e o desenvolvimento da abordagem das capacidades dinâmicas em dois momentos, tendo como referência o artigo de Teece et al. (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534..

2.1 CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES EX ANTE CAPACIDADES DINÂMICAS

Segundo Prahalad e Hamel (1990)Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91., uma tarefa crítica para uma gestão é criar uma organização capaz de gerar produtos com a funcionalidade irresistível, ou melhor ainda, criar produtos de que os clientes precisam, mas ainda não imaginam. As competências essenciais são a fonte de desenvolvimento de novos negócios e devem constituir o foco para a estratégia em nível corporativo. Quando se identificam as competências essenciais de uma empresa, ela passa a oferecer benefícios reais aos consumidores, pois tais competências são difíceis de imitar e possibilitam o acesso a diferentes mercados. O conceito de competência essencial envolve a participação, a comunicação e um profundo compromisso em trabalhar através das fronteiras organizacionais, envolvendo internamente vários níveis de pessoas e funções. Ao não enxergar as oportunidades, não proporcionar a transformação do conhecimento tácito em explícito, ao fragmentar as competências nas unidades de negócios, deixar de investir nas competências principais e não enxergar que essas competências podem estar sendo desenvolvidas pelo concorrente, a empresa perde suas competências essenciais (Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.).

Em 1984, Wernerfelt publica o artigo seminal da RBV. Porém, é a partir das publicações de Barney (1986Barney, J. B. (1986). Strategic factor markets: expectations, luck, and business strategy. Management Science, 32, 1231-1241., 1991)Barney, J. B. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120. que os conceitos da RBV passam a ter influência nos estudos sobre estratégia. A organização é vista como um conjunto de recursos e capacidades que lhe permitem competir em diferentes situações e adotar estratégias, a fim de obter vantagem competitiva sustentável (Barney, 1991Barney, J. B. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120.). Os recursos são estoques de fatores disponíveis que são propriedade ou controlados pela empresa, enquanto as capacidades dizem respeito à capacidade de uma empresa para implantar os recursos em combinação com processos organizacionais para alcançar um objetivo final (Amit & Schoemaker, 1993Amit, R., & Schoemaker, P. J. (1993, January). Strategic assets and organisational rent. Strategic Management Journal, 14, 33-46.). Para Barney (1991)Barney, J. B. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120., os recursos e as capacidades para proporcionar vantagem competitiva deveriam ser valiosos e raros, e, com o objetivo de atingir a vantagem competitiva sustentável, deveriam ser inimitáveis e não substituíveis. Entretanto, a RBV explica os fenômenos em um campo estático, sendo insuficiente para explicar como as organizações conseguem reagir a um ambiente de rápida mudança, de competitividade, além de ser conceitualmente vaga e tautológica (Eisenhardt & Martin, 2000Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121.).

A aprendizagem e o aperfeiçoamento de processos de negócios desempenham um papel central na renovação permanente dos recursos mais críticos para o sucesso da empresa. A força dessa relação é subordinada à capacidade de os gestores construirem capacidades renováveis, tais como design superior dos produtos ou parcerias de negócios que permitem que as empresas que operam em mercados dinâmicos manipulem os recursos em estratégias de criação de valor para permanência no mercado (Prahalad & Hamel, 1990Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.).

A importância das capacidades dinâmicas é ressaltada por Amit e Schoemaker (1993)Amit, R., & Schoemaker, P. J. (1993, January). Strategic assets and organisational rent. Strategic Management Journal, 14, 33-46. que as conceituam como processos baseados na informação, ativos tangíveis ou intangíveis que são específicos da firma, e são desenvolvidas ao longo do tempo por meio de interações complexas entre os recursos da empresa. As capacidades dinâmicas podem ser otimizadas quando ocorrem em situações de parcerias estratégicas. A dependência de alianças estratégicas e relações interfirmas têm crescido consideravelmente nos últimos anos, enquanto as parcerias com atores externos vêm a tornar-se uma estratégia central para muitas organizações em uma ampla variedade de contextos, principalmente os industriais (Lorenzoni & Lipparini, 1999Lorenzoni, G., & Lipparini, A. (1999). The leveraging of interfirm relationships as a distinctive organizational capability: a longitudinal study. Strategic Management Journal, 20, 317-338.).

2.2 CONCEITOS E CONTRIBUIÇÕES EX POST CAPACIDADES DINÂMICAS

A abordagem das capacidades dinâmicas é apresentada como um novo paradigma a partir da extensão da RBV e se diferencia por explorar não apenas os aspectos internos da organização, como também os externos a ela (Teece & Pisano, 1994Teece, D. J., & Pisano, G. (1994). The dynamic capabilities of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556.; Teece et al., 1997Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534.; Eisenhardt & Martin, 2000Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121.).

Embora algumas referências anteriores encontradas na literatura contenham elementos da abordagem das capacidades dinâmicas, como em Schumpeter (1942)Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy. New York: Harper., Penrose (1959)Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm. New York: John Wiley., Nelson e Winter (1982)Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press., Phahalad e Hamel (1990)Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91., Teece (1976Teece, D. J. (1976). The multinational corporation and the resource cost of international technology transfer. Cambridge: Ballinger., 1986aTeece, D. J. (1986a). Transactions cost economics and the multinational enterprise. Journal of Economic Behavior and Organization, 7, 21-45., 1986bTeece, D. J. (1986b). Profiting from technological innovation. Research Policy, 15(6), 285-305. , 1988Teece, D. J. (1988). Technological change and the nature of the firm. In G. Dosi, C. Freeman, R. Nelson, G. Silverberg & L. Soete (Eds.). Technical change and economic theory (pp. 256-281). New York: Pinter.), Hayes, Wheelwright e Clark (1988)Hayes, R. H., Wheelwright, S. C., & Clark, K. B. (1988). Dynamic manufacturing. New York: The Free Press. e Teece e Pisano (1994)Teece, D. J., & Pisano, G. (1994). The dynamic capabilities of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556., é apenas depois da publicação do artigo de Teece et al. (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. que o conceito de capacidades dinâmicas é introduzido, de modo a propor respostas às lacunas deixadas pela RBV e novos desenvolvimentos conceituais. Para Teece et al. (1997, p. 516)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534., “a capacidade da empresa de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para lidar com ambientes que mudam rapidamente” é o conceito-chave acerca das capacidades dinâmicas, o que gerou um fluxo crescente de pesquisa a partir de então (Barreto, 2010Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.).

Segundo Teece et al. (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534., a essência das capacidades dinâmicas é explicada por: 1. processos gerenciais e organizacionais, que representam a forma como os processos são realizados na organização, ou seja, as rotinas e os padrões de práticas correntes e/ou de aprendizagem; 2. posições dos ativos da firma, que se referem à capacidade tecnológica da empresa e à sua propriedade intelectual; e 3. trajetórias, as estratégias alternativas disponíveis à empresa por causa de sua experiência ao longo do tempo. Os processos gerenciais e organizacionais teriam a função de 1. coordenação e integração: conceito estático; 2. de aprendizagem: conceito dinâmico; e 3. de reconfiguração: conceito transformacional. Já as posições dos ativos da firma dizem respeito à postura estratégica dela, que não é apenas determinada pelo seu processo de aprendizagem e pela coerência entre seus processos interno e externo, mas também pelos seus recursos específicos. Estes, por sua vez, são divididos pelos autores em ativos tecnológicos, complementares, financeiros, de reputação, estruturais, institucionais, de posicionamento de mercado e limites organizacionais. Por fim, as trajetórias dizem respeito à explicação da posição atual da organização, uma vez que a história dela na indústria é o que possibilita o seu desenvolvimento nesse setor, importando toda a sua biografia e experiência. Além de ser crucial na decisão de quão longe e quão rápido a organização poderá se desenvolver em determinada atividade da indústria.

Ao examinarem a natureza das capacidades dinâmicas, Eisenhardt e Martin (2000)Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121. verificaram como esses recursos são influenciados pelo dinamismo de mercado e pela evolução ao longo do tempo. Com base nessa análise, os autores formularam o seguinte conceito sobre as capacidades dinâmicas:

Processos organizacionais que utilizam recursos – especialmente os processos para integração, reconfiguração, de conquista e liberação de recursos – para atender e até criar mudanças de mercado; capacidades dinâmicas, portanto, são as rotinas organizacionais e estratégicas, por meio das quais as empresas alcançam novas configurações de recursos, enquanto mercados emergem, colidem, dividem, evoluem e morrem (Eisenhardt e Martin, 2000Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121., p. 1107).

Para os autores, as capacidades dinâmicas são constituídas de rotinas identificáveis, processos organizacionais e estratégicos, como alianças e desenvolvimento de produtos, cujo valor estratégico reside na sua capacidade de manusear recursos para criação de estratégias de valor. Apesar de idiossincráticas, elas exibem traços comuns ou “melhores práticas” entre as empresas. Os padrões estruturais das capacidades dinâmicas variam de acordo com o dinamismo de mercado e evoluem por meio de mecanismos de aprendizagem. Eisenhardt e Martin (2000, p. 1117)Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121. argumentam que o potencial da vantagem competitiva em longo prazo reside em “usar capacidades dinâmicas mais cedo, de forma mais astuta, e mais fortuitamente do que a concorrência para criar configurações de recursos que têm vantagem”.

Makadok (2001)Makadok, R. (2001). Toward a synthesis of the resource-based and dynamic-capability views of rente creation. Strategic Management Journal, 22, 387-401. destaca as diferenças entre recursos e capacidades (Amit & Schoemaker, 1993Amit, R., & Schoemaker, P. J. (1993, January). Strategic assets and organisational rent. Strategic Management Journal, 14, 33-46.) e discute a dificuldade de transferir a capacidade de uma organização para outra sem que haja a transferência da organização ou de parte dela. Segundo o autor, as principais diferenças entre recursos e capacidades são tais que a capacidade de uma empresa em gerar recursos, em geral, é uma combinação de processos organizacionais para alcançar o desejado resultado. Trata-se de processos baseados em informação, tangíveis ou intangíveis, que são específicos da empresa, pois estão imbricados na organização e nos processos, além de serem resultados de interações complexas que acontecem com os recursos da empresa ao longo do tempo. Makadok (2001)Makadok, R. (2001). Toward a synthesis of the resource-based and dynamic-capability views of rente creation. Strategic Management Journal, 22, 387-401. apresenta as principais diferenças entre os mecanismos de geração de valor, quanto à questão temporal, as oportunidades de resultado com ou sem a aquisição de recurso, o papel e o foco dos gestores, e a sinergia bilateral idiossincrática entre organizações.

Para Zollo e Winter (2002)Zollo, M., & Winter, S. G. (2002). Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13, 339-351., a capacidade dinâmica é um padrão aprendido e estável de atividade coletiva por meio da qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de maior eficácia. Os autores investigam os mecanismos por meio dos quais as organizações desenvolvem capacidades dinâmicas como o papel: 1. da acumulação de experiência, 2. da articulação do conhecimento e 3. dos processos de codificação de conhecimento na evolução das rotinas dinâmicas e operacionais. Argumentam que as capacidades dinâmicas são moldadas pela coevolução desses mecanismos de aprendizagem. Em qualquer ponto no tempo, as empresas adotam uma mistura de comportamentos de aprendizagem constituídos por uma acumulação semiautomática de experiência e investimentos deliberados em articulação e codificação de conhecimento e atividades.

Zahra e George (2002)Zahra, S. A., & George, G. (2002). International entrepreneurship: the current status of field and future research agenda. In: M. A. Hitt, R. D. Ireland, D. L. Sexton & S. M. Amp (Eds.). Strategic entrepreneurship, creating a new mindset (pp. 255-288). Oxford: Blackwell. apresentam o conceito de capacidade de absorção, que representa um conjunto de rotinas organizacionais e processos estratégicos pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento com a finalidade de criar valor. Os autores distinguem quatro dimensões relacionando-as às fases da capacidade de absorção. A primeira dimensão refere-se à aquisição de conhecimentos e ao mecanismo utilizado por uma empresa para receber a transferência de conhecimento. A segunda dimensão é quando o objetivo da empresa é melhorar a compreensão do conhecimento externo por meio de suas próprias rotinas já existentes em que ocorre a assimilação. Posteriormente, há a dimensão da transformação por meio da interiorização e conversão dos novos conhecimentos com os existentes. Por fim, há a exploração, quando é necessário que a organização gere resultados a partir do novo conhecimento.

Winter (2003)Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995. relaciona os conceitos de capacidades e rotinas organizacionais (Nelson & Winter, 1982Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press.). Para o autor, capacidade organizacional é uma rotina de alto nível ou conjunto de rotinas que conferem à gestão um conjunto de opções de decisão para produzir resultados significativos. Rotina é um comportamento que se aprende, altamente padronizado, repetitivo, ou quase repetitivo. As capacidades dinâmicas implicam mudanças e podem ser hierarquizadas. Para Winter (2003)Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995., as capacidades de nível zero são aquelas que permitem a uma empresa “ganhar a vida” no curto prazo, e as ordinárias são as que operam para estender, alterar ou criar capacidades comuns. O autor indica que as capacidades dinâmicas podem ser desenvolvidas internamente ou a organização pode optar por uma solução ad hoc (solução pontual de um problema). Nem sempre é vantajoso para a organização investir em capacidades dinâmicas de primeira ordem, pois os concorrentes, que contam com solução de problemas ad hoc para realizar mudanças, podem estar incorrendo em um fardo de menor custo. Entretanto, mudanças exógenas à empresa podem destruir as capacidades dinâmicas de primeira ordem, e as empresas que investem nessas capacidades podem ser desfavorecidas em relação a empresas mais flexíveis e que investiram em capacidades de ordem superior. Segundo Winter (2003)Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995., as capacidades dinâmicas são ferramentas úteis para a análise estratégica, mas a estratégia em si requer a compreensão de atributos idiossincráticos da firma em um contexto competitivo particular.

Para Helfat e Peteraf (2003)Helfat, C. E., & Peteraf, M. A. (2003). The dynamic resource-based view: capability lifecycles. Strategic Management Journal, 24, 997-1010., a capacidade tem um ciclo de vida composto pelas fases de iniciação, desenvolvimento e maturidade. Após a maturidade, a capacidade pode ser aposentada, renovada, recombinada, replicada ou realocada. As autoras aplicam o conceito de ciclo de vida para desenvolver uma teoria geral de como os recursos evoluem. O trabalho integra grande parte das pesquisas existentes sobre as capacidades e, como Winter (2003)Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995., uma discriminação entre os diferentes tipos de capacidade. Helfat e Peteraf (2003)Helfat, C. E., & Peteraf, M. A. (2003). The dynamic resource-based view: capability lifecycles. Strategic Management Journal, 24, 997-1010. descrevem seis diferentes caminhos evolucionários para as capacidades que podem levar à fase de maturidade do seu ciclo de vida e fornecem uma variedade de recursos à base de explicações para heterogeneidade competitiva. As autoras enfatizam as características dinâmicas da RBV e da utilidade de integrar as teorias evolucionista e baseada em recursos.

No contexto de alta competitividade em que os gestores tomam decisões sob incerteza, Zahra, Sapienza e Davidsson (2006)Zahra, S. A., Sapienza, H. J., & Davidsson, P. (2006). Entrepreneurship and dynamic capabilities: a review, model and research agenda. Journal of Management Studies, 43(4), 917-955. definem capacidades dinâmicas como as capacidades para reconfigurar os recursos e as rotinas de uma empresa de maneira imaginada e considerada adequada pelos seus principais tomadores de decisão. Para esses autores, não são criadas soluções e rotinas definitivas para as operações, mas sucessivamente são reconfiguradas ou revisadas as capacidades que os gestores têm desenvolvido, especialmente quando o ambiente é dinâmico ou imprevisível.

Para Teece (2007)Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28, 1319-1350., é importante apontar as microfundações das capacidades dinâmicas que são requeridas para sustentar o desempenho organizacional elevado em uma economia de rápida inovação e universalmente dispersa. Para o autor, as capacidades dinâmicas podem ser desagregadas em capacidade de: 1. sentir e modelar oportunidades e ameaças, 2. aproveitar oportunidades e 3. manter a competitividade por meio da melhoria, combinação, proteção e, quando necessário, reconfiguração dos ativos intangíveis e tangíveis do negócio da empresa.

Ambrosini, Bowman e Collier (2009)Ambrosini, V., Bowman, C., & Collier, N. (2009). Dynamic capabilities: an exploration of how firms renew their resource base. British Journal of Management, 20(S1), 9-24. indicam ser necessário estender o conceito e, por isso, sugerem a existência de três níveis de capacidades dinâmicas que estão relacionados com as percepções dos gestores sobre o dinamismo ambiental. As capacidades dinâmicas incrementais estão relacionadas com a melhoria contínua da base de recursos da empresa. As capacidades dinâmicas de renovação são aquelas que atualizam, adaptam e ampliam a base de recursos, e as capacidades dinâmicas regenerativas são aquelas que impactam não na base de recursos da empresa, mas em seu conjunto atual de capacidades dinâmicas, ou seja, elas alteram a forma como a empresa muda a sua base de recursos. Os autores indicam que mudanças incrementais na base de recursos referem-se a um processo quase contínuo, a renovação das capacidades dinâmicas deve ser aplicada periodicamente, e as capacidades regenerativas são raramente experimentadas.

Para Barreto (2010)Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280., a partir de uma revisão dos estudos e das pesquisas sobre capacidade dinâmica, a literatura tem gerado um corpo extremamente rico, mas muitas vezes desconectado de pesquisa, apontando em direções diferentes. O autor propõe a necessidade de avançar na consolidação do constructo principal de capacidades dinâmicas. De acordo com Barreto (2010)Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280., capacidade dinâmica é o potencial da empresa para resolver problemas de forma sistemática. Essa capacidade é formada pela propensão da empresa de perceber oportunidades e ameaças, a fim de que possa tomar decisões oportunas e orientadas ao mercado e alterar a sua base de recursos. O Apêndice A Apêndice A APÊNDICE A AUTORES REFERÊNCIAS CONCEITUAIS CONCEITOS-CHAVE Teece, Pisano e Shuen (1997) Forças Competitivas (Porter, 1980); Conflito estratégico (Ghemawat, 1986, Shapiro, 1989, Brandenburguer e Nalebuff, 1995); e RBV (Rumelt, 1984, Wernerfelt (1984); Teece, 1980 e 1982, Schumpeter, 1934 e Barney, 1986) Capacidade de integrar, consolidar e reconfigurar suas competências internas e externas para se adaptar às rápidas mudanças de ambientes altamente dinâmicos. Helfat (1997) Teece (1980; 1986); Nelson and Winter, (1982); Helfat (1988); Cohen e Levinthal (1990); Teece e Pisano (1994). As capacidades dinâmicas permitem as organizações criar novos produtos e processos e responder às condições do mercado. Eisenhardt e Martin (2000) Visão expandida das rotinas (Cyert, 1963; Nelson e Winter, 1982; Helfat, 1997; Inverno e Szulanski, 1999). Ligação entre capacidades dinâmicas, recursos e vantagem competitiva (Collis e Montgomery, 1995; Milgrom e Roberts, 1990; Porter, 1996; Prahalad e Hamel, 1990). "Melhores práticas" (Sitkin, 1992; Gersick, 1994; Kim, 1998; Brown e Eisenhardt, 1997; Argote, 1999; Haleblian e Finkelstein, 1999; Hayward, 2000). São os processos organizacionais que utilizam recursos - especialmente os processos para integração, reconfiguração, de conquista e liberação de recursos-para atender e até criar mudanças de mercado; capacidades dinâmicas, portanto, são as rotinas organizacionais e estratégicas, por meio das quais as empresas alcançam novas configurações de recursos enquanto mercados emergem, colidem, dividem, evoluem e morrem. Makadok (2001) Perspectiva Ricardiana - corrente teórica da visão baseada em recursos: (Barney, Conner, Montgomery, Wernerfelt, Peteraf) e a segunda Schumpeteriana -visão das capacidades dinâmicas (Amit, Schoemaker, Dierickx, Cool, Mahooney, Nelson, Winter, Teece, Pisano e Schuen). Diferenças entre recursos e capacidades. Dificuldade de se transferir a capacidade de uma organização a outra sem que haja a transferência da organização ou de parte dela. Principais diferenças entre mecanismos de geração de valor. Questão temporal, oportunidade de resultado com ou sem aquisição de recurso, o papel e o foco dos gestores e da sinergia bilateral idiossincrática. Zollo e Winter (2002) Competências Distintivas: Selznick's (1957). Rotinas Organizacionais: Nelson e Winter, (1982). Capacidade de Absorção: Cohen e Levinthal (1990). Arquitetura do Conhecimento (Henderson e Clark, 1990). Capacidades Combinatórias (Kogut e Zander 1992). Capacidades Dinâmicas: Teece et al. (1997). A capacidade dinâmica é um padrão aprendido e estável de atividade coletiva através da qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de maior eficácia. Zahra e George (2002) Capacidade de Absorção: Cohen e Levinthal (1990). A capacidade de absorção representa um conjunto de rotinas organizacionais e processos estratégicos pelo qual as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento com a finalidade de criar valor. Helfat e Peteraf (2003) Capacidades Dinâmicas de Teece, Pisano e Shuen (1997), A Teoria Evolucionária de Nelson e Winter (1982) e a Visão Baseada em Recursos. A capacidade possui um ciclo de vida composta pelas fases: iniciação (founding), desenvolvimento (development), maturidade (maturity). Após a maturidade, a capacidade pode ser aposentada (retire), renovada (renew), recombinada (recombine), replicada (replication) ou realocada (redeploy). Zahra, Sapienza e Davidsson (2006) Penrose (1959); Miller (1983); Hamel e Prahalad (1994); Sathe (2003); Sapienza et al. (2006). As capacidades para reconfigurar os recursos e rotinas de uma empresa de maneira imaginada e considerada adequada pelos seus principais tomadores de decisão. Teece (2007) Perspectiva Schumpeteriana. Teece, Pisano, e Shuen, (1990a; 1990b; 1997); Teece e Pisano (1994); Helfat etal., (2007). Capacidades dinâmicas podem ser desagregadas em capacidade: (a) de sentir e modelar oportunidades e ameaças, (b) aproveitar oportunidades, e (c) manter a competitividade por meio da melhoria, combinação, proteção e, quando necessário, reconfiguração dos ativos intangíveis e tangíveis do negócio da empresa. Ambrosini, Bowman e Collier (2009) Com base em trabalhos anteriores (Teece et al. (1997), Eisenhardt e Martin (2000) e Helfat et al. (2007) a respeito do que constitui uma capacidade dinâmica e sobre as sugestões de Collis (1994), Danneels (2002), Winter (2003) e Zahra et al. (2006) que existem hierarquias de capacidades). Capacidades dinâmicas incrementais estão relacionadas com a melhoria contínua da base de recursos da empresa. Capacidades dinâmicas de renovação são aquelas que atualizam, adaptam e ampliam a base de recursos. No terceiro nível estão as capacidades dinâmicas regenerativas que impactam não na base de recursos da empresa, mas sim em seu conjunto atual de capacidades dinâmicas, ou seja, elas alteram a forma como a empresa muda a sua base de recursos. Barreto (2010) Teece & Pisano (1994); Teece, Pisano, & Shuen (1997); Eisenhardt & Martin (2000); Teece (2000); Zollo & Winter (2002); Winter (2003); Zahra, Sapienza, & Davidsson (2006); Helfat et al. (2007); Teece (2007). Capacidade dinâmica é o potencial da empresa para resolver problemas de forma sistemática, formados por sua propensão a perceber oportunidades e ameaças, para tomar decisões oportunas e orientadas para o mercado, e para alterar a sua base de recursos. apresenta uma consolidação de alguns estudos, incluindo as referências teóricas e os conceitos sobre capacidades dinâmicas ao longo dos anos.

Dessa forma, pode-se considerar oportuna a realização de um estudo bibliométrico para auxiliar a compreensão da evolução da abordagem das capacidades dinâmicas a partir da alteração das referências teóricas utilizadas e pela modificação dos conceitos propostos pelos autores ao longo do tempo.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A seleção dos artigos relacionados às capacidades dinâmicas foi realizada pelo site ISI Web of Knowledge com a palavra-chave dynamic capabil*, entre 1992 e 2012, na área de social science. Foram identificados 2.926 artigos, dos quais 508 com mais de 20 citações (conforme o citation index). Após leitura dos resumos, excluíram-se 41 artigos não relacionados às capacidades dinâmicas. Os 467 artigos identificados foram agrupados por período. O primeiro período de análise (de 1992 a 1998) apresentou 71 artigos; o segundo período (de 1999 a 2005), 250; e o terceiro período (de 2006 a 2012), 146. A partir da análise das referências dos artigos e da utilização de critérios de relevância (Eom, 2009Eom, S. B. (2009). Author cocitation analysis: quantitative methods for mapping the intellectual structure of an academic discipline. Hershey, PA: Information Science Reference.) para cada período de análise, apenas os autores que tiveram um limiar de média de citações foram retidos para análise (McCain, 1990aMcCain, K. W. (1990a). Mapping authors in intellectual space: a technical overview. Journal of the American Society for Information Science, 41(6), 433-443., 1990bMcCain, K. W. (1990b). Mapping authors in intellectual space: population genetics in the 1980s. In C. L. Borgman (Ed.). Scholarly communication and bibliometrics (pp. 194-216). Newbury Park, CA: Sage.), a fim de garantir a relevância da seleção. Nesta investigação, utilizaram-se duas regras: o número de citações do autor sem especificação de data da publicação (critério: ser maior que 20, que é a diferença entre 2012 e 1992) e o número de citações com especificação de data da publicação (critério: ter pelo menos uma obra com mais de sete citações no primeiro período, 20 no segundo e 15 no terceiro). Essas regras, que equivalem a cerca de 10% do total de artigos por período, limitado a 20 por ter sido o critério adotado na primeira regra, proporcionaram a identificação dos principais autores e de suas obras.

As matrizes de cocitação dos três períodos foram a base para o escalonamento multidimensional (multidimensional scaling – MDS), em que se utilizaram o software SPSS e a opção multidimensional scaling-Proxscal, recomendada quando as medidas são de similaridade ou proximidade. A aplicação de escala multidimensional gera uma representação gráfica dos autores na quantidade de dimensões solicitadas, e a proximidade de dois autores no mapa indica que eles são, geralmente, citados em conjunto, sugerindo haver interligação entre as suas obras.

A análise de rede foi executada com o propósito de obter uma visão espacial dos autores por meio de atributos de rede, como o grau de centralidade, proximidade e intermediação. Utilizou-se o software Ucinet para construir a rede dos autores, fazendo uso do grau de centralidade (degree) que é igual ao número de ligações que um ator tem com outros atores.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os 2.926 artigos relacionados a capacidades dinâmicas encontrados na base do ISI of Knowledge entre 1992 a 2012 têm juntos um total de 59.852 citações. Os 467 artigos selecionados por terem 20 citações ou mais totalizam 48.454 citações, o que representa 81% de todas as citações e reforça a relevância desses artigos para a investigação. O Gráfico 1 apresenta a evolução ao longo dos anos das publicações sobre capacidades dinâmicas e o número de artigos selecionados por ano, de citações por ano e de citações acumuladas no período de todos os artigos pesquisados.

Gráfico 1
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ARTIGOS PUBLICADOS E SUAS RESPECTIVAS CITAÇÕES ENTRE 1992 E 2012

Na análise dos autores, os objetivos foram os seguintes: delinear possíveis subcampos que constituiriam a estrutura intelectual do campo relacionado às capacidades dinâmicas, identificar os autores que desempenham papel central na ponte entre dois ou mais domínios conceituais e mapear a estrutura intelectual em espaço bidimensional, visualizando distâncias espaciais entre os temas intelectuais. A estrutura intelectual do campo e sua evolução ao longo do tempo foram, então, avaliadas em termos das relações entre tais autores.

Na Tabela 1 são indicados os 30 autores mais referenciados nos estudos sobre capacidades dinâmicas entre 1992 e 2012 e as respectivas quantidades de citações (n) em cada um dos períodos analisados, comparativamente com o total de citações (N) dos 467 artigos selecionados para análise. Os 467 artigos contabilizam 54.347 referências de autoria (consideraram-se os três primeiros autores de cada artigo) e um total de 18.029 autores, o que dá uma média de 116 referências e 39 autores por artigo. Observa-se, pelos dados, que os 30 autores juntos contabilizam entre 13% e 16% do total de referências em cada período, o que demonstra a relevância dos autores selecionados.

TABELA 1
OS 30 PRINCIPAIS AUTORES E AS RESPECTIVAS CITAÇÕES EM CADA PERÍODO ANALISADO

Dos 15 primeiros autores, oito já constavam entre os 15 primeiros mais citados no primeiro período de análise, chegando a 14 (com exceção de Tushman) no segundo período e em 12 no terceiro período (com exceção de Nelson, Henderson e Prahalad). Há certa flutuação de posição entre esses 15 primeiros autores ao longo dos períodos. Destaque para Teece que continua a ser o autor com maior número de citações nos três períodos. Alguns autores melhoraram a posição ao longo do período, como Eisenhardt, Levinthal, Shuen e Hitt, e outros perderam posição a cada período, como March, Nelson e Porter. Outros ganharam posição entre o primeiro e segundo e perderam entre o segundo e terceiro, como Henderson, Kogut, Pisano, Prahalad e Winter; e Tushman e Barney perderam entre o primeiro e segundo e ganharam entre o segundo e terceiro.

No mapeamento das obras mais influentes, foi traçada a evolução intelectual do campo por meio do rastreamento de alterações nos padrões de citação ao longo do tempo. A Tabela 2 apresenta as 20 obras mais citadas pelos artigos analisados neste estudo, com a indicação de autores, frequência de citações e respectivo percentual em cada período.

TABELA 2
RELAÇÃO DAS 20 PRINCIPAIS OBRAS CITADAS EM CADA UM DOS PERÍODOS

Os números são contundentes quanto à importância das obras apresentadas, em especial o artigo de Teece et al. (1997)Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534. que aparece em 55% de todos os artigos analisados no período e em 73% das publicações no terceiro período. A segunda obra mais citada entre 1992 e 2012 é o artigo de Eisenhardt e Martin (2000)Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121. que foi citado em 33% e 60% das publicações do segundo e terceiro períodos, respectivamente.

As obras de Barney (1991)Barney, J. B. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120. e Nelson e Winter (1982)Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press. também são citadas em mais de 30% de todos os artigos e estão relacionadas, respectivamente, à RBV e à teoria evolucionária da economia. Das 60 principais obras referenciadas pelos artigos constam outros seis trabalhos específicos sobre capacidade dinâmica e apresentados no referencial teórico. Dessas obras, cinco apresentam um número crescente de publicações período a período, como Makadok (2001)Makadok, R. (2001). Toward a synthesis of the resource-based and dynamic-capability views of rente creation. Strategic Management Journal, 22, 387-401., Zollo e Winter (2002)Zollo, M., & Winter, S. G. (2002). Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13, 339-351., Helfat e Peteraf (2003)Helfat, C. E., & Peteraf, M. A. (2003). The dynamic resource-based view: capability lifecycles. Strategic Management Journal, 24, 997-1010. e Winter (2003)Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995., além de Helfat (1997)Helfat, C. E. (1997). Know-how and asset complementarity and dynamic capability accumulation: The case of R&D. Strategic Management Journal18, 339-360. estável com 17 citações.

Na Tabela 3 são apresentadas as principais fontes de publicação das referências dos artigos selecionados e dos 467 artigos. São 15 fontes que totalizam 40% de todas as referências dos artigos e 51% de todos os artigos selecionados entre 1992 e 2012. Destaque para o Strategic Management Journal que publicou 12% de todas as referências (obras) citadas nos 467 artigos e 74 artigos desta seleção. O Organization Science com 40, o Jornal of Management Studies com 21 e o Administrative Science Quarterly com 20 artigos publicados são outras fontes relevantes. Os números evidenciam que, das 15 principais fontes de publicação de referências, 13 já publicaram trabalhos sobre capacidades dinâmicas.

TABELA 3
PRINCIPAIS FONTES DE PUBLICAÇÃO DAS REFERÊNCIAS DOS ARTIGOS SELECIONADOS E DOS 467 ARTIGOS

No processo de análise, o passo seguinte foi apresentar os dados em um espaço suficientemente reduzido para formar um gráfico legível a partir de um MDS, por meio de matriz de proximidade e da opção multidimensional scaling-Proxscal no SPSS. O procedimento constrói os mapas com os dados da matriz de correlação dos itens em análise, explorando a estrutura subjacente ao conjunto de itens e agrupando o máximo de informações em apenas duas dimensões. Essa simplificação inevitavelmente distorce as distâncias originais e não explica toda a variação que aparece na matriz de proximidade. O índice de ajuste ou estresse representa a diferença aproximada entre o padrão original dos dados e o mapeamento final. O valor do stress depende do número de itens analisados e de sua configuração original, de tal modo que, para uma dada configuração inicial, um aumento do número de itens causa um aumento do valor do stress, ou seja, quanto mais itens a mapear, mais pobre a qualidade do ajuste. Esse fato foi decisivo na determinação do número de autores selecionados para o mapeamento, por isso, neste estudo, a decisão foi mapear apenas os 20 autores mais citados em cada um dos períodos, pois os índices indicaram que os modelos bidimensionais podem ser considerados com razoável nível de ajuste e parcimônia (stress-I < 0,17, DAF > 0,98 e TCC > 0,98), conforme mostra a Figura 1.

Figura 1
ANÁLISE POR MEIO DE ESCALONAMENTO MULTIDIMENSIONAL EM CADA PERÍODO

No mapa, a proximidade entre autores indica que, geralmente, eles são citados em conjunto, sugerindo semelhança ou interligação entre as suas obras. Os fatores identificados nos três períodos podem ser visualizados nos gráficos MDS, inclusive aqueles autores que participam de mais de um fator estariam em regiões limítrofes entre fatores.

Na Figura 1, por uma questão de ilustração, foram circundados os autores componentes dos fatores gerados pela análise fatorial utilizando-se do SPSS. Mesmo com apenas 20 autores na análise multidimensional, é possível a identificação da maior parte dos fatores estratificados em cada um dos períodos analisados, reforçando a relevância desses autores para a abordagem das capacidades dinâmicas.

A segunda análise utilizou o software Ucinet e a aplicação Netdraw, e buscou a representação dos autores em uma rede utilizando-se das matrizes de cocitações destes, além de calcular as medidas de centralidade, proximidade e intermediação. O estudo propiciou o mapeamento de uma estrutura de rede dos autores capaz de analisar insights sobre a posição relativa destes entre uma posição central ou periférica. Além disso, a estrutura de rede ajuda a identificar quais autores atravessam fronteiras, cujas obras permeiam mais de um tema intelectual, e, assim, identificar correntes de pesquisa distintas. As redes formadas pelos principais autores em cada período pesquisado estão apresentadas nas figuras 2, 3 e 4, e as medidas dos autores centrais são mostradas na Tabela 4.

Figura 2
A REDE DOS AUTORES DO PERÍODO ENTRE 1992 E 1998
Figura 3
A REDE DOS AUTORES DO PERÍODO ENTRE 1999 E 2005
Figura 4
A REDE DOS AUTORES DO PERÍODO ENTRE 2006 E 2012
TABELA 4
MEDIDAS DAS ANÁLISES DE REDE POR AUTOR E POR PERÍODO

Na Figura 2 está ilustrada a rede formada pelos autores do primeiro período, em que os dados foram submetidos à análise da categorização centro-periferia (closeness-eigenvector) e a amplitude dos círculos proporcional ao grau de centralidade (degree). Observa-se que 16 autores foram considerados como centrais da rede e os demais como periféricos. Dos 16 autores, todos aparecem na análise MDS da Figura 1, o que reforça a importância desse grupo de autores no primeiro período.

Na Figura 3, a rede foi formada pelos autores do segundo período, considerando os mesmos parâmetros utilizados anteriormente. Observa-se que 18 autores são centrais e os demais periféricos. Nessa relação de autores centrais, foram incluídos seis que não figuraram na análise do primeiro período (Dosi, Eisenhardt, Pisano, Shuen, Simon e Zander) e excluídos quatro (Hamel, Tushman, Wernerfelt e Williamson). Desses 18 autores, no segundo período da Figura 1, aparecem 15, e apenas Dosi, Humelt e Simon não constavam da análise MDS.

A Figura 4 representa a rede dos autores do terceiro período, e observa-se que 15 são centrais e os demais periféricos. Da relação de autores centrais constantes no segundo período, foram incluídos quatro autores (Helfat, Hitt, Tushman e Sigh) e excluídos sete (Clark, Dosi, Porter, Prahalad, Rumelt, Simon e Zander). Desses 15 autores, todos aparecem no terceiro período da Figura 1. Quando se analisam os três períodos, observa-se que, com a evolução da abordagem teórica das capacidades dinâmicas, os estudos tendem a fortalecer autores que discutem e trabalham a temática, o que reduz a dependência de suporte teórico de outras abordagens. Em cada período, a composição dos autores centrais demonstra que clássicos como Hamel, Wernerfelt, Williamson, Dosi, Prahalad, Rumelt e Simon deixam de constar como autores centrais nas discussões sobre capacidades dinâmicas. Por sua vez, autores que passam a contribuir para o desenvolvimento da abordagem assumem papel de relevância como referências para novos trabalhos, como é o caso de Eisenhardt, Helfat, Hitt, Pisano, Shuen, Sigh e Zander.

A Tabela 3 está ordenada pelo valor do parâmetro proximidade em cada um dos períodos. A proximidade (CL) foi utilizada para a elaboração das redes das figuras 2 a 4 e a identificação dos autores centrais. O parâmetro centralidade (DG) foi usado para dimensionar a amplitude dos círculos de cada autor. O terceiro parâmetro é o que indica o grau de intermediação (BT) de cada autor. Os dados demonstram que, no primeiro período, os autores que serviram como intermediadores da rede foram Teece, Kogut, Porter, Barney, March e Nelson. No segundo período há alteração dos principais intermediadores da rede, passando a ser Teece, Winter, March, Eisenhardt, Levinthal e Kogut. No terceiro período há uma nova alteração, passando a ter como principais intermediadores Barney, Teece, Eisenhardt, March, Winter e Levinthal.

Considerando que a intermediação é a medida baseada no número de caminhos mais curtos passando por um ator da rede, uma alta intermediação revela que esses autores desempenham o papel de conectar diferentes grupos de autores no desenvolvimento da abordagem das capacidades dinâmicas. Nesse sentido observam-se dois grupos de autores contribuintes, denominados neste estudo de “suportivos” e “construtivos”.

Os suportivos seriam aqueles autores cujas obras e temáticas funcionam como estruturas de apoio para a elaboração das discussões teóricas da abordagem das capacidades dinâmicas (Barney com visão baseada em recursos, Kogut com a visão evolucionária da RBV, Porter com a economia industrial, March com o comportamento organizacional e aprendizagem organizacional, Levinthal com os estudos sobre conhecimentos, capacidades, aprendizagem e inovação, e Nelson e Winter com a teoria evolucionária da mudança econômica e o conceito de rotinas). Os construtivos seriam aqueles que se utilizam das contribuições dos autores suportivos e elaboram conceitos dentro da nova abordagem, nesse caso a abordagem das capacidades dinâmicas. Os autores construtivos identificados neste estudo são os autores centrais (Teece, Eisenhardt e Winter), mas também todos os demais autores que contribuem para o desenvolvimento da abordagem das capacidades dinâmicas, mesmo ainda ocupando um papel periférico, pois estão contribuindo para a evolução da temática. Neste estudo, identificaram-se os autores George, Helfat, Makadok, Martin, Peteraf, Pisano, Shuen, Zahra e Zollo. A evolução da abordagem das capacidades dinâmicas entre os períodos indica uma redução nas citações aos autores suportivos e um aumento no uso de citações a autores construtivos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para uma abordagem teórica ser analisada, é importante considerar a trajetória evolutiva dela ao longo do tempo, para identificar presença ou ausência de consensos entre os pesquisadores. Nesta investigação, alguns pontos relevantes merecem destaque:

  • A evolução da abordagem das capacidades dinâmicas pode ser observada pelo número crescente de publicações ano após ano, alcançando 418 publicações em 2011 (conforme Gráfico 1). Porém, quando se analisam o aumento das publicações e a quantidade de artigos com 20 citações ou mais, não se observa uma proporcionalidade, o que pode ser reflexo da qualidade das publicações ou apenas a exiguidade de tempo desde a publicação, pois artigos mais antigos têm maior probabilidade de receber citações e artigos mais recentes podem ainda não ter conseguido influenciar outros autores.

  • Quando se analisam os três períodos, observa-se que, com a evolução da abordagem teórica das capacidades dinâmicas, os estudos tendem a referenciar aqueles autores que discutem e trabalham a temática, o que reduz a dependência de suporte teórico de outras abordagens e enriquece o corpo teórico sobre capacidades dinâmicas. Pode-se inferir que, com o passar do tempo e a consolidação conceitual, autores construtivos passam a ser autores suportivos, o que evidenciaria a evolução conceitual da abordagem das capacidades dinâmicas. As características de relevância e importância dos autores são confirmadas por meio da análise de rede e pelos respectivos parâmetros de centralidade, proximidade e intermediação realizados na parte final da análise dos dados deste estudo. A identificação do momento de transição entre os dois tipos de autor está além do objetivo desta investigação.

  • Qualitativamente, a evolução da abordagem pode ser analisada com base nos diferentes conceitos e proposições teórico-empíricas apresentados por autores em diversos estudos sobre o tema, conforme Apêndice A Apêndice A APÊNDICE A AUTORES REFERÊNCIAS CONCEITUAIS CONCEITOS-CHAVE Teece, Pisano e Shuen (1997) Forças Competitivas (Porter, 1980); Conflito estratégico (Ghemawat, 1986, Shapiro, 1989, Brandenburguer e Nalebuff, 1995); e RBV (Rumelt, 1984, Wernerfelt (1984); Teece, 1980 e 1982, Schumpeter, 1934 e Barney, 1986) Capacidade de integrar, consolidar e reconfigurar suas competências internas e externas para se adaptar às rápidas mudanças de ambientes altamente dinâmicos. Helfat (1997) Teece (1980; 1986); Nelson and Winter, (1982); Helfat (1988); Cohen e Levinthal (1990); Teece e Pisano (1994). As capacidades dinâmicas permitem as organizações criar novos produtos e processos e responder às condições do mercado. Eisenhardt e Martin (2000) Visão expandida das rotinas (Cyert, 1963; Nelson e Winter, 1982; Helfat, 1997; Inverno e Szulanski, 1999). Ligação entre capacidades dinâmicas, recursos e vantagem competitiva (Collis e Montgomery, 1995; Milgrom e Roberts, 1990; Porter, 1996; Prahalad e Hamel, 1990). "Melhores práticas" (Sitkin, 1992; Gersick, 1994; Kim, 1998; Brown e Eisenhardt, 1997; Argote, 1999; Haleblian e Finkelstein, 1999; Hayward, 2000). São os processos organizacionais que utilizam recursos - especialmente os processos para integração, reconfiguração, de conquista e liberação de recursos-para atender e até criar mudanças de mercado; capacidades dinâmicas, portanto, são as rotinas organizacionais e estratégicas, por meio das quais as empresas alcançam novas configurações de recursos enquanto mercados emergem, colidem, dividem, evoluem e morrem. Makadok (2001) Perspectiva Ricardiana - corrente teórica da visão baseada em recursos: (Barney, Conner, Montgomery, Wernerfelt, Peteraf) e a segunda Schumpeteriana -visão das capacidades dinâmicas (Amit, Schoemaker, Dierickx, Cool, Mahooney, Nelson, Winter, Teece, Pisano e Schuen). Diferenças entre recursos e capacidades. Dificuldade de se transferir a capacidade de uma organização a outra sem que haja a transferência da organização ou de parte dela. Principais diferenças entre mecanismos de geração de valor. Questão temporal, oportunidade de resultado com ou sem aquisição de recurso, o papel e o foco dos gestores e da sinergia bilateral idiossincrática. Zollo e Winter (2002) Competências Distintivas: Selznick's (1957). Rotinas Organizacionais: Nelson e Winter, (1982). Capacidade de Absorção: Cohen e Levinthal (1990). Arquitetura do Conhecimento (Henderson e Clark, 1990). Capacidades Combinatórias (Kogut e Zander 1992). Capacidades Dinâmicas: Teece et al. (1997). A capacidade dinâmica é um padrão aprendido e estável de atividade coletiva através da qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de maior eficácia. Zahra e George (2002) Capacidade de Absorção: Cohen e Levinthal (1990). A capacidade de absorção representa um conjunto de rotinas organizacionais e processos estratégicos pelo qual as empresas adquirem, assimilam, transformam e exploram o conhecimento com a finalidade de criar valor. Helfat e Peteraf (2003) Capacidades Dinâmicas de Teece, Pisano e Shuen (1997), A Teoria Evolucionária de Nelson e Winter (1982) e a Visão Baseada em Recursos. A capacidade possui um ciclo de vida composta pelas fases: iniciação (founding), desenvolvimento (development), maturidade (maturity). Após a maturidade, a capacidade pode ser aposentada (retire), renovada (renew), recombinada (recombine), replicada (replication) ou realocada (redeploy). Zahra, Sapienza e Davidsson (2006) Penrose (1959); Miller (1983); Hamel e Prahalad (1994); Sathe (2003); Sapienza et al. (2006). As capacidades para reconfigurar os recursos e rotinas de uma empresa de maneira imaginada e considerada adequada pelos seus principais tomadores de decisão. Teece (2007) Perspectiva Schumpeteriana. Teece, Pisano, e Shuen, (1990a; 1990b; 1997); Teece e Pisano (1994); Helfat etal., (2007). Capacidades dinâmicas podem ser desagregadas em capacidade: (a) de sentir e modelar oportunidades e ameaças, (b) aproveitar oportunidades, e (c) manter a competitividade por meio da melhoria, combinação, proteção e, quando necessário, reconfiguração dos ativos intangíveis e tangíveis do negócio da empresa. Ambrosini, Bowman e Collier (2009) Com base em trabalhos anteriores (Teece et al. (1997), Eisenhardt e Martin (2000) e Helfat et al. (2007) a respeito do que constitui uma capacidade dinâmica e sobre as sugestões de Collis (1994), Danneels (2002), Winter (2003) e Zahra et al. (2006) que existem hierarquias de capacidades). Capacidades dinâmicas incrementais estão relacionadas com a melhoria contínua da base de recursos da empresa. Capacidades dinâmicas de renovação são aquelas que atualizam, adaptam e ampliam a base de recursos. No terceiro nível estão as capacidades dinâmicas regenerativas que impactam não na base de recursos da empresa, mas sim em seu conjunto atual de capacidades dinâmicas, ou seja, elas alteram a forma como a empresa muda a sua base de recursos. Barreto (2010) Teece & Pisano (1994); Teece, Pisano, & Shuen (1997); Eisenhardt & Martin (2000); Teece (2000); Zollo & Winter (2002); Winter (2003); Zahra, Sapienza, & Davidsson (2006); Helfat et al. (2007); Teece (2007). Capacidade dinâmica é o potencial da empresa para resolver problemas de forma sistemática, formados por sua propensão a perceber oportunidades e ameaças, para tomar decisões oportunas e orientadas para o mercado, e para alterar a sua base de recursos. . A presença de diferentes temáticas utilizadas nos estudos sobre capacidades dinâmicas também pode ser entendida como outra descoberta desta investigação. Temas como conhecimento, competências, aprendizagem, criação de valor, capacidade dos gestores, parcerias e alianças estratégicas e as associações com capacidades dinâmicas ampliam os debates em torno de pontos nevrálgicos, ausentes ou obscuros das teorias antecessoras, reforçando seus pontos contribuintes como uma forma de ampliar a possibilidade de testes e comprovações empíricas.

  • Outra descoberta refere-se à diversidade de fontes de publicação de trabalhos. A base intelectual sobre a qual uma disciplina se desenvolve é, em grande medida, revelada nas citações que os pesquisadores fazem em seus trabalhos e compõe a estrutura intelectual a partir da qual a disciplina está evoluindo. Um estudo bibliométrico sobre uma determinada temática pode ser a chave para explorar e compreender as origens dos conceitos utilizados pela comunidade de especialistas na disciplina de interesse. A identificação das fontes mais influentes de publicação também contribui para comprovar as mudanças que ocorreram na estrutura intelectual de pesquisa, utilizando-se das referências bibliográficas citadas por um grupo significativo de autores, o que remete à multidisciplinaridade da abordagem das capacidades dinâmicas.

REFERÊNCIAS

  • Ambrosini, V., Bowman, C., & Collier, N. (2009). Dynamic capabilities: an exploration of how firms renew their resource base. British Journal of Management, 20(S1), 9-24.
  • Amit, R., & Schoemaker, P. J. (1993, January). Strategic assets and organisational rent. Strategic Management Journal, 14, 33-46.
  • Barney, J. B. (1986). Strategic factor markets: expectations, luck, and business strategy. Management Science, 32, 1231-1241.
  • Barney, J. B. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99-120.
  • Barreto, I. (2010). Dynamic capabilities: a review of past research and an agenda for the future. Journal of Management, 36(1), 256-280.
  • Cohen, W., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: a new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35, 128-152.
  • Dierickx, I., & Cool, K. (1989). Asset stock accumulation and sustainability of competitive advantage. Management Science, 35, 1504-1511.
  • Eisenhardt, M. K., Martin, A. J. (2000). Dynamic capabilities: what are they?, Strategic Management Journal, 21, 1105-1121.
  • Eom, S. B. (2009). Author cocitation analysis: quantitative methods for mapping the intellectual structure of an academic discipline Hershey, PA: Information Science Reference.
  • Grant, R. M. (1996). Toward a knowledge-based theory of the firm. Strategic Management Journal, 17(Winter Special Issue), 109-122.
  • Hayes, R. H., Wheelwright, S. C., & Clark, K. B. (1988). Dynamic manufacturing New York: The Free Press.
  • Helfat, C. E. (1997). Know-how and asset complementarity and dynamic capability accumulation: The case of R&D. Strategic Management Journal18, 339-360.
  • Helfat, C. E., & Peteraf, M. A. (2003). The dynamic resource-based view: capability lifecycles. Strategic Management Journal, 24, 997-1010.
  • Henderson, R. M., & Clark, K. B. (1990). Architectural innovation: the reconfiguration of existing product technologies and the failure of established firms. Administrative Science Quarterly, 35(1), 9-30.
  • Henderson, R., & Cockburn, I. (1994). Measuring competence? Exploring firm effects in pharmaceutical research. Strategic Management Journal, 15(S1), 63-84.
  • Kogut, B., & Zander, U. (1992). Knowledge of the firm, combinative capabilities, and the replication of technology. Organization Science, 3, 383-397.
  • Leonard-Barton, D. (1992). Core capabilities and core rigidities: a paradox in managing new product development. Strategic Management Journal, 13(Summer Special Issue), 111-126.
  • Lorenzoni, G., & Lipparini, A. (1999). The leveraging of interfirm relationships as a distinctive organizational capability: a longitudinal study. Strategic Management Journal, 20, 317-338.
  • Makadok, R. (2001). Toward a synthesis of the resource-based and dynamic-capability views of rente creation. Strategic Management Journal, 22, 387-401.
  • March, J. G. (1991). Exploration and exploitation in organizational learning. Organization Science, 2(1), 71-87.
  • McCain, K. W. (1990a). Mapping authors in intellectual space: a technical overview. Journal of the American Society for Information Science, 41(6), 433-443.
  • McCain, K. W. (1990b). Mapping authors in intellectual space: population genetics in the 1980s. In C. L. Borgman (Ed.). Scholarly communication and bibliometrics (pp. 194-216). Newbury Park, CA: Sage.
  • Nelson, R. R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of economic change Cambridge: Harvard University Press.
  • Nerur, S. P., Rasheed, A. A., & Natarajan, V. (2008). The intellectual structure of the strategic management field: an author co-citation analysis. Strategic Management Journal, 29(3), 319-336.
  • Nonaka, I. (1994). A dynamic theory of organizational knowledge creation. Organization Science, 5(1), 14-37.
  • Penrose, E. T. (1959). The theory of the growth of the firm New York: John Wiley.
  • Peteraf, M. A. (1993). The cornerstones of competitive advantage: a resource based view. Strategic Management Journal, 14(3), 179-191.
  • Prahalad, C. K., & Hamel, G. (1990). The core competence of the corporation. Harvard Business Review, 66, 79-91.
  • Price, D. J. (1963). Little science, big science New York: Columbia University Press.
  • Porter, M. E. (1980). Competitive strategy Free Press: New York.
  • Ramos-Rodriguez, A. R., & Ruiz-Navarro, J. (2004). Changes in the intellectual structure of strategic management research: a bibliometric study of the Strategic Management Journal 1980-2000. Strategic Management Journal, 25(10), 981-1004.
  • Schumpeter, J. A. (1942). Capitalism, socialism and democracy New York: Harper.
  • Teece, D. J. (1976). The multinational corporation and the resource cost of international technology transfer Cambridge: Ballinger.
  • Teece, D. J. (1986a). Transactions cost economics and the multinational enterprise. Journal of Economic Behavior and Organization, 7, 21-45.
  • Teece, D. J. (1986b). Profiting from technological innovation. Research Policy, 15(6), 285-305.
  • Teece, D. J. (1988). Technological change and the nature of the firm. In G. Dosi, C. Freeman, R. Nelson, G. Silverberg & L. Soete (Eds.). Technical change and economic theory (pp. 256-281). New York: Pinter.
  • Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28, 1319-1350.
  • Teece, D. J., & Pisano, G. (1994). The dynamic capabilities of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-556.
  • Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-534.
  • Wernerfelt, B. (1984). A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal, 5(2), 171-180.
  • Winter, S. G. (2003). Undertanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, 24, 991-995.
  • Zahra, S. A., & George, G. (2002). International entrepreneurship: the current status of field and future research agenda. In: M. A. Hitt, R. D. Ireland, D. L. Sexton & S. M. Amp (Eds.). Strategic entrepreneurship, creating a new mindset (pp. 255-288). Oxford: Blackwell.
  • Zahra, S. A., Sapienza, H. J., & Davidsson, P. (2006). Entrepreneurship and dynamic capabilities: a review, model and research agenda. Journal of Management Studies, 43(4), 917-955.
  • Zollo, M., & Winter, S. G. (2002). Deliberate learning and the evolution of dynamic capabilities. Organization Science, 13, 339-351.

Apêndice A

APÊNDICE A

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    11 Nov 2014
  • Aceito
    03 Mar 2015
Editora Mackenzie; Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua da Consolação, 896, Edifício Rev. Modesto Carvalhosa, Térreo - Coordenação da RAM, Consolação - São Paulo - SP - Brasil - cep 01302-907 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.adm@mackenzie.br