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APRESENTAÇÃO

Caro(a) leitor(a),

Os oito artigos desta edição da Revista Administração Mackenzie (RAM) envolvem temas sobre epistemologia crítica, competências coletivas na gestão de pessoas, gestão urbana, perfil de risco em tomada de decisões, marketing de relacionamento, capacidades e trajetórias de inovação, sistemas de gestão ambiental e planejamento de um novo negócio na internet.

Os dois primeiros artigos ainda estão relacionados aos trabalhos avaliados para compor a edição especial 15.6 da RAM, que tratou de estudos organizacionais brasileiros, considerando os aspectos metodológicos, epistemológicos e geográficos. Esses estudos foram apresentados no VIII Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO) da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad), realizado de 25 a 27 de maio de 2014 em Gramado, no Rio Grande do Sul. O processo de seleção e avaliação desses artigos ficou sob a coordenação dos professores Ana Silvia Rocha Ipiranga, Eloisio Moulin de Souza e Maria Luisa Mendes Teixeira.

José Henrique de Faria, autor do primeiro artigo, propõe um procedimento metodológico que explicite os três momentos fundamentais de uma pesquisa orientada para epistemologia crítica do concreto (ECC). A proposição dos três momentos da pesquisa em uma ECC para os estudos organizacionais procura sugerir que toda a pesquisa, nessa dimensão, é um processo que tem o real como primazia e que a relação do sujeito pesquisador com o concreto não é direta, imediata, simples e definitiva. Há um ir e vir necessário entre o sujeito e a realidade estudada para que o pesquisador possa apreendê-la em sua totalidade cognoscível e, portanto, em sua essência dinâmica e contraditória, e não apenas em sua aparência fenomênica.

A identificação de fatores determinantes para o desenvolvimento de competências coletivas dos servidores da área de gestão de pessoas é o tema desenvolvido por Jandmara de Oliveira Lima e Anielson Barbosa da Silva. Alguns fatores identificados representam limitações para a formação de competências em nível coletivo, e outros facilitam esse desenvolvimento. A ausência da unidade de equipe é um fator limitante no desenvolvimento de competências coletivas em decorrência da fragmentação das atividades e da falta de integração entre as coordenações. Com base nos resultados do estudo, considera-se que a pesquisa traz uma contribuição teórico-prática para o contexto do setor público. Em relação à contribuição teórica, o estudo reúne as principais abordagens sobre o tema que balizaram a categorização proposta nos resultados, o que possibilita uma análise mais ampla dos aspectos conceituais e permite uma avaliação crítica da difusão da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal.

O artigo “Discursos, práticas organizativas e pichação em Belo Horizonte”, de Glauce Cristine Ferreira Santos Viegas e Luiz Alex Silva Saraiva, analisa, em documentos oficiais, os discursos sobre ações governamentais e as entrevistas a respeito de pichações. O tratamento dos dados foi efetuado por meio da análise francesa do discurso, pela qual se buscaram a identificação e a análise de aspectos e elementos discursivos segundo roteiro constituído por seleções lexicais, percursos semânticos, interdiscursividades, discursos principais, reflexão e refração linguísticas, aspectos ideológicos combatidos e defendidos, e posicionamentos discursivos em relação aos discursos hegemônicos na sociedade.

Valter Saurin, José Manuel Janeira Varejão, Newton Carneiro Affonso da Costa Jr. e Wlademir Ribeiro Prates apresentam um estudo comparativo do viés do status quo e perfil de risco em tomadas de decisões. Realizou-se uma pesquisa com 330 estudantes de pós-graduação da Universidade do Porto (Portugal) e da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil). Os resultados mostraram que os respondentes propensos ao risco parecem não ter sido afetados pelo viés do status quo em suas decisões, diferentemente dos demais. Quanto aos participantes que estudaram finanças comportamentais previamente nos cursos de licenciatura e/ou graduação (uma proxy para o conhecimento prévio do viés estudado), verificou-se, em média, um aumento de respostas nas opções alternativas ao status quo.

Gisela Demo, Natasha Fogaça, Valter Ponte, Thais Fernandes e Humberto Cardoso avaliaram o estado da arte do marketing de relacionamento (CRM), mediante uma revisão bibliométrica da produção brasileira. Essa análise permitiu o delineamento de uma agenda de pesquisa e a institucionalização da pesquisa sobre CRM no Brasil. Os resultados apontaram a relevância estratégica para as organizações dos estudos sobre CRM, o que foi demonstrado por um evidente aumento no interesse de pesquisadores, considerando a criação de grupos de pesquisa sobre CRM no Brasil e os indicadores de produção científica, técnica e de assessoria da base de dados da Plataforma Lattes.

Todos os tipos de empresas têm condições de inovar e precisam fazê-lo? Como se dá o processo de inovação? Quais são as características necessárias para inovar? O setor de atividade e o nível tecnológico influenciam? Essas questões direcionam o estudo de Fernanda Maciel Reichert, Guilherme Freitas Camboim e Paulo Antônio Zawislak, cujo objetivo foi identificar as capacidades de inovação de 1.326 empresas industriais brasileiras e explicitar as trajetórias de inovação. Considerando o perfil da amostra, concluiu-se que a empresa típica é uma prestadora de serviços industriais, com baixo potencial de inovação. Seja por conta dos ramos de atividade, em sua maioria de baixa e média baixa intensidades tecnológicas, seja pela predominância de um modelo de gestão familiar focado em custos, a trajetória de inovação é restrita à manutenção da qualidade e à maximização da produção.

A análise de um sistema de gestão ambiental (SGA) de um hotel sob a perspectiva da resource-based view (RBV) é o foco do estudo desenvolvido por Camila Cristina Rodrigues Salgado e Ciliana Regina Colombo. O estudo de caso conduzido permitiu identificar que o hotel está bastante estruturado em relação ao seu SGA, além de a empresa ter alcançado benefícios referentes à melhoria da gestão dos fatores ambientais, ao fortalecimento da imagem e aos ganhos em competitividade. Entretanto, as principais dificuldades para a implantação do sistema estão relacionadas aos colaboradores e fornecedores. No que se refere às estratégias ambientais adotadas, das 25 estratégias identificadas, dez apresentaram potencial de gerar vantagem competitiva.

Josué Vitor de Medeiros Júnior, Miguel Eduardo Moreno Añez, Manoel Veras de Sousa Neto e Marcelo Hugo de Medeiros Bezerra apresentam a aplicação de um método de elaboração do mapa de recursos para apoiar o planejamento de um novo negócio baseado na internet a partir da percepção do empreendedor. O mapa de recursos resultante é uma representação visual das inter-relações entre os recursos estratégicos, assim caracterizados em função dos pressupostos teóricos da visão baseada em recursos (VBR), bem como da dinâmica de sistemas, que caracteriza tais representações por enlaces de feedback, fluxos e acumulações, responsáveis por comportamentos de aspectos sistêmicos como o desempenho organizacional. A originalidade do trabalho se justifica pela construção do mapa de recursos em uma empresa nascente, de modo a ajudar o empreendedor a identificar e explorar os recursos estratégicos iniciais. Além disso, verificou-se como a tomada de decisão por parte do empreendedor pode impactar o desempenho da empresa.

Boa leitura!

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2015
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