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Capacidade absortiva em startups: Alavancando as vantagens competitivas das Edtechs durante a pandemia da Covid-19

Resumo

Objetivo:

Este trabalho investigou a contribuição da capacidade absortiva de startups de educação (Edtechs) para o desenvolvimento de inovações e vantagens competitivas sustentáveis, durante o primeiro ano de distanciamento social da pandemia da Covid-19.

Originalidade/valor:

Embora a capacidade absortiva seja considerada importante para a inovação e obtenção de vantagens competitivas (Cohen & Levinthal, 1990; Zahra & George, 2002), ela tem sido pouco investigada no contexto das startups (Cajuela & Galina, 2020). Além disso, considerando ainda o atual ambiente de negócios de crescimento da utilização de tecnologias na educação, especialmente pela adoção do ensino remoto (Ministério da Educação [MEC], 2020) durante a pandemia da Covid-19, este estudo busca contribuir para a compreensão acerca do crescimento das Edtechs nesse cenário.

Design/metodologia/abordagem:

A pesquisa foi realizada a partir de uma abordagem qualitativa, e a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, na ferramenta Google Meet. Adotou-se a análise temática de Braun e Clarke (2006, 2012), por meio da qual foi possível definir códigos, categorias e temas referentes aos dados.

Resultados:

Os resultados evidenciaram a relação entre a capacidade absortiva das startups e as inovações desenvolvidas, bem como as vantagens competitivas adquiridas. Evidenciou-se ainda o desenvolvimento das capacidades absortivas pelas relações interorganizacionais com corporates e pelas interações com especialistas e mentores. Além disso, o time interno e a cultura organizacional despontaram como fontes importantes de capacidades absortivas. Assim, como recomendações para pesquisas futuras, sugere-se a investigação desses dois construtos e sua relação com a capacidade absortiva das startups.

Palavras-chave:
capacidade absortiva; startup ; vantagem competitiva; Edtech; Covid-19

Abstract

Purpose:

This work investigated the contribution of the absorptive capacity of education startups (Edtechs) to the development of innovations and sustainable competitive advantages in the first year of social distancing during the Covid-19 pandemic.

Originality/value:

Although absorptive capacity is considered important for innovating and obtaining competitive advantages (Cohen & Levinthal, 1990; Zahra & George, 2002), it has been little investigated in the context of startups (Cajuela & Galina, 2020). In addition, considering the current business environment of growth in the use of technologies in education, especially the adoption of remote education (Ministério da Educação [MEC], 2020) during the Covid-19 pandemic, this study seeks to contribute to the understanding of the growth of Edtechs in this scenario.

Design/methodology/approach:

The research consisted of a qualitative approach, and data collection was conducted through semi-structured interviews using the Google Meet tool. The data were analyzed based on the thematic analysis by Braun and Clarke (2006, 2012), which enabled us to define codes, categories, and themes for analysis.

Findings:

The results showed the relationship between the absorptive capacity of startups, the innovations developed, and the competitive advantages acquired. Interorganizational relations with corporates and interactions with specialists and mentors also evidenced the development of absorptive capacities. In addition, the internal team and the organizational culture emerged as essential sources of absorptive capacities. Thus, as recommendations for future research, it is suggested to investigate these two constructs and their relationship with the startups’ absorptive capacity.

Keywords:
absorptive capacity; startup; competitive advantage; Edtech; Covid-19

INTRODUÇÃO

A pandemia da Covid-19 levou a população mundial ao distanciamento social (Walker et al., 2020Walker, P. G. T., Whittaker, C., Watson, O., Baguelin, M., Ainslie, K. E. C., Bhatia, S., Bhatt, S., Boonyasiri, A., Boyd, O., Cattarino, L., Cucunubá, Z., Cuomo-Dannenburg, G., Dighe, A., Donnelly, C. A., Dorigatti, I., van Elsland, S., FitzJohn, R., Flaxman, S., Fu, H., Gaythorpe, K., … Ghani, A. C. (2020, June 12). The global impact of Covid-19 and strategies for mitigation and suppression. WHO Collaborating Centre for Infectious Disease Modelling, MRC Centre for Global Infectious Disease Analysis, Abdul Latif Jameel Institute for Disease and Emergency Analytics, Imperial College London. https://www.imperial.ac.uk/mrc-global-infectious-disease-analysis/Covid-19/report-12-global-impact-Covid-19/
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), provocando a redução do consumo de vários produtos e serviços e a suspensão das atividades presenciais nas organizações de modo geral em todo o mundo. No Brasil, isso afetou “a operação de milhões de pequenos negócios [e abalou] setores inteiros, do varejo físico ao food service, turismo e entretenimento, com impactos diretos nas cadeias associadas”, conforme relatório elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicado em setembro de 2020 (Morelix et al., 2020, p. 6Morelix, A., Matos, F., Oliveira, L. D., Afonso, R., & Radaelli, V. (2020). Startups do Brasil em meio à pandemia: Como o ecossistema brasileiro de startups tem enfrentado a crise da Covid-19: Soluções, desafios e propostas para o futuro. Banco Interamericano de Desenvolvimento. http://dx.doi.org/10.18235/0002650
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).

De acordo ainda com dados do relatório do BID, 75% das startups do país foram negativamente impactadas pela Covid-19, o que causou efeitos considerados severos em pelo menos um quarto do universo das startups brasileiras (Morelix et al., 2020Morelix, A., Matos, F., Oliveira, L. D., Afonso, R., & Radaelli, V. (2020). Startups do Brasil em meio à pandemia: Como o ecossistema brasileiro de startups tem enfrentado a crise da Covid-19: Soluções, desafios e propostas para o futuro. Banco Interamericano de Desenvolvimento. http://dx.doi.org/10.18235/0002650
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). Na educação, no entanto, esse cenário foi diferente, uma vez que as instituições de ensino também tiveram que se adaptar e passaram a adotar o ensino remoto emergencial, conforme a Portaria nº 343, de 17 de março de 2020, do Ministério da Educação (MEC, 2020)Ministério da Educação. (2020). Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de-2020-248564376
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/porta...
, o que impulsionou as startups relacionadas ao setor educacional, as chamadas Edtechs.

Conforme o mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em parceria com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), em 2019 o país contava com 449 Edtechs ativas (Abstartups & Cieb, 2020Associação Brasileira de Startups, & Centro de Inovação para a Educação Brasileira. (2020). Mapeamento Edtech 2019: Investigação sobre as startups de tecnologia educacional no Brasil. https://drive.google.com/file/d/1g2N2NfzMIddIw3dulHc0WCGLg_mhb_Nz/view
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). Esse número se expandiu em meio à pandemia por conta da adoção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na modalidade do ensino remoto emergencial (Matias, 2020Matias, L. (2020). Migração para o ensino híbrido alavanca startups de educação: Incorporação de tecnologias pela rede pública é oportunidade de expansão dos negócios. Folha de S.Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2020/10/migracao-para-o-ensino-hibrido-alavanca-startups-de-educacao.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2020/...
), chegando a 559 Edtechs ativas em dezembro de 2020, de acordo com dados do Edtech Report, relatório publicado pela plataforma de inovação Distrito (2020)Distrito. (2020). Edtech Report. https://materiais.distrito.me/mr/edtech-report
https://materiais.distrito.me/mr/edtech-...
.

Considerando esse cenário, o tema central do presente estudo está relacionado à compreensão da atuação das startups de educação durante a quarentena da pandemia da Covid-19, em especial no que se refere ao desenvolvimento de capacidades absortivas para a obtenção de vantagens competitivas, o desenvolvimento de inovações e o incremento dos seus resultados. Como principal justificativa, considera-se a crescente importância da utilização de recursos e tecnologias na educação, em especial no ensino remoto durante o período de distanciamento social provocado pela pandemia (MEC, 2020). Some-se a isso o fato de que, segundo Cajuela e Galina (2020)Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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, a capacidade absortiva em startups tem sido pouco abordada na literatura.

Cohen e Levinthal (1990)Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128–152. https://doi.org/10.2307/2393553
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, os primeiros autores a desenvolver o conceito de capacidade absortiva, defenderam a importância desta para a capacidade de inovação organizacional. Além disso, Xie et al. (2018)Xie, X., Zou, H., & Qi, G. (2018). Knowledge absorptive capacity and innovation performance in high-tech companies: A multi-mediating analysis. Journal of Business Research, 88, 289–297. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.01.019
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identificaram que vários estudos evidenciam a importância da capacidade absortiva tanto para a inovação quanto para o resultado financeiro das organizações. Nesse contexto, Cajuela e Galina (2020, p. 553)Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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, defendem que “a inovação pode aumentar a probabilidade de sobrevivência e sustentabilidade da vantagem competitiva de uma startup, pois permite a criação de capacidades dinâmicas e melhora a capacidade de absorção da startup”.

Assim, percebe-se que a capacidade absortiva, a inovação e a vantagem competitiva são conceitos inter-relacionados. Sendo assim, este estudo pretende responder à seguinte pergunta de pesquisa:

  • Como a capacidade absortiva contribuiu para a criação de vantagens competitivas e inovações das startups de educação (Edtechs) durante a quarentena da pandemia da Covid-19?

Para tanto, elenca-se como escopo deste trabalho a busca da compreensão de como as startups investigadas colocaram em prática sua capacidade de absorção de conhecimentos externos durante a quarentena da pandemia da Covid-19, de modo a inovar, obter vantagens competitivas e superar os desafios impostos pelo distanciamento social.

Dessa forma, para este estudo foi elencada como objetivo geral a identificação das capacidades absortivas utilizadas pelas startups de educação durante a pandemia da Covid-19 para alavancar seu crescimento e incrementar a inovação. Para tanto, definiram-se os seguintes objetivos específicos: a identificação das capacidades absortivas das Edtechs adotadas durante a pandemia da Covid-19 e o levantamento da contribuição das capacidades absortivas das Edtechs para seu crescimento e sua inovação no período pandêmico.

Este artigo compõe-se de seis partes, incluindo esta introdução. Em seguida, é apresentada a fundamentação teórica que dá base a este estudo. Posteriormente, são descritos os procedimentos metodológicos aplicados para responder à pergunta de pesquisa e para alcançar os objetivos propostos. Depois, apresentam-se os dados, bem como sua análise e as conclusões.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção, são levantados os temas investigados na literatura que caracterizam o arcabouço teórico deste estudo. Apresenta-se a seguir a contextualização do conceito da capacidade absortiva em startups.

Capacidade absortiva em organizações do tipo startups

A capacidade absortiva foi definida inicialmente por Cohen e Levinthal (1990)Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128–152. https://doi.org/10.2307/2393553
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como a capacidade das organizações de explotar o conhecimento externo a fim de desenvolver a inovação. Os autores observam que a capacidade de utilização do conhecimento externo advém da capacidade de análise e reconhecimento do valor desse conhecimento, bem como da capacidade de sua assimilação e aplicação comercial.

Zahra e George (2002, p. 186)Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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definem a capacidade absortiva “como um conjunto de rotinas e processos organizacionais pelos quais as empresas adquirem, assimilam, transformam e explotam o conhecimento para produzir uma capacidade organizacional dinâmica”.

Dessa forma, a capacidade de absorção de conhecimento da organização é importante para a criação de valor, e a aquisição de conhecimento é o primeiro estágio desse processo, seguido da assimilação, da transformação e da explotação (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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; Xie et al., 2018Xie, X., Zou, H., & Qi, G. (2018). Knowledge absorptive capacity and innovation performance in high-tech companies: A multi-mediating analysis. Journal of Business Research, 88, 289–297. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.01.019
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). Esses quatro processos equivalem a quatro dimensões na capacidade absortiva e são complementares (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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).

Ainda, segundo Freire et al. (2021, p. 45)Freire, P. D. S., Alvares, L. M. A. D. R., Rizzatti, G., Bresolin, G. G., Martins, G. J. T., Kempner-Moreira, F., & Silva, T. C. (2021). Glossário: Governança multinível do conhecimento e da aprendizagem e seus mecanismos de universidade corporativa em rede e de comunicação dialógica. CRV., a capacidade absortiva é

[...] a capacidade de identificar, assimilar, acomodar e equilibrar um novo conhecimento interno ou externo ao ser, institucionalizando-o no âmbito das mudanças de rotinas e hábitos institucionalizados, a fim de incrementar eficiência, competitividade e inovação.

Considerando ainda que a capacidade absortiva é “uma capacidade dinâmica relativa à criação e à utilização do conhecimento que aumenta a capacidade de uma empresa de obter e manter uma vantagem competitiva” (Zahra & George, 2002, p. 185Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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), a capacidade organizacional de obter conhecimentos sobre o ambiente externo constitui fonte de vantagem competitiva sustentável para a organização (Leal-Rodríguez et al., 2013Leal-Rodríguez, A. L., Roldán, J. L., Leal, A. G., & Ortega-Gutiérrez, J. (2013). Knowledge management, relational learning, and the effectiveness of innovation outcomes. The Service Industries Journal, 33(13–14), 1294–1311. https://doi.org/10.1080/02642069.2013.815735
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).

Nesse sentido, a capacidade absortiva potencial refere-se à aquisição e à assimilação do conhecimento, enquanto a capacidade absortiva realizada trata da transformação e incorporação do conhecimento por meio da criação de vantagens competitivas sustentáveis e da inovação (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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). Sobre isso, Cohen e Levinthal (1990)Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128–152. https://doi.org/10.2307/2393553
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enfatizam que a capacidade organizacional de encontrar informações valiosas no ambiente externo e aplicá-las internamente é importante para sua capacidade de inovação.

Por exemplo, Xie et al. (2018)Xie, X., Zou, H., & Qi, G. (2018). Knowledge absorptive capacity and innovation performance in high-tech companies: A multi-mediating analysis. Journal of Business Research, 88, 289–297. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.01.019
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, em seu estudo, constataram uma relação positiva entre as dimensões da capacidade absortiva e os resultados de inovação de empresas de tecnologia. Dessa forma, convém observar que tanto a inovação incremental quanto a inovação radical podem ser beneficiadas pelas capacidades absortivas. Na inovação incremental, a organização implementa melhorias no que já existe e, na radical, desenvolve algo totalmente novo (Tidd et al., 2008Tidd, J., Bessant, J., & Pavitt, K. (2008). Gestão da inovação (3a ed.). Bookman.).

Além disso, segundo Dávila et al. (2018)Dávila, G. A., Durst, S., & Varvakis, G. (2018). Knowledge absorptive capacity, innovation, and firm’s performance: Insights from the South of Brazil. International Journal of Innovation Management, 22(2), 1850013. http://doi.org/10.1142/s1363919618500135
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, as pesquisas têm demonstrado a importância de estudar a influência da capacidade absortiva na inovação em nações em desenvolvimento, como o Brasil, justamente pelo caráter turbulento desses mercados. Nesse sentido, os autores constataram, em seu estudo com organizações brasileiras, que a capacidade absortiva delas influencia a inovação e que a capacidade absortiva realizada influencia mais os resultados de inovação do que a capacidade absortiva potencial.

Dado que a capacidade absortiva é considerada uma capacidade dinâmica que influencia também a obtenção de vantagens competitivas pelas organizações (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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), convém investigar a presença dessa relação em empresas do tipo startups, caracterizadas por atuarem em contextos de extrema volatilidade, como também tem sido o ambiente de negócios experimentado durante a pandemia da Covid-19.

Considerando o estudo das capacidades absortivas em startups, Cajuela e Galina (2020, p. 553)Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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observam:

A relevância das capacidades para startups é reconhecida no estudo de Savarese, Orsi e Belussi (2016)Savarese, M. F., Orsi, L., & Belussi, F. (2016). New venture high growth in high-tech environments. European Planning Studies, 24(11), 1937–1958. https://doi.org/10.1080/09654313.2016.1232700
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, no qual os autores mostram que o desenvolvimento de capacidades dinâmicas, por eles considerado um investimento em recursos humanos e novas rotinas, é significativo para o crescimento deste tipo de empresa. Porém, este tópico é pouco estudado.

Segundo Blank e Dorf (2014)Blank, S., & Dorf, B. (2014). Startup: Manual do empreendedor. Alta Books., uma startup é um tipo de organização que possui um modelo de negócios flexível e que visa torná-lo recorrente e escalável. Para Ries (2012)Ries, E. (2012). A startup enxuta: Como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. Leya., uma startup atua a partir do desenvolvimento de novos produtos e serviços em ambientes de mercado altamente incertos.

As fases de desenvolvimento de uma startup são a ideação, a validação, a tração e a escala. Na fase de ideação, a startup desenvolve sua ideia inicial do negócio. Já na validação, ocorre a formatação do modelo de negócio, com a validação do mínimo produto viável (minimum viable product – MVP). A fase de tração é quando a startup busca crescer em número de clientes e faturamento. E na escala, por fim, o foco é crescer em ritmo acelerado, consolidando-se como uma scale-up, ou seja, uma startup que está escalando (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 2019Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. (2019). Governança corporativa para startups & scale-ups. https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/24050/IBGC%20Segmentos%20-%20%20Governan%c3%a7a%20Corporativa%20para%20Startups%20&%20Scale-ups.pdf
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).

No que se refere especificamente às startups de educação, um mapeamento realizado em parceria pela Abstartups e pelo Cieb (2020)Associação Brasileira de Startups, & Centro de Inovação para a Educação Brasileira. (2020). Mapeamento Edtech 2019: Investigação sobre as startups de tecnologia educacional no Brasil. https://drive.google.com/file/d/1g2N2NfzMIddIw3dulHc0WCGLg_mhb_Nz/view
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identificou os principais segmentos educacionais de atuação das Edtechs no Brasil: ensinos infantil, fundamental, médio e superior, educação corporativa, cursos preparatórios, cursos de idiomas e cursos livres. O mesmo estudo levantou ainda os tipos de recursos educacionais digitais utilizados pelas Edtechs, que se dividem em: software (conteúdo, ferramentas e plataformas), hardware e serviços, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1
Classificação por tipos de recursos educacionais digitais

Convém observar que, de acordo com o mapeamento, “uma mesma edtech pode ofertar recursos educacionais e/ou serviço em mais de um grupo, sendo assim classificada em mais de um grupo de recursos digitais” (Abstartups & Cieb, 2020, p. 14Associação Brasileira de Startups, & Centro de Inovação para a Educação Brasileira. (2020). Mapeamento Edtech 2019: Investigação sobre as startups de tecnologia educacional no Brasil. https://drive.google.com/file/d/1g2N2NfzMIddIw3dulHc0WCGLg_mhb_Nz/view
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). Nesse sentido, cabe identificar a forma de atuação das startups a partir dos recursos educacionais ofertados, de modo a classificá-las adequadamente.

Ao realizarem uma revisão sistemática da literatura sobre a capacidade absortiva nas startups, Martins e Freire (2021, p. 4)Martins, G. J. T., & Freire, P. S. (2021). Capacidade absortiva em startups: Uma revisão sistemática. In E. Z. Maximo, G. J. T. Martins, J. A. Souza, L. Emendoerfer, N. dos Santos, P. F. R. Repette, & R. Pereira (Orgs.), Perspectivas em engenharia, mídias e gestão do conhecimento (Vol. 2, pp. 7–20). Pantanal. https://doi.org/10.46420/9786588319451cap1
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identificaram que “a teoria aponta que a inovação contribui para a sobrevivência das startups quando permite a criação de capacidade absortiva”. Além disso, um dos pontos principais observados por Martins e Freire (2021, p. 4)Martins, G. J. T., & Freire, P. S. (2021). Capacidade absortiva em startups: Uma revisão sistemática. In E. Z. Maximo, G. J. T. Martins, J. A. Souza, L. Emendoerfer, N. dos Santos, P. F. R. Repette, & R. Pereira (Orgs.), Perspectivas em engenharia, mídias e gestão do conhecimento (Vol. 2, pp. 7–20). Pantanal. https://doi.org/10.46420/9786588319451cap1
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foi o fato de que

[...] a capacidade absortiva nas startups está diretamente ligada à sua capacidade de aprender nos ambientes turbulentos em que atuam, que pode ocorrer especialmente a partir das suas interações com outras organizações maiores e já estabelecidas (Moon, 2011Moon, S. (2011). What determines the openness of a firm to external knowledge? Evidence from the Korean service sector. Asian Journal of Technology Innovation, 19(2), 185–200.; Perez et al., 2013Perez, L., Whitelock, J., & Florin, J. (2013). Learning about customers: Managing B2B alliances between small technology startups and industry leaders. European Journal of Marketing, 47(3–4), 431–462.; Joshi, 2018Joshi, T. (2018). The dynamics of knowledge sharing in the biotechnology industry: An Indian perspective. Technology Innovation Management Review, 8(1), 5–15. http://doi.org/10.22215/timreview/1129
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; Allmendinger & Berger, 2020Allmendinger, M. P., & Berger, E. S. C. (2020). Selecting corporate firms for collaborative innovation: Entrepreneurial decision making in asymmetric partnerships. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050003.; Cajuela & Galina, 2020Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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; Steiber et al., 2021Steiber, A., Alänge, S., & Corvello, V. (2021). Learning with startups: An empirically grounded typology. Learning Organization, 28(2), 153–166.).

Sendo assim, os principais achados de sua revisão sistemática são relativos aos relacionamentos interorganizacionais das startups com organizações de maior porte e à contribuição da capacidade absortiva para a sobrevivência das startups (Martins & Freire, 2021Martins, G. J. T., & Freire, P. S. (2021). Capacidade absortiva em startups: Uma revisão sistemática. In E. Z. Maximo, G. J. T. Martins, J. A. Souza, L. Emendoerfer, N. dos Santos, P. F. R. Repette, & R. Pereira (Orgs.), Perspectivas em engenharia, mídias e gestão do conhecimento (Vol. 2, pp. 7–20). Pantanal. https://doi.org/10.46420/9786588319451cap1
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), conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1
Síntese da revisão sistemática sobre capacidade absortiva em startups

Nesse sentido, importa compreender de que maneira as startups do tipo Edtechs utilizaram suas capacidades de absorção de conhecimento externo durante o período de distanciamento social da pandemia da Covid-19 para o desenvolvimento de inovações e como isso colaborou para a obtenção de vantagens competitivas sustentáveis, bem como para sua sobrevivência.

A próxima seção apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para responder à pergunta de pesquisa, bem como para o alcance dos objetivos elencados no estudo.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de natureza exploratória, bibliográfica e descritiva. Com o intuito de responder à questão de pesquisa, inicialmente se buscou conhecer de modo mais aprofundado os temas relacionados à capacidade absortiva das startups, por meio da pesquisa exploratória e bibliográfica.

A pesquisa descritiva, por sua vez, auxiliou na descrição do comportamento adotado pelas startups de educação (Edtechs) investigadas durante a pandemia da Covid-19 para o desenvolvimento das vantagens competitivas. A Tabela 2 apresenta os detalhes das Edtechs participantes da pesquisa.

Tabela 2
Caracterização do perfil das Edtechs participantes da pesquisa

A abordagem adotada foi de caráter qualitativo, a qual procurou evidenciar o entendimento das ações realizadas pelas startups pesquisadas a partir do ponto de vista de seus próprios gestores (Creswell, 2010Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto (3a ed.). Artmed.; Merriam, 2009Merriam, S. B. (2009). Qualitative research: A guide to design and implementation. Jossey-Bass & Sons.). Assim, como sujeitos de pesquisa (informantes) foram escolhidos fundadores/gestores de startups do tipo Edtechs que obtiveram resultados exitosos durante o ano de 2020, especificamente durante a quarentena imposta pela pandemia da Covid-19, conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3
Informantes da pesquisa de campo

A coleta dos dados ocorreu por meio da técnica de entrevista semiestruturada, realizada com apoio da ferramenta de videochamadas Google Meet. O roteiro de entrevista foi o instrumento de coleta utilizado. As entrevistas foram gravadas na própria ferramenta Google Meet e transcritas posteriormente. Para participar, os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que informava sobre a natureza da pesquisa, bem como sobre o sigilo no tratamento e na apresentação dos dados.

A análise dos dados coletados foi realizada por meio da análise temática proposta por Braun e Clarke (2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77–101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
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, 2012Braun, V., & Clarke, V. (2012). Thematic analysis. In H. Cooper, P. M. Camic, D. L. Long, A. T. Panter, D. Rindskopf, & K. J. Sher (Eds.), APA handbook of research methods in psychology (Vol. 2, pp. 57–71). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/13620-004
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) e procurou levantar as similaridades entre os resultados coletados de modo a responder à pergunta de pesquisa. Realizou-se a análise em seis etapas, conforme proposto pelos autores: familiarização com os dados, geração de códigos, procura de temas, revisão dos temas potenciais, definição e nomeação dos temas, e geração do relatório.

Na etapa inicial de familiarização com os dados, realizaram-se as transcrições das entrevistas, bem como a leitura repetida do conjunto de dados, a fim de buscar conhecê-los de modo amplo. Ao longo dessa fase, foram também sendo tomadas notas de insights iniciais para posterior análise. A etapa seguinte, de geração dos códigos, exigiu das pesquisadoras a retomada da lista inicial de ideias gerada na fase anterior, para a busca e produção dos códigos percebidos (Braun & Clarke, 2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77–101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
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).

Na fase de procura por temas, foi necessário iniciar a análise dos códigos gerados, bem como sua combinação para a definição das categorias e dos temas. Convém observar que a busca por temas dentro da análise do conjunto de dados visou identificar “algum nível de resposta padronizada ou significado”. Dessa forma, adotou-se uma abordagem dedutiva (theory-driven) buscando levantar temas a partir do conjunto dos dados, com base na comparação com o arcabouço teórico pesquisado previamente (Braun & Clarke, 2006, p. 10Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77–101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
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).

Na etapa de revisão dos temas potenciais, foi realizado o refinamento dos códigos, bem como dos temas definidos, a partir de uma nova leitura do conjunto de dados. Assim, foi possível passar para a fase seguinte, de definição e nomeação dos temas. Por fim, a descrição da análise foi gerada a partir da inter-relação dos temas com a pergunta e os objetivos da pesquisa (Braun & Clarke, 2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77–101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
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).

A seguir, serão apresentados os dados levantados na pesquisa, bem como a análise realizada.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

A partir do levantamento e análise dos dados, foi possível identificar os temas que emergiram da codificação dos dados. Ao serem questionados se as startups cresceram durante o primeiro ano do distanciamento social causado pela pandemia da Covid-19, todos os participantes da pesquisa afirmaram que elas cresceram, com incrementos registrados em faturamento, em número de clientes, em vendas e em número de colaboradores. Conforme ainda apontou o informante 2, as Edtechs passaram a ser mais valorizadas depois da pandemia.

Dentre as startups participantes da pesquisa, uma praticamente dobrou o número de colaboradores, com 18 novas contratações; uma quase triplicou, com 70 novas contratações; uma startup aumentou o time em quase sete vezes, com 17 novas contratações; uma aumentou o time em 30% com uma nova contratação; e outra ampliou a equipe em 15%. Apenas uma startup afirmou ter realizado uma demissão e nenhuma contratação. Esses dados corroboram a grande oferta de vagas de emprego por startups com até cinco anos de operação (Toole et al., 2015Toole, A. A., Czarnitzki, D., & Rammer, C. (2015). University research alliances, absorptive capacity, and the contribution of startups to employment growth (Discussion Paper No. 14–094). Centre for European Economic Research. https://doi.org/10.2139/ssrn.2530419
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). Nesse sentido, convém observar que duas das startups que realizaram contratações tinham mais de cinco anos de operação, enquanto três tinham menos de cinco anos.

Sobre a participação em programas de apoio a startups, foi constatado que três das startups pesquisadas estavam participando de um desses programas (pré-incubação, incubação, aceleração, programa de mentorias e/ou inovação aberta) durante o distanciamento social da pandemia da Covid-19, enquanto outras três haviam participado em anos anteriores e uma nunca participou. Entre as seis que participaram, foi possível identificar o desenvolvimento da capacidade absortiva potencial a partir das interações com mentores e corporates em cinco delas (Joshi, 2018Joshi, T. (2018). The dynamics of knowledge sharing in the biotechnology industry: An Indian perspective. Technology Innovation Management Review, 8(1), 5–15. http://doi.org/10.22215/timreview/1129
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; Cajuela & Galina, 2020Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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).

Quando se investigou se as Edtechs possuíam relações interorganizacionais com alguma corporate durante o ano de 2020, levantou-se que duas possuíam parcerias para validação de MVP (uma multinacional e duas nacionais de grande porte), uma possuía muitas parcerias para desenvolvimento conjunto de produto com organizações de pequeno e médio portes representadas por especialistas, uma possuía algumas parcerias (que não contribuíram para o aprendizado e crescimento durante a pandemia), outra foi adquirida por um grande grupo logo no início da pandemia e duas não possuíam relações com corporates.

Sobre essas relações interorganizacionais, quatro informantes declararam que elas contribuíram de alguma forma para o crescimento da organização nesse período, seja auxiliando na validação ou no codesenvolvimento de produtos e serviços, ou contribuindo para o crescimento financeiro por meio de investimento. Aqui não foi possível confirmar o entendimento de Haneberg (2021)Haneberg, D. H. (2021). Interorganizational learning between knowledge-based entrepreneurial ventures responding to Covid-19. The Learning Organization, 28(2), 137–152. https://doi.org/10.1108/TLO-05-2020-0101
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de que as crises tendem a diminuir a aprendizagem interorganizacional das startups, dado que, em meio à crise decorrente da pandemia da Covid-19, a maioria afirmou ter realizado aprendizados interorganizacionais, seja com corporates, com mentores ou com clientes, não inferindo redução nesses aprendizados em relação a períodos anteriores.

Sobre a capacidade absortiva potencial, todas as startups afirmaram que precisaram adquirir novos conhecimentos durante o período de distanciamento social da pandemia ocorrido desde março de 2020, em função das grandes incertezas e mudanças no ambiente externo. As formas mais citadas de aquisição de conhecimentos foram: busca de conhecimentos de especialistas, acesso a conteúdos on-line, participação em cursos e palestras on-line, participação em mentorias, criação de conhecimento interno a partir de tentativa e erro, e networking dentro dos ecossistemas de inovação.

Conforme relato do informante 1:

[...] as escolas contratando os hospitais, como o Sírio-Libanês e o Einstein […], acabaram transferindo esse conhecimento pra gente, sobre o que precisava acontecer […] eles aprenderam com os especialistas e transferiram pra gente esse conhecimento e aí o biomédico validou tudo que a gente estava construindo.

Ainda, o informante 6 reforçou a importância da aquisição de conhecimento para o negócio, por meio de especialistas e referências nos temas, que foram chamados para transmitir o conhecimento que a startup estava buscando.

Ao serem indagados sobre quais as principais capacidades absortivas que a Edtech possui, os informantes declararam as seguintes: capacidade de aprender com os clientes se autodefinindo como centrados no cliente (client-centered), capacidade de compreender e antecipar tendências mundiais, capacidade de aprender a partir do time interno, capacidade de se adaptar ao ambiente externo, agilidade, flexibilidade, resiliência, cautela, planejamento, manutenção de uma cultura de aprendizagem e de tolerância ao erro, melhorias de processos constantes, além da manutenção da mente aberta para novos aprendizados, por parte dos líderes.

Aqui se observa que, para esse conjunto de startups analisadas, o compartilhamento de conhecimentos com as corporates não foi a principal fonte de desenvolvimento da sua capacidade absortiva, conforme preconizado por Joshi (2018)Joshi, T. (2018). The dynamics of knowledge sharing in the biotechnology industry: An Indian perspective. Technology Innovation Management Review, 8(1), 5–15. http://doi.org/10.22215/timreview/1129
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. Esses achados, no entanto, corroboram a existência de capacidade absortiva potencial (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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). Além disso, os dados podem trazer indícios acerca de uma alta capacidade de absorção das startups estudadas que estão em estágio inicial, dado que este aumenta o acesso a capital de risco e incrementa o desempenho (Jeong et al., 2020Jeong, J., Kim, J., Son, H., & Nam, D. (2020). The role of venture capital investment in startups’ sustainable growth and performance: Focusing on absorptive capacity and venture capitalists’ reputation. Sustainability, 12(8), 3447. https://doi.org/10.3390/su12083447
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).

Dessas startups, apenas uma encontra-se em estágio inicial de validação. Outras três estão em estágio de tração e três em escala. Observa-se, no entanto, que duas das startups que se encontram em estágio de escala já receberam investimento, e duas que estão em estágio de tração também já receberam, inclusive durante a pandemia, conforme afirmou o informante 7, o que pode confirmar a relação proposta por Jeong et al. (2020)Jeong, J., Kim, J., Son, H., & Nam, D. (2020). The role of venture capital investment in startups’ sustainable growth and performance: Focusing on absorptive capacity and venture capitalists’ reputation. Sustainability, 12(8), 3447. https://doi.org/10.3390/su12083447
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, de que a capacidade de absorção no início da startup contribui para o acesso a investimento.

Em seguida, ao serem questionados sobre como colocaram em prática os novos conhecimentos adquiridos, os informantes citaram as seguintes maneiras: cocriação de funcionalidades de produto, validação com os clientes por meio de entrevistas e a partir do apoio do especialista e, por fim, a partir de iniciativas de tentativa e erro, sendo essa a forma mais citada. Aqui se observa a existência de capacidade absortiva realizada (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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).

Conforme relato do informante 1, a cocriação de funcionalidades ocorreu de modo muito próximo aos clientes:

Só pra você ter uma ideia, um aplicativo que a gente desenvolveu durante a pandemia para esses novos processos, o leiaute do aplicativo foi feito por alunos de um dos nossos clientes, porque estavam desenhando uma solução internamente […] e o cliente falou: “A gente tem um fornecedor que faz isso […] e a gente fez uma colaboração com eles”. Então foi bem próximo mesmo [ao cliente].

Sobre o desenvolvimento de inovações durante o distanciamento social da pandemia da Covid-19, todas as startups afirmaram ter realizado inovações, tanto incrementais quanto radicais. Sobre essas inovações, quatro informantes afirmaram que elas foram desenvolvidas com parceiros, especialistas, clientes ou corporates. Aqui é possível inferir a relação entre a capacidade absortiva realizada da startup e as inovações a partir das interações com as corporates (Cajuela & Galina, 2020Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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).

Quando se questionou se a startup conseguiu obter vantagens competitivas e superar os desafios impostos pela pandemia da Covid-19, foi possível detectar, com base no relato dos informantes, indícios de que sim, todas obtiveram vantagens competitivas relacionadas especialmente a: identificação e atendimento das necessidades dos clientes potenciais, incremento das funcionalidades dos produtos, metodologia de gestão ágil para o modelo de trabalho home office, foco em vendas e capacidade de realização de networking. Mais uma vez, verifica-se a existência da capacidade absortiva realizada (Zahra & George, 2002Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconcep-tualization, and extension. The Academy of Management Review, 27(2), 185–203. https://doi.org/10.2307/4134351
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).

Desse modo, observa-se neste estudo a relação entre as capacidades absortivas, a inovação e a obtenção de vantagens competitivas (Cohen & Levinthal, 1990Cohen, W. M., & Levinthal, D. A. (1990). Absorptive capacity: A new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, 35(1), 128–152. https://doi.org/10.2307/2393553
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), dado que as capacidades absortivas utilizadas e/ou desenvolvidas durante o distanciamento social da pandemia da Covid-19 apoiaram as inovações e as vantagens competitivas que foram desenvolvidas. Isso é ilustrado no relato do informante 1:

O que a gente fez imediatamente foi começar a levar conteúdo pras escolas, pra ajudá-las a passar por esse momento, porque a gente não sabia, não tinha o conteúdo, mas a gente começou a convidar pessoas pra falar com as escolas. E virou uma série de webinars que nos aproximou das escolas, bastante. Aí, por conta disso, a gente conseguiu entender melhor essas necessidades novas, e aí acho que se criou essa vantagem, essa vantagem competitiva que você perguntou.

E também no depoimento do informante 7, que observou que foi necessária a adoção de um alto grau de flexibilidade por parte da Edtech, dado que o cenário era incerto e as mudanças eram constantes. Dessa forma, a startup adotou a prática de testar a comunicação via redes sociais, via e-mail marketing, entre outras ações, de modo a encontrar a melhor solução para o momento.

Além disso, demonstra a importância da inovação para o incremento da capacidade absortiva da startup (Cajuela & Galina, 2020Cajuela, A. R., & Galina, S. V. R. (2020). Processes in interorganizational relationships to develop absorptive capacity in startups. Revista de Administração Contemporânea, 24(6), 550–566. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2020180329
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), conforme reportou o informante 5:

Quando veio 2020 não tinha mais palestras. […]. Como que eu vou criar uma estratégia de marketing para chamar atenção? Aí eu migrei pras lives. Eu via as lives. Aí a gente foi uma das primeiras empresas a implementar lives semanais, então toda semana tinha uma live com o RH. Aí o que a gente fez para atrair? […] Primeiro comecei a chamar cliente. Aí comecei a ver: quais empresas que eu quero abordar? […]. Aí a gente fechou muito projeto por causa disso também. Então foi uma coisa assim, um tiro totalmente no escuro, um modelo muito que os influenciadores digitais estavam fazendo, mas nenhuma empresa estava fazendo. […]. Então, aí, isso cria agilidade, isso cria cultura do erro, adaptabilidade.

Além disso, foi observado o desenvolvimento da capacidade absortiva a partir do time interno da organização, como explicou o informante 3, que apontou que os colaboradores criativos, engajados e envolvidos têm sido os grandes responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos e pelo alcance dos objetivos da startup.

Nesse sentido, evidenciou-se ainda a importância da cultura organizacional ante a inovação e a obtenção de vantagens competitivas das startups. Como declarado pelo informante 5, em sua startup

[...] cultura é essencialmente rotina e comunicação. A gente tem uma rotina e é muito regular da nossa rotina, para garantir que a gente consiga executar. Então, isso daí que eu vejo que as empresas não têm essa disciplina. Então a comunicação é muito fluida, todo mundo sabe o que está acontecendo sempre.

Isso também foi corroborado pelo informante 6, que deixou clara a importância da cultura organizacional e também da comunicação para o sucesso da Edtech, por meio de uma cultura organizacional forte e coesa, com total transparência na comunicação, o que inclusive contribuiu para que os efeitos da pandemia não fossem tão sentidos pela startup.

Por fim, quando se relacionaram os temas à teoria, foi possível constatar a confirmação dos pressupostos teóricos apresentados na Tabela 4.

Tabela 4
Alinhamento entre códigos, temas e teoria

Sendo assim, observa-se que as Edtechs estudadas possuem um amplo conjunto de capacidades absortivas potenciais e realizadas, e conseguiram utilizá-las durante o período de distanciamento social da pandemia da Covid-19 para a realização de inovações e obtenção de vantagens competitivas. A seguir são apresentadas as discussões sobre a análise dos dados.

DISCUSSÃO

A partir da análise dos dados, foi possível caracterizar a contribuição das capacidades absortivas para o crescimento das Edtechs pesquisadas durante a pandemia da Covid-19, dado que a maioria delas apresentou crescimento expressivo nesse período, tanto em faturamento quanto em número de clientes e colaboradores.

Na pesquisa, também foi possível constatar o desenvolvimento de inovações tanto incrementais quanto radicais. As incrementais foram realizadas a partir da cocriação de novas funcionalidades com clientes, do desenvolvimento de integrações com clientes, pela melhoria dos processos organizacionais e pela adaptação da Edtech para o ensino remoto. As radicais ocorreram a partir da cocriação de novos produtos com especialistas, da cocriação de novos serviços com corporates parceiras e pela criação de novos produtos pelas próprias startups.

Essas inovações permitiram a obtenção de vantagens competitivas no que tange especialmente aos clientes, à estratégia, ao modelo de trabalho e ao produto. No que se refere aos clientes, a aproximação, a colaboração, o levantamento das necessidades, a conexão e o apoio e ajuda a eles fizeram a diferença para as startups, contribuindo inclusive para sua maior valorização por parte deles. Sobre a estratégia, a capacidade de analisar cenários e a redução das distâncias entre concorrentes (pela atuação remota) também contribuíram. Assim, o modelo de trabalho se caracterizou pela adaptabilidade, agilidade, autonomia, validação da cultura de home office e pelo foco nos processos e nas rotinas. Por fim, o produto ofereceu diferenciais, tais como novas funcionalidades e maior estabilidade da plataforma em comparação com os concorrentes.

A capacidade absortiva potencial se caracterizou pela aquisição e assimilação de novos conhecimentos a partir da interação com especialistas, do consumo de conteúdo on-line e da participação em programas de apoio a startups e também em fontes internas de desenvolvimento, relacionadas especialmente às equipes de trabalho e à cultura organizacional. Além disso, a capacidade absortiva potencial se desenvolveu também por meio das relações interorganizacionais, com parceiros, clientes, sócios (aquisições) e programas de apoio a startups.

A capacidade absortiva realizada, por seu turno, se configurou pela transformação e implementação dos novos conhecimentos a partir da cocriação de funcionalidades e validação de soluções e funcionalidades com os clientes, e também pela ajuda obtida dos especialistas. Evidenciou-se ainda a aplicação dos novos conhecimentos a partir de iniciativas de tentativa e erro, utilizadas pela maioria das startups pesquisadas.

Então, de modo geral, foi possível identificar capacidades absortivas relacionadas ao modelo de gestão das startups, à cultura organizacional, ao time interno e ao relacionamento com os clientes. No que tange ao modelo de gestão, as startups relataram capacidades absortivas relacionadas à: antecipação de tendências mundiais futuras, à realização de melhorias de processos, à agilidade, à adaptabilidade, à evolução constante, à comunicação transparente, à adoção de métricas claras, à resiliência, à flexibilidade, à ação cautelosa e ao planejamento.

Em seguida serão apresentadas as conclusões obtidas a partir do estudo.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este estudo trouxe um maior entendimento acerca da capacidade absortiva das organizações do tipo startups, especialmente as relacionadas ao mercado de educação (Edtechs). Quando se buscou responder à pergunta inicial do estudo, foi possível constatar uma evidente relação entre as capacidades absortivas relatadas pelos informantes e a criação de inovações e vantagens competitivas, por meio da aquisição e assimilação de conhecimentos (capacidade absortiva potencial) e da transformação e implementação desses novos conhecimentos (capacidade absortiva realizada), durante a pandemia da Covid-19.

Sendo assim, como principais contribuições à teoria, a pesquisa descreveu tanto a capacidade absortiva potencial quanto a realizada nas startups estudadas durante a pandemia da Covid-19. Além disso, foi possível constatar o desenvolvimento das capacidades absortivas a partir da interação das startups com corporates e mentores, porém não apenas a partir deles. Nesse ínterim, foi observado o desenvolvimento da capacidade absortiva também a partir da cultura organizacional e do time interno da organização. Convém ressaltar que os indícios das vantagens competitivas foram observados apenas a partir dos relatos dos informantes, sendo esta uma limitação deste estudo.

Sobre a relação das capacidades absortivas com a cultura organizacional, constatou-se a existência de uma cultura de aprendizagem nas startups, com tolerância ao erro e mente aberta ao novo, por parte dos líderes. Ficou também caracterizada a capacidade absortiva das Edtechs a partir do time interno, especialmente em razão dos seus aprendizados constantes, da manutenção do foco nos objetivos organizacionais e da força e capacidade de trabalho. Por fim, a capacidade de absorção também se caracterizou em relação aos clientes, a partir de uma atuação centrada neles e em suas demandas e necessidades.

Desse modo, importa compreender como são formados e gerenciados os times, como se compõe a cultura organizacional nas startups e qual sua relação com o crescimento e o desenvolvimento desse tipo de organização. Assim, recomenda-se que, para estudos futuros, seja investigado o papel das equipes de trabalho e da cultura organizacional no crescimento das startups, considerando também sua relação com o papel do líder, especialmente no que tange à aplicação de capacidades absortivas para o desenvolvimento de inovações e a obtenção de vantagens competitivas sustentáveis.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    08 Abr 2021
  • Aceito
    14 Jun 2022
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