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Avaliação do conhecimento sobre a infecção HIV de estudantes de odontologia antes e após palestra informativa

Evaluation of the dental students' knowledge on HIV infection. Analysis before and after an informative lecture

Resumos

O conhecimento sobre a infecção HIV é essencial aos profissionais de odontologia para que estejam preparados quanto ao uso das medidas de controle da infecção cruzada. A proposta deste estudo foi avaliar os conhecimentos gerais e específicos dos alunos de graduação da FOAr-UNESP quanto à infecção HIV, antes e após assistirem a uma palestra informativa. Foram entregues na 1ª etapa 160 questionários e recolhidos posteriormente. Na 2ª etapa, três meses depois, foi ministrada a palestra sobre a infecção HIV com duração de 15 min e entregues 160 questionários para os mesmos alunos e recolhidos posteriormente. O índice total de acerto nos questionários preenchidos antes da palestra foi de 49% e de erro de 45,86%. Após a palestra o índice de acerto foi de 54,4% e de erro 40,76%. Concluímos que, mesmo após a palestra informativa, os estudantes apresentaram um índice de erro alto e pouca assimilação sobre o assunto, indicando que, apenas 15 minutos de palestra não foram suficientes para uma modificação significante no conhecimento dos estudantes. Assim, os alunos de graduação necessitam de um reforço nos conhecimentos sobre a infecção HIV, envolvendo atualização contínua dos aspectos informativos.

Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Estudantes de Odontologia; Conhecimentos; Conhecimentos


The knowledge about HIV infection and AIDS is essential to the dentist. So they should be prepared in the use of measures of cross infection control. The purpose of this research is to evaluate the general and specific knowledge about HIV infection, of the dental students before and after an informative lecture on the subject. In the first stage of the evaluation 160 questionnaires, were given to the students. In the second stage, 3 months later, they went to a 15 minutes lecture about the HIV infection, afterwards another 160 questionnaires were given to the same students. In the questionnaires filled before the lecture the total success index was of 49% and of mistakes was 45.9%. After the lecture those values were 54.4% and 40.8% respectively. We concluded that even after the informative lecture the students presented a high mistake index and little assimilation of the subject, indicating that just 15 minutes of lecture was insufficient for a subject of great importance. The graduation dental students need more information on the HIV infection as well as up to date informative aspects.

Adquired Immunodeficiency Syndrome; Dental students; Knowledge; Knowledge


ORIGINAL ARTICLES

Avaliação do conhecimento sobre a infecção HIV de estudantes de odontologia antes e após palestra informativa

Evaluation of the dental students' knowledge on HIV infection. Analysis before and after an informative lecture

Maria Regina SpostoI; Sylvia Gouveia dos SantosII; Carina DomaneschiIII; Cláudia Maria NavarroIV; Mirian Aparecida OnofreV

IProfessora Adjunta da Faculdade de Odontologia de Araraquara UNESP

IIBolsista CNPq (proc. 523700/95-4 A. I.)

IIIEstagiária da Disciplina de Diagnóstico Bucal

IVProfessora Doutora da Disciplina de Diagnóstico Bucal da Faculdade de Odontologia UNESP

VProfessora Adjunta da Faculdade de Odontologia de Araraquara UNESP

Correspondência Endereço para correspondência FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA - UNESP Profª Drª Maria Regina Sposto Departamento de Diagnóstico e Cirurgia Rua: Humaitá, 1680 - CEP 14.801-903 - C.P. 331 tel.: (0**16) 201- 6366 / 201—6359 E-mail: sposto@foar.unesp.br

RESUMO

O conhecimento sobre a infecção HIV é essencial aos profissionais de odontologia para que estejam preparados quanto ao uso das medidas de controle da infecção cruzada. A proposta deste estudo foi avaliar os conhecimentos gerais e específicos dos alunos de graduação da FOAr-UNESP quanto à infecção HIV, antes e após assistirem a uma palestra informativa. Foram entregues na 1ª etapa 160 questionários e recolhidos posteriormente. Na 2ª etapa, três meses depois, foi ministrada a palestra sobre a infecção HIV com duração de 15 min e entregues 160 questionários para os mesmos alunos e recolhidos posteriormente. O índice total de acerto nos questionários preenchidos antes da palestra foi de 49% e de erro de 45,86%. Após a palestra o índice de acerto foi de 54,4% e de erro 40,76%. Concluímos que, mesmo após a palestra informativa, os estudantes apresentaram um índice de erro alto e pouca assimilação sobre o assunto, indicando que, apenas 15 minutos de palestra não foram suficientes para uma modificação significante no conhecimento dos estudantes. Assim, os alunos de graduação necessitam de um reforço nos conhecimentos sobre a infecção HIV, envolvendo atualização contínua dos aspectos informativos.

Unitermos: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Estudantes de Odontologia; Conhecimentos, atitudes e prática.

ABSTRACT

The knowledge about HIV infection and AIDS is essential to the dentist. So they should be prepared in the use of measures of cross infection control. The purpose of this research is to evaluate the general and specific knowledge about HIV infection, of the dental students before and after an informative lecture on the subject. In the first stage of the evaluation 160 questionnaires, were given to the students. In the second stage, 3 months later, they went to a 15 minutes lecture about the HIV infection, afterwards another 160 questionnaires were given to the same students. In the questionnaires filled before the lecture the total success index was of 49% and of mistakes was 45.9%. After the lecture those values were 54.4% and 40.8% respectively. We concluded that even after the informative lecture the students presented a high mistake index and little assimilation of the subject, indicating that just 15 minutes of lecture was insufficient for a subject of great importance. The graduation dental students need more information on the HIV infection as well as up to date informative aspects.

Uniterms: Adquired Immunodeficiency Syndrome; Dental students, Knowledge, attitudes, practice.

INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre a infecção HIV é essencial aos profissionais de odontologia para um procedimento clínico seguro e de acordo com as normas de biossegurança. Estes devem estar preparados e esclarecidos quanto ao uso das medidas universais de controle de infecção cruzada nos vários ambientes de clínica8, para prestarem atendimento sem medos irracionais6,19.

As manifestações bucais freqüentemente são indicativos de infecção por HIV, permitindo também uma abordagem diagnóstica importante na detecção precoce da infecção por HIV. Para cumprir com estas responsabilidades e serem capazes de executar um tratamento odontológico adequado, tanto os estudantes quanto os profissionais precisam manter-se sempre atualizados11,21.

Ainda nos dias atuais, artigos da literatura2,7,10 analisando a rotina na clínica odontológica continuam indicando o medo de cirurgiões-dentistas e estudantes de Odontologia em tratarem pacientes HIV+, sendo o motivo mais freqüente na recusa de pacientes5,18,20,22. Para que ocorram mudanças neste comportamento os aspectos informativos e educacionais, abrangendo os conhecimentos sobre a infecção pelo HIV, devem ser prioritários na formação dos estudantes de Odontologia, para que se tornem profissionais qualificados11,20.

A proposta deste trabalho foi realizar um estudo dos conhecimentos dos estudantes de graduação em Odontologia, da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, quanto à infecção por HIV, antes e após uma palestra informativa.

MATERIAIS E MÉTODOS

Após análise e aprovação pela Comissão de Bioética os alunos do curso de graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia de Araraquara, foram avaliados por meio da aplicação de um questionário, composto de 40 questões, sendo 2 questões para identificação da origem do aluno (ano da graduação e sexo), 17 sobre conhecimentos gerais, 14 sobre conhecimentos específicos e 9 de ordem pessoal. O questionário foi desenvolvido pela Equipe de Pesquisa Ryan White da Universidade de Chicago – EUA1, fazendo parte de um programa de orientação, capacitação e atualização dos docentes, funcionários e estudantes quanto à infecção pelo HIV.

Esta avaliação foi realizada em dois momentos, na 1ª etapa foram entregues 40 questionários em cada série do curso de graduação, num total de 160. Foi solicitado aos estudantes a devolução do questionário sem identificação, com as questões preenchidas em um prazo máximo de três semanas.

Na 2ª etapa, após três meses, foi ministrada uma palestra informativa sobre a infecção HIV com duração aproximada de 15 minutos aos mesmos alunos. Esta foi realizada pela autora principal (MRS) com slides educativos sobre a infecção HIV (abordando aspectos gerais, específicos para Odontologia e de prevenção à infecção pelo HIV) e direcionadas ao esclarecimento das perguntas contidas no questionário. Logo após foram entregues 40 questionários (iguais aos da 1ª Etapa) em cada série do curso de graduação, num total de 160 e solicitado aos estudantes a devolução dos mesmos sem identificação, com as questões preenchidas em um prazo máximo de 3 semanas, como realizado na 1ª etapa.

Após a devolução, as respostas obtidas na 1ª e na 2ª etapa foram tabuladas de acordo com um gabarito previamente elaborado pela Equipe de Pesquisa Ryan White da Universidade de Chicago - EUA1. Os resultados obtidos foram analisados através do programa Epi Info (Dean, J.; Dean, A.; Burton, A.; Dicker, R. Epi Info computer programs for epidemiology Atlanta: Center for Diseases Control and Prevention, 1990) na forma de porcentagem e números absolutos. Após tabulados, os resultados das duas etapas da pesquisa foram comparados e analisados.

RESULTADOS

Foram entregues 160 questionários, 40 em cada série, nas duas etapas da pesquisa, sendo devolvidos 96 questionários na 1ª etapa e 102 na 2ª, conforme observamos na Figura 1.


Os questionários devolvidos e preenchidos foram originários, em sua maior parte, dos alunos do 1º ano (30,2%) na 1ª etapa e, na 2ª etapa dos alunos do 3º ano (35,30%), de acordo com a Figura 2.


As Tabelas 1, 2 e 3 analisam o índice de acertos e erros das respostas antes e após a palestra sobre a infecção HIV. Obtivemos um total de 2.976 respostas na 1ª etapa, sendo que 1.632 eram de conhecimentos gerais e 1.344 de conhecimentos específicos. Na 2ª etapa 3.162 respostas foram analisadas, sendo 1.734 de conhecimentos gerais e 1.428 de conhecimentos específicos.

A Tabela 2 mostra na questão 4, que somente um aluno acertou essa questão na 2ª etapa, e também, que os alunos ignoram os termos: contagioso e transmissível, pois uma alta porcentagem dos alunos (36,5% na 1ª etapa e 34,3 na 2ª etapa), responderam erroneamente que o HIV é altamente contagioso. As questões 17 e 18, mostraram as grandes dificuldades dos alunos devido ao alto índice de erro nestas questões, além de, após a palestra, esse índice aumentar.

A Tabela 3 mostra, nas questões 25 e 29, que os alunos estão conscientes que mesmo o paciente estando numa condição imunodeprimida, ele deve manter boas condições dentárias e receber tratamentos dentários de rotina.

Analisando o índice de acertos e erros, a Tabela 1 e a Figura 3 mostram que houve um índice de acerto total do questionário, na 1ª etapa, de 49% e de erro de 45,86%, com 5,14% das questões não respondidas. Na 2ª etapa houve um índice de acerto total de 54,4%, de erro de 40,76% sendo que 4,84% das questões não foram respondidas.


Quanto às respostas para as questões de ordem pessoal podemos observar na Tabela 4 os resultados obtidos e notamos que a metade dos alunos entrevistados, nas 2 etapas, já suspeitaram de que alguma pessoa tivesse HIV ou AIDS. A maioria dos alunos respondeu que não temem um contato social com pessoas HIV+, porém essa mesma maioria teme tratar estes pacientes.

Nas duas etapas os alunos consideraram o questionário de média dificuldade, 68% na 1ª e 74,5% na 2ª etapa. Quase a totalidade dos alunos gostaria de receber mais informações sobre a infecção HIV, na forma de conferências, seminários e palestras em grupo com oradores HIV+.

DISCUSSÃO

Levando-se em conta que, para a realização deste estudo, foi ministrada uma palestra informativa sobre a infecção HIV, a qual continha todos os tópicos que respondiam direta ou indiretamente o questionário aplicado, esperamos que na 2ª etapa da pesquisa fosse observada uma melhoria no índice de acertos. Isso não foi observado, pois o índice total de acerto foi de 49% antes da palestra e 54,4% após a palestra, ou seja, não houve um aumento marcante nas porcentagens de acerto, contrariando nossas expectativas. Além disso, em algumas questões o índice de erro foi maior após a palestra apesar da maioria dos alunos (74%) considerarem o questionário de média dificuldade.

Os resultados encontrados na Universidade de Chicago1, onde foi aplicado o mesmo questionário, mostraram uma maior coerência, pois o índice de acerto foi de 44% mas, a maioria dos alunos (34%) considerou o questionário difícil e 11% o consideraram muito difícil. Em ambas universidades a maioria dos alunos demonstrou interesse em obter mais informações sobre a infecção HIV. Na 1ª etapa do trabalho houve uma maior participação dos alunos do 1 ano porém, depois de ministrada a palestra o retorno maior foi do 3º ano. Talvez seja porque esses alunos estejam iniciando uma intensa atividade clínica gerando entre eles uma maior preocupação quanto aos procedimentos de biossegurança.

Para maior facilidade na análise dividimos a discussão dos resultados em três seguimentos: conhecimentos gerais, específicos e questões de ordem pessoal.

Conhecimentos gerais

A 2ª etapa da pesquisa mostra resultados com quase a totalidade dos alunos (98,0%) conseguindo assimilar que a infecção por HIV pode acometer qualquer pessoa, demonstrando que a palestra acabou com a idéia preconceituosa de que o HIV é uma infecção que atinge somente um certo grupo de pessoas (homossexuais, usuários de drogas e prostitutas).

Em pesquisa com estudantes do 2º ano de Medicina da Universidade de Nebraska (USA)13 os resultados demonstraram que os estudantes que têm amigos homossexuais ou HIV+ são significantemente mais tolerantes com pacientes HIV+.

Conhecimentos específicos

Uma pesquisa realizada em 16 Campi das Faculdades de Odontologia no Reino Unido11 concluiu que, entre os alunos do 4º ano de graduação, houve uma deficiência significante nos diagnósticos das lesões bucais associadas ao HIV o que pode acarretar um inadequado diagnóstico e tratamento. Notamos essa deficiência nos alunos de graduação, devido ao alto índice de erros nas questões 22, 33 e 34 que estão relacionadas com as manifestações bucais associadas ao HIV.

A questão 28, em que foi interrogado aos alunos como proceder no atendimento de um paciente HIV+, nos chamou a atenção, pois mesmo tendo sido exposto na palestra e em literatura6,8 que as normas de biossegurança devem ser utilizadas para todos os pacientes, sem distinção, somente 18,6% dos alunos responderam corretamente. A maioria ignora que se deve tratar os pacientes HIV+ com os mesmos cuidados que qualquer paciente. Do total de alunos 42,2% não responderam essa questão e 39,2% responderam que deveriam tomar mais precauções de segurança com esses pacientes. Isso é incoerente, pois alguns pacientes podem ser infectados pelo HIV, ou estarem com doenças infecto-contagiosas e desconhecerem ou esconderem o fato4.

Uma pesquisa realizada no Canadá4 mostra que 25% dos pacientes HIV+ entrevistados nunca relataram tal fato aos seus cirurgiões-dentistas, entretanto 83% deles gostariam que os mesmos soubessem do seu estado de saúde. Esse fato aumenta a ênfase quanto à precaução universal para todos os pacientes. No Japão12, um estudo concluiu que para o correto aprendizado sobre a infecção HIV, os profissionais e os estudantes de Odontologia, devem ter um treinamento sobre aspectos médicos e psicológicos para que possam promover um tratamento adequado aos pacientes HIV+.

Questões de ordem pessoal

No Reino Unido há uma garantia do governo para o atendimento odontológico aos pacientes HIV+, responsabilizando todos os cirurgiões-dentistas a tratarem esses pacientes e, se o paciente tiver dificuldade em obter o tratamento deve avisar imediatamente o Serviço de Saúde Familiar10. Este procedimento também é observado no Canadá9. No Brasil, não há nenhuma lei específica que obrigue os cirurgiões-dentistas a tratarem pacientes HIV+, porém se este se recusar pode responder a um processo por discriminação.

A literatura mostra que existe medo dos estudantes ou mesmo dos cirurgiões-dentistas em atender pacientes HIV+2,5,7,11,18,20. Porém, essa mesma literatura indica que os estudantes e os profissionais não demonstram essa aversão quando se trata da hepatite B, doença tão ou mais preocupante que a AIDS. Os meios de transmissão da hepatite B são praticamente os mesmos e esta doença têm sido transmitida com maior freqüência em consultórios odontológicos que o HIV por causa do seu alto grau de contágio5. Estudo realizado na cidade do México17 mostra que a conscientização dos cirurgiões-dentistas quanto ao risco de infecção por hepatite B é maior que os riscos de infecção por HIV, porém, 78% dos profissionais analisados na pesquisa não estavam imunizados contra a hepatite B.

Cirurgiões-dentistas mais jovens têm maior disposição para atender pacientes HIV+16. Por outro lado, cirurgiões-dentistas que possuem atividades em seu consultório particular têm atitudes negativas, quando comparados com cirurgiões-dentistas que atuam também no setor público, quanto ao tratamento de pacientes HIV+7,22.

Em estudo realizado na Universidade Nacional Autónoma de México18 82,9% dos entrevistados responderam ter consciência que é um dever ético tratar de pacientes HIV+, porém 32,9% disseram que não atenderiam um paciente se soubessem que este é portador do vírus. Em Singapura3, médicos também acreditam no dever ético em tratar pacientes HIV+ e este estudo, mostrou que os cirurgiões-dentistas de Singapura estão mais informados que os médicos sobre a infecção HIV e 95% utilizam práticas universais de prevenção para qualquer paciente.

Em nossa amostra de estudantes, 53,9% mesmo após a palestra, responderam temer tratar de pacientes HIV+, 40,7% indicaram o medo de contrair a doença, como o principal motivo. A maioria deles, 59,8%, acertou que as chances do dentista contrair a doença são de 1:1.000.000 em procedimentos odontológicos desde que se tome todas as medidas de biossegurança. Uma vez que é dever de todos os cirurgiões-dentistas utilizar-se das medidas de biossegurança para todos os pacientes não deveria haver nenhum temor pelo fato do paciente ter se identificado como portador do HIV. Nesse aspecto, os resultados da pesquisa são coerentes, pois os estudantes temem tratar pacientes HIV+ porque não têm um conhecimento sólido sobre a infecção HIV15, portanto, não adquiriram auto-confiança para o tratamento desses pacientes.

Na Universidade da Pensilvânia14 um estudo mostrou ser grande a motivação de estudantes voluntários para o tratamento de pacientes com doenças infecciosas. Todos os entrevistados demonstraram interesse pela área de Medicina Oral sendo todos alunos do 4 ano que fizeram um curso optativo completo sobre HIV/AIDS. Esses estudantes declararam que preferem trabalhar em clínicas de Medicina Oral com pacientes infectados do que em outras clínicas, pois esses pacientes são mais motivados e receptivos.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados dessa pesquisa concluímos que, mesmo após uma palestra informativa, os estudantes apresentaram um alto índice de erro e pouca assimilação sobre o assunto, demonstrando que apenas 15 minutos de palestra não são suficientes para a fixação do assunto. Mostrou também que os estudantes pensam que sabem bastante sobre a infecção HIV, já que a maioria (74,5%) considerou o questionário de média dificuldade, mas os índices de erros foram altos. Assim, os estudantes de graduação necessitam de uma maior amplitude do conhecimento sobre a infecção HIV, envolvendo também a atualização contínua dos aspectos informativos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao apoio financeiro dado pelo CNPq (IC- 523700/95- 4AI) e a C.D. Carolina Pieroni pelo auxílio na coleta de dados realizada na 1ª etapa da pesquisa. Agradecimentos Sr. Antonio Medeiros Filho pelo trabalho de digitação do texto e adequação das Figuras e Tabelas.

Recebido para publicação em: 02/12/2002

Aceito após reformulação em: 16/04/2003

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  • Endereço para correspondência
    FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA - UNESP
    Profª Drª Maria Regina Sposto
    Departamento de Diagnóstico e Cirurgia
    Rua: Humaitá, 1680 - CEP 14.801-903 - C.P. 331
    tel.: (0**16) 201- 6366 / 201—6359
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Dez 2004
    • Data do Fascículo
      Jun 2003

    Histórico

    • Recebido
      02 Dez 2002
    • Aceito
      16 Abr 2003
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