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EDITORIAL

O Cadernos EBAPE.BR começa o ano de 2016 com uma temática que faz jus à sua linha editorial. Desde o seu primeiro volume em agosto de 2003, este periódico tem procurado promover a divulgação de artigos que discutam o estado da arte da Administração como área de conhecimento. De quando em vez não obedecemos esta orientação editorial porque recebemos para avaliação artigos que merecem ser divulgados pela qualidade da descrição de algum fenômeno ou realidade encontrados no campo de estudo da Administração e/ou de seu objeto, as organizações.

Já o presente volume vem ao encontro da nossa preocupação em manter uma linha editorial que contribua para o estudo de uma área de conhecimento que, apesar da sua identidade histórica, isto é, de um saber delimitado no tempo, tem procurado ajustar-se não exclusivamente ao tempo vivido, mas ao devir, ao vir a ser. Daí este volume acompanha, pela segunda vez, os resultados de um evento que reputamos como estimulador do debate teórico no Brasil, o Colóquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Ciência da Administração , promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina.

O fato de o Colóquio proporcionar, de imediato, a interação de dois conhecimentos relacionados às ciências sociais, Administração e Sociologia, leva-nos a considerar que as bases epistêmicas desse conjunto de saberes - ciências sociais - tem a sua gênese fundamentada na interdisciplinaridade. O leitor vai observar que, nos artigos aqui divulgados, a relação do conhecimento não se restringe apenas às duas disciplinas - Administração e Sociologia -, outros saberes como filosofia social, antropologia social, ciências política, por exemplo, contribuem para o conteúdo dos textos selecionados para este vol. 14, n. 1, de 2016. Possivelmente este número amplie uma discussão que afeta a Administração como área de conhecimento, e, também, outros ramos do conhecimento como Economia, Contabilidade, Engenharia de Produção - saberes com potencial de discutir, propor e controlar ações que atendam as transações de oferta e procura. No entanto, são saberes virtuais no que tange à sociedade, à totalidade. Daí o imperativo de submeter o pensamento organizacional a teorias que sejam capazes de apontar as contradições da sociedade e não apenas aquelas do mercado. Desse modo, esperamos que os artigos a seguir relacionados, que não devem ser lidos seguindo a priorização definida no Sumário1, contribuam para ampliar a discussão dos estudos organizacionais na ambiência acadêmica brasileira.

Concluindo este editorial, não só desejamos uma boa leitura dos artigos aprovados para este número, como lançamos um desafio à comunidade acadêmica para números vindouros. Nos últimos anos alguns temas têm sido recorrentes nos estudos organizacionais - até mesmo como modismo. São exemplos: sustentabilidade (ambiental, econômica e social), empreendedorismo (individual e social), governança (pública e privada), tecnologia da informação e o seu impacto na flexibilização organizacional e do trabalho; fiquemos por aqui. Ah! Não podemos esquecer que um tema desafiador, porém não recorrente, diz respeito à história do ensino da Administração no Brasil: essa história precisa ser esmiuçada. O desafio que propomos à comunidade acadêmica nacional e forânea, sem nenhum compromisso prévio de publicação, é o de submeter artigos ou propor números especiais que deem conta dos temas acima elencados e de outros que possam contribuir para o debate contemporâneo dos estudos organizacionais.

Boa leitura !

Fernando G. Tenório

Editor Chefe

Sumário:

APRESENTAÇÃO | A Contribuição do Colóquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Ciência ao Campo da Administração no Brasil (Maurício Serva)

International Development in the Brazilian Context in the 1950s and 1960s: A postcolonial reading of Guerreiro Ramos (Maria Fernanda Rios Cavalcanti; Rafael Alcadipani)

Para além dos paradigmas nos Estudos Organizacionais: o Círculo das Matrizes Epistêmicas (Ana Paula Paes de Paula)

Independência ou Norte: reflexões sobre a influência do estrangeirismo no campo do conhecimento da administração no Brasil (Lucas Rocha Juncklaus; Tiago José Bini; Luis Moretto Neto)

Da translação para o enactar: contribuições da Teoria Ator-Rede para a abordagem processual das organizações (Patricia Kinast De Camillis; Claudia Simone Antonello)

Mudança e Teoria Ator-Rede: Humanos e Não Humanos em Controvérsias na Implementação de um Centro de Serviços Compartilhados (Clovis Cerretto; Silvia Marcia Russi De Domenico)

As contribuições de Robert Cooper para o debate sobre ontologia organizacional (Everton Rodrigues da Silva; Dimitri Augusto da Cunha Toledo)

Uma análise epistemológica da estratégia organizacional no âmbito da economia social (Paulo Roberto Araujo Cruz Filho)

Cultura organizacional e sete pecados capitais: uma proposta para compreender os sistemas simbólicos (Marise Schadeck; Denize Grzybovski; Betina Beltrame; Anelise Rebelato Mozzato)

A realistic approach to strategic thinking and acting (Edson Antunes Quaresma Júnior)

Incubação de cooperativas populares: representações sociais e tensões entre racionalidades (Gustavo Matarazzo; Sérgio Luís Boeira)

Análise dos modelos de precificação de ativos sob uma abordagem epistêmica do positivismo/pós-positivismo e do construtivismo (Kécia da Siveira Galvão; Odilon Saturnino Silva Neto; Joséte Florêncio dos Santos; Pierre Lucena Raboni )

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2016
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