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A influência das crenças religiosas na intenção empreendedora: uma análise sob a perspectiva da Teoria do Comportamento Planejado

La influencia de las creencias religiosas en la intención emprendedora: un análisis considerando la perspectiva de la Teoría del Comportamiento Planeado

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi analisar a influência das crenças religiosas e das dimensões da Teoria do Comportamento Planejado na intenção empreendedora. Utilizando uma amostra de 448 estudantes universitários, realizou-se uma pesquisa descritiva, de natureza quantitativa, em que foram utilizadas como técnicas para análise estatística dos dados: análise fatorial exploratória, estatística inferencial e regressão logística. Os resultados evidenciaram que: (i) os estudantes mais propensos à intenção empreendedora são aqueles influenciados por crenças religiosas e atitudes favoráveis ao empreendedorismo; e (ii) as normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo e o controle percebido do empreendedorismo não tiveram influências estatisticamente significantes sobre a intenção empreendedora dos estudantes. Adicionalmente, constatou-se que as variáveis idade, semestre inicial e familiares empreendedores influenciaram na intenção empreendedora dos estudantes universitários. Com esta pesquisa, buscou-se fornecer um panorama mais amplo acerca de variáveis que buscam explicar o processo de formação da intenção empreendedora.

Palavras-chave:
Religião; Empreendedorismo; Intenção empreendedora

Resumen

El objetivo de este estudio fue analizar la influencia de las creencias religiosas y de las dimensiones de la Teoría del Comportamiento Planeado en la intención emprendedora. Con base en una muestra de 448 estudiantes universitarios, se realizó una investigación descriptiva de naturaleza cuantitativa en la que se usaron como técnicas para análisis estadístico de los datos: análisis factorial exploratorio, estadística regresión logística. Los resultados evidenciaron que: (i) los estudiantes más propensos a tener intención emprendedora son aquellos influenciados por creencias religiosas y actitudes favorables al emprendedurismo y (ii) las normas subjetivas de reconocimiento al emprendedurismo y el control percibido de emprendedurismo no tuvieron influencias estadísticamente significantes sobre la intención emprendedora de los estudiantes. Adicionalmente, se constató que las variables edad, semestre inicial y familiares emprendedores influyeron en la intención emprendedora de los estudiantes universitarios. Con esta investigación, se buscó proporcionar un panorama más amplio acerca de variables que buscan explicar el proceso de formación de la intención emprendedora.

Palabras clave:
Religión; Emprendedurismo; Intención emprendedora

Abstract

The objective of this research was to analyze the influence of religious beliefs and the dimensions of the Theory of Planned Behavior in entrepreneurial intention. Based on a sample of 448 university students, a quantitative descriptive research was carried out using statistical analysis of the data: exploratory factor analysis, inferential statistics, and logistic regression. The results showed that: (i) the students most likely to have entrepreneurial intention are those influenced by religious beliefs and attitudes favorable to entrepreneurship; and (ii) the subjective norms of recognition of entrepreneurship and the perceived control of entrepreneurship did not have statistically significant influences on the entrepreneurial intention of the students. In addition, it was found that the variables: age, initial semester, and family entrepreneurs influenced the entrepreneurial intention of university students. With this research, we sought to provide a broader picture of variables that seek to explain the process of forming the entrepreneurial intention.

Keywords:
Religion; Entrepreneurship; Entrepreneurial intention

INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é considerado um fenômeno complexo e multidisciplinar, que tem motivado o desenvolvimento de pesquisas sob as perspectivas econômica, sociocultural e comportamental, podendo contribuir para o desenvolvimento econômico e social (ACS, SZERB e LLOYD, 2017ACS, Z. J.; SZERB, L.; LLOYD, A. Global entrepreneurship and development - Index 2017. Cham: Springer, 2017.; KIRZNER, 2015KIRZNER, I. M. Competition and entrepreneurship. Chicago: University of Chicago Press, 2015.). É um campo que tem sido objeto de muitas discussões acadêmicas devido ao diálogo interdisciplinar, que está em constante construção e buscando legitimidade acadêmica (SMELSER e SWEDBERG, 2010SMELSER, N. J.; SWEDBERG, R. (Eds.). The handbook of economic sociology. Princeton: Princeton University Press, 2010.), com complexidades referentes à temática que não constituem impedimentos à construção teórica, o que possibilita a exploração de abordagens alternativas alinhadas ao empreendedorismo, a exemplo das crenças religiosas (ZELEKHA, AVNIMELECH e SHARABI, 2014ZELEKHA, Y.; AVNIMELECH, G.; SHARABI, E. Religious institutions and entrepreneurship. Small Business Economics, v. 42, n. 4, p. 747-767, 2014.).

A religião é relevante ao estudo do empreendedorismo (GRIEBEL, PARK e NEUBERT, 2014GRIEBEL, J. M.; PARK, J. Z.; NEUBERT, M. J. Faith and work: an exploratory study of religious entrepreneurs. Religions, v. 5, n. 3, p. 780-800, 2014.; PARBOTEEAH, WALTER e BLOCK, 2015PARBOTEEAH, K. P.; WALTER, S. G.; BLOCK, J. H. When does Christian religion matter for entrepreneurial activity? The contingent effect of a country’s investments into knowledge. Journal of Business Ethics, v. 130, n. 2, p. 447-465, 2015.), devido à sua interação com fatores políticos, sociais, econômicos e internacionais (HOOGENDOORN, RIETVELD e VAN STEL, 2016HOOGENDOORN, B.; RIETVELD, C. A.; VAN STEL, A. Belonging, believing, bonding, and behaving: the relationship between religion and business ownership at the country level. Journal of Evolutionary Economics, v. 26, n. 3, p. 519-550, 2016.) e por sua influência no ambiente sociocultural (RIAZ, FARRUKH, REHMAN et al., 2016RIAZ, Q. et al. Religion and entrepreneurial intentions: an empirical investigation. International Journal of Advanced and Applied Sciences, v. 3, n. 9, p. 31-36, 2016.). Serafim e Andion (2010SERAFIM, M. C.; ANDION, C. Capital espiritual e as relações econômicas: empreendedorismo em organizações religiosas. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 564-579, 2010.) enfatizam que as doutrinas religiosas influenciam a cosmovisão do indivíduo, interferindo nas prioridades da vida, socialização e preferências, sobretudo no âmbito econômico. A discussão teórico-empírica em relação a pesquisas que alinham a religião e o empreendedorismo considera que o nível de empreendedorismo difere entre as religiões, assim como as crenças religiosas podem influenciar a busca do indivíduo pelo empreendedorismo (DANA, 2009DANA, L. P. Religion as an explanatory variable for entrepreneurship. The international Journal of Entrepreneurship and Innovation, v. 10, n. 2, p. 87-99, 2009.; HENLEY, 2017HENLEY, A. Does religion influence entrepreneurial behaviour? International Small Business Journal, v. 35, n. 5, p. 597-617, 2017.; RIETVELD e VAN BURG, 2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.; TRACEY, 2012TRACEY, P. Religion and organization: a critical review of current trends and future directions. Academy of Management Annals, v. 6, n. 1, p. 87-134, 2012.).

Em relação ao empreendedorismo, destacam-se a intenção empreendedora, que se liga a um processo intrínseco do indivíduo, por meio de seus processos mentais, e a Teoria do Comportamento Planejado (TCP), como uma referência para explicar e predizer intenções comportamentais em contextos multidisciplinares relacionados ao campo do conhecimento científico, sobretudo nas Ciências Sociais Aplicadas (SCHLAEGEL e KOENIG, 2014SCHLAEGEL, C.; KOENIG, M. Determinants of Entrepreneurial Intent: A Meta-Analytic Test and Integration of Competing Models. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 38, n. 2, p. 291-332, 2014.).

Essa teoria recorre à explicação do processo de formação da intenção, pois, quando tratada no campo dos estudos da intenção empreendedora, permite identificar como se dá a formação desse fenômeno, a exemplo das pesquisas de Krueger e Carsrud (1993KRUEGER, N. F.; CARSRUD, A. L. Entrepreneurial intentions: applying the theory of planned behaviour. Entrepreneurship & Regional Development, v. 5, n. 4, p. 315-330, 1993.), Krueger (2009)KRUEGER, N. Entrepreneurial intentions are dead: Long live entrepreneurial intentions. In: CARSRUD, A.; BRÄNNBACK, M. Understanding the entrepreneurial mind: opening the black box. Nova York: Springer, 2009. p. 51-72., Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), Kautonen, Gelderen e Fink (2015KAUTONEN, T.; GELDEREN, M.; FINK, M. Robustness of the theory of planned behavior in predicting entrepreneurial intentions and actions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 39, n. 3, p. 655-674, 2015.), Ferreira, Loiola e Gondim (2017FERREIRA, A. S. M.; LOIOLA, E.; GONDIM, S. M. G. Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 292-308, 2017.) e Galvão, Marques e Marques (2018GALVÃO, A.; MARQUES, C. S.; MARQUES, C. P. Antecedents of entrepreneurial intentions among students in vocational training programmes. Education + Training, v. 60, n. 7, p. 719-734, 2018.).

A TCP é constituída pelas dimensões: crenças referentes às atitudes pessoais, normas subjetivas e controle comportamental percebido (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.; KRUEGER e CARSRUD, 1993KRUEGER, N. F.; CARSRUD, A. L. Entrepreneurial intentions: applying the theory of planned behaviour. Entrepreneurship & Regional Development, v. 5, n. 4, p. 315-330, 1993.; LIÑÁN e CHEN, 2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.). As crenças religiosas determinam valores e normas que podem afetar na formação do comportamento, e isto define o que é permitido realizar, influenciando o desenvolvimento de atitudes e intenções empreendedoras (AUDRETSCH, BÖNTE e TAMVADA, 2013AUDRETSCH, D. B.; BÖNTE, W.; TAMVADA, J. P. Religion, social class, and entrepreneurial choice. Journal of Business Venturing, v. 28, n. 6, p. 774-789, 2013.; BALOG, BAKER e WALKER, 2014BALOG, A. M.; BAKER, L. T.; WALKER, A. G. Religiosity and spirituality in entrepreneurship: a review and research agenda. Journal of Management, Spirituality & Religion, v. 11, n. 2, p. 159-186, 2014.). Assim, mudanças de valores contribuem para a constituição de um novo entendimento sobre o empreendedorismo (DELGADO, CRUZ, PEDROZO et al., 2008DELGADO, N. A. et al. Empreendedorismo orientado para a sustentabilidade: as inovações no caso da Volkmann. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p. 1-21, 2008.).

Diante das abordagens que contextualizaram as temáticas em questão, bem como a relevância da TCP, proposta por Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.), e das crenças religiosas (RIETVELD e VAN BURG, 2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.), que podem contribuir para a formação da intenção empreendedora, surge o seguinte questionamento: como as crenças religiosas e as dimensões da TCP podem influenciar na intenção empreendedora? Este estudo tem como objetivo analisar a influência das crenças religiosas e das dimensões da TCP na intenção empreendedora.

Existe um campo a ser explorado, em especial no contexto brasileiro, visto que a compreensão científica envolvendo pesquisas que alinham o empreendedorismo e a religião ainda é escassa. Estudos que utilizam a TCP para compreender a intenção empreendedora são amplos na literatura; todavia, ao alinhar a TCP às crenças religiosas, existe um gap na literatura brasileira que possibilita o desenvolvimento desta pesquisa, e isto mostra o diferencial deste estudo com relação a outros. Esta pesquisa contribui, portanto, para o enriquecimento da temática do empreendedorismo, especificamente da intenção empreendedora, podendo-se esperar que os resultados desta pesquisa ampliem a compreensão acerca da influência das crenças religiosas e da TCP na intenção empreendedora.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Intenção empreendedora e Teoria do Comportamento Planejado

Dentre as teorias que contribuem com a literatura sobre a intenção empreendedora, destaca-se a Teoria da Ação Racional de Ajzen e Fishbein (1977AJZEN, I.; FISHBEIN, M. Attitude-behavior relations: a theoretical analysis and review of empirical research. Psychological Bulletin, v. 84, n. 5, p. 888-918, 1977.), que incentivou a Teoria das Intenções Empreendedoras, de Shapero e Sokol (1982SHAPERO, A.; SOKOL, L. The social dimensions of entrepreneurship. In: KENT, C. A.; SEXTON, D. L.; VESPER, K. H. Encyclopedia of entrepreneurship. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1982. p. 72-90.), e a TCP, proposta por Ajzen (1991)AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.. Essas teorias caracterizam-se como modelos dominantes e procuram explicar a intenção empreendedora do indivíduo sob a ótica da psicologia comportamental.

Schlaegel e Koenig (2014SCHLAEGEL, C.; KOENIG, M. Determinants of Entrepreneurial Intent: A Meta-Analytic Test and Integration of Competing Models. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 38, n. 2, p. 291-332, 2014.) realizaram uma meta-análise sobre intenção empreendedora e constataram que a TCP é o modelo dominante na literatura empírica sobre intenção empreendedora, sendo a maioria das pesquisas publicadas em periódicos que envolvem amostras com estudantes, a exemplo dos estudos de Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), Autio, Kenney, Mustar et al. (2014AUTIO, E. et al. Entrepreneurial innovation: the importance of context. Research Policy, v. 43, n. 7, p. 1097-1108, 2014.) e Galvão, Marques e Marques (2018GALVÃO, A.; MARQUES, C. S.; MARQUES, C. P. Antecedents of entrepreneurial intentions among students in vocational training programmes. Education + Training, v. 60, n. 7, p. 719-734, 2018.).

A TCP apresenta um enquadramento teórico congruente e aplicável em diferentes cenários, possibilitando compreender e prever a intenção empreendedora (FAYOLLE e LIÑÁN, 2014FAYOLLE, A.; LIÑÁN, F. The future of research on entrepreneurial intentions. Journal of Business Research, v. 67, n. 5, p. 663-666, 2014.; FAYOLLE e GAILLY, 2015; LIÑÁN e CHEN, 2009) ao considerar que o comportamento do indivíduo é determinado por seu controle volitivo, por meio da seleção de alternativas disponíveis para realizar ou não comportamento específico (VINOGRADOV, KOLVEREID e TIMOSHENKO, 2013VINOGRADOV, E.; KOLVEREID, L.; TIMOSHENKO, K. Predicting entrepreneurial intentions when satisfactory employment opportunities are scarce. Education+ Training, v. 55, n. 7, p. 719-737, 2013.).

Ao aplicar a TCP no campo do empreendedorismo, tem-se que a intenção empreendedora denota o empenho da pessoa para efetivar o comportamento empreendedor, sendo alicerçada por três antecedentes motivacionais que influenciam o comportamento empreendedor (LIÑÁN e CHEN, 2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.). Diante disso, adaptou-se o modelo de Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.) com os três antecedentes da intenção empreendedora, os quais foram denominados: atitude favorável ao empreendedorismo, normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo e controle percebido do empreendedorismo (Figura 1).

Figura 1
Teoria do Comportamento Planejado

A atitude favorável ao empreendedorismo refere-se ao grau de avaliação que o indivíduo tem para ser realmente um empreendedor, em que são considerados, ainda, vantagens e avaliações por meio da pressão social sobre a decisão de se tornar empreendedor (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.). Assim, o comportamento coaduna-se com crenças e costumes, com a adoção de uma posição favorável (AJZEN, 1991; AUTIO, KENNEY, MUSTAR et al., 2014AUTIO, E. et al. Entrepreneurial innovation: the importance of context. Research Policy, v. 43, n. 7, p. 1097-1108, 2014.; LIÑÁN e CHEN, 2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), e uma atitude favorável está associada a uma maior intenção empreendedora (LIÑÁN e CHEN, 2009).

Por meio das normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo é mensurada a pressão social percebida quanto a realizar ou não um comportamento, tendo ênfase a preocupação do indivíduo quanto às consequências de seu comportamento para as outras pessoas - por meio da interpretação dessas pessoas (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.). A norma subjetiva fundamenta-se na influência de pessoas significativas no tocante à carreira do indivíduo para o empreendedorismo (LIÑÁN e CHEN, 2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.).

O controle percebido do empreendedorismo refere-se à percepção da facilidade ou dificuldade em se tornar um empreendedor, presumindo a reflexão de experiências anteriores, impedimentos e obstáculos antecipados (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.). É semelhante ao conceito de auto eficácia (BANDURA, 1982BANDURA, A. Self-efficacy mechanism in human agency. American Psychologist, v. 37, n. 2, p. 122-147, 1982.) e da viabilidade percebida (SHAPERO e SOKOL, 1982SHAPERO, A.; SOKOL, L. The social dimensions of entrepreneurship. In: KENT, C. A.; SEXTON, D. L.; VESPER, K. H. Encyclopedia of entrepreneurship. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1982. p. 72-90.), que se associam à capacidade percebida para manifestar o comportamento assim que a oportunidade surgir.

Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), Ferreira, Loiola e Gondim (2017FERREIRA, A. S. M.; LOIOLA, E.; GONDIM, S. M. G. Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 292-308, 2017.), Galvão, Marques e Marques (2018GALVÃO, A.; MARQUES, C. S.; MARQUES, C. P. Antecedents of entrepreneurial intentions among students in vocational training programmes. Education + Training, v. 60, n. 7, p. 719-734, 2018.) utilizaram os fatores da TCP para explicar a formação da intenção empreendedora. Os resultados da pesquisa de Liñán e Chen (2009) indicaram que a intenção empreendedora é formada pelos três antecedentes motivacionais, assim como pelas particularidades sociais e culturais, as quais influenciam a maneira como os indivíduos apreendem a realidade e percebem o empreendedorismo.

Por meio de revisão de literatura de estudos empíricos, Ferreira, Loiola e Gondim (2017FERREIRA, A. S. M.; LOIOLA, E.; GONDIM, S. M. G. Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 292-308, 2017.) identificaram os principais preditores da intenção empreendedora entre os estudantes universitários, constatando que os preditores da TCP exerceram efeitos em todas as culturas investigadas, mas com intensidades distintas; sendo as variações do preditor normas subjetivas afetadas pelos aspectos culturais e pelos anseios pessoais dos estudantes universitários.

Diante dessas abordagens, verifica-se que a intenção empreendedora é a principal preditora do comportamento (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.; DAVIDSSON, 1995DAVIDSSON, P. Culture, structure and regional levels of entrepreneurship. Entrepreneurship & Regional Development, v. 7, n. 1, p. 41-62, 1995.; TEIXEIRA e DAVEY, 2010TEIXEIRA, A. A. C.; DAVEY, T. Attitudes of higher education students to new venture creation: the relevance of competencies and contextual factors. Industry and Higher Education, v. 24, n. 5, p. 323-341, 2010.), fato indicativo para destacar que, à medida que a intenção de se envolver em um comportamento for maior, mais provavelmente manifesta-se o comportamento (AJZEN e FISHBEIN, 1977; AJZEN, 1991, 2011; PAIVA, LIMA, REBOUÇAS et al., 2018PAIVA, L. E. B. et al. Influência da sustentabilidade e da inovação na intenção empreendedora de universitários brasileiros e portugueses. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 732-747, 2018.).

Religião e crenças religiosas

A religião exerce influência na construção dos conceitos que as pessoas têm sobre o mundo (DENEULIN e RAKODI, 2011DENEULIN, S.; RAKODI, C. Revisiting religion: development studies thirty years on. World Development, v. 39, n. 1, p. 45-54, 2011.), de forma que pode afetar o comportamento (AUDRETSCH, BÖNTE e TAMVADA, 2013AUDRETSCH, D. B.; BÖNTE, W.; TAMVADA, J. P. Religion, social class, and entrepreneurial choice. Journal of Business Venturing, v. 28, n. 6, p. 774-789, 2013.), refletindo na escolha do parceiro conjugal, no casamento, fertilidade, educação (LEHRER, 2004LEHRER, E. L. Religion as a determinant of economic and demographic behavior in the United States. Population and Development Review, v. 30, n. 4, p. 707-726, 2004., 2008LEHRER, E. L. The role of religion in economic and demographic behavior in the United States: a review of the recent literature. Bonn: Institute for the Study of Labor, 2008. (IZA Discussion Paper, n. 3541)), e se estendendo até o trabalho e as práticas comerciais (TRACEY, 2012TRACEY, P. Religion and organization: a critical review of current trends and future directions. Academy of Management Annals, v. 6, n. 1, p. 87-134, 2012.). A religião é um conjunto de práticas sociais do indivíduo e, portanto, pode estar alinhada ao empreendedorismo, considerando os aspectos econômicos, sociais e culturais (SERAFIM e FEUERSCHÜTTE, 2015SERAFIM, M. C.; FEUERSCHÜTTE, S. G. Movido pelo transcendente: a religiosidade como estímulo ao “espírito empreendedor”. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 165-182, 2015.).

As crenças e os valores podem ser delineados pela religião, bem como o comportamento econômico e a tomada de decisão dos empreendedores, conforme estudos que apresentam a existência do vínculo entre a religião e o desenvolvimento econômico (JOHNMARK, SOEMUNTI, LAURA et al., 2016JOHNMARK, D. R. et al. Disabled students’ entrepreneurial action: the role of religious beliefs. Cogent Business & Management, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2016.; LEHRER, 2004LEHRER, E. L. Religion as a determinant of economic and demographic behavior in the United States. Population and Development Review, v. 30, n. 4, p. 707-726, 2004.; RIETVELD e VAN BURG, 2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.). Para Rietveld e Van Burg (2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.), uma das crenças religiosas é a vocação religiosa, referindo-se ao chamado divino que evidencia as ligações consistentes entre a percepção de uma vocação e os níveis elevados de maturidade profissional, o comprometimento de carreira, o significado e a satisfação no trabalho. Duffy e Dik (2013DUFFY, R. D.; DIK, B. J. Research on calling: what have we learned and where are we going? Journal of Vocational Behavior, v. 83, n. 3, p. 428-436, 2013.) argumentam que a vocação é um senso de propósito ou direção, que leva o indivíduo ao engajamento pessoal e social no trabalho, tendo como referência o divino ou um sentimento de paixão.

Rietveld e Van Burg (2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.) reforçam que pesquisas que alinham crenças religiosas e empreendedorismo não investigam, de fato, o papel da vocação, uma vez que um chamado pode ser uma motivação para fazer escolhas de carreiras distintas. Diante disso, o empreendedor tem a capacidade de tomar suas próprias decisões, seguir a sua vocação e servir os desígnios considerados divinos. As crenças religiosas podem influenciar no empreendedorismo por meio das motivações pró-sociais, que resultam na prestação de serviços sociais, uma vez que o indivíduo é estimulado a desenvolver ações que proporcionem bem-estar a outras pessoas (JOHNMARK, SOEMUNTI, LAURA et al., 2016JOHNMARK, D. R. et al. Disabled students’ entrepreneurial action: the role of religious beliefs. Cogent Business & Management, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2016.).

Na concepção de Preston, Ritter e Hernandez (2010PRESTON, J. L.; RITTER, R. S.; HERNANDEZ, J. I. Principles of religious prosociality: a review and reformulation. Social and Personality Psychology Compass, v. 4, n. 8, p. 574-590, 2010.), as crenças religiosas podem ampliar as ações pró-sociais em alguns contextos e inibir em outros. À medida que as crenças religiosas são proeminentes, motivam a proteção dos valores de grupos internos, facilitando a cooperação entre os membros do grupo com a sociedade. Dessa forma, empreendedores orientados por suas crenças religiosas tendem a desenvolver um comportamento mais pró-social e altruísta, buscando cumprir o dever moral de servir e agregar valor à sociedade por meio de suas atividades empresariais (RIETVELD e VAN BURG, 2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.).

Desenvolvimento das hipóteses

A religião pode ser considerada uma característica individual que motiva a escolha do indivíduo para o empreendedorismo (AUDRETSCH, BÖNTE e TAMVADA, 2013AUDRETSCH, D. B.; BÖNTE, W.; TAMVADA, J. P. Religion, social class, and entrepreneurial choice. Journal of Business Venturing, v. 28, n. 6, p. 774-789, 2013.) ou um elemento que exerce influência cultural e institucional na atividade empreendedora (HENLEY, 2017HENLEY, A. Does religion influence entrepreneurial behaviour? International Small Business Journal, v. 35, n. 5, p. 597-617, 2017.). Assim, indivíduos praticantes de determinadas religiões, cujas crenças religiosas influenciam nas atitudes pessoais, normas subjetivas e controle comportamental percebido, podem apresentar mais intenção empreendedora do que indivíduos cujas crenças religiosas sejam menos percebidas.

A pesquisa empírica de Rietveld e Van Burg (2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.), realizada com empreendedores e empregados holandeses, revelou que os empreendedores protestantes têm convicções mais fortalecidas do que os empregados protestantes e creem que seu trabalho é um chamado divino, - isto os faz demonstrar mais propensão para agregar valor à sociedade. Riaz, Farrukh, Rehman et al. (2016RIAZ, Q. et al. Religion and entrepreneurial intentions: an empirical investigation. International Journal of Advanced and Applied Sciences, v. 3, n. 9, p. 31-36, 2016.) pesquisaram, em institutos privados de ensino superior do Paquistão, o impacto da religião sobre as intenções empreendedoras dos estudantes de negócios, identificando que a religião exerce impacto na intenção empreendedora, fato que confirmou que quanto mais religioso é o indivíduo, maior a probabilidade de se tornar empreendedor. Johnmark, Soemunti, Laura et al. (2016JOHNMARK, D. R. et al. Disabled students’ entrepreneurial action: the role of religious beliefs. Cogent Business & Management, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2016.) elucidaram que as crenças religiosas exercem influência positiva no comportamento empreendedor dos estudantes.

Diante da literatura relacionada ao empreendedorismo, bem como das discussões abordadas, considerando as investigações sobre a intenção empreendedora e as crenças religiosas, emerge a hipótese H 1 : as crenças religiosas exercem influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários.

A relação entre o sistema de crenças religiosas, a atitude e a intenção em utilizar produtos financeiros islâmicos por líderes de pequenas empresas, em consonância com a Teoria da Ação Racional, foi evidenciada por El Ouafy e Chakir (2015EL OUAFY, S.; CHAKIR, A. The impact of religiosity in explanation of moroccan very small businesses behaviour toward islamic financial products. Journal of Business and Management, v. 17, n. 7, p. 71-76, 2015.), que mostraram que o sistema de crenças religiosas influencia positivamente na atitude dos líderes de pequenas empresas em utilizar produtos financeiros islâmicos.

Henley (2017HENLEY, A. Does religion influence entrepreneurial behaviour? International Small Business Journal, v. 35, n. 5, p. 597-617, 2017.) analisou a influência da religião no comportamento empreendedor, sob a perspectiva da TCP (TCP), identificando que a religião é um transmissor de valores e normas sociais e que as influências sociais auxiliam na formação de crenças normativas, assim como o controle comportamental é influenciado pelo impacto da religião nos grupos sociais. Wibowo (2017WIBOWO, B. Religiosity and entrepreneurial intention. Etikonomi, v. 16, n. 2, p. 187-206, 2017.), baseando-se na TCP, pesquisou se a religiosidade individual afetava a formação da intenção empreendedora. Os achados evidenciaram que a religiosidade influencia a atitude pessoal e o controle comportamental percebido dos universitários.

Ademais, Carvalho e González (2006CARVALHO, P. M. R. D.; GONZÁLEZ, L. Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43-65, 2006.), Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), Kautonen, Gelderen e Fink (2015KAUTONEN, T.; GELDEREN, M.; FINK, M. Robustness of the theory of planned behavior in predicting entrepreneurial intentions and actions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 39, n. 3, p. 655-674, 2015.), Costa e Mares (2016COSTA, T. G.; MARES, P. Factors affecting students’ entrepreneurial intentions of Polytechnic Institute of Setubal: a cognitive approach. Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, v. 7, n. 1, p. 102-117, 2016.) e Ferreira, Loiola e Gondim (2017FERREIRA, A. S. M.; LOIOLA, E.; GONDIM, S. M. G. Preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora entre universitários: revisão de literatura. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 292-308, 2017.) reforçam a relevância da TCP para mensurar a intenção empreendedora por meio das atitudes, normas subjetivas e controle comportamental percebido. Desse modo, alinhando-se a TCP ao empreendedorismo, surgem as seguintes hipóteses:

H2a: a atitude favorável ao empreendedorismo exerce influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários;

H2b: as normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo exercem influências positivas sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários;

H2c: o controle percebido do empreendedorismo exerce influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários.

Com base nas abordagens expostas, assim como no surgimento das hipóteses, apresenta-se o modelo da pesquisa que analisa a influência das crenças religiosas e das dimensões da TCP na intenção empreendedora (Figura 2).

Figura 2
Modelo da pesquisa

Diante das discussões que levaram ao desenvolvimento das hipóteses, que sugerem interconexões entre as dimensões adotadas no modelo hipotético, mostram-se, a seguir, os procedimentos metodológicos que levaram ao desenvolvimento da pesquisa.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de natureza descritiva, com utilização de dados transversais (sem comparações entre períodos) e método survey para a coleta dos dados (HAIR JUNIOR, BLACK, BABIN et al., 2009HAIR JUNIOR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.). A população compreende estudantes universitários de programas de graduação, do curso de Administração de duas Universidades do Nordeste, uma localizada no Ceará e a outra no Piauí, ambos com disciplinas relacionadas ao empreendedorismo.

Pesquisas que analisam intenção empreendedora entre universitários focam na área de negócios, como o Curso de Administração, devido à oferta de projetos de empreendedorismo, e isto justifica a escolha do público-alvo (LIÑÁN e CHEN, 2006LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Testing the entrepreneurial intention model on a two-country sample. 2006. Disponível em: <Disponível em: http://www.uab.cat/servlet/BlobServer?blobtable=Document&blobcol=urldocument&blobheader=application/pdf&blobkey=id& blobwhere=1345650548706& blobnocache=true >. Acesso em: 19 maio 2019.
http://www.uab.cat/servlet/BlobServer?bl...
; NABI, LIÑAN, FAYOLLE et al., 2017NABI, G. et al. The impact of entrepreneurship education in higher education: a systematic review and research agenda. Academy of Management Learning & Education, v. 16, n. 2, p. 277-299, 2017.; TEIXEIRA e DAVEY, 2010TEIXEIRA, A. A. C.; DAVEY, T. Attitudes of higher education students to new venture creation: the relevance of competencies and contextual factors. Industry and Higher Education, v. 24, n. 5, p. 323-341, 2010.). Liñán e Chen (2006LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Testing the entrepreneurial intention model on a two-country sample. 2006. Disponível em: <Disponível em: http://www.uab.cat/servlet/BlobServer?blobtable=Document&blobcol=urldocument&blobheader=application/pdf&blobkey=id& blobwhere=1345650548706& blobnocache=true >. Acesso em: 19 maio 2019.
http://www.uab.cat/servlet/BlobServer?bl...
) reforçam três motivos para realização de pesquisas com universitários da área de negócios: (a) há facilidade em encontrar pesquisas empíricas com este público; (b) pertencem ao grupo etário (25 a 34 anos) com maior tendência a empreender; e (c) respondem a pesquisa de forma mais consciente, pois estão prestes a escolher a sua carreira profissional.

Dentro do universo da pesquisa, com base em uma população de 1280 discentes, em ambas as universidades (867 no Ceará e 413 no Piauí) alcançou-se uma amostra de 448 respondentes, 249 e 199, respectivamente no Ceará e no Piauí. Ao considerar um nível de confiança de 99% e margem de erro de 5%, de acordo com o cálculo amostral, a amostra mínima exigida - corrigida pelo tamanho da população - é de 438 indivíduos. Assim, a amostra investigada é significante para representar a população.

O instrumento para a coleta dos dados foi elaborado por meio da adaptação de escalas previamente validadas e estabelecidas na literatura: crenças religiosas, de Rietveld e Van Burg (2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.); e intenção empreendedora, proposta por Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), baseando-se na TCP (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.) - ou seja, mensurando atitude favorável ao empreendedorismo, normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo e controle percebido do empreendedorismo. Foram realizados pré-testes (com 72 indivíduos) que possibilitaram indicar com maior precisão o entendimento dos itens, bem como a verificação de possíveis inconsistências.

Em relação à coleta dos dados, utilizou-se a versão final do instrumento, baseando-se em uma escala Likert de cinco pontos, variando de 1 “discordo totalmente” a 5 “concordo totalmente”, contendo 29 itens, nos quais buscam, além de mensurar as dimensões do modelo, conforme se vê pelo Quadro 1, caracterizar a amostra.

Quadro 1
Itens do instrumento da pesquisa

A coleta de dados foi realizada no período de 28 de março a 05 de abril de 2018, por meio de aplicação do questionário aos estudantes de todos os semestres nas salas de aula dos cursos de Administração.

As técnicas estatísticas utilizadas foram: (i) análise descritiva; (ii) análise fatorial exploratória para a redução do número de variáveis; (iii) estatística inferencial; e (iv) regressão logística. Para a análise dos dados coletados, utilizou-se o software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) (versão 22).

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Perfil da amostra

Dos 448 indivíduos, 54,2% se declararam homens; 45,1%, mulheres; e 0,7%, de outro gênero. Em relação a idade, 41,5% da amostra têm entre 16 e 20 anos, 39,1% enquadram-se na faixa entre 21 e 25 anos, 10,7% entre 26 e 30 anos e 8,7% acima de 31 anos. Tem-se 398 respondentes solteiros (88,8%); 47 casados (10,5%) e 3 divorciados (0,7%). Quanto a filiação religiosa, 49% consideram-se católicos, 23,7% não são afiliados, 19,4% são evangélicos, 5,1% seguem outras religiões e 2,9% são espíritas. Em termos de prática da religião, 246 respondentes se declararam como não praticantes da religião que seguem (54,9%), enquanto 202 consideram-se praticantes de suas religiões (45,1%).

Observou-se que dos 243 estudantes homens (54,2%), 143 têm intenção empreendedora, 90 não têm e 10 já são empreendedores. Das 201 estudantes mulheres (45,1%), 117 têm intenção empreendedora, 78 não têm e 7 já são empreendedoras. Na amostra caracterizada por 448 estudantes universitários, 260 têm intenção empreendedora, predominando os homens.

Considerando a associação dos pais empreendedores e da intenção empreendedora dos estudantes universitários, 156 têm pais empreendedores. Destes, 104 têm intenção empreendedora (66,7%), 44 não têm (28,2%) e 8 já são empreendedores (5,1%). No tocante aos estudantes que não têm pais empreendedores, dos 209 estudantes, 96 não têm intenção empreendedora (45,9%). Em relação aos estudantes que têm pais que foram empreendedores, porém não mais, destacam-se 83 estudantes; e destes, 52 têm intenção empreendedora (62,7%). A relação de dependência entre essas variáveis foi verificada por meio do valor p do qui-quadrado = 0,002 (valor aceitável na literatura), dado que o patamar mínimo recomendado é inferior a 0,05 (HAIR JUNIOR, BLACK, BABIN et al., 2009HAIR JUNIOR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.). Diante dessa associação significante, existem indícios para inferir que os familiares empreendedores contribuem na formação da intenção empreendedora.

Identificação das dimensões da pesquisa

Com a finalidade de identificar crenças religiosas, atitude favorável ao empreendedorismo, normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo e controle percebido do empreendedorismo capazes de influenciar na intenção empreendedora, realizou-se a análise fatorial exploratória.

O método de extração de fatores empregado foi o da análise de componentes principais. Para definir o número de fatores, utilizou-se o critério de eigenvalue (ou seja, acima de 1,0), com o método de rotação Varimax. A adequação da análise foi verificada pela aplicação dos testes de esfericidade de Bartlett e do Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que avaliam adequação da amostra quanto à correlação parcial entre as variáveis (FÁVERO, BELFIORE, SILVA et al., 2009FÁVERO, L. P. et al. Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Campus, 2009.).

Os resultados para cada dimensão foram evidenciados por meio da extração da maior carga fatorial - o autovalor de cada fator, levando em consideração o critério da variável substituta, que é a variável que apresenta maior poder de explicação (HAIR JUNIOR, BLACK, BABIN et al., 2009HAIR JUNIOR, J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.).

Análise fatorial da dimensão referente às crenças religiosas

A análise fatorial exploratória para o conjunto de itens referentes às crenças religiosas apresentou o valor do KMO de 0,915, considerado como excelente, consoante Fávero, Belfiore, Silva et al. (2009FÁVERO, L. P. et al. Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Campus, 2009.), esfericidade de Bartlett, sig. de 0,000 (< 0,1) e variância explicada de 66,035%. Estes valores permitem a utilização da análise fatorial para esta dimensão, uma vez que se mostraram estatisticamente significantes. Um item foi excluído por apresentar comunalidade abaixo de 0,4 (patamar mínimo utilizado)..

Tabela 1
Análise fatorial da dimensão crenças religiosas

Ao utilizar o critério da variável substituta, adota-se a variável com maior carga fatorial para representar a dimensão, fato indicativo para inferir a variável com maior poder de explicação na dimensão crenças religiosas: CR4 - “No meu trabalho, serei conduzido pelas tarefas que Deus me dá” (carga fatorial de 0,872).

Análise fatorial das dimensões da Teoria do Comportamento Planejado

A análise fatorial para os preditores da intenção empreendedora apresentou KMO de 0,829, considerado bom segundo Fávero, Belfiore, Silva et al. (2009FÁVERO, L. P. et al. Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Campus, 2009.); com esfericidade de Bartlett, sig. de 0,000 (< 0,1) e variância explicada de 66,56%. Dois itens foram excluídos dessa análise por apresentarem comunalidades abaixo de 0,4..

Tabela 2
Análise fatorial das dimensões da Teoria do Comportamento Planejado

Com base na análise fatorial para as dimensões da TCP, que antecedem a intenção, formaram-se três dimensões: atitude favorável ao empreendedorismo - “Ser empreendedor me traria grande satisfação” (AT4, carga fatorial de 0,862) -; controle percebido do empreendedorismo - “Sei como preparar um projeto para criação de uma empresa (plano de negócios, por exemplo)” (CP4, carga fatorial de 0,855) -; e normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo “Meus amigos aprovariam minha decisão em me tornar um empreendedor” (NS3, carga fatorial de 0,836).

Então, baseando-se nas estruturas fatoriais da análise fatorial, as quais propiciaram quatro dimensões, consegue-se, com o critério da variável substituta, retratar as dimensões adotadas na pesquisa.

Análise da intenção empreendedora com base nas dimensões da pesquisa

Realizou-se o teste de hipótese para comparar o nível de concordância entre os alunos que têm e os que não têm intenção empreendedora, considerando IE a variável dependente - “tenho intenção de tornar-me empreendedor nos próximos cinco anos” -, com base nas variáveis independentes extraídas de cada fator. Ademais, tem-se a análise da comparação entre os grupos, colocando em destaque o teste T e o teste de Mann-Whitney, ambos apontando diferenças significativas para valores menores do que 0,05..

Tabela 3
Comparação das médias nas dimensões diante dos estudantes com e sem intenção empreendedora

Considerando as crenças religiosas, constata-se que o teste t e o de Mann-Whitney apresentam um valor p inferior a 0,001, registrando-se diferença estatisticamente significativa entre as crenças religiosas dos estudantes universitários com e sem intenção empreendedora, com médias de 2,5269 e 1,9586 respectivamente, o que se coaduna com as pesquisas de Johnmark, Soemunti, Laura et al. (2016JOHNMARK, D. R. et al. Disabled students’ entrepreneurial action: the role of religious beliefs. Cogent Business & Management, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2016.) e Riaz, Farrukh, Rehman et al. (2016RIAZ, Q. et al. Religion and entrepreneurial intentions: an empirical investigation. International Journal of Advanced and Applied Sciences, v. 3, n. 9, p. 31-36, 2016.).

Os estudantes universitários com intenção empreendedora têm uma média mais elevada (4,5197) nas atitudes favoráveis ao empreendedorismo, sendo a diferença entre os dois grupos estatisticamente significante (p < 0,001, para ambos os testes). Essa verificação alinha-se com os estudos de Schaefer, Nishi, Grohmann et al. (2017SCHAEFER, R. et al. Valores pessoais, atitudes e intenção empreendedora: um estudo com estudantes de graduação em administração. Revista Economia & Gestão, v. 17, n. 47, p. 123-143, 2017.) e Oliveira, Vieira, Laguía et al. (2016OLIVEIRA, B. M. F. et al. Intenção empreendedora em estudantes universitários: adaptação e validação de uma escala (QIE). Avaliação Psicológica, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2016.).

Em relação às normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo, os aspectos relacionados à pessoa considerar a opinião de terceiros sobre a ação empreendedora apresentam médias mais elevadas nos estudantes universitários com intenção empreendedora (4,3047), registrando-se diferença estatisticamente significante entre os dois grupos (p < 0,001 para ambos os testes). Este resultado está de acordo com o de Oliveira, Vieira, Laguía et al. (2016OLIVEIRA, B. M. F. et al. Intenção empreendedora em estudantes universitários: adaptação e validação de uma escala (QIE). Avaliação Psicológica, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2016.).

No que concerne ao controle percebido do empreendedorismo, registrou-se uma média mais elevada para os estudantes universitários com intenção empreendedora (3,1326), sendo a diferença entre grupos estatisticamente significante (p = 0,003 para o teste t e p = 0,004 para o de Mann-Whitney), o que corrobora as pesquisas de Liñán, Nabi e Krueger (2013LIÑÁN, F.; NABI, G.; KRUEGER, N. British and Spanish entrepreneurial intentions: a comparative study. Revista de Economia Mundial, n. 33, p. 703-103, 2013.), Costa e Mares (2016COSTA, T. G.; MARES, P. Factors affecting students’ entrepreneurial intentions of Polytechnic Institute of Setubal: a cognitive approach. Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, v. 7, n. 1, p. 102-117, 2016.) e Oliveira, Vieira, Laguía et al. (2016OLIVEIRA, B. M. F. et al. Intenção empreendedora em estudantes universitários: adaptação e validação de uma escala (QIE). Avaliação Psicológica, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2016.).

Percebe-se que há diferenças estatisticamente significantes em todas as dimensões ao comparar os universitários com intenção empreendedora versus os sem intenção, com médias superiores em relação aos estudantes com intenção empreendedora.

Resultados do modelo da pesquisa

O modelo de regressão logística foi ajustado tendo como variáveis independentes as crenças religiosas, as atitudes favoráveis ao empreendedorismo, as normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo, o controle percebido do empreendedorismo e as variáveis sociodemográficas, com o intuito de predizer a variável dependente - “tenho intenção em tornar-me empreendedor nos próximos cinco anos”. Vale ressaltar que os indivíduos que já são empreendedores, para fins de análise dos dados, foram incorporados aos indivíduos com intenção empreendedora, podendo-se considerar a variável dependente (intenção empreendedora) dicotômica (“sim” ou “não”), pois quanto maior a intenção, mais provável é o comportamento (AJZEN, 1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.).

No que diz respeito ao desempenho do modelo, o pseudocoeficiente de determinação de Cox & Snell apresentou um valor de 0,307 e o de Nagelkerke foi de 0,418. O teste de Hosmer e Lemeshow, tendo em vista o valor da estatística de 5,688 e o p de 0,682, permite concluir boa capacidade preditiva do modelo..

Tabela 4
Resultados do modelo de regressão logística

As crenças religiosas apresentaram influências positivas na intenção empreendedora dos estudantes universitários, com os seguintes valores: B de 0,293; p de 0,007; e Exp (B) de 1,341. O que possibilita inferir que os estudantes que percebem suas crenças religiosas e se consideram conduzidos pelas tarefas que Deus dá têm mais possibilidades de intenção empreendedora quando comparados com os que não percebem essas crenças. Diante disso, há indícios suficientes para confirmar H 1 : as crenças religiosas exercem influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários. Esse achado alinha-se com Johnmark, Soemunti, Laura et al. (2016JOHNMARK, D. R. et al. Disabled students’ entrepreneurial action: the role of religious beliefs. Cogent Business & Management, v. 3, n. 1, p. 1-13, 2016.) e Riaz, Farrukh, Rehman et al. (2016RIAZ, Q. et al. Religion and entrepreneurial intentions: an empirical investigation. International Journal of Advanced and Applied Sciences, v. 3, n. 9, p. 31-36, 2016.), segundo os quais as crenças religiosas influenciaram também de forma significativa e positiva a intenção empreendedora de universitários.

A atitude favorável ao empreendedorismo teve influência positiva e estatisticamente significante na intenção empreendedora, com valores B de 1,289, p de 0,000 e Exp (B) de 3,630. Isso mostra que os indivíduos com atitudes mais favoráveis ao empreendedorismo têm três vezes mais chances de possuírem intenção empreendedora do que os indivíduos que não têm essas atitudes. Nesse sentido, pode-se corroborar a H 2a : a atitude favorável ao empreendedorismo exerce influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários, o que se coaduna com as pesquisas de Schaefer, Nishi, Grohmann et al. (2017SCHAEFER, R. et al. Valores pessoais, atitudes e intenção empreendedora: um estudo com estudantes de graduação em administração. Revista Economia & Gestão, v. 17, n. 47, p. 123-143, 2017.) e Oliveira, Vieira, Laguía et al. (2016OLIVEIRA, B. M. F. et al. Intenção empreendedora em estudantes universitários: adaptação e validação de uma escala (QIE). Avaliação Psicológica, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2016.), quando evidenciam que a atitude de estudantes influenciou na formação da intenção empreendedora.

As normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo (valores B de 0,156 e p de 0,263) e o controle percebido do empreendedorismo (valores p de 0,135 e p de 0,210) não apresentaram coeficientes estatisticamente significantes no modelo da pesquisa. Diante desse resultado, elucida-se a perspectiva de Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991., 2011AJZEN, I. Design and evaluation guided by the theory of planned behavior. In: MARK, M. M; DONALDSON, S. I.; CAMPBELL, B. (Eds.). Social psychological and Evaluation. Nova York; Londres: Guilford Publications, 2011. p. 74-100.) de que a relevância dos preditores varia em decorrência de determinadas situações e comportamentos, destacando-se que apenas a atitude pode exercer impacto significante na intenção. Os achados das pesquisas de Krueger, Reilly e Carsrud (2000KRUEGER, N. F.; REILLY, M. D.; CARSRUD, A. L. Competing models of entrepreneurial intentions. Journal of Business Venturing, v. 15, n. 5-6, p. 411-432, 2000.) e de Liñán, Nabi e Krueger (2013LIÑÁN, F.; NABI, G.; KRUEGER, N. British and Spanish entrepreneurial intentions: a comparative study. Revista de Economia Mundial, n. 33, p. 703-103, 2013.) indicaram que a norma subjetiva é a variável preditora menos influente na formação da intenção empreendedora, com efeito indireto na atitude e no controle percebido, e ainda tem ampla influência do contexto cultural. Entretanto, o resultado referente ao controle percebido diverge do encontrado nas pesquisas de Costa e Mares (2016COSTA, T. G.; MARES, P. Factors affecting students’ entrepreneurial intentions of Polytechnic Institute of Setubal: a cognitive approach. Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, v. 7, n. 1, p. 102-117, 2016.) e Oliveira, Vieira, Laguía et al. (2016OLIVEIRA, B. M. F. et al. Intenção empreendedora em estudantes universitários: adaptação e validação de uma escala (QIE). Avaliação Psicológica, v. 15, n. 2, p. 187-196, 2016.), pois essa dimensão exerceu influência positiva na intenção empreendedora.

Desse modo, não tiveram indícios para serem aceitas no modelo da pesquisa as hipóteses H 2b : as normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo exercem influências positivas sobre a intenção empreendedora de estudantes universitários e H 2c : o controle percebido do empreendedorismo exerce influência positiva sobre a intenção empreendedora de estudantes.

Em relação à variável familiares empreendedores, evidencia-se que existe influência dos pais empreendedores na intenção empreendedora dos estudantes universitários, com valores B de 0,921, p de 0,001 e Exp (B) de 2,511. Isso mostra que os indivíduos com pais empreendedores têm duas vezes mais chances de apresentarem intenção empreendedora, quando comparados com os que não têm pais empreendedores. Segundo Toni, Mioranza, Milan et al. (2014TONI, D. et al. As dimensões dos modelos mentais dos empreendedores e seus impactos sobre o desempenho organizacional. Revista Eletrônica de Administração, v. 20, n. 3, p. 713-739, 2014.), a vocação para empreender é estimulada pela atuação do grupo familiar, uma vez que valores presentes nos pais empreendedores influenciam na escolha do tipo de trabalho futuro dos membros da família, corroborando as pesquisas de Carvalho e González (2006CARVALHO, P. M. R. D.; GONZÁLEZ, L. Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43-65, 2006.), Teixeira e Davey (2010TEIXEIRA, A. A. C.; DAVEY, T. Attitudes of higher education students to new venture creation: the relevance of competencies and contextual factors. Industry and Higher Education, v. 24, n. 5, p. 323-341, 2010.), Sieger e Minola (2017SIEGER, P.; MINOLA, T. The family’s financial support as a “Poisoned gift”: a family embeddedness perspective on entrepreneurial intentions. Journal of Small Business Management, v. 55, n. S1, p. 179-204, 2017.) e Paiva, Lima, Rebouças et al. (2018PAIVA, L. E. B. et al. Influência da sustentabilidade e da inovação na intenção empreendedora de universitários brasileiros e portugueses. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 732-747, 2018.). Estes autores enfatizaram que os estudantes com pais empreendedores têm maiores chances de se tornarem empreendedores no futuro.

Ademais, a idade teve influência positiva na intenção empreendedora, com valores B de 0,339 e p de 0,055, apontando que os indivíduos mais velhos tiveram mais intenção empreendedora, em alinhamento com o exposto por Lima Filho e Bruni (2017LIMA FILHO, R. N.; BRUNI, A. L. Metacognition in entrepreneurs: psychometric diagnostic associated to age and sex. Revista Eletrônica de Administração, v. 23, n. esp., p. 345-370, 2017.), os quais consideram a idade uma variável que exerce influência no perfil metacognitivo dos empreendedores; e também com Costa e Mares (2016COSTA, T. G.; MARES, P. Factors affecting students’ entrepreneurial intentions of Polytechnic Institute of Setubal: a cognitive approach. Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, v. 7, n. 1, p. 102-117, 2016.), os quais destacaram que a idade detém certa influência na intenção empreendedora, e os estudantes mais velhos têm mais propensão ao empreendedorismo do que os mais jovens. O semestre teve influência negativa na intenção empreendedora, com valores B de -0,120 e p de 0,056, apontando que os indivíduos nos semestres iniciais demonstraram mais intenção empreendedora.

De modo geral, os resultados desta pesquisa permitiram concluir que, além das crenças religiosas e da atitude favorável ao empreendedorismo, os familiares empreendedores, os semestres iniciais e a idade tiveram influências na intenção empreendedora. Consoante esses achados, mostram-se os valores esperados e observados do modelo do estudo (Quadro 2).

Quadro 2
Síntese das hipóteses

Esta pesquisa torna-se pertinente por possibilitar um panorama acerca da influência dos preditores da intenção empreendedora, levando-se em conta a TCP, proposta por Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.). Adicionalmente, verificou-se a influência das crenças religiosas na intenção empreendedora dos estudantes universitários, e isto amplia pesquisas que alinham a intenção empreendedora às crenças religiosas - o que confere uma contribuição para o campo dos estudos relacionados ao empreendedorismo.

CONCLUSÕES

Este estudo teve como principal diretriz analisar a influência das crenças religiosas e das dimensões da TCP na intenção empreendedora. Como bases metodológicas, utilizaram-se os modelos das crenças religiosas, de Rietveld e Van Burg (2014RIETVELD, C. A.; VAN BURG, E. Religious beliefs and entrepreneurship among dutch protestants. International Journal of Entrepreneurship and Small Business, v. 23, n. 3, p. 279-295, 2014.); e da intenção empreendedora, proposto por Liñán e Chen (2009LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.), sendo possível obter resultados com conclusões pertinentes para o campo dos estudos referentes ao empreendedorismo.

Os achados indicaram que as crenças religiosas influenciaram de forma positiva e significante a intenção empreendedora, e isto mostra a predominância de estudantes universitários com crenças religiosas, sobretudo pela condução das tarefas dadas por Deus, com mais intenção empreendedora do que os que não demonstraram essa crença.

Em relação aos preditores da intenção empreendedora, baseando-se na TCP, proposta por Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.), verificou-se que apenas a atitude favorável ao empreendedorismo teve influência significante na intenção empreendedora, no que se refere à avaliação dos resultados de determinados comportamentos, pois provocam atitudes, favoráveis ou desfavoráveis, à sua realização (BAMBERG, AJZEN e SCHMIDT, 2003BAMBERG, S.; AJZEN, I.; SCHMIDT, P. Choice of travel mode in the theory of planned behavior: the roles of past behavior, habit, and reasoned action. Basic and Applied Social Psychology, v. 25, n. 3, p. 175-187, 2003.). Contudo, as normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo e o controle percebido do empreendedorismo não exerceram influência na intenção empreendedora. Ajzen e Fishbein (1977)AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991. ressaltaram que as variáveis externas, como as normas subjetivas, impactam de forma indireta, não exercendo efeitos consolidados no comportamento. Devido ao controle comportamental ser volitivo, infere-se que os universitários podem não estar dispostos a despender esforços para o empreendedorismo.

As principais contribuições da pesquisa referem-se às influências das crenças religiosas na intenção empreendedora. Buscou-se fornecer um panorama mais amplo acerca das dimensões e variáveis que visam explicar o processo de formação da intenção empreendedora. Ademais, fomenta-se a literatura empírica no campo do empreendedorismo, sobretudo ao adaptar o modelo de Ajzen (1991AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.) para predizer a intenção empreendedora. Tem-se, ainda, o adicional das crenças religiosas.

Este estudo mostrou algumas limitações que não foram suplantadas, podendo-se apontar a investigação em somente um curso relacionado à gestão, em universidades localizadas apenas no Nordeste e sem a realização de entrevistas com os estudantes universitários.

Diante dessas limitações, sugere-se, para pesquisas futuras, utilizar o mesmo instrumento em outras universidades brasileiras, e em outros países, de modo a comparar os resultados desta pesquisa com os de outras realidades (brasileiras e internacionais). Ademais, poderiam ser realizadas entrevistas em profundidade sobre as crenças religiosas e as dimensões da intenção empreendedora, baseando-se na TCP, o que ampliaria, ainda mais, o campo dos estudos que alinham as crenças religiosas à intenção empreendedora.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Abr 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2020

Histórico

  • Recebido
    08 Jul 2018
  • Aceito
    10 Jan 2019
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