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Cadernos EBAPE.BR: mudanças e indicadores de 2020

Esta é a nossa primeira edição de 2021 e, por isso, iniciamos renovando os nossos votos de muita saúde, paz e momentos felizes a todos os nossos leitores, autores, avaliadores e assistentes sem os quais, nossa revista não existiria.

O ano que passou foi muito desafiador em todos os sentidos, mas gostaria de dedicar este primeiro editorial ao compartilhamento das mudanças e dos indicadores dos Cadernos EBAPE.BR.

A mais simples foi a regra de formatação. Desde outubro de 2020, adotamos a American Psychological Association (APA) para todas as novas submissões. Pensando principalmente nos trabalhos, nas dissertações e teses dos cursos de mestrado e doutorado profissionais, criamos a seção Estudos de Casos & Ensino e Pesquisa, destinada a apresentações de casos empíricos, acompanhados de notas de ensino ou pesquisa.

A partir de 2020, intensificamos também a chamada de números temáticos, como o destinado aos estudos sobre refugiados. No momento, há dois em aberto: Uncertain consumption practices in an uncertain future, organizada pelos professores Russel Belk, Luís Pessôa e Vitor Lima e Gerenciamento de projetos e infraestrutura nos países em desenvolvimento e economias emergentes, cujos editores-convidados são Lavagnon Ika, Marcos Lopez Rego, Vered Holzman e Nuno Gil.

Essas iniciativas visam dar maior visibilidade para os estudos empíricos e promover o avanço nas discussões nas áreas de Consumo e Gestão de Projetos, segundo as peculiaridades temporais e geográficas deles.

Foi só o começo, em 2021, novas chamadas de artigos, com temas bem instigantes, estão a caminho!

Em 2020, também tivemos o prazer de incorporar ao nosso conselho editorial os professores Russel Belk (York University / Schulich School of Business, Canadá), Lavagnon Ika (University of Ottawa / Telfer School of Management, Canadá), Vered Holzman (The Academic College of Tel Aviv-Yaffo, Israel) e Gazi Islam (Grenoble École de Management, França).

E ainda foi instituído no ano passado o desk review contínuo, o que reduziu o tempo médio de resposta do primeiro parecer do editor para três semanas. Nesse sentido, tenho me ocupado pessoalmente dessas respostas para que fique sempre aberto um canal de comunicação com todo os autores. O tempo médio entre a submissão e a decisão editorial final foi reduzido para 5 meses, enquanto o tempo médio entre a submissão e a publicação está em 10 meses.

Em termos de números, nos últimos doze meses, publicamos 76 artigos em cinco edições. Foram 197 autores, os quais representaram 67 instituições brasileiras e sete internacionais. Ao total, recebemos 255 submissões, das quais 59 foram escritas em inglês e uma em espanhol.

No que se refere às taxas de rejeição na etapa de desk review ficamos com 36%; enquanto na conduzida pelos avaliadores ad hoc atingimos 47%.

Gostaria ainda de apresentar o estimado prof. Fabrício Stockler, que assumiu a partir de março o cargo de editor adjunto. Além de acompanhar o fluxo editorial, ele será o responsável pela seção de Estudos de Casos & Ensino e Pesquisa.

Iniciamos esta primeira edição de 2021, com o artigo - Dimensões temporais e espaciais da prática empreendedora em grupo: o caso da feira de artesãs como comunidade de prática, escrito por Ariane Latoski e Eloy Eros da Silva Nogueira, e que propõe uma análise das dimensões temporais e espaciais da prática empreendedora em grupo e da aprendizagem, da habilitação e da capacitação deste grupo para construí-las na estrutura social em que tal prática se situa.

Logo a seguir, Luana Jéssica Oliveira Carmo, Lilian Bambirra de Assis, Admardo Bonifácio Gomes Júnior e Marcella Barbosa Miranda Teixeira apresentam o ensaio crítico O empreendedorismo como uma ideologia neoliberal , cujo objetivo é discutir a vertente neoliberal dos discursos do empreendedorismo e sua função de camuflagem da realidade das relações entre trabalho e capital.

Em Citizen Relationship Management (CiRM): passado, presente e futuro de um conceito emergente, Daniel Carvalho, Gisela Demo, Júlio Medeiros e Fernanda Scussel analisam com base numa revisão de literatura o campo científico do CiRM e sua estrutura intelectual.

Fabio Faiad Bottini, Kely César Martins de Paiva e Ricardo C. Gomes apresentam o ensaio teórico, intitulado Resiliência individual, prazer e sofrimento no trabalho e vínculos organizacionais: reflexões e perspectivas de pesquisas para o setor público, no qual propõem um modelo integrativo que permite uma visão mais ampla e profunda dos fenômenos relativos aos três constructos e de suas possíveis inter-relações.

“Comendo pelas beiradas”: vigilância epistemológica e a abordagem Bourdieusiana no campo contábil é um ensaio teórico escrito por Mara Vogt, Marcia Zanievicz da Silva e Ione Ribeiro Valle, cujo objetivo é analisar a coerência na utilização da abordagem bourdieusiana no campo contábil, bem como indicar novas possibilidades de estudos, tendo como ponto de partida algumas pesquisas já realizadas.

Estéfanes Silva Oliveira, Marcia Prezotti Palassi e Ana Paula Paes de Paula, por sua vez, analisam como a consciência política dos funcionários de uma empresa de saneamento no Brasil gera uma predisposição desses trabalhadores a favor ou contra o movimento sindical antiprivatização da empresa, no artigo Consciência política e predisposição à participação dos trabalhadores de uma empresa de saneamento em ações coletivas contra a privatização no Sudeste do Brasil.

O artigo Uma discussão necessária sobre a vulnerabilidade do consumidor: avanços, lacunas e novas perspectivas, escrito por Rosana Oliveira da Silva, Denise Franca Barros, Tânia Maria de Oliveira Almeida Gouveia e Daniel de Oliveira Barata Merabet, examina como o conceito de vulnerabilidade do consumidor tem sido discutido na literatura de marketing e de consumo e busca identificar as diferentes perspectivas e definições nas principais fontes em que a temática é discutida, com o objetivo de sugerir uma definição abrangente para a vulnerabilidade na área de marketing e que leva em conta a vulnerabilidade de outros agentes.

Em A rede da Política Nacional de Agricultura Familiar no Brasil, Luciana Nunes Goulart, Diego Mota Vieira e Daniela Matias de Carvalho Bittencourt apresentam uma análise de redes de políticas públicas com foco na Política Nacional de Agricultura Familiar no Brasil.

Contribuições para a consolidação da New Public Governance: identificação das dimensões para sua análise, escrito por Breno Augusto Diniz Pereira e Ivan Beck Ckagnazaroff, propõe que a New Public Governance utiliza ferramentas dos modelos administrativos anteriores, mas busca sua ênfase dentro dos princípios democráticos e de legitimidade.

Logo a seguir, Gabriela de Brelàz, Tamara Ilinsky Crantschaninov e Laila Bellix descrevem a incorporação do Open Government Partnership a partir de seu processo de difusão e discutem os desafios de difusão e institucionalização de uma política global no nível local, ocorrida entre 2013 e 2016, no artigo intitulado Open Government Partnership na cidade de São Paulo e o programa São Paulo Aberta: desafios na difusão e institucionalização de uma política global.

Em Regime legal de classificação de informações no Brasil: problemas teóricos, empíricos e (in)compatibilidade com a ordem jurídica democrática, Marcio Camargo Cunha Filho e Luiz Fernando Toledo Antunes sugerem que a não submissão a mecanismos de controle pode permitir a sobreclassificação de informações por órgãos públicos.

Com o objetivo debater a forma como o conceito de reflexividade é concebido por Pierre Bourdieu, e como se desenvolve e influencia a sociologia, no nível dos indivíduos, de Bernard Lahire, Bruno de Souza Lessa, Fernando Dias Lopes e Célia Elizabete Caregnato apresentam o estudo A reflexividade como elemento de mediação - O caso de Francisco Milanez.

No artigo, O estado da arte da capacidade institucional: uma revisão sistemática da literatura em língua portuguesa, Douglas Gomes Martins discute o constructo “capacidade institucional” em suas dimensões constitutivas.

Nesta edição, contamos ainda com o artigo convidado Meritocracia e gestão de pessoas por competências: tema utópico ou realidade organizacional?, escrito por Almir Rogério da Silva Souza e Isabella Francisca Freitas Gouveia de Vasconcelos, no qual os autores realizam uma revisão de literatura sobre o valor da meritocracia nas sociedades contemporâneas e nas organizações.

A seção de “Estudos de Casos & Ensino e Pesquisa” ter por objetivo fomentar a produção e o uso de casos de ensino em Administração, contribuindo para a maior interlocução entre a produção científica e tecnológica, e a aplicação dessa metodologia de ensino e aprendizagem nos cursos de graduação e pós-graduação na área de Administração e Administração Pública.

O propósito do caso de ensino é desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes aos alunos gestores ao lidarem com a simulação, análise e resolução de problemas gerenciais. O caso não é um artigo científico, ainda que possa ser um subproduto de um projeto de pesquisa. Sua estrutura de redação deve corresponder com a narrativa e o propósito do caso em si. Deve conter uma situação problema, apresentando informações e ações tomadas pela empresa ou indivíduo que levem ao aluno/leitor a refletir e propor uma ou mais possíveis soluções, bem como identificar falhas no processo.

O caso pode seguir o estilo Harvard (média de 15 páginas) denso e com informações detalhadas sobre a organização estudada, ou casos curtos (até 7 páginas), mas ainda apresentando complexidade e nível de informações adequado sobre o caso.

O público-alvo desta seção, além dos professores, pesquisadores que desenvolvem casos de ensino, abarca também profissionais de mercado, mestres e doutores, cuja produção técnica em suas jornadas acadêmicas e profissionais contribuem para prática e reflexões da gestão e do mundo organizacional, o que pode ser revertido para o processo de ensino e pesquisa.

As submissões para a seção de “Estudos de Casos & Ensino e Pesquisa” seguirá o regime de fluxo contínuo do Cadernos EBAPE.BR, e o trabalho deverá ser dividido em duas partes: uma formada pelo caso em si e a outra na qual se apresentará as notas de ensino e/ou pesquisa, sendo esta última parte controlado pela FGV e disponibilizado apenas para o uso de professores e pesquisadores da área.

Assim, inaugurando a seção “Estudos de Casos & Ensino”, apresentamos o trabalho Consciência ou segurança? Questões de gênero num processo seletivo interno, escrito por Luiza Wanke Freitas, Vivian Luiz Coco, Lúcia Barbosa de Oliveira e Ana Christina Celano Teixeira. Neste caso, as autoras abordam a situação vivenciada por um gestor de uma equipe de seis analistas da diretoria financeira de um grande banco público.

Um dos analistas seniores da equipe havia sido promovido a gerente de outra área e ele se viu diante da necessidade de escolher um dos analistas plenos de sua equipe para o cargo. Analisadas as competências e o perfil dos candidatos, Gustavo tinha a convicção de que Clarice era a mais preparada para assumir a vaga. Ao mesmo tempo, ele sabia que ela poderia engravidar em um futuro próximo e, se isso ocorresse, por uma condição médica especial, ela passaria um ano ausente, somadas as licenças saúde e maternidade. O gestor se vê, portanto, diante de um dilema. Deveria ele levar em conta apenas as habilidades da candidata ou seria também necessário considerar a repercussão entre os demais colegas e o impacto sobre o trabalho de toda a equipe, caso ela engravidasse logo após a promoção? Esperamos que este seja o primeiro de muitos casos de ensino.

Boa leitura a todos!

PROF. DR. HÉLIO ARTHUR REIS IRIGARAY - EDITOR-CHEFEPROF. DR. FABRICIO STOKER - EDITOR ADJUNTO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021
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