Acessibilidade / Reportar erro

Complicações da gravidez na adolescência: revisão sistemática da literatura

Resumos

A atividade sexual na adolescência pode levar a uma gravidez indesejável que por sua vez pode trazer sérias complicações maternais e fetais. O presente estudo teve por objetivo avaliar as complicações relacionadas à gravidez na adolescência, por meio de uma revisão sistemática, utilizando como descritores do Medical Subject Headings:pregnancy complicationANDadolescentORpregnancy in adolescence”. Foram considerados os artigos originais completos em inglês ou português, na íntegra, que apresentassem descrição clara da metodologia. Não foram incluídos estudos qualitativos, revisões ou metanálises, editoriais, série de casos e relatos de caso. A amostra foi constituída por 15 publicações, sendo 10 com delineamento transversal e 5 com delineamento coorte. A prevalência geral de gestação na adolescência foi de 10% e, entre os trabalhos nacionais, de 26%. A prevalência de parto cesárea foi menor que a descrita na população geral. As principais complicações maternas e neonatais de mães adolescentes foram doença hipertensiva específica da gestação, prematuridade e baixo peso ao nascer respectivamente. A gestação na adolescência se relacionou a maior frequência de complicações neonatais e maternas e à menor prevalência de parto cesariana.

Adolescente; Gravidez; Gravidez na adolescência; Complicações na gravidez


Sexual activity during adolescence can lead to unwanted pregnancy, which in turn can result in serious maternal and fetal complications. The present study aimed to evaluate the complications related to adolescent pregnancy, through a systematic review using the Medical Subject Headings: “pregnancy complication” AND “adolescent” OR “pregnancy in adolescence”. Only full original articles in English or Portuguese with a clearly described methodology, were included. No qualitative studies, reviews or meta-analyses, editorials, case series, or case reports were included. The sample consisted of 15 articles; in that 10 were cross-sectional and 5 were cohort studies. The overall prevalence of adolescent pregnancy was 10%, and among the Brazilian studies, the adolescent pregnancy rate was 26%. The cesarean delivery rate was lower than that reported in the general population. The main maternal and neonatal complications were hypertensive disorders of pregnancy, prematurity and low birth weight, respectively. Adolescent pregnancy is related to increased frequency of neonatal and maternal complications and lower prevalence of cesarean delivery.

Adolescent; Pregnancy; Pregnancy in adolescence; Pregnancy complications


INTRODUÇÃO

A atividade sexual, na adolescência, inicia-se cada vez mais precocemente, com consequências indesejáveis imediatas, como o aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e gravidez, muitas vezes também indesejável, e que, por isso, pode terminar em abortamento.(11 Futterman D, Chabon B, Hoffman ND. HIV and AIDS in adolescents. Pediatr Clin North Am. 2000;47(1):171-88. Review.)

No Brasil, no período de 2000 a 2006, o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) registrou declínio da participação dos nascimentos oriundos de mães dos grupos etários de 15 a 19 anos. Entretanto, a proporção de nascidos vivos cujas mães pertenciam ao grupo etário inferior a 14 anos se manteve estável. Em 2006, 51,4% dos nascidos vivos eram filhos de mães com idade até 24 anos, sendo aproximadamente 1% de mães do grupo etário inferior a 14 anos; 20,6% de mães com idade de 15 a 19 anos; e 29,9% de mães com idade entre 20 e 24 anos.(22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação da População e Indicadores Sociais. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2009.) Em 2012, dos 2.905.789 nascidos vivos, 560.147 (19,28%) foram de mães adolescentes.(33 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de saúde. Sistema de informações sobre nascidos vivos. In: DATASUS [Internet]. Brasília, DF; 2012 [citado 2014 Fev 02]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....
)

Do ponto de vista biológico, dentre as consequências da gravidez para a adolescente, citam-se maiores incidências de síndrome hipertensiva da gravidez (SHG), anemia, diabetes gestacional, complicações no parto, determinando aumento da mortalidade materna e infantil.(44 Azevedo DV, Sampaio HA. Fatores de risco associados à gestação na adolescência. Femina. 2003;31(5):457-64.

5 Elfenbein DS, Felice ME. Adolescent pregnancy. Pediatr Clin North Am. 2003;50(4):781-800, viii. Review.
-66 de Carvalho RC, Campos H de H, Bruno ZV, Mota RM. Fatores preditivos de hipertensão gestacional em adolescentes primíparas: análise do pré-natal, da MAPA e da microalbuminúria. Arq Bras Cardiol. 2006;87(4):487-95.) É importante notar que alguns estudos têm demonstrado aumento na incidência de intercorrências pré-natais, intraparto e pós-parto entre gestantes adolescentes.(77 Michelazzo D, Yazlle ME, Mendes MC, Patta MC, Rocha JS, Moura MD. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(8):633-39.,88 Iacobelli S, Robillard PY, Gouyon JB, Hulsey TC, Barau G, Bonsante F. Obstetric and neonatal outcomes of adolescent primiparous singleton pregnancies: a cohort study in the South of Reunion Island, Indian Ocean. J Matern Fetal Neonatal Med. 2012;25(12):2591-6.)

No tocante aos problemas com o recém-nascido, a gravidez na adolescência está associada a taxas mais elevadas de baixo peso ao nascer (BPN), parto pré-termo, doenças respiratórias e tocotraumatismo, além de maior frequência de complicações neonatais e mortalidade infantil.(99 Aquino-Cunha M, Queiroz-Andrade M, Tavares-Neto J, Andrade T. Gestação na adolescência: relação com o baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2002;24(8):513-19.

10 Rocha RC, Souza E, Guazzelli CA, Chambô Filho A, Soares EP, Nogueira ES. Prematuridade e baixo peso entre recém-nascidos de adolescentes primíparas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;28(9):530-35.
-1111 Chalem E, Mitsuhiro SS, Ferri CP, Barros MC, Guinsburg R, Laranjeira R. Gravidez na adolescência: perfil sócio-demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2007;23(1):177-86. Portuguese.)

Considerando a alta prevalência da gestação na adolescência e suas consequências, o estudo teve o objetivo de avaliar as complicações relacionadas à gravidez na adolescência.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura, que seguiu as recomendações propostas pela Colaboração Cochrane.(1212 Clarke M, Horton R. Bringing it all together: Lancet-Cochrane collaborate on systematic reviews. Lancet. 2001;357(9270):1728.,1313 Clarke M. Formulating the problem. Cochrane review’s handbook. In: Rev Man [computer program]. Version 4.1. Oxford: The Cochrane Collaboration, 2004.)

A questão norteadora proposta para o estudo foi a seguinte: Quais as complicações relacionadas à gravidez na adolescência?

A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio e agosto de 2012 mediante buscaon-line nas seguintes bases de dados consultadas a partir da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): MEDLINE (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) eScientific Electronic Library Online (SciELO).

Para a localização dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores doMedical Subject Headings (MeSH), da base PubMed/MEDLINE: “pregnancy complicationAND “adolescent” OR “pregnancy in adolescence”.

Os critérios de inclusão contemplaram artigos originais, disponíveis na íntegra gratuitamente na versão on-line, nos idiomas inglês ou português, e no período de 2002 a 2012. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos quase randomizados, ensaios clínicos aleatórios, estudos observacionais analíticos (estudos de caso-controle, coorte prospectivos e retrospectivos) e estudos descritivos transversais (de prevalência), que apresentavam uma descrição clara da metodologia. Estudos realizados com grandes amostras de adultos, mas que incluíam adolescentes como um subgrupo, também foram incluídos.

Não foram incluídos artigos teóricos, investigações com uma descrição pouco clara sobre a metodologia utilizada, manuscritos baseados em relatórios estatísticos anuais (dados censitários e informações obtidas de forma indireta por meio de gráficos ou arquivos), estudos qualitativos, revisões ou metanálises, teses e dissertações, editoriais, artigos de opinião, série de casos, relatos de caso, estudos com amostra não representativa de uma população e anteriores ao ano 2002.

Os estudos foram inicialmente estratificados de acordo com os tipos de desenhos e, posteriormente, em relação aos desfechos, seguindo a metodologia Cochrane.(1414 Taminato M, Fram D, Torloni MR, Belasco AG, Saconato H, Barbosa DA. Screening for group B Streptococcus in pregnant women: a systematic review and meta-analysis. Rev Lat Am Enferm. 2011;19(6):1470-8. Review. English, Portuguese, Spanish.)

A qualidade metodológica da revisão sistemática foi definida com a confiança de que o desenho e o relato do estudo estivessem livres de bias,(1515 Moher D, Jadad AR, Klassen TP. Guides for reading and interpreting systematic reviews: III. How did the authors synthesize the data and make their conclusions? Arch Pediatr Adolesc Med. 1998;152(9):915-20.) e foi avaliada independentemente por dois revisores, no sentido de se averiguar se preencheram os critérios de inclusão e exclusão. Em caso de dúvida ou discordância, foi solicitado a um terceiro revisor a emissão de parecer sobre o estudo ser ou não incluído, conforme propõe Stocco.(1616 Stocco JG. Avaliação de complicações infecciosas relacionadas ao uso de catéter venoso central em recém-nascidos e crianças: revisão sistemática [dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2009.) No caso de estudos duplicados, foi incluído o mais recente ou com informações mais completas.

Para avaliação da qualidade metodológica, critérios de inclusão e exclusão, foram utilizados as recomendações STROBE (The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology).(1717 von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; STROBE Initiative. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9.,1818 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65.) A avaliação foi dividida em três categorias de estudos: (A) nos casos de estudos que preenchiam valor ≥80% dos critérios solicitados; (B) nos casos que preenchiam de 79 a 50% dos critérios; e (C) nos casos que preenchiam <50% dos critérios estabelecidos.(1414 Taminato M, Fram D, Torloni MR, Belasco AG, Saconato H, Barbosa DA. Screening for group B Streptococcus in pregnant women: a systematic review and meta-analysis. Rev Lat Am Enferm. 2011;19(6):1470-8. Review. English, Portuguese, Spanish.,1717 von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; STROBE Initiative. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9.,1818 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65.) Assim, apenas os artigos que atingiram um percentual >50% (classificados como A ou B) foram considerados de boa qualidade e incluídos na pesquisa.(1919 Mendes KG, Theodoro H, Rodrigues AD, Olinto MT. Prevalência da síndrome metabólica e seus componentes na transição menopáusica: uma revisão sistemática. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1423-37. Review. Portuguese.)

Os dados analisados foram sintetizados e organizados por meio de figuras, quadros e tabelas.

RESULTADOS

O universo foi constituído por 6.465 artigos, sendo 6.232 no PubMed/MEDLINE e 233 na LILACS e SciELO. Após a leitura dos títulos e/ou resumos, foram excluídos 6.380 artigos, por apresentarem foco diferente do objetivo procurado. Assim, das 85 publicações lidas na íntegra, foram selecionadas 15, que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, conforme a figura 1.

Figura 1
Fluxograma de identificação e seleção dos estudos da revisão sistemática

O quadro 1 mostra os países de origem, ano de publicação e desenho dos estudos incluídos na presente revisão.

Quadro 1
Relação dos estudos incluídos de acordo com os países de origem e o delineamento do estudo

Dos 15 trabalhos selecionados, dez apresentaram delineamento transversal e 5 apresentaram coorte, sendo 4 retrospectivos e 1 prospectivos. Quanto ao ano de publicação, a maioria dos estudos foi publicada no período de 2008 a 2012. Os estudos foram realizados predominantemente no Brasil, Estados Unidos, nos países da Europa, África e Ásia. Todos os artigos selecionados para a revisão sistemática apresentaram percentuais STROBE >50%, sendo 3 classificados como STROBE A e 12 como STROBE B.

O quadro 2 apresenta as principais características dos estudos acerca das complicações da gravidez na adolescência.

Quadro 2
Características dos estudos incluídos sobre as complicações da gravidez na adolescência (2002/2012)

Em pesquisa realizada com 2.357 mulheres grávidas, a frequência de adolescentes grávidas (menores de 1818 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65. anos) foi de 4%. A complicação materna que apresentou um maior destaque foi a ruptura prolongada da membrana, com 20,3%, seguida de pré-eclâmpsia (7,1%), doenças na tireoide (7,1%), doenças cardíacas (3%) e infecções no trato urinário (2%). Dentre as complicações neonatais, destacaram-se a prematuridade (39%), o BPN (32%) e o crescimento intrauterino retardado (12%). A mortalidade neonatal foi descrita em 6,9% dos casos, sendo significativamente maior que as complicações neonatais dos demais partos.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.)

Outro estudo realizado com 265 mães adolescentes (idade ≤19 anos) e com 832 mães com idade ente 20 e 29 anos mostrou que as complicações maternas relacionadas à gravidez na adolescência mais frequentes foram a eclâmpsia (OR=3,18), a pré-eclâmpsia (OR=1,82), a laceração perineal (OR=1,45) e a episiotomia (OR=1,82). Enquanto que as complicações fetais foram o BPN (OR=1,71), prematuridade (OR=1,77) e óbito neonatal precoce (OR=2,18).(2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.)

Estudo realizado por meio de análise de dados coletados pelo Departamento de Serviço de Saúde do Estado do Texas entre 1994 e 2003 avaliou as complicações que ocorreram durante o trabalho de parto de 1.355.962 mães nulíparas e mostrou que as mães adolescentes (15 a 18 anos) tiveram menores taxas de febre intraparto, mecônio excessivo, ruptura prematura da membrana, placenta prévia, trabalho de parto prolongado, parto disfuncional, apresentação pélvica do feto, desproporção cefalopélvica e prolapso de cordão umbilical, quando comparadas às mães com idade entre 25 e 29 anos.(3232 Lopoo LM. Labor and delivery complications among teenage mothers. Biodemography Soc Biol. 2011;57(2):200-20.)

Mukhopadhyay et al. compararam as diferenças perinatais entre 350 adolescentes (13 a 19 anos) e 350 adultas (20 a 29 anos), ambas primigestas, por meio de análise de prontuários, e evidenciaram que houve uma maior proporção de partos prematuros (27,7%), BPN (38,95%) e taxa de natimortos (5,1%), em comparação às mães adultas.(2929 Mukhopadhyay P, Chaudhuri RN, Paul B. Hospital-based perinatal outcomes and complications in teenage pregnancy in India. J Health Popul Nutr. 2010;28(5):494-500.)

Uma pesquisa investigou as razões que levaram adolescentes a provocarem o aborto, relacionando a motivação com idade e tipo de escola que frequentavam. Das 2.592 jovens participantes da pesquisa, 182 (7,0%) referiram ter engravidado e 149 (26,7%) abortado. Verificou-se que o medo da reação dos pais (o mais citado), a idade, a falta de apoio por parte do companheiro e não aceitar a gravidez foram razões que levaram as adolescentes a provocarem o aborto. O aborto obteve uma maior frequência entre as jovens de escola pública.(3131 Correia DS, Cavalcante JC, Egito ES, Maia EM. Prática do abortamento entre adolescentes: um estudo em dez escolas de Maceió (AL, Brasil). Cien Saude Colet. 2011;16(5):2469-76. Portuguese.)

Estudo realizado por meio por meio de análise de dados de residentes no Estado do Missouri (Estados Unidos) durante os anos de 1997 a 1999 investigou a relação entre a mortalidade infantil (neonatal e pós-natal), nível socioeconômico e idade materna. Tal estudo envolveu 10.131 adolescentes entre 12 e 17 anos, 18.954 adolescentes entre 18 e 19 anos e 28.899 adultas (20 a 34 anos) e mostrou que os riscos de mortalidade infantil (OR=1,95), neonatal (OR=1,69) e pós-neonatal (OR=2,47) foram significativamente maiores entre adolescentes de 12 a 17 anos do que entre as adultas (20 a 34 anos). Após o ajuste para raça, estado civil, nível educacional, tabagismo, assistência pré-natal e pobreza, o risco de mortalidade pós-neonatal (OR=1,73) manteve-se significativamente maior para mães adolescentes mais jovens, mas não o risco de mortalidade neonatal (OR=1,43).(2121 Markovitz BP, Cook R, Flick LH, Leet TL. Socioeconomic factors and adolescent pregnancy outcomes: distinctions between neonatal and post-neonatal deaths? BMC Public Health. 2005;5:79.)

Pesquisadores determinaram a associação entre idade materna jovem e o risco de BPN, pequeno para a idade gestacional (PIG) e parto prematuro em 1.359 adolescentes nulíparas (759) ou uníparas (600), que tiveram suplementação da dieta com micronutrientes e que pariram uma criança que foi analisada dentro de 72 horas após o parto, no período de 1999 a 2001. Os resultados mostraram que não houve diferença no risco de BPN (OR=0,96) ou PIG (OR=1,01) por ano de aumento da idade materna entre as primíparas. A idade materna jovem não afetou a antropometria e nem a idade gestacional da prole. Entre primíparas, cada ano de aumento da idade materna foi associado ao aumento do comprimento ao nascer, cabeça e circunferência do peito, mas não peso de sua prole. A idade materna jovem (≤18 anos) foi associada com o aumento do risco de parto prematuro entre as primíparas (OR=2,07).(2222 Stewart CP, Katz J, Khatry SK, LeClerq SC, Shrestha SR, West KP Jr, et al. Preterm delivery but not intrauterine growth retardation is associated with young maternal age among primiparae in rural Nepal. Matern Child Nutr. 2007;3(3):174-85.)

Estudo realizado por meio de análise de dados perinatais coletados no período de 1990 a 1999 comparou o risco de desfechos reprodutivos adversos em adolescentes nulíparas (7.845) e adolescentes que tiveram aborto induzido (211) ou parto anterior (801). As adolescentes com parto anterior apresentaram maiores riscos perinatais (OR=2,35), neonatais (OR=4,70) e mortalidade, quando comparadas às nulíparas. As adolescentes com aborto anterior apresentaram riscos mais elevados para natimortos (OR=3,31), nascimentos prematuros (OR=2,21) e muito BPN (OR=2,74) do que as adolescentes nulíparas.(2424 Reime B, Schücking BA, Wenzlaff P. Reproductive outcomes in adolescents who had a previous birth or an induced abortion compared to adolescents’ first pregnancies. BMC Pregnancy Childbirth. 2008;8:4.)

Estudiosos procuraram estabelecer as mudanças temporais na idade materna e seus impactos na taxa anual de cesarianas e BPN, por meio de 91.699 dados contidos em um sistema de informação da Obstetrícia do Hospital Nacional de Muhimbili, localizado em Dar es Salaam (Tanzânia), no período de 1999 a 2005. Diante dos resultados, foi possível observar que a proporção de mães adolescentes (12 a 19 anos) diminuiu progressivamente ao longo do tempo, enquanto que a de 30 a 34 anos aumentou. A partir de 1999, o risco de BPN reduziu, e o risco de cesariana aumentou continuamente para um máximo em 2005, porém, o risco em mães adolescentes foi menor que em mães com idades entre 35 e 50 anos.(2626 Muganyizi PS, Kidanto HL. Impact of change in maternal age composition on the incidence of Caesarean section and low birth weight: analysis of delivery records at a tertiary hospital in Tanzania,1999-2005. BMC Pregnancy Childbirth. 2009;9:30.)

Pesquisa investigou a relação entre a primeira e a segunda gravidez na adolescência com nascimentos prematuros, peso ao nascer e PIG, comparando com mães adultas, e mostrou que as mães adolescentes tinham maior risco de parto prematuro e peso reduzido do bebê quando comparadas com as mães adultas, principalmente em uma segunda gestação.(2828 Khashan AS, Baker PN, Kenny LC. Preterm birth and reduced birthweight in first and second teenage pregnancies: a register-based cohort study. BMC Pregnancy Childbirth. 2010;10:36.)

Pesquisa realizada por meio da aplicação de questionários e análise de prontuários analisou a associação da gravidez na adolescência com o BPN em 537 mães adolescentes (10 a 19 anos) e em 1.441 mães adultas (20-34 anos), mostrando que os desfechos BPN e prematuridade (OR=29,0) estiveram associados com baixo número de consultas do pré-natal (OR=2,98), início tardio do pré-natal (OR=1,91) e baixa escolaridade (OR=1,95). Houve menor incidência de cesárea em adolescentes (33,3%) que em adultas (49,4%) e menor associação com pré-eclâmpsia e desproporção cefalopélvica.(2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.)

Outra pesquisa também demonstrou associação entre a gravidez na adolescência e o início tardio do pré-natal (OR=1,86), e o menor número de consultas (OR=2,03).(2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.)

Entre as adolescentes, foi verificado, ainda, maior risco de prematuridade (OR=1,46) e BPN (OR=1,47), além de uso de abortivo no início da gestação (OR=2,34) e, entre mulheres com idade avançada, constatou-se forte associação da gravidez com diabetes mellitus (OR=9,00), pré-eclâmpsia (OR=4,38), ruptura prematura de membranas (OR=5,81) e maior frequência de parto cesáreo (60,3%).(2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.)

Estudo demonstrou que as chances de BPN (OR=2,70) e de prematuridade (OR=5,82) reduziram quando a adolescente recebeu seis ou mais consultas de pré-natal.(3434 Santos MM, Baião MR, Barros DC, Pinto AA, Pedrosa PM, Saunders C. Estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso materno, condições da assistência pré-natal e desfechos perinatais adversos entre puérperas adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):143-54.) Outro estudo revelou que o pré-natal adequado diminui as chances de óbito fetal.(3030 Oliveira EF, Gama SG, Silva CM. Gravidez na adolescência e outros fatores de risco para mortalidade fetal e infantil no município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. 2010;26(3):567-78. Portuguese.)

Prevalência de gestação na adolescência

Em relação aos critérios de inclusão das participantes, quatro estudos selecionaram como participantes apenas adolescentes, sendo que os demais(1111 Chalem E, Mitsuhiro SS, Ferri CP, Barros MC, Guinsburg R, Laranjeira R. Gravidez na adolescência: perfil sócio-demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2007;23(1):177-86. Portuguese.)incluíram tanto mães adolescentes como mães adultas e/ou em idade avançada. Destes, oito eram estudos com delineamento transversal e foram utilizados para cálculo da prevalência de gestação na adolescência (Tabela 1). Os estudos nacionais demonstram prevalência de 26,4% (1.623/6.149).

Tabela 1
Prevalência de gravidez na adolescência de acordo com os estudos incluídos

Complicações maternas e neonatais relacionadas à gestação na adolescência

As complicações maternas mais descritas nos estudos selecionados foram: abortamento, doença hipertensiva da gestação, síndromes hemorrágicas, infecção urinária e rotura prematura que são descritas na tabela 2. A prevalência de cesárea, nessa população, foi de 26,7% (530/1.983).(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.,2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.,3333 Martins M da G, dos Santos GH, Sousa M da S, da Costa JE, Simões VM. Associação de gravidez na adolescência e prematuridade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(11):354-60. Portuguese.,3434 Santos MM, Baião MR, Barros DC, Pinto AA, Pedrosa PM, Saunders C. Estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso materno, condições da assistência pré-natal e desfechos perinatais adversos entre puérperas adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):143-54.)

Tabela 2
Complicações maternas na gravidez entre adolescentes. De acordo com os estudos incluídos

A maioria dos estudos preocupou-se em verificar a relação entre as complicações na gravidez com prematuridade e BPN entre mães adolescentes, correlacionando com a morte perinatal e/ou neonatal (Tabela 3).

Tabela 3
Prevalência de parto pré-termo, de baixo peso e morte perinatal em adolescentes de acordo com os estudos incluídos

Dois estudos(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.) que avaliaram a necessidade de internação em unidade de terapia neonatal (UTI) demonstram que 18,4% (119/648) dos recém-nascidos de mães adolescentes foram transferidos para UTI neonatal. Apenas um estudo descreveu a prevalência de morte infantil nessa população,(2121 Markovitz BP, Cook R, Flick LH, Leet TL. Socioeconomic factors and adolescent pregnancy outcomes: distinctions between neonatal and post-neonatal deaths? BMC Public Health. 2005;5:79.) que foi de, aproximadamente, 9,6 por mil nascidos vivos.

DISCUSSÃO

Nas últimas décadas, têm-se discutido muito a respeito da adolescência, com uma ênfase maior no que diz respeito à complexidade e às repercussões da gravidez nessa fase. A gravidez, entre as adolescentes, é considerada um problema de saúde pública, que deve ser observado de forma ampliada, de maneira a envolver a mãe adolescente e os problemas que a cercam.(3535 Moreira TM, Viana D de S, Queiroz MV, Jorge MS. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(2):312-20. Review. Portuguese.)

No entanto, considerar a gravidez nessa fase como um fator de risco para desfechos adversos é algo redutor, uma vez que o fenômeno ocorre numa variedade de transações e que a vulnerabilidade, tanto da mãe quanto do bebê, pode ser diminuída por meio de fatores protetores.(3636 Cerqueira-Santos E, Paludo SS, dei Schiro ED, Koller SH. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicol Estud. 2010; 15(1):72-85.) Desse modo, pode-se evidenciar que nem toda gravidez na adolescência é de alto risco obstétrico.(3737 Bouzas I, Miranda AT. Gravidez na adolescência. Adolesc Saude. 2004;1(1):27-30.)

Dentre os fatores de risco relacionados a gravidez na adolescência destacaram-se a baixa escolaridade, a idade da primeira relação sexual inferior a 15 anos, a ausência de companheiro, a história materna de gravidez na adolescência e a falta de conhecimento e de acesso aos métodos anticoncepcionais.(3838 Amorim MM, Lima L de A, Lopes CV, Araújo DK, Silva JG, César LC, et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(8):404-10. Portuguese.) Acrescentam-se a estes o abandono escolar, a ausência de planos futuros, a baixa autoestima, o abuso de álcool e drogas, a falta de conhecimento a respeito da sexualidade e o uso inadequado de métodos contraceptivos.(3939 Rodrigues RM. Gravidez na adolescência. Nascer e Crescer. 2010;19(3):S201.)

Esses fatores podem influenciar os eventos reprodutivos adversos referentes a mãe adolescente e devem ser levados em consideração pelos programas de saúde pública durante a elaboração de estratégias para a prevenção da gravidez na adolescência.(3838 Amorim MM, Lima L de A, Lopes CV, Araújo DK, Silva JG, César LC, et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(8):404-10. Portuguese.)

Ressalta-se que a gravidez na adolescência gera sérias consequências para o binômio mãe/filho, como, por exemplo, o desamparo e abandono da criança; os problemas emocionais; o afastamento escolar; a perda do emprego ou redução das opções de crescer no mercado de trabalho; e a multiparidade em um curto período de tempo.(4040 Lima LS, Tocci HA. Gravidez na adolescência: intercorrências e prematuridade. Rev Enferm UNISA. 2001;2:62-6.)

Estudo(2626 Muganyizi PS, Kidanto HL. Impact of change in maternal age composition on the incidence of Caesarean section and low birth weight: analysis of delivery records at a tertiary hospital in Tanzania,1999-2005. BMC Pregnancy Childbirth. 2009;9:30.) evidenciou que a proporção de mães adolescentes diminuiu progressivamente durante o período de 1999 a 2005. No Brasil, dados do Ministério da Saúde descreveram uma prevalência de gestação na adolescência de 20%. Em 2011, dos 2.913.160 nascidos vivos, 560.889 (19,2%) foram de mães adolescentes, sendo que 27.786 tinham idade inferior a 15 anos.(4141 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Estatística Vitais [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2011.[citado 2014 Jul 31]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index....
)

Os estudos nacionais aqui apresentados(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.

26 Muganyizi PS, Kidanto HL. Impact of change in maternal age composition on the incidence of Caesarean section and low birth weight: analysis of delivery records at a tertiary hospital in Tanzania,1999-2005. BMC Pregnancy Childbirth. 2009;9:30.
-2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.,2929 Mukhopadhyay P, Chaudhuri RN, Paul B. Hospital-based perinatal outcomes and complications in teenage pregnancy in India. J Health Popul Nutr. 2010;28(5):494-500.-3030 Oliveira EF, Gama SG, Silva CM. Gravidez na adolescência e outros fatores de risco para mortalidade fetal e infantil no município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. 2010;26(3):567-78. Portuguese.,3232 Lopoo LM. Labor and delivery complications among teenage mothers. Biodemography Soc Biol. 2011;57(2):200-20.-3333 Martins M da G, dos Santos GH, Sousa M da S, da Costa JE, Simões VM. Associação de gravidez na adolescência e prematuridade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(11):354-60. Portuguese.) demonstraram prevalência significativamente maior do que a apresentada pelo Ministério da Saúde, provavelmente por tais estudos terem sido realizados em serviços de atendimento terciário com maior prevalência de gestação de alto risco: 26,4% (1.623/6.149) versus 19,2% (560.889/2.913.160), com p<0,0001.

Na literatura em geral, alguns autores têm demonstrado aumento nas intercorrências materno-fetais em todas as etapas do ciclo gestacional entre gestantes adolescentes.(77 Michelazzo D, Yazlle ME, Mendes MC, Patta MC, Rocha JS, Moura MD. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(8):633-39.,88 Iacobelli S, Robillard PY, Gouyon JB, Hulsey TC, Barau G, Bonsante F. Obstetric and neonatal outcomes of adolescent primiparous singleton pregnancies: a cohort study in the South of Reunion Island, Indian Ocean. J Matern Fetal Neonatal Med. 2012;25(12):2591-6.,4242 Del Ciampo LA, Junqueira MJ, Ricco RG, Daneluzzi JC, Ferraz IS, Martinelli Júnior CE. Tendência secular da gravidez na adolescência. Pediatr (São Paulo). 2004;26(1):21-6.,4343 Fiorelli LR, Krebs VL. Características clínicas e morbidade de recém-nascidos filhos de mães adolescentes em hospital universitário. Rev Med (São Paulo). 2006; 85(2):44-9.) No presente estudo, observou-se que as complicações associadas à gravidez na adolescência mais recorrentes na literatura estiveram mais associadas ao recém-nascido que propriamente à genitora, com predominância de manuscritos que enfatizaram a prematuridade, o BPN e a mortalidade. A ocorrência de nascimentos prematuros, recém-nascidos de baixo peso ou muito baixo peso e mortalidade foi significantemente maior entre os filhos de mães adolescentes.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2121 Markovitz BP, Cook R, Flick LH, Leet TL. Socioeconomic factors and adolescent pregnancy outcomes: distinctions between neonatal and post-neonatal deaths? BMC Public Health. 2005;5:79.,2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.

24 Reime B, Schücking BA, Wenzlaff P. Reproductive outcomes in adolescents who had a previous birth or an induced abortion compared to adolescents’ first pregnancies. BMC Pregnancy Childbirth. 2008;8:4.
-2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.

28 Khashan AS, Baker PN, Kenny LC. Preterm birth and reduced birthweight in first and second teenage pregnancies: a register-based cohort study. BMC Pregnancy Childbirth. 2010;10:36.
-2929 Mukhopadhyay P, Chaudhuri RN, Paul B. Hospital-based perinatal outcomes and complications in teenage pregnancy in India. J Health Popul Nutr. 2010;28(5):494-500.,3333 Martins M da G, dos Santos GH, Sousa M da S, da Costa JE, Simões VM. Associação de gravidez na adolescência e prematuridade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(11):354-60. Portuguese.,3434 Santos MM, Baião MR, Barros DC, Pinto AA, Pedrosa PM, Saunders C. Estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso materno, condições da assistência pré-natal e desfechos perinatais adversos entre puérperas adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):143-54.)

Essas intercorrências podem ser correlacionadas com o baixo número de consultas de pré-natal, o início tardio de pré-natal, o pré-natal inadequado e outros fatores, como raça, estado civil, baixa escolaridade, tabagismo e pobreza. Santos et al.(3434 Santos MM, Baião MR, Barros DC, Pinto AA, Pedrosa PM, Saunders C. Estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso materno, condições da assistência pré-natal e desfechos perinatais adversos entre puérperas adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):143-54.) observaram relação do BPN com o peso pré-gestacional, índice de massa corporal pré-gestacional e ganho de peso gestacional.

A literatura complementar sugere que os ambientes socioeconômico e cultural em que a jovem mãe está inserida estão associados ao aumento da frequência de recém-nascidos de baixo peso e prematuros. Além disso, sabe-se que os cuidados pré-natais tendem a ser inadequados entre as mães adolescentes,(4444 Costa EL, Sena MC, Dias A. Gravidez na adolescência: determinante para prematuridade e baixo peso. Com Ciencias Saude. 2011;22(Suppl 1):S183-8.) o que traz à tona a importância das consultas do pré-natal para diminuição das complicações da gravidez na adolescência.

A gravidez na adolescência é uma das três variáveis reprodutivas associadas à maior mortalidade infantil, principalmente por estar relacionada a uma complexa interação de fatores determinantes. No estudo de Oliveira et al.,(3030 Oliveira EF, Gama SG, Silva CM. Gravidez na adolescência e outros fatores de risco para mortalidade fetal e infantil no município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. 2010;26(3):567-78. Portuguese.) a presença de comorbidade materna aumentou o risco para óbito fetal e pós-neonatal. Deve-se destacar que a maioria dos óbitos pode ser evitáveis e que as principais falhas se encontram na qualidade da assistência ao pré-natal, ao parto e à assistência neonatal.(4545 Lansky S, França E, Leal MC. Mortalidade perinatal e evitabilidade: revisão da literatura. Rev Saude Publica. 2002;36(6):759-72. Review. Portuguese.)

Analisando as intercorrências maternas relacionadas à gravidez na adolescência, a presente revisão sistemática encontrou uma menor quantidade de trabalhos relacionados ao tema(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.,2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.,3131 Correia DS, Cavalcante JC, Egito ES, Maia EM. Prática do abortamento entre adolescentes: um estudo em dez escolas de Maceió (AL, Brasil). Cien Saude Colet. 2011;16(5):2469-76. Portuguese.) quando comparado aos dados das intercorrências fetais. Foram citados: a pré-eclampsia, a eclâmpsia, HELLP, o abortamento, a infecção urinária e a ruptura prematura das membranas ovulares, entre outros. De forma geral, os trabalhos avaliados confirmaram que a gestante adolescente estaria mais propícia ao aumento de intercorrências maternas que uma gestante adulta.

A presença de comorbidade no período gestacional como, por exemplo, hipertensão, infecção do trato urinário, corrimento vaginal patológico, é muito mais comum entre adolescentes do que em outras idades.(4646 Victora CG. Intervenções para reduzir a mortalidade infantil pré-escolar e materna no Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2001;4(1):3-69.)

Por outro lado, a prevalência de cesariana nesse grupo foi significativamente menor quando comparada à população adulta. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) revelaram que, entre 2008 e 2011, a prevalência de cesárea foi de 50,7% na população geral, sendo 43% na população adulta.(4141 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Estatística Vitais [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2011.[citado 2014 Jul 31]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index....
)

Com relação à presença de pré-eclâmpsia e eclâmpsia como complicações da gravidez na adolescência, os resultados foram inconclusivos, em virtude de dados divergentes dos artigos selecionados. Alguns estudos citaram ser significantemente maior entre os filhos de mães adolescentes.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.) Entretanto, outros observaram menor associação em mães adolescentes.(2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.)

Dos artigos analisados, três trabalhos citaram o aborto como um risco na gravidez precoce, enfatizando a expressão de não desejar a criança, não levando a termo a gestação.(2525 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.,3131 Correia DS, Cavalcante JC, Egito ES, Maia EM. Prática do abortamento entre adolescentes: um estudo em dez escolas de Maceió (AL, Brasil). Cien Saude Colet. 2011;16(5):2469-76. Portuguese.) Santos et al.(2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.) verificaram um risco de 2,34 de uso de abortivo no início da gestação em adolescentes grávidas. Correia et al.(3131 Correia DS, Cavalcante JC, Egito ES, Maia EM. Prática do abortamento entre adolescentes: um estudo em dez escolas de Maceió (AL, Brasil). Cien Saude Colet. 2011;16(5):2469-76. Portuguese.) verificaram que 26,7% das adolescentes realizaram o aborto, principalmente por medo da família.

Abreu,(4747 Abreu CW. Aspectos obstétricos, sócio-demográficos e psicossociais de puérperas adolescentes assistidas pelo sistema de saúde do município de Muriaé - Zona da Mata Mineira, Brasil; [tese]. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá; 2010.) ao analisar especificamente a ocorrência de abortamento na população de puérperas, encontrou uma proporção de adolescente com antecedentes de abortamento de 54,7% e constatou que a maioria tinha idade superior a 16 anos (89,7%). Com relação à quantidade de abortamentos, o mesmo autor observou a ocorrência de, no máximo, dois episódios de abortamentos entre as adolescentes.

Sabe-se que as adolescentes que abortam são vítimas de falta de informação, da deficiência no atendimento médico, da solidão e da falta de comunicação na família.(4848 Costa TJ. Gravidez na adolescência: um estudo de caso sobre a maternidade na faixa etária de 10 a 14 anos em Juiz de Fora, MG. [tese]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social; 2002.) Além disso, o abortamento é o responsável pelo aumento na frequência de internações hospitalares, podendo resultar em complicações físicas, psicológicas e até o óbito materno.(4949 Quiala MB, Ojeda SO, Durruti RD, Infante MM. Respuesta del estado psicológico en adolescentes con interrupción del embarazo. Rev Cuba Enferm. 1999;15(3):179-83.,5050 Vieira LM, Goldberg TB, Saes S de O, Dória AA. Abortamento na adolescência: um estudo epidemiológico. Cien Saude Colet. 2007;12(5):1201-8. Portuguese.) Segundo Granja et al., cerca de 22% dos óbitos maternos referentes a gestantes adolescentes tiveram como principais causas a hipertensão induzida pela gravidez, a sepse puerperal e o abortamento séptico, representando 75% do total das mortes.(5151 Granja AC, Machungo F, Gomes A, Bergström S. Adolescent maternal mortality in Mozambique. J Adolesc Health. 2001;28(4):303-6.)

A infecção urinária foi citada por dois estudos da presente revisão sistemática.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.) Estudo de Nili et al.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.) mostrou que apenas 2% das adolescentes grávidas apresentaram infecção no trato urinário. No estudo de Santos et al.,(2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.) a infecção urinária ocorreu em 17,1% das adolescentes. Assim como a presente revisão sistemática, estudo teve por objetivo estabelecer o perfil da gravidez na adolescência em população assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Muriaé, na Zona da Mata Mineira, e verificou que a infecção urinária foi uma das intercorrências mais frequentes entre as puérperas adolescentes, ocorrendo em maior proporção nas adolescentes com mais de 16 anos.(4747 Abreu CW. Aspectos obstétricos, sócio-demográficos e psicossociais de puérperas adolescentes assistidas pelo sistema de saúde do município de Muriaé - Zona da Mata Mineira, Brasil; [tese]. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá; 2010.)

No que se refere às complicações do parto, a ocorrência de ruptura prematura de membranas foi descrita em três artigos.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.,2323 Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.,2727 Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.) Estudo relatou frequência de 20,3% de ruptura prematura em adolescentes grávidas, sugerindo que deficiências nutricionais podem desempenhar um papel importante nessa intercorrência.(2020 Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.)

Yazlle et al. relataram intercorrências obstétricas em 38,3% das adolescentes e, entre os diagnósticos mais frequentes, encontravam-se os problemas fetais ou da placenta, e problemas com a cavidade amniótica e membranas.(5252 Yazlle ME, Franco RC, Michelazzo D. Gravidez na adolescência: uma proposta para prevenção. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(10):477-9. Portuguese.)

Apesar do aumento de cobertura para essa população na Atenção Básica, observam-se lacunas nos programas de educação em saúde e de prevenção que estimulem o uso de preservativos e contraceptivos, além de inexistirem políticas públicas direcionadas às jovens gestantes.(3838 Amorim MM, Lima L de A, Lopes CV, Araújo DK, Silva JG, César LC, et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(8):404-10. Portuguese.) Esses fatores colaboram para falta de conhecimento da adolescente quanto aos métodos de prevenção e para o aparecimento de uma gravidez indesejada e de suas possíveis complicações. Nesse contexto, justifica-se a necessidade de prevenção e de controle das consequências de uma gravidez precoce.(4040 Lima LS, Tocci HA. Gravidez na adolescência: intercorrências e prematuridade. Rev Enferm UNISA. 2001;2:62-6.)

Assim, cabe aos profissionais de saúde aprimorar a escuta, fortalecer vínculos com o jovem, garantir acesso a informações e aos métodos contraceptivos, e promover ações coletivas que auxiliem os adolescentes a lidarem com sua sexualidade, desenvolvam o autocuidado, e também ampliem o acesso a atividades educativas e recreativas.(5353 Gurgel MG, Alves MD, Vieira NF, Pinheiro PN, Barroso GT. Gravidez na adolescência: tendência na produção científica de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008;12(4):799-805.)

É importante ressaltar que esse estudo apresenta algumas limitações. Foram utilizadas apenas as bases de dados MEDLINE (PubMed), LILACS e SciELO, consideradas as principais na área de saúde. Entretanto, outras bases de dados poderiam ter sido consultadas, como EMBASE: Biomedical Answers, EBSCO e SCOPUS. Além disso, estudos transversais selecionados são difíceis de estabelecer com precisão a relação causa-efeito, pois a relação causal pode sofrer influências de fatores de confusão. A escassez de dados provenientes de ensaios clínicos controlados randomizados de qualidade para avaliar as complicações da gravidez na adolescência também foi um fator limitante.

CONCLUSÕES

As principais complicações neonatais encontradas foram a prematuridade, o baixo ou muito baixo peso ao nascer e a mortalidade perinatal. Sugerem-se como principais complicações maternas a doença hipertensiva específica da gestação, o abortamento, a infecção urinária e a ruptura prematura das membranas ovulares. Entretanto, cabe enfatizar que os dados são controversos com relação à ocorrência de pré-eclâmpsia.

Nesse contexto, destaca-se a importância da realização de estudos para mais esclarecimentos sobre a mortalidade neonatal, que parece ser fortemente influenciada por determinantes como o baixo peso ao nascer e a prematuridade, e também sobre as intercorrências maternas relacionadas à gravidez na adolescência. Esse fato reforça a importância da prevenção dessas variáveis na assistência pré-natal e no parto.

REFERENCES

  • 1
    Futterman D, Chabon B, Hoffman ND. HIV and AIDS in adolescents. Pediatr Clin North Am. 2000;47(1):171-88. Review.
  • 2
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação da População e Indicadores Sociais. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2009.
  • 3
    Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de saúde. Sistema de informações sobre nascidos vivos. In: DATASUS [Internet]. Brasília, DF; 2012 [citado 2014 Fev 02]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
    » http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
  • 4
    Azevedo DV, Sampaio HA. Fatores de risco associados à gestação na adolescência. Femina. 2003;31(5):457-64.
  • 5
    Elfenbein DS, Felice ME. Adolescent pregnancy. Pediatr Clin North Am. 2003;50(4):781-800, viii. Review.
  • 6
    de Carvalho RC, Campos H de H, Bruno ZV, Mota RM. Fatores preditivos de hipertensão gestacional em adolescentes primíparas: análise do pré-natal, da MAPA e da microalbuminúria. Arq Bras Cardiol. 2006;87(4):487-95.
  • 7
    Michelazzo D, Yazlle ME, Mendes MC, Patta MC, Rocha JS, Moura MD. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(8):633-39.
  • 8
    Iacobelli S, Robillard PY, Gouyon JB, Hulsey TC, Barau G, Bonsante F. Obstetric and neonatal outcomes of adolescent primiparous singleton pregnancies: a cohort study in the South of Reunion Island, Indian Ocean. J Matern Fetal Neonatal Med. 2012;25(12):2591-6.
  • 9
    Aquino-Cunha M, Queiroz-Andrade M, Tavares-Neto J, Andrade T. Gestação na adolescência: relação com o baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2002;24(8):513-19.
  • 10
    Rocha RC, Souza E, Guazzelli CA, Chambô Filho A, Soares EP, Nogueira ES. Prematuridade e baixo peso entre recém-nascidos de adolescentes primíparas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;28(9):530-35.
  • 11
    Chalem E, Mitsuhiro SS, Ferri CP, Barros MC, Guinsburg R, Laranjeira R. Gravidez na adolescência: perfil sócio-demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2007;23(1):177-86. Portuguese.
  • 12
    Clarke M, Horton R. Bringing it all together: Lancet-Cochrane collaborate on systematic reviews. Lancet. 2001;357(9270):1728.
  • 13
    Clarke M. Formulating the problem. Cochrane review’s handbook. In: Rev Man [computer program]. Version 4.1. Oxford: The Cochrane Collaboration, 2004.
  • 14
    Taminato M, Fram D, Torloni MR, Belasco AG, Saconato H, Barbosa DA. Screening for group B Streptococcus in pregnant women: a systematic review and meta-analysis. Rev Lat Am Enferm. 2011;19(6):1470-8. Review. English, Portuguese, Spanish.
  • 15
    Moher D, Jadad AR, Klassen TP. Guides for reading and interpreting systematic reviews: III. How did the authors synthesize the data and make their conclusions? Arch Pediatr Adolesc Med. 1998;152(9):915-20.
  • 16
    Stocco JG. Avaliação de complicações infecciosas relacionadas ao uso de catéter venoso central em recém-nascidos e crianças: revisão sistemática [dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2009.
  • 17
    von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP; STROBE Initiative. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. J Clin Epidemiol. 2008;61(4):344-9.
  • 18
    Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. STROBE initiative: guidelines on reporting observational studies. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65.
  • 19
    Mendes KG, Theodoro H, Rodrigues AD, Olinto MT. Prevalência da síndrome metabólica e seus componentes na transição menopáusica: uma revisão sistemática. Cad Saude Publica. 2012;28(8):1423-37. Review. Portuguese.
  • 20
    Nili F, Rahmati MR, Sharifi SM. Maternal and neonatal outcome in teenage pregnancy in Tehran Valiasr Hospital. Acta Med Iran. 2002;40(1):55-9.
  • 21
    Markovitz BP, Cook R, Flick LH, Leet TL. Socioeconomic factors and adolescent pregnancy outcomes: distinctions between neonatal and post-neonatal deaths? BMC Public Health. 2005;5:79.
  • 22
    Stewart CP, Katz J, Khatry SK, LeClerq SC, Shrestha SR, West KP Jr, et al. Preterm delivery but not intrauterine growth retardation is associated with young maternal age among primiparae in rural Nepal. Matern Child Nutr. 2007;3(3):174-85.
  • 23
    Kongnyuy EJ, Nana PN, Fomulu N, Wiysonge SC, Kouam L, Doh AS. Adverse perinatal outcomes of adolescent pregnancies in Cameroon. Matern Child Health J. 2008;12(2):149-54.
  • 24
    Reime B, Schücking BA, Wenzlaff P. Reproductive outcomes in adolescents who had a previous birth or an induced abortion compared to adolescents’ first pregnancies. BMC Pregnancy Childbirth. 2008;8:4.
  • 25
    Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S. Gravidez na adolescência e fatores associados com baixo peso ao nascer. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(5):224-31.Portuguese.
  • 26
    Muganyizi PS, Kidanto HL. Impact of change in maternal age composition on the incidence of Caesarean section and low birth weight: analysis of delivery records at a tertiary hospital in Tanzania,1999-2005. BMC Pregnancy Childbirth. 2009;9:30.
  • 27
    Santos GH, Martins M da G, Sousa M da S, Batalha S de J. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(7):326-34. Portuguese.
  • 28
    Khashan AS, Baker PN, Kenny LC. Preterm birth and reduced birthweight in first and second teenage pregnancies: a register-based cohort study. BMC Pregnancy Childbirth. 2010;10:36.
  • 29
    Mukhopadhyay P, Chaudhuri RN, Paul B. Hospital-based perinatal outcomes and complications in teenage pregnancy in India. J Health Popul Nutr. 2010;28(5):494-500.
  • 30
    Oliveira EF, Gama SG, Silva CM. Gravidez na adolescência e outros fatores de risco para mortalidade fetal e infantil no município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude Publica. 2010;26(3):567-78. Portuguese.
  • 31
    Correia DS, Cavalcante JC, Egito ES, Maia EM. Prática do abortamento entre adolescentes: um estudo em dez escolas de Maceió (AL, Brasil). Cien Saude Colet. 2011;16(5):2469-76. Portuguese.
  • 32
    Lopoo LM. Labor and delivery complications among teenage mothers. Biodemography Soc Biol. 2011;57(2):200-20.
  • 33
    Martins M da G, dos Santos GH, Sousa M da S, da Costa JE, Simões VM. Associação de gravidez na adolescência e prematuridade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(11):354-60. Portuguese.
  • 34
    Santos MM, Baião MR, Barros DC, Pinto AA, Pedrosa PM, Saunders C. Estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso materno, condições da assistência pré-natal e desfechos perinatais adversos entre puérperas adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):143-54.
  • 35
    Moreira TM, Viana D de S, Queiroz MV, Jorge MS. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(2):312-20. Review. Portuguese.
  • 36
    Cerqueira-Santos E, Paludo SS, dei Schiro ED, Koller SH. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicol Estud. 2010; 15(1):72-85.
  • 37
    Bouzas I, Miranda AT. Gravidez na adolescência. Adolesc Saude. 2004;1(1):27-30.
  • 38
    Amorim MM, Lima L de A, Lopes CV, Araújo DK, Silva JG, César LC, et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(8):404-10. Portuguese.
  • 39
    Rodrigues RM. Gravidez na adolescência. Nascer e Crescer. 2010;19(3):S201.
  • 40
    Lima LS, Tocci HA. Gravidez na adolescência: intercorrências e prematuridade. Rev Enferm UNISA. 2001;2:62-6.
  • 41
    Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Estatística Vitais [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2011.[citado 2014 Jul 31]. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
    » http://www.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
  • 42
    Del Ciampo LA, Junqueira MJ, Ricco RG, Daneluzzi JC, Ferraz IS, Martinelli Júnior CE. Tendência secular da gravidez na adolescência. Pediatr (São Paulo). 2004;26(1):21-6.
  • 43
    Fiorelli LR, Krebs VL. Características clínicas e morbidade de recém-nascidos filhos de mães adolescentes em hospital universitário. Rev Med (São Paulo). 2006; 85(2):44-9.
  • 44
    Costa EL, Sena MC, Dias A. Gravidez na adolescência: determinante para prematuridade e baixo peso. Com Ciencias Saude. 2011;22(Suppl 1):S183-8.
  • 45
    Lansky S, França E, Leal MC. Mortalidade perinatal e evitabilidade: revisão da literatura. Rev Saude Publica. 2002;36(6):759-72. Review. Portuguese.
  • 46
    Victora CG. Intervenções para reduzir a mortalidade infantil pré-escolar e materna no Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2001;4(1):3-69.
  • 47
    Abreu CW. Aspectos obstétricos, sócio-demográficos e psicossociais de puérperas adolescentes assistidas pelo sistema de saúde do município de Muriaé - Zona da Mata Mineira, Brasil; [tese]. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá; 2010.
  • 48
    Costa TJ. Gravidez na adolescência: um estudo de caso sobre a maternidade na faixa etária de 10 a 14 anos em Juiz de Fora, MG. [tese]. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social; 2002.
  • 49
    Quiala MB, Ojeda SO, Durruti RD, Infante MM. Respuesta del estado psicológico en adolescentes con interrupción del embarazo. Rev Cuba Enferm. 1999;15(3):179-83.
  • 50
    Vieira LM, Goldberg TB, Saes S de O, Dória AA. Abortamento na adolescência: um estudo epidemiológico. Cien Saude Colet. 2007;12(5):1201-8. Portuguese.
  • 51
    Granja AC, Machungo F, Gomes A, Bergström S. Adolescent maternal mortality in Mozambique. J Adolesc Health. 2001;28(4):303-6.
  • 52
    Yazlle ME, Franco RC, Michelazzo D. Gravidez na adolescência: uma proposta para prevenção. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009;31(10):477-9. Portuguese.
  • 53
    Gurgel MG, Alves MD, Vieira NF, Pinheiro PN, Barroso GT. Gravidez na adolescência: tendência na produção científica de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008;12(4):799-805.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2015
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    2 Abr 2014
  • Aceito
    8 Ago 2014
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein Avenida Albert Einstein, 627/701 , 05651-901 São Paulo - SP, Tel.: (55 11) 2151 0904 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@einstein.br