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Religião e saúde: na maioria das vezes, uma excelente combinação

Caro Editor,

A carta ao editor de Pasternak(11. Pasternak J. Religion and health: not always good. einstein (São Paulo). 2020;18: eCE6133.) levantou questões polêmicas sobre a relação entre religião e saúde. Nossa intenção é trazer alguns elementos para um posicionamento conciliatório. Na maioria dos estudos no assunto, bem-estar religioso e espiritualidade são diretamente e positivamente associados com melhores parâmetros de saúde física e mental, qualidade de vida e longevidade.(22. Saad M, Medeiros R. Implications for public health of the religiosity-longevity relation. Rev Assoc Med Bras (1992). 2017;63(10):837-41.) O benefício da religiosidade para saúde em geral pode ser comparável aos benefícios alcançados a partir do consumo de frutas e vegetais.(33. Lucchetti G, Lucchetti AL, Koenig HG. Impact of spirituality/religiosity on mortality: comparison with other health interventions. Explore (NY). 2011;7(4):234-8.)

Contudo, a religiosidade não é prejudicial à saúde. Apesar disso, algumas interpretações religiosas podem, sim, ser nocivas, em particular quando partes das escrituras são posicionadas fora de contexto. Alguns líderes de seitas e fanáticos religiosos podem, em alguns momentos, colocar o paciente entre a medicina e a ética religiosa. Um sistema de crenças disfuncional pode incentivar o paciente a utilizar o poder da fé como substituto ao cuidado clínico. Um enfrentamento religioso negativo causa angústia espiritual e comportamento defensivo, o que afeta as decisões de tratamento e bem-estar. As visões particulares sobre santidade da vida podem levar à distanásia, isto é, a persistência em tratamento fúteis em condições terminais.

Por outro lado, uma estrutura de crenças sólida traz significado, objetivo e conectividade. O resultado é um enfrentamento religioso positivo para lidar com as doenças por meio do fortalecimento, do conforto, do bem-estar, da segurança e do idealismo. Com isso, apesar do desafio constante devido às questões levantadas por convicções de fé, nosso papel é o de disponibilizar aos pacientes a melhor informação e permitir que eles façam sua decisão baseada em seus valores.(44. Moschovis PP. “Lord, I need a healing”: the uneasy relationship between faith and medicine. Virtual Mentor. 2005 May 1;7(5):virtualmentor.2005.7.5.fred1-0505.)

REFERENCES

  • 1
    Pasternak J. Religion and health: not always good. einstein (São Paulo). 2020;18: eCE6133.
  • 2
    Saad M, Medeiros R. Implications for public health of the religiosity-longevity relation. Rev Assoc Med Bras (1992). 2017;63(10):837-41.
  • 3
    Lucchetti G, Lucchetti AL, Koenig HG. Impact of spirituality/religiosity on mortality: comparison with other health interventions. Explore (NY). 2011;7(4):234-8.
  • 4
    Moschovis PP. “Lord, I need a healing”: the uneasy relationship between faith and medicine. Virtual Mentor. 2005 May 1;7(5):virtualmentor.2005.7.5.fred1-0505.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    13 Dez 2020
  • Aceito
    18 Jan 2021
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