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Pandemia de gripe aviária

CARTA AO EDITOR

Pandemia de gripe aviária

Danilo Cortozi BertonI; Paulo Jose Zimermann TeixeiraII

IPós Graduando em Ciências Pneumológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Porto Alegre (RS) Brasil

IIProfessor do Centro Universitário Feevale e do Programa de Pós Graduação em Ciências Pneumológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Porto Alegre (RS) Brasil

A imprensa leiga e os "sites" da Organização Mundial da Saúde e do Centro de Controle de Doenças do Estados Unidos (CDC) divulgam o temor de uma nova pandemia de gripe. Por isso ficamos extremamente satisfeitos em ler o artigo publicado por Ibiapina e cols.(1) que nos traz informações importantes de como reconhecer esta temida doença.

A partir de maio de 2005 surtos da doença também foram registrados em aves da Rússia, Casaquistão, Turquia e Romênia. De agosto a outubro de 2004 casos humanos esporádicos foram relatados no Vietnã e Camboja. Desde dezembro de 2004 um reinício da epidemia foi relatada, sendo um total de 122 casos (62 mortes) humanos confirmados de influenza aviária A (H5N1) apresentados na página da Organização Mundial de Saúde na data de 1/11/2005, ocorridos no Vietnã, Tailândia, Indonésia e Camboja em ordem decrescente de casos.(2)

O grande alerta reside no fato de que a infecção por H5N1 entre aves provavelmente se torne endêmica na Ásia, fazendo com que a infecção em humanos por contato direto continue a ocorrer. Embora não tenha sido demonstrado de forma sustentada a transmissão entre humanos, existe a possibilidade de rearranjo genético entre os vírus influenza que normalmente acomete humanos e aqueles que ocorrem nas aves, tornando a transmissão inter-humanos possível, podendo resultar em uma pandemia de gripe. Considerando a baixa imunidade natural na população humana a este subtipo H5N1 e a alta resistência dos vírus isolados recentemente no Vietnã e Tailândia à amantadina e rimantadina, duas importantes medicações antivirais usadas no tratamento da gripe, uma possível pandemia por este subtipo da influenza resultaria em altas taxas de mortalidade.(3) Esforços para produção de uma vacina contra este subtipo está em andamento, entretanto ainda levará meses para estar amplamente disponível.(3-4) A gravidade da doença e o número de mortes não podem ser estimadas antes do início da possível pandemia. Nas pandemias passadas, 25 a 35% da população mundial foi atingida. Assim, poderíamos chegar a uma estimativa de que 2 milhões a 7,4 milhões de pessoas possam morrer. Considerando a capacidade de produção atual de antivirais, que quadruplicou recentemente, levaria uma década para produzir oseltamivir suficiente para tratar 20% da população mundial.(2)

Apesar da vantagem de um alerta antecipado e do conhecimento do provável causador de uma possível pandemia com graves conseqüências para a saúde pública estar ocorrendo nos últimos dois anos, permanecem ainda despreparados para enfrentarmos tal evento.(2-3)

REFERÊNCIAS

1. Ibiapina CC, Costa GA, Faria AC. Influenza A aviária (H5N1) - a gripe do frango. J Bras Pneumol. 2005; 31(5):436-44.

2. World Health Organization. Avian influenza [text on the internet]. Genebra: WHO; 2005 [cited 2005 Nov 1]. Available from: http://www.who.int/br/disease/avian_influenza/en

3. Centers for Disease Control and Prevention. Avian influenza (Bird flu) [text on the internet]. Atlanta:CDC; 2005 [cited 2005 Nov 1]. Available from: http://www.cdc.gov/flu/avian.

4. Beigel JH, Farrar J, Han AM, Hayden FG, Hyer R, de Jong MG, et al. Writing Committee of the World Health Organization (WHO) Consultation on Human Influenza A/H5. Avian Influenza A (H5N1) Infection in Humans. Current Concepts. N Engl J Med 2005;353(13):1374-85. Review

* Centro Universitário Feevale; Programa de Pós Graduação em Ciências Pneumológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa Porto Alegre, Porto Alegre (RS) Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Mar 2006
  • Data do Fascículo
    Dez 2005
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