Acessibilidade / Reportar erro

Tríade síndrome da apneia obstrutiva do sono, DPOC e obesidade: sensibilidade de escalas de sono e de questionários respiratórios

RESUMO

Objetivo:

Avaliar se a presença de síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) modifica a percepção de queixas respiratórias e de qualidade de vida em pacientes com DPOC por meio de questionários específicos, além de verificar se escalas de sonolência diurna e de rastreamento para SAOS podem ser empregadas na tríade SAOS, DPOC e obesidade.

Métodos:

Foram incluídos no estudo 66 portadores diagnosticados com DPOC leve/moderada ou grave e com índice de massa corpórea > 27 kg/m2. Após a polissonografia, foram aplicados escala de sonolência de Epworth (ESE), Questionário de Berlim (QB), escala modificada do Medical Research Council (mMRC), Baseline Dyspnea Index (BDI) e Saint George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ).

Resultados:

Foram analisados os grupos DPOC e SAOS (n = 46) vs. DPOC sem SAOS (n = 20). Do primeiro grupo, foram formados os subgrupos DPOC+SAOS leve/moderada (n = 32) e DPOC+SAOS grave (n = 14), que foram comparados com o grupo DPOC sem SAOS. Houve diferença significativa nas médias de VEF1 (l) entre os grupos DPOC com e sem SAOS (p = 0,073). A presença da tríade não aumentou significativamente o escore de ESE, tendo o escore > 10 especificidade de 0,58. O QB não identificou alto risco para SAOS na presença da tríade (especificidade de 0,31). Não houve diferenças significativas nos domínios e no escore total do SGRQ entre os grupos DPOC com e sem SAOS.

Conclusões:

Os fatores de confusão presentes na tríade SAOS, DPOC e obesidade impediram a percepção de maior sonolência diurna e de risco elevado de SAOS. Não foi identificada piora na percepção de dispneia e na qualidade de vida.

Descritores:
Apneia obstrutiva do sono; Doença pulmonar obstrutiva crônica; Obesidade; Inquéritos e questionários

ABSTRACT

Objective:

To investigate whether the presence of obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) alters the perception of respiratory symptoms and quality of life in COPD patients, by using specific questionnaires, as well as to determine whether scales for assessing daytime sleepiness and for screening for OSAS can be used in the triad of OSAS, COPD, and obesity.

Methods:

We included 66 patients diagnosed with mild-to-moderate or severe COPD and presenting with a body mass index > 27 kg/m2. After polysomnography, patients completed the Epworth sleepiness scale (ESS), the Berlin questionnaire (BQ), the modified Medical Research Council (mMRC) scale, the Baseline Dyspnea Index (BDI), and the Saint George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ).

Results:

Patients were first divided into two groups: COPD + OSAS (n = 46); and COPD-only (n = 20). The COPD + OSAS group was subdivided into a COPD + mild-to-moderate OSAS group (n = 32) and a COPD + severe OSAS group (n = 14), all of which were compared with the COPD-only group. There was a significant difference in mean FEV1 (L) between the COPD + OSAS groups and the COPD-only group (p = 0.073). The presence of the triad did not lead to significantly higher ESS scores, and scores > 10 had a specificity of 0.58. The BQ did not identify high risk for OSAS in the presence of the triad (specificity of 0.31). There were no significant differences in domain or total scores of the SGRQ between the COPD + OSAS groups and the COPD-only group.

Conclusions:

The confounding factors present in the triad of OSAS, COPD, and obesity prevented the perception of increased daytime sleepiness and high risk for OSAS. We observed no worsening of dyspnea perception or quality of life.

Keywords:
Sleep apnea, obstructive; Pulmonary disease, chronic obstructive; Obesity; Surveys and questionnaires

INTRODUÇÃO

A apneia obstrutiva do sono (AOS) se caracteriza por obstrução parcial ou completa intermitente das vias aéreas durante o sono, sendo denominada síndrome de AOS (SAOS) quando associada a sintomas diurnos/noturnos e/ou comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica ou diabetes mellitus.11 McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42. A prevalência chega a 32%22 Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LR. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Med. 2010;11(5):441-6. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10....
na população geral, varia entre 1% e 20% quando se associa a DPOC (overlap syndrome)11 McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42.,33 Chaouat A, Weitzenblum E, Kessler R, Charpentier C, Enhart M, Schott R. A randomized trial of nocturnal oxygen therapy in chronic obstructive pulmonary disease patients. Eur Respir J. 1999;14(5):1002-8. https://doi.org/10.1183/09031936.99.14510029
https://doi.org/10.1183/09031936.99.1451...
e é descrita como acima de 60% em populações com DPOC e obesidade (tríade DPOC, SAOS e obesidade).44 Povitz M, James MT, Pendharkar SR, Raneri J, Hanly PJ, Tsai WH. Prevalence of Sleep-disordered Breathing in Obese Patients with Chronic Hypoxemia. A Cross-Sectional Study. Ann Am Thorac Soc. 2015:12(6):921-7. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201412-551OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201412...
,55 Soler X, Gaio E, Powell LF, Ramsdell JW, Loredo JS, Malhotra A, et al. High Prevalence of Obstructive Sleep Apnea in Patients with Moderate to Severe Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(8):1219-25. O sintoma diurno mais importante da SAOS é a sonolência,11 McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42. que pode ser investigada pela escala de sonolência de Epworth (ESE).66 Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Pedro VD, Menna Barreto SS, Johns MW. Portuguese-language version of the Epworth sleepiness scale: validation for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2009;35(9):877-83. https://doi.org/10.1590/S1806-37132009000900009
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200900...
A chance de se ter SAOS pode ser verificada pelo Questionário de Berlim,77 Netzer NC, Stoohs RA, Netzer CM, Clark K, Strohl KP. Using the Berlin questionnaire to identify patients at risk for the sleep apnea syndrome. Ann Intern Med. 1999;131(7):485-91. https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-199910050-00002
https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-...
que tem sido utilizado como um instrumento de rastreamento; porém, o diagnóstico padrão ouro é a polissonografia (PSG) de noite inteira.11 McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42.,22 Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LR. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Med. 2010;11(5):441-6. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005
https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10....

A DPOC é caracterizada por limitação de fluxo das vias aéreas inferiores que não consegue ser completamente revertida,11 McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42. com uma prevalência entre 8% e 10% na população acima de 40 anos em países desenvolvidos, mas podendo chegar a 15%.88 Bednarek M, Plywaczewsk R, Jonczak L, Zielinsk J. There is no relationship between chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnea syndrome: a population study. Respiration. 2005;72(2):142-9. https://doi.org/10.1159/000084044
https://doi.org/10.1159/000084044...
,99 Menezes AM, Perez-Padilla R, Jardim JR, Muiño A, Lopez MV, Valdivia G, et al. Chronic obstructive pulmonary disease in five Latin American cities (the PLATINO study): a prevalence study. Lancet. 2005;366(9500):1875-81. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67632-5
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67...
O comprometimento progressivo da função pulmonar pode aumentar proporcionalmente a queixa de dispneia aos esforços, que modifica e limita as atividades de vida diária (AVD) e leva a incapacidade funcional, o que tem sido investigado pelas escalas modified Medical Research Council (mMRC, escala modificada do Medical Research Council)1010 Kovelis D, Segretti NO, Probst VS, Lareau SC, Brunetto AF, Pitta F. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in Brazilian patients with chronic obstructive pulmonary disease. J Bras Pneumol. 2008;34(12):1008-18. https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001200005
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200800...
e Baseline Dyspnea Index (BDI, Índice de Dispneia Basal).1111 Mahler DA, Weinberg DH, Wells CK, Feinstein AR. The measurement of dyspnea. Contents, interobserver agreement, and physiologic correlates of two new clinical indexes. Chest. 1984;85(6):751-8. https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751
https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751...
A qualidade de vida desses pacientes é verificada pelo Saint George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ, Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória),1212 Camelier A, Rosa FW, Salmi C, Nascimento OA, Cardoso F, Jardim JR. Using the Saint George's Respiratory Questionnaire to evaluate quality of life in patients with chronic obstructive pulmonary disease: validating a new version for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2006;32(2):114-22. https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000200006
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200600...
com piora (aumento da pontuação) nas dimensões avaliadas.1313 Agusti A, Calverley PM, Celli B, Coxson HO, Edwards LD, Lomas DA, et al. Characterisation of COPD heterogeneity in the ECLIPSE cohort. Respir Res. 2010;11:122. https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122
https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122...
,1414 Miravitlles M, Soriano JB, García-Rio F, Mu-oz L, Duran-Tauleria E, Sanchez G, et al. Prevalence of COPD in Spain: impact of undiagnosed COPD on quality of life and daily life activities. Thorax. 2009;64(10):863-8. https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725
https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725...

A associação de doenças pode limitar o uso de escalas de sono e de questionários respiratórios. A DPOC e a obesidade podem ser contribuintes para presença de dispneia, sensação de fadiga ou cansaço nessas populações.1515 Koutsourelakis I, Perraki E, Bonakis A, Vagiakis E, Roussos C, Zakynthinos S. Determinants of subjective sleepiness in suspected obstructive sleep apnoea. J Sleep Res. 2008;17(4):437-43. https://doi.org/10.1111/j.1365-2869.2008.00663.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2869.2008...
Funcionam como fatores de confusão que poderiam influenciar a acurácia dessas escalas e questionários.

Nesse contexto, é necessário esclarecer melhor o uso de questionários respiratórios (qualidade de vida e dispneia) e escalas de sono (sonolência e risco de SAOS) na tríade DPOC, SAOS e obesidade. A associação de DPOC, obesidade e SAOS dificulta o uso do Questionário de Berlim como rastreamento para SAOS, além de fazer com que a ESE perca sua especificidade. A verificação da capacidade funcional por meio das escalas mMRC e BDI, além da qualidade de vida pelo SGRQ, estará prejudicada pela presença da SAOS e da obesidade em associação com a DPOC.

O objetivo do presente estudo foi avaliar se a presença de SAOS modifica a percepção de queixas respiratórias e de qualidade de vida em pacientes com DPOC por meio de questionários específicos, além de verificar se escalas de sonolência diurna e de rastreamento para SAOS podem ser empregadas na tríade SAOS, DPOC e obesidade.

MÉTODOS

O estudo recebeu aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), localizada na cidade de Presidente Prudente (SP), assim como do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista, localizada na cidade de Botucatu (SP), com registro na Plataforma Brasil no. 0905.1212.7.0000.551. Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

Foram incluídos 66 portadores de DPOC, de ambos os gêneros, com índice de massa corpórea (IMC) > 27 kg/m2, atendidos nos ambulatórios de pneumologia do Hospital Regional de Presidente Prudente e das Faculdades de Fisioterapia e Medicina da Unoeste, assim como no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. A determinação da gravidade de DPOC (moderada ou grave) foi classificada por espirometria, de acordo com os critérios da Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) de 2016,1616 Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease - GOLD [homepage on the Internet]. Bethesda: Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease [cited 2016 Jun 24]. Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD 2016. Available from: http://goldcopd.org/global-strategy-diagnosis-management-prevention-copd-2016/
http://goldcopd.org/global-strategy-diag...
considerando 50% ≤ FEV1 < 80% como DPOC moderada (GOLD II) e 30% ≤ FEV1 < 50% como DPOC grave (GOLD III).

Foram aplicados os questionários ESE e de Berlim, que avaliam a sonolência e o risco para a presença da SAOS, respectivamente. A ESE interroga a chance de cochilar em oito situações de AVD, sendo que um escore > 10 pontos identifica sonolência diurna.66 Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Pedro VD, Menna Barreto SS, Johns MW. Portuguese-language version of the Epworth sleepiness scale: validation for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2009;35(9):877-83. https://doi.org/10.1590/S1806-37132009000900009
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200900...
O Questionário de Berlim é composto por categorias de perguntas que investigam ronco, cansaço/fadiga e presença de hipertensão arterial sistêmica ou obesidade. Um alto risco para SAOS é aferido quando duas ou mais categorias são positivas.77 Netzer NC, Stoohs RA, Netzer CM, Clark K, Strohl KP. Using the Berlin questionnaire to identify patients at risk for the sleep apnea syndrome. Ann Intern Med. 1999;131(7):485-91. https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-199910050-00002
https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-...
Além desses, os pacientes responderam a escala mMRC1010 Kovelis D, Segretti NO, Probst VS, Lareau SC, Brunetto AF, Pitta F. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in Brazilian patients with chronic obstructive pulmonary disease. J Bras Pneumol. 2008;34(12):1008-18. https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001200005
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200800...
e o BDI1111 Mahler DA, Weinberg DH, Wells CK, Feinstein AR. The measurement of dyspnea. Contents, interobserver agreement, and physiologic correlates of two new clinical indexes. Chest. 1984;85(6):751-8. https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751
https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751...
para verificar a sensação de dispneia, assim como o SGRQ1212 Camelier A, Rosa FW, Salmi C, Nascimento OA, Cardoso F, Jardim JR. Using the Saint George's Respiratory Questionnaire to evaluate quality of life in patients with chronic obstructive pulmonary disease: validating a new version for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2006;32(2):114-22. https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000200006
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200600...
para mensurar a qualidade de vida.

O primeiro componente do BDI avalia a intensidade da tarefa responsável a desencadear dispneia. O segundo e o terceiro avaliam a intensidade de esforço que induz a dispneia e o prejuízo funcional que a dispneia causa ao paciente, respectivamente. O escore total pode ser obtido somando-se os escores dos três domínios (de 0 a 12). Quanto menor a pontuação, maior será a gravidade da dispneia.1111 Mahler DA, Weinberg DH, Wells CK, Feinstein AR. The measurement of dyspnea. Contents, interobserver agreement, and physiologic correlates of two new clinical indexes. Chest. 1984;85(6):751-8. https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751
https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751...
A escala mMRC avalia o grau de dispneia (de 1 a 4) em quatro situações cotidianas. Quanto maior for a pontuação, maior é a gravidade da dispneia.1010 Kovelis D, Segretti NO, Probst VS, Lareau SC, Brunetto AF, Pitta F. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in Brazilian patients with chronic obstructive pulmonary disease. J Bras Pneumol. 2008;34(12):1008-18. https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001200005
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200800...
O SGRQ é composto por três domínios: sintomas (problemas causados por sintomas respiratórios), atividades (restrições da atividade causadas por dispneia) e impacto psicossocial (impacto sobre o cotidiano causado pela doença). A pontuação varia de 0 (sem redução da qualidade de vida) a 100 (máxima redução da qualidade de vida).1212 Camelier A, Rosa FW, Salmi C, Nascimento OA, Cardoso F, Jardim JR. Using the Saint George's Respiratory Questionnaire to evaluate quality of life in patients with chronic obstructive pulmonary disease: validating a new version for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2006;32(2):114-22. https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000200006
https://doi.org/10.1590/S1806-3713200600...

Todos os pacientes realizaram PSG de noite inteira para confirmar o diagnóstico da SAOS. Baseado nos resultados da PSG, formaram-se os grupos de DPOC com SAOS (overlap) e DPOC sem SAOS, como também foram separados os pacientes com overlap pela gravidade da SAOS: DPOC com SAOS leve e moderada - índice de apneia-hipopneia (IAH) entre 5 e 30 eventos/h - e DPOC com SAOS grave - IAH > 30 eventos/h.1717 American Academy of Sleep Medicine. The International Classification of Sleep Disorders. Diagnostic and Coding Manual. Westchester (IL): American Academy of Sleep Medicine; 2005.

Método estatístico

Foi realizada uma análise estatística descritiva dos dados usando frequência e proporções para as variáveis qualitativas e média e desvio-padrão ou mediana e intervalo interquartil para as variáveis quantitativas.

Para verificar a associação entre a variável desfecho e as variáveis explanatórias de interesse foram utilizados o teste do qui-quadrado ou o teste exato de Fisher, quando necessário.

Um teste de normalidade nas variáveis quantitativas foi empregado e, para as variáveis que apresentaram distribuição simétrica, foi realizada ANOVA com teste post hoc de Tukey para comparações múltiplas para os dados avaliados entre os grupos de portadores de DPOC com SAOS, DPOC com SAOS leve/moderada, DPOC com SAOS grave e DPOC sem SAOS. Já para as variáveis que apresentaram uma distribuição assimétrica, foi utilizado um modelo linear generalizado ajustado com distribuição gama.

Considerou-se p < 0,05 como nível de significância. O programa utilizado foi o Statistical Analysis System, versão 9.3 (SAS Institute Inc., Cary, NC, EUA).

RESULTADOS

Foram incluídos 66 portadores de DPOC, dos quais 46 (69,70%) receberam o diagnóstico de overlap (DPOC com SAOS) por PSG. Os portadores de overlap foram divididos por gravidade da SAOS, constituindo os grupos de DPOC com SAOS leve/moderada (n = 42; 48,48%) e DPOC com SAOS grave (n = 14; 21,21%). Os grupos formados foram homogêneos em relação a idade e IMC (Tabela 1).

Tabela 1
Descrição e comparação das características da amostra estudada com DPOC, com e sem síndrome de apneia obstrutiva do sono.a

Todos os indivíduos selecionados apresentaram distúrbio ventilatório obstrutivo na espirometria. Os valores médios com os respectivos desvios de CVF, VEF1 e relação VEF1/CVF podem ser observados na Tabela 2. Apesar de a média da CVF (em l) ser menor entre os portadores de DPOC sem SAOS, a CVF (em % do predito) apresentou semelhança estatística. As médias de VEF1 (em l e em % do predito) foram semelhantes entre os grupos (Tabela 2).

Tabela 2
Descrição e comparação dos parâmetros espirométricos nos grupos de DPOC com ou sem síndrome de apneia obstrutiva do sono.a

O diagnóstico de overlap não aumentou a pontuação de ESE de forma estatisticamente significativa (11,77 ± 4,89 vs. 9,68 ± 5,58), e o escore > 10 apresentou acurácia de 0,57 com sensibilidade e especificidade de 0,61 e 0,58, respectivamente. O Questionário de Berlim não identificou os pacientes diagnosticados com overlap, embora tenha apresentado sensibilidade de 0,83 para o reconhecimento de SAOS e de 100% para o de SAOS grave, com especificidade e a acurácia muito baixas, 0,31 e 0,63, respectivamente (Tabelas 3 e 4). Esses dados sugerem acurácia nula ou pequena para a identificação de overlap pelos questionários ESE e de Berlim.

Tabela 3
Descrição e comparação de questionários de escala de sono entre portadores de DPOC com ou sem síndrome de apneia obstrutiva do sono.a

Tabela 4
Descrição da avaliação da acurácia, sensibilidade e especificidade no uso da escala de sonolência de Epworth e do questionário de Berlim para os grupos DPOC com ou sem síndrome de apneia obstrutiva do sono (n = 66).

A dispneia que limita as AVD foi verificada pela escala mMRC, e os valores obtidos foram semelhantes entre os portadores de DPOC sem e com SAOS, independentemente da gravidade. A distribuição nas categorias do BDI também não apontou diferenças expressivas entre os grupos.

Todas as dimensões avaliadas pelo SGRQ apresentaram valores aumentados nos diferentes grupos avaliados. Entretanto, a presença ou a maior gravidade de SAOS não alterou o escore de qualidade de vida verificada pelo questionário (Tabela 5).

Tabela 5
Descrição e comparação das dimensões e do escore total avaliados pelo Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória.a

DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a presença de SAOS em pacientes com DPOC, assim como se o diagnóstico de overlap pioraria a percepção de dispneia, qualidade de vida e sonolência diurna, tornando um questionário de investigação uma possível ferramenta na identificação de overlap. No presente grupo de pacientes estudados, a ESE foi incapaz de identificar um nível maior de sonolência, e o Questionário de Berlim não identificou um maior risco de SAOS, considerando-se a tríade formada por DPOC, obesidade e SAOS. A associação de SAOS e de obesidade nos portadores de DPOC não aumentou a gravidade de dispneia quando avaliada pela escala mMRC, nem uma maior incapacidade funcional foi percebida pelo BDI. Nas dimensões avaliadas pelo SGRQ, a pontuação foi semelhante entre os pacientes com e sem SAOS.

O presente estudo verificou escores de ESE semelhantes nos pacientes com e sem SAOS, com pouca chance de identificar maior sonolência diurna. Há dados controversos na literatura. Em estudo de Marin et al.,1818 Marin JM, Soriano JB, Carrizo SJ, Boldova A, Celli B. Outcomes in patients with chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnea: the overlap syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2010;182(3):325-31. https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869OC
https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869...
ESE apresentou um escore médio de 12 ± 4 e de 6 ± 3 na presença de overlap e nos portadores de DPOC sem SAOS, respectivamente. A média de IAH (34 eventos/h), maior no estudo de Marin et al.1818 Marin JM, Soriano JB, Carrizo SJ, Boldova A, Celli B. Outcomes in patients with chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnea: the overlap syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2010;182(3):325-31. https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869OC
https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869...
que em nosso estudo, pode ter influenciado o nível de sonolência verificado. No nosso estudo, o grupo de pacientes com SAOS grave e DPOC também apresentou pontuação mais alta, mas não atingiu diferença significativa, talvez pelo número pequeno de pacientes (n = 14) nesse grupo. No estudo de Venkateswaran & Tee,1919 Venkateswaran S, Tee A. Overlap syndrome between chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea in a Southeast Asian teaching hospital. Singapore Med J. 2014;55(9):488-92. https://doi.org/10.11622/smedj.2014117
https://doi.org/10.11622/smedj.2014117...
o escore de ESE foi comparado em pacientes diagnosticados com SAOS, overlap e DPOC (11,39 vs. 13,89 vs. 4,84), mostrando um maior escore no grupo com overlap. Esse achado não foi repetido no estudo de Shiina et al.,2020 Shiina K, Tomiyama H, Takata Y, Yoshida M, Kato K, Nishihata Y, et al. Overlap syndrome: additive effects of COPD on the cardiovascular damages in patients with OSA. Respir Med. 2012;106(9):1335-41. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2012.05.006
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2012.05.0...
o qual incluiu 524 indivíduos com SAOS, encontrando 64 pacientes (12%) diagnosticados com overlap, com médias de escore de ESE de 9,0 (variação: 6,0-13,0) no grupo SAOS e de 7,0 (variação: 4,5-11,0) no grupo overlap (p < 0,05). A média de IMC dos pacientes no grupo overlap foi de 24,8 kg/m2, o que foi diferente do nosso estudo, e pode ter contribuído para a menor pontuação verificada. Steveling et al.2121 Steveling EH, Clarenbach CF, Miedinger D, Enz C, Dürr S, Maier S, et al. Predictors of the overlap syndrome and its association with comorbidities in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Respiration. 2014;88(6):451-7. https://doi.org/10.1159/000368615
https://doi.org/10.1159/000368615...
encontraram somente 20% dos pacientes com escore ESE > 10 na população diagnosticada com overlap, apesar de incluir somente pacientes obesos e com IAH >10 eventos/h. No estudo de Faria et al.,2222 Faria AC, da Costa CH, Rufino R. Sleep Apnea Clinical Score, Berlin Questionnaire, or Epworth Sleepiness Scale: which is the best obstructive sleep apnea predictor in patients with COPD? Int J Gen Med. 2015;8:275-81. 40% dos pacientes tinham essa característica, mas a média do IMC do grupo overlap foi considerado normal. Em nossa amostra, a sonolência diurna foi encontrada tanto nos pacientes com overlap, com 60% da nossa população apresentando ESE > 10, como também no grupo sem SAOS (em 40%). Acreditamos que, em nosso estudo, houve a inclusão de pacientes com DPOC mais grave, com sobreposição de limitação de atividades diurnas, misturando-se com a percepção subjetiva de sonolência.

A avaliação subjetiva da sonolência pela ESE como preditor de SAOS tem sido questionada na literatura. Ulasli et al.2323 Ulasli SS, Gunay E, Koyuncu T, Akar O, Halici B, Ulu S, et al. Predictive value of Berlin Questionnaire and Epworth Sleepiness Scale for obstructive sleep apnea in a sleep clinic population. Clin Respir J. 2014;8(3):292-6. https://doi.org/10.1111/crj.12070
https://doi.org/10.1111/crj.12070...
encontraram sensibilidade de 46% e especificidade de 60% nas populações com SAOS estudadas, menores ainda que em nosso estudo (62,8% e 57,8%, respectivamente), e questionaram a aplicabilidade de ESE como ferramenta de rastreamento. De forma similar, em nosso estudo, o Questionário de Berlim não se mostrou eficaz como instrumento de rastreamento para SAOS em portadores de DPOC. Apesar de haver identificado a presença de SAOS grave nos portadores de DPOC, o Questionário de Berlim foi incapaz de reconhecer os pacientes sem o diagnóstico de overlap, nem aqueles com SAOS leve/moderada. Acreditamos que as perguntas referentes a “fadiga” e “cansaço” (categoria 2) podem ser um fator de confusão para portadores de DPOC, que frequentemente apresentam essas queixas pela limitação da execução de AVD. Dados semelhantes foram observados por Mahamoud et al.,2424 Mahamoud HA, Sallama SS, Ahmad AM. Validation of the Epworth sleepiness scale, Berlin, STOPBANG questionnaires and American Society of Anesthesiologists checklist as screening tools for obstructive sleep apnea in patients with chronic obstructive pulmonary disease, asthma and cardiovascular disease. Eur Respir J. 2013;42:P2032. que identificaram um alto risco para SAOS associada à DPOC em 70% de sua amostra. Entretanto, no estudo de Faria et al.,2222 Faria AC, da Costa CH, Rufino R. Sleep Apnea Clinical Score, Berlin Questionnaire, or Epworth Sleepiness Scale: which is the best obstructive sleep apnea predictor in patients with COPD? Int J Gen Med. 2015;8:275-81. houve uma menor identificação de alto risco para SAOS (em 32,5% da amostra), o que pode ser explicado pela normalidade do IMC em todos os pacientes com overlap avaliados, o que influencia diretamente a categoria 3 do Questionário de Berlim.

A presença ou não de SAOS não influenciou a sensação de dispneia ou o estado de saúde dos portadores de DPOC, verificados pela escala mMRC. A escala mMRC está muito ligada a limitação que a dispneia impõe durante as AVD, e esse não é um sintoma típico dos pacientes com SAOS.

O impacto da dispneia verificado pelo BDI apresentou um comportamento semelhante ao da escala mMRC. O diagnóstico de overlap não aumentou a sensação de dispneia. Mais uma vez, ficou claro que a dispneia não é um sintoma comumente referido por indivíduos com SAOS.

Nas três dimensões avaliadas (sintomas, atividade e impacto), assim como na pontuação total, a qualidade de vida mensurada pelo SGRQ foi semelhante, independentemente da presença ou da gravidade da SAOS nos portadores de DPOC. Escores > 25 foram encontrados, o que é comum entre portadores de DPOC,1313 Agusti A, Calverley PM, Celli B, Coxson HO, Edwards LD, Lomas DA, et al. Characterisation of COPD heterogeneity in the ECLIPSE cohort. Respir Res. 2010;11:122. https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122
https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122...
,1414 Miravitlles M, Soriano JB, García-Rio F, Mu-oz L, Duran-Tauleria E, Sanchez G, et al. Prevalence of COPD in Spain: impact of undiagnosed COPD on quality of life and daily life activities. Thorax. 2009;64(10):863-8. https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725
https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725...
e estiveram presentes também naqueles com overlap. Com isso, o SGRQ não conseguiu ser sensível para a avaliação da presença de SAOS e de obesidade associada à DPOC.

Mermigkis et al.2525 Mermigkis C, Kopanakis A, Foldvary-Schaefer N, Golish J, Polychronopoulos V, Schiza S, et al. Health-related quality of life in patients with obstructive sleep apnoea and chronic obstructive pulmonary disease (overlap syndrome). Int J Clin Pract. 2007;61(2):207-11. https://doi.org/10.1111/j.1742-1241.2006.01213.x
https://doi.org/10.1111/j.1742-1241.2006...
) observaram piora na qualidade de vida pelo SGRQ em pacientes com overlap quando comparados com portadores de DPOC. Porém, os pacientes incluídos apresentaram médias menores do VEF1 (% do predito) entre os grupos DPOC e overlap (48,2% vs. 49,1%), o que pode ter contribuído para a piora na percepção da qualidade de vida.

O presente estudo tem diversas limitações. A população estudada tem um número amostral pequeno, podendo ter limitações nas análises estatísticas. Também acreditamos que, por ter sido feito um convite aberto para a participação no estudo e a falta de randomização dos pacientes do ambulatório, pacientes com sintomas mais frequentes e maior preocupação de ter SAOS podem ter aceito o convite, o que explicaria a prevalência elevada de overlap na nossa amostra. Contudo, a captação de dados foi realizada de forma cegada aos resultados da PSG, mantendo a imparcialidade dos pesquisadores no estudo.

Em conclusão, os questionários da ESS e de Berlim como instrumentos de rastreamento não foram capazes de identificar a presença de SAOS em pacientes com a tríade DPOC, obesidade e SAOS em nossa amostra. O uso da escala mMRC e do BDI não indicou uma pior percepção de dispneia nas AVD e não conseguiu identificar piora na qualidade de vida pelo SGRQ. Os atuais instrumentos de avaliação clínica de sonolência diurna, risco de SAOS, repercussão da dispneia sobre AVD e da qualidade de vida não permitem reconhecer a presença de SAOS em pacientes com DPOC, e seu diagnóstico depende da realização de PSG.

REFERENCES

  • 1
    McNicholas WT. Chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea-the overlap syndrome. J Thoracic Dis. 2016;8(2):236-42.
  • 2
    Tufik S, Santos-Silva R, Taddei JA, Bittencourt LR. Obstructive sleep apnea syndrome in the Sao Paulo Epidemiologic Sleep Study. Sleep Med. 2010;11(5):441-6. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005
    » https://doi.org/10.1016/j.sleep.2009.10.005
  • 3
    Chaouat A, Weitzenblum E, Kessler R, Charpentier C, Enhart M, Schott R. A randomized trial of nocturnal oxygen therapy in chronic obstructive pulmonary disease patients. Eur Respir J. 1999;14(5):1002-8. https://doi.org/10.1183/09031936.99.14510029
    » https://doi.org/10.1183/09031936.99.14510029
  • 4
    Povitz M, James MT, Pendharkar SR, Raneri J, Hanly PJ, Tsai WH. Prevalence of Sleep-disordered Breathing in Obese Patients with Chronic Hypoxemia. A Cross-Sectional Study. Ann Am Thorac Soc. 2015:12(6):921-7. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201412-551OC
    » https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201412-551OC
  • 5
    Soler X, Gaio E, Powell LF, Ramsdell JW, Loredo JS, Malhotra A, et al. High Prevalence of Obstructive Sleep Apnea in Patients with Moderate to Severe Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(8):1219-25.
  • 6
    Bertolazi AN, Fagondes SC, Hoff LS, Pedro VD, Menna Barreto SS, Johns MW. Portuguese-language version of the Epworth sleepiness scale: validation for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2009;35(9):877-83. https://doi.org/10.1590/S1806-37132009000900009
    » https://doi.org/10.1590/S1806-37132009000900009
  • 7
    Netzer NC, Stoohs RA, Netzer CM, Clark K, Strohl KP. Using the Berlin questionnaire to identify patients at risk for the sleep apnea syndrome. Ann Intern Med. 1999;131(7):485-91. https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-199910050-00002
    » https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-7-199910050-00002
  • 8
    Bednarek M, Plywaczewsk R, Jonczak L, Zielinsk J. There is no relationship between chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnea syndrome: a population study. Respiration. 2005;72(2):142-9. https://doi.org/10.1159/000084044
    » https://doi.org/10.1159/000084044
  • 9
    Menezes AM, Perez-Padilla R, Jardim JR, Muiño A, Lopez MV, Valdivia G, et al. Chronic obstructive pulmonary disease in five Latin American cities (the PLATINO study): a prevalence study. Lancet. 2005;366(9500):1875-81. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67632-5
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67632-5
  • 10
    Kovelis D, Segretti NO, Probst VS, Lareau SC, Brunetto AF, Pitta F. Validation of the Modified Pulmonary Functional Status and Dyspnea Questionnaire and the Medical Research Council scale for use in Brazilian patients with chronic obstructive pulmonary disease. J Bras Pneumol. 2008;34(12):1008-18. https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001200005
    » https://doi.org/10.1590/S1806-37132008001200005
  • 11
    Mahler DA, Weinberg DH, Wells CK, Feinstein AR. The measurement of dyspnea. Contents, interobserver agreement, and physiologic correlates of two new clinical indexes. Chest. 1984;85(6):751-8. https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751
    » https://doi.org/10.1378/chest.85.6.751
  • 12
    Camelier A, Rosa FW, Salmi C, Nascimento OA, Cardoso F, Jardim JR. Using the Saint George's Respiratory Questionnaire to evaluate quality of life in patients with chronic obstructive pulmonary disease: validating a new version for use in Brazil. J Bras Pneumol. 2006;32(2):114-22. https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000200006
    » https://doi.org/10.1590/S1806-37132006000200006
  • 13
    Agusti A, Calverley PM, Celli B, Coxson HO, Edwards LD, Lomas DA, et al. Characterisation of COPD heterogeneity in the ECLIPSE cohort. Respir Res. 2010;11:122. https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122
    » https://doi.org/10.1186/1465-9921-11-122
  • 14
    Miravitlles M, Soriano JB, García-Rio F, Mu-oz L, Duran-Tauleria E, Sanchez G, et al. Prevalence of COPD in Spain: impact of undiagnosed COPD on quality of life and daily life activities. Thorax. 2009;64(10):863-8. https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725
    » https://doi.org/10.1136/thx.2009.115725
  • 15
    Koutsourelakis I, Perraki E, Bonakis A, Vagiakis E, Roussos C, Zakynthinos S. Determinants of subjective sleepiness in suspected obstructive sleep apnoea. J Sleep Res. 2008;17(4):437-43. https://doi.org/10.1111/j.1365-2869.2008.00663.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1365-2869.2008.00663.x
  • 16
    Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease - GOLD [homepage on the Internet]. Bethesda: Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease [cited 2016 Jun 24]. Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD 2016. Available from: http://goldcopd.org/global-strategy-diagnosis-management-prevention-copd-2016/
    » http://goldcopd.org/global-strategy-diagnosis-management-prevention-copd-2016
  • 17
    American Academy of Sleep Medicine. The International Classification of Sleep Disorders. Diagnostic and Coding Manual. Westchester (IL): American Academy of Sleep Medicine; 2005.
  • 18
    Marin JM, Soriano JB, Carrizo SJ, Boldova A, Celli B. Outcomes in patients with chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnea: the overlap syndrome. Am J Respir Crit Care Med. 2010;182(3):325-31. https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.200912-1869OC
  • 19
    Venkateswaran S, Tee A. Overlap syndrome between chronic obstructive pulmonary disease and obstructive sleep apnoea in a Southeast Asian teaching hospital. Singapore Med J. 2014;55(9):488-92. https://doi.org/10.11622/smedj.2014117
    » https://doi.org/10.11622/smedj.2014117
  • 20
    Shiina K, Tomiyama H, Takata Y, Yoshida M, Kato K, Nishihata Y, et al. Overlap syndrome: additive effects of COPD on the cardiovascular damages in patients with OSA. Respir Med. 2012;106(9):1335-41. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2012.05.006
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2012.05.006
  • 21
    Steveling EH, Clarenbach CF, Miedinger D, Enz C, Dürr S, Maier S, et al. Predictors of the overlap syndrome and its association with comorbidities in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Respiration. 2014;88(6):451-7. https://doi.org/10.1159/000368615
    » https://doi.org/10.1159/000368615
  • 22
    Faria AC, da Costa CH, Rufino R. Sleep Apnea Clinical Score, Berlin Questionnaire, or Epworth Sleepiness Scale: which is the best obstructive sleep apnea predictor in patients with COPD? Int J Gen Med. 2015;8:275-81.
  • 23
    Ulasli SS, Gunay E, Koyuncu T, Akar O, Halici B, Ulu S, et al. Predictive value of Berlin Questionnaire and Epworth Sleepiness Scale for obstructive sleep apnea in a sleep clinic population. Clin Respir J. 2014;8(3):292-6. https://doi.org/10.1111/crj.12070
    » https://doi.org/10.1111/crj.12070
  • 24
    Mahamoud HA, Sallama SS, Ahmad AM. Validation of the Epworth sleepiness scale, Berlin, STOPBANG questionnaires and American Society of Anesthesiologists checklist as screening tools for obstructive sleep apnea in patients with chronic obstructive pulmonary disease, asthma and cardiovascular disease. Eur Respir J. 2013;42:P2032.
  • 25
    Mermigkis C, Kopanakis A, Foldvary-Schaefer N, Golish J, Polychronopoulos V, Schiza S, et al. Health-related quality of life in patients with obstructive sleep apnoea and chronic obstructive pulmonary disease (overlap syndrome). Int J Clin Pract. 2007;61(2):207-11. https://doi.org/10.1111/j.1742-1241.2006.01213.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1742-1241.2006.01213.x
  • 1
    Trabalho realizado no Ambulatório de Pneumologia, Hospital Regional de Presidente Prudente; Faculdade de Fisioterapia e Faculdade de Medicina, Universidade do Oeste Paulista - Unoeste - Presidente Prudente (SP) Brasil; e Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu (SP) Brasil.
  • Apoio financeiro:

    Este estudo recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Processos no. 2013/02091 e no. 2014/18965-5)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    18 Out 2016
  • Aceito
    21 Jul 2017
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia SCS Quadra 1, Bl. K salas 203/204, 70398-900 - Brasília - DF - Brasil, Fone/Fax: 0800 61 6218 ramal 211, (55 61)3245-1030/6218 ramal 211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: jbp@sbpt.org.br