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Vantagens Competitivas Originadas dos Relacionamentos Horizontais em Aglomerações Produtivas: percepções de atores locais

RESUMO

Objetivo:

Buscou-se avaliar em que medida os pressupostos da visão relacional apresentam poder de explicação para vantagens competitivas percebidas em contextos de aglomerações industriais de empresas de pequeno porte.

Método:

Utilizou-se de pesquisa qualitativa e foram examinados, com análise comparativa de dados, dois polos moveleiros, Misassol (SP) e Ubá (MG). Os dados foram coletados por entrevistas com executivos de 40 empresas e de 13 entidades de apoio dos polos.

Fundamentação teórica:

A visão relacional e seus pressupostos apontam para fatores geradores de vantagem competitiva originados nos relacionamentos colaborativos entre empresas. E, no caso, as aglomerações proporcionam um intenso relacionamento e são estimulados por entidades de governança.

Resultados:

Não há identificação de obtenção de vantagens competitivas claramente delineadas em decorrência de ganhos relacionais. O comportamento dos empresários, em ambos os polos, tem forte inclinação para ações individualistas. O que os atores identificam como vantagens competitivas corresponde a fatores situacionais ou contextuais desses polos e não resultantes da concretização de pressupostos da visão relacional. Escapando a esse paradigma, os ganhos relacionais podem ser originados apenas de subgrupos que se formam por afinidade, sem interveniência de entidades de governança.

Contribuições:

Apesar da tendência aglomerativa das empresas do setor moveleiro, seja pela regionalização de mercados, pelo acesso de representantes comerciais ou pelos custos logísticos e tributários, dentre outras questões, a forte inclinação para ações individualistas cria barreiras para a obtenção de diferenciais adicionais advindos de ganhos relacionais. As ações em pequenos grupos apresentam-se, todavia, como um importante mecanismo de governança para aquele contexto.

Palavras-chave:
vantagem competitiva; visão relacional; indústria moveleira

ABSTRACT

Objective:

This paper aims to assess to what extent relational view assumptions can explain competitive advantages perceived in the industrial agglomeration contexts of small businesses.

Design/methodology/approach:

We used qualitative research; two furniture centers, Misassol (SP) and Ubá (MG), were examined through comparative data analysis. Data was collected through interviews with executives from 40 companies and 13 supporting organizations. The relational view and its assumptions point to factors that generate competitive advantage resulting from collaborative relationships between companies. Moreover, agglomerations provide intense relationships and are encouraged by governance entities.

Findings:

No competitive advantages clearly established due to relational gains were identified. The behavior of entrepreneurs in both centers tends strongly towards individualism. What agents identify as competitive advantages corresponds to situational or contextual factors in these centers and do not result from the realization of relational view assumptions. Escaping to this paradigm, the relational gains can be sourced only in subgroups with affinity, without intervention of governance entities.

Practical implications:

Despite an agglomeration tendency within companies belonging to the furniture sector, a strong inclination towards individualism creates barriers to obtaining additional advantages resulting from relational gains, whether due to market regionalization, access of sales representatives, or logistics and tax costs, among other issues. However, actions in small groups are an important governance mechanism for that context.

Contributions:

Evaluate the assumptions of relational view and its explanatory power for competitive advantages in agglomerations of Brazilian furniture companies.

Keywords:
Competitive advantage; Relational view; Furniture industry

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  • 2
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  • 5
    NOTA: Em Minas Gerais: O Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais (APL) de Minas Gerais - Programa criado por meio de parceria entre Governo de Minas, Sistema FIEMG, por meio do IEL, Sebrae-MG e o BID - com apoio dos sindicatos e associações (http://www.fiemg.org.br/Default.aspx?tabid=11898). Em São Paulo: Programa de Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, financiado pelo BID, por meio da Rede Paulista de Arranjos Produtivos Locais, conta com participação do Sebrae-SP, Fiesp e Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional (http://www.desenvolvimento.sp.gov.br/drt/apls/).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Dez 2013
  • Aceito
    13 Maio 2015
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