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A influência da estrutura tecnologia-organização-ambiente e da orientação estratégica no uso da computação em nuvem, mobilidade empresarial e desempenho

Resumo

Objetivo:

O presente artigo tem objetivo triplo. Visa i) identificar os antecedentes do uso da computação em nuvem; ii) entender o efeito do uso da computação em nuvem juntamente com orientações estratégicas na mobilidade empresarial; e iii) entender o efeito do uso da computação em nuvem e mobilidade empresarial no desempenho organizacional.

Referencial teórico:

Este artigo baseia-se na estrutura tecnologia-organização-ambiente e em estudos anteriores de mobilidade empresarial para propor um modelo de pesquisa abrangente com vistas a analisar a adoção e o uso da computação em nuvem. Além disso, aplica-se a estrutura de orientação estratégica como suporte para uma reorientação da estratégia em direção à mobilidade empresarial.

Metodologia:

Desenvolvemos um questionário e coletamos dados de 137 organizações portuguesas que utilizam a computação em nuvem. Os dados coletados foram analisados por meio de mínimos quadrados parciais (PLS-SEM).

Resultados:

Os resultados indicam que a conveniência, a compatibilidade e a confiança organizacional são antecedentes significativos do uso da computação em nuvem. Além disso, o uso da computação em nuvem, a orientação para a inovação e a orientação empreendedora têm um efeito positivo na mobilidade empresarial.

Implicações práticas e sociais de pesquisa:

O presente estudo contribui para este campo de pesquisa, pois traz o primeiro modelo de pesquisa a integrar o uso da computação em nuvem, da mobilidade empresarial e da orientação estratégica, confirmando a relação entre esses construtos. Como implicações práticas, os resultados mostram que o maior uso da computação em nuvem e da mobilidade organizacional é importante para atingir níveis de desempenho organizacional mais elevados.

Contribuições:

Este artigo propõe um modelo integrativo a fim de analisar o uso da computação em nuvem pelas organizações, em termos de seus antecedentes e impactos no desempenho e mobilidade empresarial.

Palavras-chave:
Uso de computação em nuvem; mobilidade organizacional; orientação para a inovação; orientação empreendedora; estrutura TOE

Abstract

Purpose:

The objective of this paper is threefold. It aims i) to identify the antecedents of the use of cloud computing, ii) to understand the effect of the use of cloud computing together with strategic orientations on enterprise mobility, and iii) to comprehend the effect of the use of cloud computing and enterprise mobility on organizational performance.

Theoretical framework:

This paper builds on the technology-organization-environment framework and on previous studies of enterprise mobility to propose a comprehensive research model to analyze cloud computing adoption and usage. In addition, the strategic orientation framework is applied as support for a reorientation of strategy toward enterprise mobility.

Design/methodology/approach:

We developed a questionnaire and collected data from 137 Portuguese organizations that are using cloud computing. The data collected were then analyzed through partial least squares (PLS-SEM).

Findings:

The results indicate that convenience, compatibility, and organizational confidence are significant antecedents of the use of cloud computing. Moreover, cloud computing usage, innovation orientation, and entrepreneurial orientation have a positive effect on enterprise mobility.

Research Practical & Social implications:

This study contributes to this field of research, since it contains the first research model to integrate cloud computing usage, enterprise mobility and strategic orientation, confirming the relationship between those constructs. As practical implications, the results show that greater usage of both cloud computing and organizational mobility is important to achieve superior levels of organizational performance.

Originality/value:

This paper proposes an integrative model to analyze the use of cloud computing by organizations, in terms of its antecedents and impacts on firm performance and enterprise mobility.

Keywords:
cloud computing use; organizational mobility; innovation orientation; entrepreneurial orientation; TOE framework

1 Introdução

O desenvolvimento da tecnologia da informação (TI) e das infraestruturas de rede mudaram a forma como as organizações físicas e os indivíduos usam os aplicativos e recursos dos sistemas de informação. Além disso, os dispositivos móveis, com cada vez mais recursos computacionais, são importantes para ajudar as organizações a se tornarem móveis. Isso faz parte da chamada “transformação digital” que tem desafiado as organizações a usar sistemas e tecnologias de informação para inovar em seus produtos e serviços, nos processos e modelos de seus negócios (Hess, Matt, Benlian & Wiesböck, 2016Hess, T., Matt, C., Benlian, A., & Wiesböck, F. (2016). Options for formulating a digital transformation strategy. MIS Quarterly Executive, 15(2), 123-139.). A computação em nuvem melhora o acesso a uma ampla gama de serviços digitais e infraestrutura a fim de implementar a transformação digital (Vu, Hartley & Kankanhalli, 2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.).

O uso de aplicativos baseados na web, como Dropbox, Facebook, Gmail e Google Docs, aumenta a consciência do conceito de “computação em nuvem”, pois esses serviços são usados extensivamente para fins profissionais e pessoais. A computação em nuvem é a evolução natural da gestão de TI e oferece a flexibilidade e agilidade necessárias para obter vantagens competitivas, levando a um novo paradigma de computação. A computação em nuvem é um fenômeno crescente. Na verdade, de acordo com o Synergy Research Group (2019), o investimento em hardware e software de data centers cresceu 17% em 2018. De acordo com a mesma fonte, “as receitas de serviço em nuvem continuam crescendo quase 50% ao ano; as receitas de SaaS empresarial, 30%; as receitas de pesquisa/redes sociais, quase 25%, e as receitas de e-commerce, mais de 30%, todas ajudando a impulsionar grandes aumentos nos gastos com infraestrutura de nuvem pública” (Synergy Research Group, 2019, p.1).

De acordo com Low, Chen e Wu (2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023., p. 1007), a computação em nuvem pode ser definida como “um tipo de serviço de aplicação computacional que é como um e-mail, software de escritório e programas ERP, e usa recursos amplamente disponíveis que podem ser compartilhados pelo colaborador de uma empresa ou parceiros comerciais”. Isso permite que as empresas localizem recursos de informações organizacionais em servidores em outros lugares, acessíveis pela Internet. Assim, a computação em nuvem serve de apoio à acessibilidade em qualquer lugar de recursos de informação, permitindo o uso de aplicativos de negócios móveis. Portanto, as organizações que adotam serviços de computação em nuvem são mais propensas a usar aplicativos móveis (Nkosi & Mekuria, 2010Nkosi, M. T., & Mekuria, F. (2010). Cloud computing for enhanced mobile health applications. Paper presented at the Cloud Computing Technology and Science (CloudCom), 2010 IEEE Second International Conference on Cloud Computing, Indianapolis. DOI: 10.1109/CloudCom.2010.31
https://doi.org/10.1109/CloudCom.2010.31...
). A computação em nuvem é um facilitador da mobilidade empresarial.

Existem vários estudos (Alshamaila, Papagiannidis & Li, 2013Alshamaila, Y., Papagiannidis, S., & Li, F. (2013). Cloud computing adoption by SMEs in the north east of England. Journal of Enterprise Information Management, 26(3), 250-275.; Gangwar, Date & Ramaswamy, 2015Gangwar, H., Date, H., & Ramaswamy, R. (2015). Understanding determinants of cloud computing adoption using an integrated TAM-TOE model. Journal of Enterprise Information Management, 28(1), 107-130.; Lian, Yen & Wang, 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.; Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.; Nkhoma & Dang, 2013Nkhoma, M. Z., & Dang, D. (2013). Contributing factors of cloud computing adoption: A technology-organisation-environment framework approach. International Journal of Information Systems Engeneering, 1(1), 38-49.; Priyadarshinee, Raut, Jha & Gardas, 2017Priyadarshinee, P., Raut, R. D., Jha, M. K., & Gardas, B. B. (2017). Understanding and predicting the determinants of cloud computing adoption: A two staged hybrid SEM - Neural networks approach. Computers in Human Behavior, 76, 341-362.; Senyo, Addae & Boateng, 2018Senyo, P. K., Addae, E., & Boateng, R. (2018). Cloud computing research: A review of research themes, frameworks, methods and future research directions. International Journal of Information Management, 38(1), 128-139.; Senyo, Effah & Addae, 2016) que identificam os antecedentes da adoção da computação em nuvem, alguns dos quais se baseiam na estrutura tecnologia-organização-ambiente (TOE) (Tornatzky & Fleischer, 1990Tornatzky, L. G., & Fleischer, M. (1990). The processes of technological innovation. Lexington, Mass.: Lexington Books.). No entanto, nenhum estudo examinou se a adoção da computação em nuvem desempenha algum papel na habilitação da mobilidade empresarial. A presente pesquisa visa preencher essa lacuna na literatura. Além disso, como a mobilidade empresarial é uma opção estratégica, também nos baseamos na teoria da orientação estratégica para compreender os efeitos das orientações inovadoras e empreendedoras sobre a mobilidade empresarial. Assim, as seguintes questões de pesquisa orientam o desenvolvimento deste estudo: (i) quais são os antecedentes do uso da computação em nuvem?; (ii) qual é o efeito do uso da computação em nuvem juntamente com orientações inovadoras e empreendedoras na mobilidade empresarial?; e (iii) qual é o efeito da mobilidade empresarial no desempenho organizacional?

O restante deste artigo está estruturado da seguinte forma: a próxima seção apresenta a revisão da literatura sobre as definições e adoção de computação em nuvem, mobilidade empresarial e estrutura TOE; a terceira seção apresenta o modelo conceitual e as hipóteses de pesquisa; a quarta seção descreve o método aplicado neste trabalho, e a seção seguinte apresenta a análise dos dados e resultados. A última seção apresenta as considerações finais, limitações e pesquisas futuras relacionadas a este trabalho.

2. Revisão da literatura

2.1 Adoção e uso da computação em nuvem

Em 2000, a Salesforce, empresa pioneira em computação em nuvem, lançou um software baseado na web para interação com seus clientes, que substituiu os produtos físicos por serviços virtuais oferecidos na forma de software como serviço (SaaS). Em 2006, a Amazon lançou o Amazon Web Services e o Google ofereceu um serviço on-line gratuito para e-mail (Gmail) com capacidade de armazenamento ilimitada. Na verdade, “a computação em nuvem é uma nova mudança de paradigma em que a inclusão de serviços de recursos computacionais, aplicativos soft de sistemas distribuídos e armazenamento de dados” é o padrão (Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023., p. 1007). Além disso, a computação em nuvem pode ser definida como um modelo de serviço baseado na internet em que informações, capacidade de armazenamento e recursos de software são compartilhados por meio de computadores e outros dispositivos de tecnologia da informação. Além da mudança nos modelos de negócios de TI (Sharma, Gupta & Acharya, 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.), esses serviços permitem que os usuários acessem informações a partir de diferentes dispositivos e locais, o que lhes permite maior mobilidade e flexibilidade (Vu et al., 2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.) ao dar a cada usuário a opção de escolher como usar e gerenciar os recursos disponíveis na nuvem. Os dados e aplicativos necessários para acessar os serviços em nuvem não são armazenados nos dispositivos do usuário, mas em servidores remotos gerenciados pelo fornecedor da computação em nuvem (Chandran & Angepat, 2010Chandran, S. P., & Angepat, M. (2010). Cloud computing: Analysing the risks involved in cloud computing environments. Paper presented at the Proceedings of Natural Sciences and Engineering). A computação em nuvem também pode ser considerada um conjunto de recursos escaláveis a partir do qual uma infraestrutura pode hospedar aplicativos do cliente final que são cobrados de acordo com o uso (Sharma et al., 2020). Iyer e Henderson (2010Iyer, B., & Henderson, J. C. (2010). Preparing for the future: Understanding the seven capabilities of cloud computing. MIS Quarterly Executive, 9(2), 117-131.) argumentam que a computação em nuvem deve ser definida em termos dos serviços oferecidos (nível de infraestrutura, plataforma como nível de serviço, nível de aplicativo, nível de colaboração e nível de serviço) e em termos dos principais tipos de modelos de computação em nuvem (nuvens públicas, privadas, comunitárias e híbridas).

O conceito de computação em nuvem compreende um conjunto bastante abrangente de diferentes serviços (como e-mails, publicidade on-line, plataformas de desenvolvimento de sites, ferramentas de processamento de texto, armazenamento, gerenciamento e compartilhamento de dados) disponíveis na internet (Cusumano, 2010Cusumano, M. (2010). Cloud computing and saas as new computing platforms. Communications of the ACM, 53(4), 27-29.). É importante ressaltar que o uso dessa tecnologia pelas organizações transforma o CAPEX (despesas de capital) em OPEX (despesas operacionais), o que transforma os investimentos necessários em despesas operacionais, permitindo que os investimentos sejam realizados na atividade principal das empresas (Armbrust et al., 2010Armbrust, M., Fox, A., Griffith, R., Joseph, A. D., Katz, R., Konwinski, A., . . . Zaharia, M. (2010). A view of cloud computing. Communications of the ACM, 53(4), 50-59.). Com seu modelo “pague conforme usar”, a computação em nuvem é uma solução escalonável que não requer altos níveis de investimento (Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.).

Embora diversos estudos apresentem diferentes razões pelas quais as organizações adotam a computação em nuvem, os benefícios de adotá-la ainda não estão claros e é importante entender esses fatores (Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.). Um dos principais objetivos da computação em nuvem é reduzir os custos de TI (Zhang, 2012Zhang, L.-J. (2012). Editorial: Big services era: Global trends of cloud computing and big data. IEEE Transactions on Services Computing, 5(4), 467-468.) e permitir que as organizações tenham um melhor acesso aos serviços e infraestrutura de TI (Vu et al., 2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.). Lin e Chen (2012Lin, A., & Chen, N. C. (2012). Cloud computing as an innovation: Percepetion, attitude, and adoption. International Journal of Information Management, 32(6), 533-540.) desenvolvem um estudo com base em 19 entrevistas com profissionais de TI com o objetivo de compreender as principais preocupações e benefícios relacionados à adoção da computação em nuvem. Descobriram que muitos fornecedores afirmam que o poder computacional e as reduções de custos são os principais benefícios da computação em nuvem. No entanto, os gerentes de TI estão preocupados com a compatibilidade da nuvem em relação às políticas, sistemas de informação e necessidades de negócios existentes nas empresas e não têm certeza sobre a segurança e padronização que os serviços de nuvem podem oferecer. Além disso, Low et al. (2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.) descobriram que a vantagem relativa, o suporte da alta administração, o tamanho da organização, a pressão competitiva e a pressão de parceiros são os elementos que impulsionam a adoção da computação em nuvem. Em outro estudo, Nkhoma e Dang (2013Nkhoma, M. Z., & Dang, D. (2013). Contributing factors of cloud computing adoption: A technology-organisation-environment framework approach. International Journal of Information Systems Engeneering, 1(1), 38-49.) afirmam que esses elementos para a adoção da computação em nuvem são escalabilidade de negócios, custo, flexibilidade e acesso ao conhecimento do setor. Sharma et al. (2020) conduzem um estudo de método misto e concluem que o tempo de mercado, os custos dos serviços de TI, os prejuízos financeiros e a pressão competitiva estão entre os fatores mais importantes que influenciam a adoção da computação em nuvem.

As empresas devem adotar soluções em nuvem de forma gradual, aumentando o número de aplicativos e serviços ao longo do tempo (Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.). Além disso, para atingir os benefícios da adoção da computação em nuvem, ferramentas de gerenciamento devem ser integradas (Applegate, 2006Applegate, D. L. (2006). The traveling salesman problem: a computational study. Princeton: Princeton University Press.). A adoção da computação em nuvem pode envolver tarefas de alta complexidade e pode levar a mudanças organizacionais (Serrano, Caldeira & Guerreiro, 2004Serrano, A., Caldeira, M., & Guerreiro, A. (2004). Gestão de Sistemas e Tecnologias de Informação. Lisbon: FCA - Editora de Informática.); seu sucesso depende não apenas de fatores técnicos, mas também das características da organização (Behrend, Wiebe, London & Johnson, 2011Behrend, T. S., Wiebe, E. N., London, J. E., & Johnson, E. C. (2011). Cloud computing adoption and usage in community colleges. Behaviour & Information Technology, 30(2), 231-240.).

2.2 Mobilidade empresarial

Os avanços nas tecnologias móveis tornaram os negócios móveis muito atraentes tanto para fins pessoais quanto profissionais. Os altos níveis de adoção pressionaram as organizações a oferecer seus serviços por meio de tecnologias móveis. Para criar valor a partir da adoção da tecnologia móvel, a definição de estratégias organizacionais deve incluir a transformação de processos tradicionais em processos de negócios móveis. Mudanças não ocorrem apenas na infraestrutura tecnológica, mas também nos processos de negócios e recursos humanos (Sørensen, 2011Sørensen, C. (2011). Enterprise mobility: Tiny technology with global impact on work. London: Springer.).

No presente artigo, adaptamos o conceito de uma empresa móvel à mobilidade empresarial, conforme proposto por Stieglitz e Brockmann (2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204., p. 190), que definem uma “empresa móvel como uma organização que fornece acesso a sistemas corporativos por meio de dispositivos móveis sem fio, como como smartphones ou tablets. Os colaboradores podem usar dispositivos móveis para interagir com colegas ou clientes, acessar todas as informações necessárias e compartilhar informações”. Portanto, a mobilidade empresarial oferece apoio às operações de uma organização e as executa independentemente da posição geográfica dos colaboradores (Barnes, 2003Barnes, S. J. (2003). Enterprise mobility: Concept and examples. International Journal of Mobile Communications, 1(4), 341-359.). Para obter os benefícios esperados do negócio móvel, como aumento da produtividade dos colaboradores, aumento das vendas e redução dos custos das compras (Picoto, Bélanger & Palma-dos-Reis, 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.), faz-se necessário o desenvolvimento de uma estratégia corporativa bem projetada para atender aos aspectos tecnológicos e organizacionais das tecnologias móveis a fim de que se alcance a mobilidade empresarial.

A computação em nuvem é “um recurso ilimitado que pode ser acessado a qualquer hora e em qualquer lugar do mundo” (Nkosi & Mekuria, 2010Nkosi, M. T., & Mekuria, F. (2010). Cloud computing for enhanced mobile health applications. Paper presented at the Cloud Computing Technology and Science (CloudCom), 2010 IEEE Second International Conference on Cloud Computing, Indianapolis. DOI: 10.1109/CloudCom.2010.31
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, p. 629), permitindo que as organizações aproveitem suas características disponíveis em todos os lugares para implementar processos de negócios móveis. Repschlaeger, Erek e Zarnekow (2013Repschlaeger, J., Erek, K., & Zarnekow, R. (2013). Cloud computing adoption: An empirical study of customer preferences among start-up companies. Electronic Markets, 23(2), 115-148.) também identificaram que a mobilidade é um fator chave na computação em nuvem, uma vez que pode aumentar a capacidade organizacional para a implementação de negócios móveis. Além disso, a disponibilidade de informações “a qualquer hora e em qualquer lugar” permite que os colaboradores trabalhem de forma independente, longe de um espaço de trabalho fixo (Patel, 2014Patel, R. (2014). Enterprise Mobility Strategy & Solutions. New Delhi: Partridge.; Stieglitz & Brockmann, 2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204.).

2.3 Orientação estratégica

A forma como as organizações lidam com a tecnologia, sobretudo em termos de uso e adoção, está relacionada à sua orientação estratégica. Esta refere-se à ideologia da organização que é inerente à sua forma de fazer negócios. Essa ideologia se traduz em valores e crenças específicos, bem como nos caminhos que a organização adota para organizar sua infraestrutura e comportamento de forma a obter um desempenho superior (Gatignon & Xuereb, 1997Gatignon, H., & Xuereb, J.-M. (1997). Strategic orientation of the firm and new product performance. Journal of Marketing Research, 34(1), 77-90.; Narver & Slater, 1990Narver, J. C., & Slater, S. F. (1990). The effect of a market orientation on business profitability. Journal of marketing, 54(4), 20-35.; Yu, Li, Li, Zhao & Zhao, 2018Yu, Y., Li, M., Li, X., Zhao, J. L., & Zhao, D. (2018). Effects of entrepreneurship and IT fashion on SMEs’ transformation toward cloud service through mediation of trust. Information & Management, 55(2), 245-257.). A orientação estratégica das organizações funciona como um mecanismo que a auxilia no enfrentamento das forças competitivas e na resposta às necessidades do mercado para sustentar suas vantagens competitivas. A orientação estratégica, portanto, é uma filosofia organizacional que pode servir de apoio à inovação ou adoção de tecnologia (Han, Kim & Srivastava, 1998Han, J. K., Kim, N., & Srivastava, R. K. (1998). Market orientation and organizational performance: Is innovation a missing link? Journal of marketing, 62(4), 30-45.; Julien & Raymond, 1994Julien, P.-A., & Raymond, L. (1994). Factors of new technology adoption in the retail sector. Entrepreneurship Theory and Practice, 18(4), 79-90.; Wang & Qualls, 2007Wang, Y., & Qualls, W. (2007). Towards a theoretical model of technology adoption in hospitality organizations. International Journal of Hospitality Management, 26(3), 560-573.; Yu et al., 2018). Funciona como uma centelha de racionalidade para as organizações.

Existem muitos estudos que apoiam a relevância da orientação estratégica como um determinante da inovação organizacional (Frambach & Schillewaert, 2002Frambach, R. T., & Schillewaert, N. (2002). Organizational innovation adoption: A multi-level framework of determinants and opportunities for future research. Journal of Business Research, 55(2), 163-176.; Pérez-Luño, Wiklund & Cabrera, 2011Pérez-Luño, A., Wiklund, J., & Cabrera, R. V. (2011). The dual nature of innovative activity: How entrepreneurial orientation influences innovation generation and adoption. Journal of Business Venturing, 26(5), 555-571.; Salavou, Baltas & Lioukas, 2004Salavou, H., Baltas, G., & Lioukas, S. (2004). Organisational innovation in SMEs: The importance of strategic orientation and competitive structure. European journal of marketing, 38(9-10), 1091-1112.; Zhou, Yim & Tse, 2005bZhou, K. Z., Yim, C. K., & Tse, D. K. (2005b). The effects of strategic orientations on technology- and market-based breakthrough innovations. Journal of marketing, 69(2), 42-60.) ou adoção de tecnologia (Chan, Huff, Barclay & Copeland, 1997Chan, Y. E., Huff, S. L., Barclay, D. W., & Copeland, D. G. (1997). Business strategic orientation, information systems strategic orientation, and strategic alignment. Information Systems Research, 8(2), 125-150.; Kauffman, Ma & Yu, 2018Yu, Y., Li, M., Li, X., Zhao, J. L., & Zhao, D. (2018). Effects of entrepreneurship and IT fashion on SMEs’ transformation toward cloud service through mediation of trust. Information & Management, 55(2), 245-257.; Wang & Qualls, 2007Wang, Y., & Qualls, W. (2007). Towards a theoretical model of technology adoption in hospitality organizations. International Journal of Hospitality Management, 26(3), 560-573.). Eles destacam alguns tipos de orientação estratégica como sendo mais propensos à adoção de inovação organizacional, especificamente orientações empreendedoras e de inovação (Yu et al., 2018; Zhou et al., 2005b). Embora essas orientações estratégicas compartilhem parcialmente o foco na inovação, são conceitos claramente diferentes (Jones & Rowley, 2011Jones, R., & Rowley, J. (2011). Entrepreneurial marketing in small businesses: A conceptual exploration. 29(1), 25-36.).

A orientação empreendedora captura aspectos empreendedores particulares de estilos, métodos e práticas de tomada de decisão (Lumpkin & Dess, 1996Lumpkin, G. T., & Dess, G. G. (1996). Clarifying the entrepreneurial orientation construct and linking it to performance. Academy of Management Review, 21(1), 135-172.) e pode ser caracterizada pela inovação, proatividade e assunção de riscos (Covin & Slevin, 1991Covin, J. G., & Slevin, D. P. (1991). A conceptual model of entrepreneurship as firm behavior. Entrepreneurship Theory and Practice, 16(1), 7-25.; Miller & Friesen, 1983Miller, D., & Friesen, P. H. (1983). Strategy-making and environment: The third link. strategic management journal, 4(3), 221-235.). Essa orientação estratégica, portanto, pressupõe o compromisso de inovar, renovar as ofertas do mercado e assumir riscos; experimentar produtos, serviços ou mercados novos e incertos, e ser mais proativo do que os concorrentes ao abraçar novas oportunidades de negócios (Wiklund & Shepherd, 2005Wiklund, J., & Shepherd, D. (2005). Entrepreneurial orientation and small business performance: a configurational approach. Journal of Business Venturing, 20(1), 71-91.). Ao apresentar esses tipos de comportamento, os processos e estruturas da organização serão organizados a fim de buscar novas oportunidades de mercado, cumprir objetivos estratégicos (Wang, 2008Wang, C. L. (2008). Entrepreneurial orientation, learning orientation, and firm performance. Entrepreneurship: Theory & Practice, 32(4), 635-657.) e inovar nas operações existentes (Zhou et al., 2005bZhou, K. Z., Yim, C. K., & Tse, D. K. (2005b). The effects of strategic orientations on technology- and market-based breakthrough innovations. Journal of marketing, 69(2), 42-60.). Em consonância com esses argumentos, vários estudos descobriram que uma orientação empreendedora é crítica para aceitar, adotar e usar novas tecnologias e inovações organizacionais (Lal, 1999Lal, K. (1999). Determinants of the adoption of information technology: A case study of electrical and electronic goods manufacturing firms in India. Research Policy, 28(7), 667-680.; Pérez-Luño et al., 2011Pérez-Luño, A., Wiklund, J., & Cabrera, R. V. (2011). The dual nature of innovative activity: How entrepreneurial orientation influences innovation generation and adoption. Journal of Business Venturing, 26(5), 555-571.; Putniņš & Sauka, 2019Putniņš, T. J., & Sauka, A. (2019). Why does entrepreneurial orientation affect company performance? Strategic Entrepreneurship Journal, early view, 1-25.; Zhai et al., 2018Zhai, Y.-M., Sun, W.-Q., Tsai, S.-B., Wang, Z., Zhao, Y., & Chen, Q. (2018). An empirical study on entrepreneurial orientation, absorptive capacity, and SMEs’ innovation performance: A sustainable perspective. Sustainability, 10(2), 314.).

Da mesma forma, a orientação à inovação pode ser definida como uma composição multidimensional que compreende uma filosofia de aprendizagem, uma direção estratégica e crenças compartilhadas por todas as áreas da organização que “guiam e direcionam todas as estratégias e ações organizacionais, incluindo aquelas incorporadas nos sistemas formais e informais, comportamentos, competências e processos da empresa para promover o pensamento inovador e facilitar o desenvolvimento, a evolução e a execução bem-sucedida de inovações” (Siguaw, Simpson & Enz, 2006Siguaw, J. A., Simpson, P. M., & Enz, C. A. (2006). Conceptualizing innovation orientation: A framework for study and integration of innovation research. Journal of Product Innovation Management, 23(6), 556-574., p. 560). Como o principal impulsionador dessa orientação estratégica é a abertura à inovação (Chou, Chen & Liu, 2017Chou, C. Y., Chen, J.-S., & Liu, Y.-P. (2017). Inter-firm relational resources in cloud service adoption and their effect on service innovation. The Service Industries Journal, 37(3-4), 256-276.), as organizações com uma maior orientação à inovação são mais propensas a adotar novas tecnologias, recursos, habilidades, sistemas administrativos e inovações organizacionais (Hurley e Hult, 1998Hurley, R. F., & Hult, G. T. M. (1998). Innovation, market orientation, and organizational learning: An integration and empirical examination. Journal of marketing, 62(3), 42-54.), como as relacionadas às tecnologias móveis (Ergün & Kuşcu, 2013Ergün, H. S., & Kuşcu, Z. K. (2013). Innovation orientation, market orientation and e-loyalty: Evidence from Turkish e-commerce customers. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 99, 509-516.; Moon & Norris, 2005Moon, M. J., & Norris, D. F. (2005). Does managerial orientation matter? The adoption of reinventing government and e-government at the municipal level. Information Systems Journal, 15(1), 43-60.; Wang & Cheung, 2004Wang, S., & Cheung, W. (2004). E-business adoption by travel agencies: Prime candidates for mobile e-business. International Journal of Electronic Commerce, 8(3), 43-63.) e computação em nuvem (Ali, Warren & Mathiassen, 2017Ali, A., Warren, D., & Mathiassen, L. (2017). Cloud-based business services innovation: A risk management model. International Journal of Information Management, 37(6), 639-649.; Chou et al., 2017).

2.4 Estrutura tecnologia-organização-ambiente (TOE)

A fim de descrever os fatores que podem afetar a adoção de inovações tecnológicas pelas organizações, Tornatzky e Fleischer (1990Tornatzky, L. G., & Fleischer, M. (1990). The processes of technological innovation. Lexington, Mass.: Lexington Books.) desenvolveram a estrutura tecnologia-organização-ambiente (TOE). Segundo essa estrutura, existem três contextos ou dimensões que influenciam a tomada de decisão na adoção de novas tecnologias do ponto de vista organizacional: tecnológica, organizacional e ambiental. O contexto tecnológico é a análise das características tecnológicas da inovação, que neste estudo, consiste na computação em nuvem, as tecnologias já em uso na organização (internas), e as tecnologias que estão disponíveis para a empresa (externas), mas que ainda não foram implementadas. Esse contexto compreende, por exemplo, a falta de interoperabilidade [definida como as dificuldades de integração da computação em nuvem com os sistemas da organização (Teo, Ranganathan & Dhaliwal, 2006Teo, T. S. H., Ranganathan, C., & Dhaliwal, J. (2006). Key dimensions of inhibitors for the deployment of web-based business-to-business electronic commerce. IEEE Transactions on Engineering Management, 53(3), 395-411.)], a compatibilidade da computação em nuvem com a estrutura tecnológica existente na organização, a percepção de que é consistente com os recursos internos da organização (Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.), e sua conveniência (Tornatzky & Fleischer, 1990). O contexto organizacional inclui as características da organização, tais como confiança (quanto à sua crença em ser capaz de adotar a inovação tecnológica) e know-how de TI, definido como a expertise de TI e conhecimento necessário para usar efetivamente a computação em nuvem (Shen, Huang, Chu & Hsu, 2010Shen, Y.-C., Huang, C.-Y., Chu, C.-H., & Hsu, C.-T. (2010). A benefit-cost perspective of the consumer adoption of the mobile banking system. Behaviour & Information Technology, 29(5), 497-511.). Todos esses fatores podem influenciar a aceitação de uma inovação (Tornatzky & Fleischer, 1990). O contexto ambiental descreve o ambiente no qual a empresa conduz seus negócios, que são influenciados pelas características do setor, a pressão competitiva [concorrentes forçam a organização a adotar a computação em nuvem (Sharma et al., 2020)] e a confiança, definida como a vulnerabilidade a fornecedores (Priyadarshinee et al., 2017Priyadarshinee, P., Raut, R. D., Jha, M. K., & Gardas, B. B. (2017). Understanding and predicting the determinants of cloud computing adoption: A two staged hybrid SEM - Neural networks approach. Computers in Human Behavior, 76, 341-362.).

A adoção de novas inovações tecnológicas requer a existência de um portfólio de tecnologia, uma estrutura organizacional definida e uma estratégia ambiental (Swanson, 1994Swanson, E. B. (1994). Information Systems innovation among organizations. Management Science, 40(9), 1069-1092.). Vários autores têm usado a estrutura TOE para explicar aspectos da adoção de tecnologia pelas organizações, como a influência dos fatores TOE no uso do e-business (Zhu & Kraemer, 2005Zhu, K., & Kraemer, K. L. (2005). Post-adoption variations in usage and value of e-business by organizations: Cross-country evidence from the retail industry. Information Systems Research, 16(1), 61-84.), o efeito dos fatores na adoção de sistemas abertos (Chau & Tam, 1997Chau, P. Y. K., & Tam, K. Y. (1997). Factors Affecting the adoption of open systems: An exploratory study. MIS quarterly, 21(1), 1-24.), avaliações do valor do e-business no nível da empresa (Lin & Lin, 2008Lin, H.-F., & Lin, S.-M. (2008). Determinants of e-business diffusion: A test of the technology diffusion perspective. Technovation, 28(3), 135-145.) e os fatores que influenciam o uso de negócios móveis (Picoto, Bélanger & Palma-Dos-Reis, 2014Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-Dos-Reis, A. (2014). An organizational perspective on m-business: Usage factors and value determination. European Journal of Information Systems, 23(5), 571-592.). Muitos são os fatores que podem influenciar a adoção da computação em nuvem e, neste estudo, classificamos alguns deles como tecnológicos, organizacionais e ambientais (Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.; Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.). Baseamo-nos nos estudos mencionados para desenvolver um modelo abrangente e analisar o uso da computação em nuvem em vez de sua adoção. Adicionamos os construtos mobilidade empresarial e desempenho para avaliar se os níveis mais elevados de computação em nuvem contribuem para apoiar a mobilidade empresarial e melhorar o desempenho de uma organização. Além disso, como as vantagens da computação em nuvem são mais significativas em novas empresas (Lin & Chen, 2012; Wang, Ren, Wang & Ieee, 2011Wang, C., Ren, K., Wang, J., & Ieee. (2011). Secure and Practical Outsourcing of Linear Programming in Cloud Computing. Paper presented at the 2011 Proceedings IEEE Infocom, Shanghai.), adicionamos orientação estratégica à estrutura TOE, o que também pode promover o uso de novas tecnologias.

3 Modelo conceitual e hipóteses

Este estudo centra-se nos fatores que podem influenciar o uso de serviços de computação em nuvem por organizações em Portugal. Desenvolvemos um modelo de pesquisa, conforme mostrado na Figura 1, para entender o efeito de cada fator no uso da computação em nuvem. Para isso, nos baseamos nos estudos sobre computação em nuvem e a estrutura TOE para considerar um conjunto de construtos anteriores enquadrados em cada dimensão TOE. Como a pesquisa indica que a computação em nuvem permite a mobilidade empresarial, estendemos o modelo incluindo a construção de mobilidade empresarial. Como esta pode ser uma escolha estratégica, também incluímos orientação estratégica para no desenvolvimento de um modelo que melhor explique a mobilidade empresarial. Além disso, avaliamos os efeitos do uso de computação em nuvem e mobilidade empresarial no desempenho da empresa.

Figura 1
Modelo conceitual para uso de computação em nuvem

3.1 Fatores tecnológicos

A interoperabilidade da computação em nuvem está relacionada à sua capacidade de integrar informações e tecnologias disponíveis a partir da nuvem em sistemas organizacionais internos e infraestrutura (Repschlaeger et al., 2013Repschlaeger, J., Erek, K., & Zarnekow, R. (2013). Cloud computing adoption: An empirical study of customer preferences among start-up companies. Electronic Markets, 23(2), 115-148.). Os estudos sobre adoção de inovação identificaram a falta de interoperabilidade como um dos principais inibidores da adoção da tecnologia (Teo et al., 2006Teo, T. S. H., Ranganathan, C., & Dhaliwal, J. (2006). Key dimensions of inhibitors for the deployment of web-based business-to-business electronic commerce. IEEE Transactions on Engineering Management, 53(3), 395-411.). Na verdade, não ser capaz de integrar adequadamente os aplicativos, hardware e plataformas de computação em nuvem na infraestrutura de tecnologia organizacional existente pode afetar o uso da computação em nuvem. Seguindo esse raciocínio, propomos a primeira hipótese:

H1: A falta de interoperabilidade influenciará negativamente o uso da computação em nuvem.

A conveniência é um critério situacional para a escolha de ações durante a busca de informações, incluindo a escolha da fonte de informação, o grau de satisfação com a fonte e a facilidade de uso (Connaway, Dickey & Radford, 2011Connaway, L. S., Dickey, T. J., & Radford, M. L. (2011). If it is too inconvenient I’m not going after it: Convenience as a critical factor in information-seeking behaviors. Library & Information Science Research, 33(3), 179-190.). Esse conceito baseia-se na teoria da escolha racional (Green, 2002Green, S. L. (2002). Rational choice theory: An overview. Waco, TX: Baylor University..), que postula que os indivíduos agem em seus próprios interesses e de acordo com as próprias preferências, valores e utilidades (Friedman & Hechter, 1988Friedman, D., & Hechter, M. (1988). The contribution of rational choice theory to macrosociological research. Sociological Theory, 6(2), 201-218.). Gupta et al. (2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.) constatam que a conveniência está entre os principais fatores que afetam a adoção da computação em nuvem por organizações de pequeno e médio porte. Esse efeito está relacionado ao fato de que aumentar o uso de dispositivos móveis para realizar atividades de negócios, ao mesmo tempo que move aplicativos e recursos de informação para a nuvem, potencializa essa proposta de valor única dos negócios móveis (Picoto et al., 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.). Assim, propomos a seguinte hipótese:

H2: A conveniência influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

O conceito de compatibilidade refere-se ao nível em que a inovação é percebida como consistente com os processos organizacionais internos e sistemas de informação (Rogers, 2003Rogers, E. M. (2003). Diffusion of Innovations (5th ed.). New York: Free Press.). Estudos têm considerado esse fator como um importante propulsor para a adoção da tecnologia (Tornatzky & Klein, 1982Tornatzky, L. G., & Klein, K. J. (1982). Innovation characteristics and innovation adoption implementation: A meta-analysis of findings. IEEE Transactions on Engineering Management, 29(1), 28-45.). O ambiente interno de uma organização abrange suas estruturas, valores, experiências e cultura, além dos processos e da estratégia de negócio. Estudos sobre a adoção de tecnologia web descobriram que as primeiras organizações a adotar tecnologias colocam mais ênfase nos benefícios percebidos e na compatibilidade com os padrões existentes na organização (Beatty, Shim & Jones, 2001Beatty, R. C., Shim, J. P., & Jones, M. C. (2001). Factors influencing corporate web site adoption: A time-based assessment. Information & Management, 38(6), 337-354.). Os estudos sobre a adoção da computação em nuvem também consideraram o efeito dessa variável em suas análises (Oliveira, Thomas & Espadanal, 2014Oliveira, T., Thomas, M., & Espadanal, M. (2014). Assessing the determinants of cloud computing adoption: An analysis of the manufacturing and services sectors. Information & Management, 51(5), 497-510.; Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.). Entretanto, resultados nem sempre são consistentes, visto que Lian et al. (2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.), Oliveira et al. (2014) e Alshamaila et al. (2013Alshamaila, Y., Papagiannidis, S., & Li, F. (2013). Cloud computing adoption by SMEs in the north east of England. Journal of Enterprise Information Management, 26(3), 250-275.) descobriram que a compatibilidade é um determinante significativo da adoção da computação em nuvem, enquanto Low et al. (2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.) não conseguiram confirmar essa relação. Em consonância com os estudos sobre a adoção de tecnologia e computação em nuvem, propomos a seguinte hipótese:

H3: A compatibilidade influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

3.2 Fatores organizacionais

No nível da organização, a confiança é o grau em que uma organização está confiante o suficiente para adotar uma nova ideia (Rogers, 2003Rogers, E. M. (2003). Diffusion of Innovations (5th ed.). New York: Free Press.). Essa confiança representa a crença da organização de que possui as habilidades e recursos necessários para adotar e usar com êxito a computação em nuvem (Vu et al., 2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.). Shen, Huang, Chu e Hsu (2010Shen, Y.-C., Huang, C.-Y., Chu, C.-H., & Hsu, C.-T. (2010). A benefit-cost perspective of the consumer adoption of the mobile banking system. Behaviour & Information Technology, 29(5), 497-511.) argumentam que, quando os colaboradores sentem certos níveis de ansiedade relacionados a uma tecnologia específica, eles não se sentem confortáveis com suas habilidades para dominar essa tecnologia. Em contraste, a confiança em relação a uma tecnologia de computação em nuvem pode influenciar positivamente seu uso (Gupta et al., 2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.; Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.). Na verdade, se a organização tem uma atitude positiva em relação à nova tecnologia e pensa que seu uso é benéfico, então é mais provável que use intensivamente a computação em nuvem (Gupta et al., 2013; Khayer, Talukder, Bao & Hossain, 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.; Priyadarshinee et al., 2017Priyadarshinee, P., Raut, R. D., Jha, M. K., & Gardas, B. B. (2017). Understanding and predicting the determinants of cloud computing adoption: A two staged hybrid SEM - Neural networks approach. Computers in Human Behavior, 76, 341-362.). Dessa forma, apresentamos a seguinte hipótese:

H4: A confiança organizacional influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

O know-how de TI é o resultado da infraestrutura de tecnologia da informação organizacional e dos profissionais de TI que atuam nessa infraestrutura. As organizações veem a computação em nuvem como uma inovação de TI (Lian et al., 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.). Se uma organização já possui competências internas de TI (ou seja, recursos humanos e infraestrutura de TI), pode desenvolver uma atitude mais positiva em relação à nova inovação. Em suma, se o pessoal de TI tem as habilidades necessárias para adotar a computação em nuvem, a organização pode estar mais confiante em se envolver no processo (Dincă, Dima & Rozsa, 2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.; Lian et al., 2014). Além disso, as habilidades e o conhecimento dos colaboradores são uma fonte de vantagens competitivas (Hall & Khan, 2002Hall, B. H. & Khan, B. (2002). Adoption of new technologies. In D. Jones (Ed.), New Economy Handbook. San Diego, California: Academic Press Inc.) e um grande facilitador da adoção de TI (Caselli & Coleman, 2001Caselli, F., & Coleman, W. J. (2001). Cross-country technology diffusion: The case of computers. American Economic Review, 91(2), 328-335.). Na verdade, a equipe de TI consegue identificar mais rapidamente o valor das novas inovações de TI e procurar aplicá-las para aumentar a produtividade (Nonaka, Toyama & Konno, 2000Nonaka, I., Toyama, R., & Konno, N. (2000). SECI, Ba and leadership: A unified model of dynamic knowledge creation. Long Range Planning, 33(1), 5-34.). Com base nesses argumentos, apresentamos a seguinte hipótese:

H5: A existência de know-how de TI influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

3.3 Fatores ambientais

Dada a natureza dos serviços de computação em nuvem, a confiança no fornecedor é crucial para o engajamento das organizações em sua adoção (Lin & Chen, 2012Lin, A., & Chen, N. C. (2012). Cloud computing as an innovation: Percepetion, attitude, and adoption. International Journal of Information Management, 32(6), 533-540.). A confiança é a depositada na outra parte e significa confiar que a execução de uma ação resultará em atividades positivas (Anderson & Narus, 1990Anderson, J. C. & Narus, J. A. (1990). A model of distributor firm and manufacturer firm working partnerships. Journal of marketing, 54, 42-58.). Na verdade, a pesquisa descobriu que relacionamentos organizacionais mais fortes com os provedores são um determinante importante da adoção da computação em nuvem (Dincă et al., 2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.). A confiabilidade, a segurança e a privacidade dos serviços em nuvem são as principais preocupações em relação a essa tecnologia; portanto, se o provedor for confiável, as organizações têm maior probabilidade de superar essa preocupação. Na verdade, Gupta et al. (2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874., p. 872) afirmam que “o futuro uso e adoção da nuvem por PMEs (empresas de pequeno e médio porte) depende muito de como os provedores em nuvem são capazes de construir a confiança, a fé e a confiabilidade de seus serviços para as PMEs”. Com base nesses argumentos, apresentamos a seguinte hipótese:

H6: A confiança em um provedor influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

A pressão competitiva é o nível em que a concorrência existente dentro de um mercado afeta uma organização e é um fator importante de acordo com alguns dos estudos sobre a adoção da computação em nuvem (Dincă et al., 2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.; Lian et al., 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.; Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.). Na verdade, se uma organização experimenta um nível mais alto de pressão competitiva, esta a motiva a implementar novas tecnologias para poder reduzir custos ou obter vantagens competitivas (Lian et al., 2014). Para alcançar os benefícios esperados com o uso da computação em nuvem, as organizações que vivenciam níveis mais elevados de pressão competitiva têm maior probabilidade de se envolver na adoção e implementação dessa inovação. Assim, apresentamos a seguinte hipótese:

H7: A pressão competitiva influenciará positivamente o uso da computação em nuvem.

3.4 Orientações estratégicas

Alguns pesquisadores argumentam que a computação em nuvem tem uma grande vantagem em termos de redução de custos, o que é relevante sobretudo para PMEs e startups devido ao seu tamanho (Gupta et al., 2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.). Por outro lado, a pesquisa identifica o empreendedorismo como um determinante da adoção de TI (Lal, 1999Lal, K. (1999). Determinants of the adoption of information technology: A case study of electrical and electronic goods manufacturing firms in India. Research Policy, 28(7), 667-680.). As empresas empreendedoras são mais propensas a adotar a inovação (Pérez-Luño et al., 2011Pérez-Luño, A., Wiklund, J., & Cabrera, R. V. (2011). The dual nature of innovative activity: How entrepreneurial orientation influences innovation generation and adoption. Journal of Business Venturing, 26(5), 555-571.) e mostram uma orientação para alta tecnologia (Hakala & Kohtamäki, 2010Hakala, H. & Kohtamäki, M. (2010). The interplay between orientations: Entrepreneurial, technology and customer orientations in software companies. Journal of Enterprising Culture, 18, 265-290.). Portanto, as organizações que mostram uma atitude proativa, inovadora e de risco têm maior probabilidade de implementar tecnologias e aplicativos móveis no desenvolvimento de sua estratégia organizacional, o que leva à mobilidade empresarial e cria valor a partir de tecnologias móveis (Putniņš & Sauka, 2019Putniņš, T. J., & Sauka, A. (2019). Why does entrepreneurial orientation affect company performance? Strategic Entrepreneurship Journal, early view, 1-25.; Zhai et al., 2018Zhai, Y.-M., Sun, W.-Q., Tsai, S.-B., Wang, Z., Zhao, Y., & Chen, Q. (2018). An empirical study on entrepreneurial orientation, absorptive capacity, and SMEs’ innovation performance: A sustainable perspective. Sustainability, 10(2), 314.). Em consonância com esse raciocínio, apresentamos a seguinte hipótese:

H8: Uma orientação empreendedora influenciará positivamente a mobilidade empresarial.

Na mesma linha, a orientação para a inovação das empresas tem implicações relevantes para a compreensão da adoção de tecnologias e de formas inovadoras de fazer negócios baseadas em tecnologias móveis (Ali et al., 2017Ali, A., Warren, D., & Mathiassen, L. (2017). Cloud-based business services innovation: A risk management model. International Journal of Information Management, 37(6), 639-649.; Wang & Cheung, 2004Wang, S., & Cheung, W. (2004). E-business adoption by travel agencies: Prime candidates for mobile e-business. International Journal of Electronic Commerce, 8(3), 43-63.). Além disso, Dincă et al. (2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.) descobrem que a capacidade de inovação dos gestores é um antecedente importante para a adoção da computação em nuvem. Ao promover a inovação, as organizações não se preocupam apenas com a invenção de produtos e serviços inovadores, mas também com novas tecnologias, produção, processos e práticas de negócios (Amit & Zott, 2001Amit, R. & Zott, C. (2001). Value creation in E-business. Strategic Management Journal, 22(6-7), 493-520.; Wang & Cheung, 2004). Uma orientação estratégica baseada na inovação é, portanto, necessária para abordar questões organizacionais, como transformação digital ou mobilidade empresarial (Ali et al., 2017; Chou et al., 2017Chou, C. Y., Chen, J.-S., & Liu, Y.-P. (2017). Inter-firm relational resources in cloud service adoption and their effect on service innovation. The Service Industries Journal, 37(3-4), 256-276.; Ergün & Kuşcu, 2013Ergün, H. S., & Kuşcu, Z. K. (2013). Innovation orientation, market orientation and e-loyalty: Evidence from Turkish e-commerce customers. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 99, 509-516.), a fim de alcançar um alto desempenho geral (Stieglitz & Brockmann, 2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204.). Com base nesses argumentos, propomos a seguinte hipótese:

H9: Uma orientação para a inovação influenciará positivamente a mobilidade empresarial.

3.5 Efeito no desempenho

O acesso e a disponibilidade de infraestruturas, plataformas e aplicativos de computação em nuvem em qualquer lugar servem de apoio à implementação e ao uso de tecnologias e aplicativos móveis (Nkosi & Mekuria, 2010Nkosi, M. T., & Mekuria, F. (2010). Cloud computing for enhanced mobile health applications. Paper presented at the Cloud Computing Technology and Science (CloudCom), 2010 IEEE Second International Conference on Cloud Computing, Indianapolis. DOI: 10.1109/CloudCom.2010.31
https://doi.org/10.1109/CloudCom.2010.31...
). Além disso, a computação em nuvem pode ser usada para superar algumas das limitações de dispositivos móveis usados como plataformas de serviço em um contexto organizacional (Nkosi & Mekuria, 2010). Na verdade, as organizações que adotam fortemente a computação em nuvem para diferentes fins têm maior probabilidade de transformar seus processos e sistemas de negócios para a adoção de aplicativos móveis (Marston, Li, Bandyopadhyay, Zhang & Ghalsasi, 2011Marston, S., Li, Z., Bandyopadhyay, S., Zhang, J., & Ghalsasi, A. (2011). Cloud computing - The business perspective. Decision Support Systems, 51(1), 176-189.). Em linha com esse raciocínio, propomos a seguinte hipótese:

H10: O uso da computação em nuvem influenciará positivamente a mobilidade corporativa.

A adoção ou uso ativo de um recurso tecnológico por uma organização para desenvolver suas competências essenciais aumentará seu desempenho (Ilmudeen, Bao & Alharbi, 2019Ilmudeen, A., Bao, Y., & Alharbi, I. M. (2019). How does business-IT strategic alignment dimension impact on organizational performance measures. Journal of Enterprise Information Management, 32(3), 457-476.; Khayer et al., 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.). A pesquisa serve de base para o efeito positivo da adoção e uso de tecnologias específicas relacionadas à TI no desempenho da empresa (Chan & Chong, 2012Chan, F. T. S., & Chong, A. Y. L. (2012). A SEM-neural network approach for understanding determinants of interorganizational system standard adoption and performances. Decision Support Systems, 54(1), 621-630.; Khayer et al., 2020).

De acordo com Marston et al. (2011Marston, S., Li, Z., Bandyopadhyay, S., Zhang, J., & Ghalsasi, A. (2011). Cloud computing - The business perspective. Decision Support Systems, 51(1), 176-189.), as organizações adotam a computação em nuvem na expectativa de obter redução de custos, aumentar a flexibilidade e ter maior acesso aos recursos de TI. Quando as organizações acessam recursos de TI mantidos por terceiros remotamente, elas reduzem os próprios custos de infraestrutura de TI, sua manutenção e obsolescência (Khayer et al., 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.). Além disso, Marston et al. (2011) também argumentam que a computação em nuvem proporciona não apenas maior eficiência de TI, mas também maior agilidade de negócios, o que deve ser visto como uma alavanca para obter vantagens competitivas. Seguindo essa linha de raciocínio, o objetivo principal das organizações envolvidas na computação em nuvem é melhorar seu desempenho. Assim, desenvolvemos a seguinte hipótese:

H11: O uso da computação em nuvem influenciará positivamente o desempenho organizacional.

Quando as organizações se movem rumo à mobilidade, um dos principais objetivos é alcançar maior valor de negócio e, portanto, desempenho superior (Picoto et al., 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.; Stieglitz & Brockmann, 2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204.). A adoção de tecnologias que aumentam a mobilidade empresarial influencia tanto a mobilidade individual dos colaboradores quanto a mobilidade organizacional (Wang, Chen, Zhu & Lin, 2018Wang, Y., Chen, Y., Zhu, T., & Lin, D. (2018). Unpacking the organizational impacts of enterprise mobility using the repertory grid technique. Internet Research, 28(1), 143-168.). Ao usar a TI móvel, os colaboradores podem mudar suas práticas de trabalho e melhorar suas tarefas e desempenhos no trabalho (Chung, Lee & Kim, 2014Chung, S., Lee, K. Y., & Kim, K. (2014). Job performance through mobile enterprise systems: The role of organizational agility, location independence, and task characteristics. Information & Management, 51(6), 605-617.; Tam & Oliveira, 2017Tam, C., & Oliveira, T. (2017). Understanding mobile banking individual performance. Internet Research, 27(3), 538-562.). Por outro lado, as organizações podem mudar seus modelos de negócios à medida que desenvolvem e implementam progressivamente uma estratégia móvel em toda a organização como parte de sua estratégia global de negócios, com o objetivo principal de aumentar seu desempenho global (Wang et al., 2018). Há algumas evidências de que a mobilidade empresarial tem um efeito positivo no desempenho das organizações (Wang et al., 2018). Portanto, propomos a seguinte hipótese:

H12: A mobilidade empresarial influenciará positivamente o desempenho organizacional.

4 Método

4.1 Amostra e coleta de dados

Para atingir os objetivos de pesquisa propostos neste estudo, os dados empíricos utilizados para testar as hipóteses do modelo conceitual foram obtidos por meio da realização de uma pesquisa (survey). Essa pesquisa foi enviada a várias empresas que já adotaram a computação em nuvem. Selecionou-se a população inicial do estudo a partir da base de dados de clientes empresariais de uma grande empresa portuguesa de telecomunicações. A seleção levou em consideração se esses clientes empresariais já haviam adotado soluções de computação em nuvem daquela empresa de telecomunicações.

Enviou-se um e-mail solicitando a participação no estudo ao chefe de cada organização (proprietário, gerente, CEO) ou ao responsável pela área de tecnologia da informação (diretor de TI ou chefe de TI), pois ambos os tipos de respondentes têm maior probabilidade de estar envolvidos na decisão de adotar soluções em nuvem na organização. Incluiu-se um link no e-mail que levava à pesquisa na web. O questionário foi testado previamente em três empresas com o objetivo de identificar potenciais dificuldades de interpretação. Do processo, houve apenas pequenas mudanças. A pesquisa final foi enviada a 993 empresas por e-mail. Para aumentar a taxa de resposta, três e-mails de acompanhamento foram enviados. Reunimos um total de 137 respostas completas no período de dois meses, o que correspondeu a uma taxa de resposta de 14%. A Tabela 1 apresenta a caracterização da amostra quanto ao número de colaboradores, número de colaboradores de TI, cargo e escolaridade do participante e setor a que pertence a empresa.

Tabela 1
Características demográficas da amostra

4.2 Medidas

As variáveis que são incorporadas ao modelo são mensuradas pelo uso ou pela adaptação de instrumentos validados na literatura sobre a adoção de inovações tecnológicas e computação em nuvem. Todas as variáveis são medidas usando escalas de múltiplos elementos, com a aplicação uma escala do tipo Likert de sete pontos, geralmente variando de “1 = discordo totalmente” a “7 = concordo totalmente”. A unidade de análise é a empresa para todas as variáveis incluídas no modelo. O apêndice fornece informações sobre a operacionalização de todas as variáveis, bem como suas avaliações de confiabilidade e validade.

A variável relativa à falta de interoperabilidade foi medida por meio de uma escala de três itens adaptada de Teo et al. (2006Teo, T. S. H., Ranganathan, C., & Dhaliwal, J. (2006). Key dimensions of inhibitors for the deployment of web-based business-to-business electronic commerce. IEEE Transactions on Engineering Management, 53(3), 395-411.). As variáveis de conveniência (três itens), confiança organizacional (quatro itens), know-how de TI (cinco itens) e confiança no fornecedor (seis itens) foram todas adaptadas de Shen et al. (2010Shen, Y.-C., Huang, C.-Y., Chu, C.-H., & Hsu, C.-T. (2010). A benefit-cost perspective of the consumer adoption of the mobile banking system. Behaviour & Information Technology, 29(5), 497-511.). Embora as escalas originais estivessem relacionadas a serviços bancários móveis, elas foram adaptadas para serviços de computação em nuvem. A variável relativa à compatibilidade foi medida usando uma escala de três itens adaptada de Zhu, Dong, Xu e Kraemer (2006Zhu, K., Dong, S., Xu, S. X., & Kraemer, K. L. (2006). Innovation diffusion in global contexts: Determinants of post-adoption digital transformation of European companies. European Journal of Information System, 15(6), 601-616.), enquanto a variável de pressão competitiva foi medida usando uma escala de três itens de Wang, Wang e Yang (2010Wang, Y.-M., Wang, Y.-S., & Yang, Y.-F. (2010). Understanding the determinants of RFID adoption in the manufacturing industry. Technological Forecasting and Social Change, 77(5), 803-815.). A variável orientação empreendedora foi medida em uma escala de segunda ordem com um total de nove itens organizados em três dimensões diferentes (três itens cada): proatividade, capacidade de inovação e de assumir riscos. Essa escala foi adaptada de Lumpkin e Dess (2001Lumpkin, G. T., & Dess, G. G. (2001). Linking two dimensions of entrepreneurial orientation to firm performance: The moderating role of environment and industry life cycle. Journal of Business Venturing, 16(5), 429-451.). A variável de orientação à inovação foi medida usando uma escala de três itens de Zhou, Gao, Yang e Zhou (2005aZhou, K. Z., Gao, G. Y., Yang, Z., & Zhou, N. (2005a). Developing strategic orientation in China: Antecedents and consequences of market and innovation orientations. Journal of Business Research, 58(8), 1049-1058.). As variáveis mobilidade empresarial e o uso da computação em nuvem foram medidas por um conjunto de quatro e três itens, respectivamente, que foram adaptados dos trabalhos de Zhu et al. (2005) e Barnes e Scornavacca (2006Barnes, S. J., & Scornavacca, E. (2006). Wireless applications in New Zealand businesses: A strategic assessment. Journal of Computer Information Systems, 47(1), 46-55.). Por fim, a variável de desempenho foi medida por meio de uma escala de cinco itens adaptada de Zhu et al. (2005) e Zhu e Kraemer (2005).

5 Análise de dados e resultados

Para validar as medidas e testar as hipóteses, utilizamos mínimos quadrados parciais (PLS-SEM). Escolhemos essa técnica principalmente dadas as limitações de nossa amostra. A técnica faz exigências mínimas no tamanho da amostra e normalidade e, portanto, é adequada sobretudo para testar modelos estruturais com tamanhos de amostra relativamente pequenos (Henseler, Ringle & Sinkovics, 2009Henseler, J., Ringle, C. M., & Sinkovics, R. R. (2009). The use of partial least squares path modeling in international marketing. Advances in International Marketing, 20, 277-319.; Hulland, 1999Hulland, J. (1999). Use of partial least squares (PLS) in strategic management research: A review of four recent studies. Strategic Management Journal, 20(2), 195-204.; Peng & Lai, 2012Peng, D. X., & Lai, F. (2012). Using partial least squares in operations management research: A practical guideline and summary of past research. Journal of Operations Management, 30(6), 467-480.). Embora o PLS estime cargas fatoriais e caminhos estruturais simultaneamente, seguimos uma abordagem em duas etapas sugerida por Hulland (1999): primeiro, avaliamos a qualidade das medidas, a saber, sua confiabilidade e validade; segundo, avaliamos o modelo estrutural e testamos as hipóteses. Nesta pesquisa utilizou-se o pacote de software SmartPLS (Ringle, Wende & Will, 2005) para avaliar os modelos de mensuração e estruturais.

5.1 Modelo de mensuração

Para avaliar o modelo de medição, examinamos a confiabilidade dos indicadores, a consistência interna e as validades convergente e discriminante. Em relação à confiabilidade dos itens, todas as cargas fatoriais são superiores a 0,70, com apenas duas exceções (ainda acima de 0,65). Portanto, a carga de todos os itens está acima do ponto de corte de 0,5 (Hulland, 1999Hulland, J. (1999). Use of partial least squares (PLS) in strategic management research: A review of four recent studies. Strategic Management Journal, 20(2), 195-204.). Uma vez que todos os construtos de nosso modelo são reflexivos, este é o único requisito em relação à confiabilidade do item.

A consistência interna foi avaliada por meio da análise do alfa de Cronbach (α) e da confiabilidade composta (CR). Os construtos do modelo apresentam valores de α variando de 0,72 a 0,95 e valores de CR variando de 0,83 a 0,96 (Tabela 2). Todos os valores apresentados são superiores ao ponto de corte de 0,70 sugerido na literatura (Fornell & Larcker, 1981Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981). Evaluating structural equation models with unobservable variables and measurement error. Journal of Marketing Research, 18(1), 39-50.; Henseler et al., 2009Henseler, J., Ringle, C. M., & Sinkovics, R. R. (2009). The use of partial least squares path modeling in international marketing. Advances in International Marketing, 20, 277-319.) e, portanto, apoia a consistência interna dos construtos utilizados.

Tabela 2
Matriz de correlação

A validade convergente também é avaliada por meio de dois indicadores. Primeiro, a variância média extraída (AVE) deve estar acima de 0,50 para cada medida (Bagozzi & Yi, 1988Bagozzi, R., & Yi, Y. (1988). On the evaluation of structural equation models. Journal of the Academy of Marketing Science, 16(1), 74-94.; Fornell & Larcker, 1981Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981). Evaluating structural equation models with unobservable variables and measurement error. Journal of Marketing Research, 18(1), 39-50.). Em segundo lugar, a CR precisa apresentar valores acima de 0,80, conforme recomendado por Koufteros (1999Koufteros, X. A. (1999). Testing a model of pull production: A paradigm for manufacturing research using structural equation modeling. Journal of Operations Management, 17(4), 467-488.). Todos os construtos de nosso modelo apresentam valores de AVE maiores que 0,50 (entre 0,55 e 0,89: Tabela 2), o que significa que o construto pode explicar mais de 50% da variância de seus indicadores. Os valores de CR também atendem aos requisitos, pois o menor valor é 0,83.

Para avaliar a validade discriminante, avaliamos três condições: i) os carregamentos cruzados dos indicadores, ii) a regra de Fornell-Larcker e iii) a razão de correlações heterotraço-monotraço (HTMT). A análise dos carregamentos e carregamentos cruzados de todos os 49 indicadores mostra que cada indicador carrega melhor em seu construto teórico do que em qualquer outro construto e, portanto, suporta a validade discriminante. A regra de Fornell-Larcker também é respeitada, uma vez que a raiz quadrada da AVE para todos os construtos é maior do que a correlação de cada um desses construtos com os outros construtos incluídos no modelo (Tabela 2). Essa correlação significa que os construtos compartilham mais variância com seus indicadores do que com os demais construtos, reforçando sua validade discriminante (Fornell & Larcker, 1981). Além disso, conforme apresentado na Tabela 2, os valores máximos de HTMT obtidos estão abaixo de 0,90/0,85, que são os limites para construtos conceitualmente semelhantes ou distintos (Hair, Hult, Ringle & Sarstedt, 2017Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C. M., & Sarstedt, M. (2017). A primer on partial least squares structural equations modeling (PLS-SEM) (2nd ed.). Los Angeles: SAGE.; Henseler, Ringle & Sarstedt, 2015Henseler, J., Ringle, C. M., & Sarstedt, M. (2015). A new criterion for assessing discriminant validity in variance-based structural equation modeling. Journal of the Academy of Marketing Science, 43(1), 115-135.).

Além disso, os valores do fator de inflação de variância (VIF) para todos os modelos internos variam entre 1,198 e 3,574 e, portanto, estão todos abaixo do limite de 5,0 recomendado por Hair et al. (2017Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C. M., & Sarstedt, M. (2017). A primer on partial least squares structural equations modeling (PLS-SEM) (2nd ed.). Los Angeles: SAGE.). Esses resultados indicam que a multicolinearidade não é um problema no modelo.

Uma vez que os dados para este estudo foram coletados usando medidas auto informadas de uma pesquisa transversal, deve-se considerar o viés do método comum (Podsakoff, MacKenzie, Jeong-Yeon & Podsakoff, 2003Podsakoff, P. M., MacKenzie, S. B., Jeong-Yeon, L., & Podsakoff, N. P. (2003). Common method biases in behavioral research: A critical review of the literature and recommended remedies. Journal of Applied Psychology, 88(5), 879-903.; Podsakoff & Organ, 1986). Ao elaborar o questionário, portanto, foram tomadas precauções para limitar o potencial de viés do método comum, conforme sugerido por Podsakoff et al. (2003) e Podsakoff e Organ (1986). Alguns exemplos desses cuidados são: i) os respondentes não foram informados sobre o modelo conceitual; ii) a sequência de perguntas foi randomizada ao longo do questionário e não segue a configuração do modelo; iii) os respondentes foram informados, tanto no e-mail convite quanto na página inicial da pesquisa, que as respostas são anônimas e confidenciais; iv) solicitou-se que respondessem com sinceridade, enfatizando que não há respostas corretas ou incorretas; v) os itens referentes a cada construto foram organizados em seções em vez de questões separadas, e vi) a descrição das escalas incluiu não apenas a descrição dos extremos (“1” e “7”), mas também a resposta média neutra (“4”).

Além disso, dois procedimentos ex-post foram realizados para verificar a existência de problemas de viés de método comum. Primeiro, realizou-se o teste de um fator de Harman (Malhotra, Kim & Patil, 2006Malhotra, N. K., Kim, S. S., & Patil, A. (2006). Common method variance in IS research: A comparison of alternative approaches and a reanalysis of past research. Management Science, 52(12), 1865-1883.; Podsakoff et al., 2003Podsakoff, P. M., MacKenzie, S. B., Jeong-Yeon, L., & Podsakoff, N. P. (2003). Common method biases in behavioral research: A critical review of the literature and recommended remedies. Journal of Applied Psychology, 88(5), 879-903.); todas as variáveis do estudo foram incluídas em uma análise fatorial exploratória. Os resultados desse processo mostraram um conjunto de 10 fatores com autovalores (eigenvalues) acima de 1,0, que respondem coletivamente por 76,88% da variância total explicada. Além disso, o primeiro fator responde por apenas 37,17% da variância total explicada. O segundo procedimento implementado foi o teste da variável pontuação (Lindell & Whitney, 2001Lindell, M. K., & Whitney, D. J. (2001). Accounting for common method variance in cross-sectional research designs. Journal of Applied Psychology, 86(1), 114-121.; Malhotra et al., 2006). O questionário continha uma questão de pontuação (marker question) sobre o conhecimento acerca da universidade dos pesquisadores, variável que teoricamente não tem relação com as demais variáveis incluídas no modelo. Esta variável pontuação (marker) mostra uma correlação média de 0,073. Os resultados de ambos os procedimentos indicam que o viés do método comum não é um problema em nosso estudo (Podsakoff et al., 2003; Podsakoff & Organ, 1986).

5.2 Modelo estrutural

Para testar o modelo proposto e o conjunto de hipóteses, rodamos o modelo PLS estrutural e relatamos a variância explicada (R2) dos construtos endógenos, bem como a significância dos coeficientes de caminho (Hair et al., 2017Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C. M., & Sarstedt, M. (2017). A primer on partial least squares structural equations modeling (PLS-SEM) (2nd ed.). Los Angeles: SAGE.; Hair, Sarstedt, Ringle & Mena, 2012; Peng e Lai, 2012Peng, D. X., & Lai, F. (2012). Using partial least squares in operations management research: A practical guideline and summary of past research. Journal of Operations Management, 30(6), 467-480.). Os coeficientes de caminho, os níveis de significância desses caminhos (usando o método de bootstrapping de amostragem com reposição obtida após 5000 execuções) e o R2 dos construtos endógenos são apresentados na Figura 2.

Figura 2
Resultados do PLS no modelo conceitual para adoção de computação em nuvem. Obs.: *Significativo a p<0,1; **Significativo a p<0,05; ***Significativo a p<0,01 (unicaudal)

Com base no coeficiente de significância e no sinal das relações, pudemos validar várias hipóteses de pesquisa, enquanto outras não foram sustentadas.

Em relação às variáveis relacionadas ao contexto tecnológico, a falta de interoperabilidade mostra uma relação fraca e não significativa com o uso da computação em nuvem (β=-0,06, valor-T=0,78; p=0,43), que não sustenta a H1. Pelo contrário, os resultados mostram que as outras duas variáveis incluídas no contexto tecnológico, conveniência (β=0,34, valor-T=2,80; p<0,01) e compatibilidade (β=0,26, valor-T=2,50; p<0,05), estão positivamente associadas ao uso de serviços de computação em nuvem, o que sustenta a H2 e a H3. Os resultados para a relação entre as variáveis de contexto organizacional e o uso da computação em nuvem também são divergentes. A variável de confiança organizacional mostra uma relação significativa e positiva (β=0,21, valor-T=2,08; p<0,05), enquanto a variável de conhecimento de TI mostra uma relação não significativa (β=0,02, valor-T=0,23; p=0,82). Portanto, H4 é compatível, enquanto H5 não. Nenhuma das variáveis relacionadas ao contexto ambiental obteve significância estatística em sua relação com o uso da computação em nuvem (confiança no fornecedor: β=0,15, valor-T=1,41, p=0,16; pressão competitiva: β=-0,11, valor-T=1,28, p=0,20). Portanto, nem H6 nem H7 são encontram sustentação.

As relações hipotéticas entre orientação estratégica e mobilidade empresarial também ganharam apoio. A orientação para a inovação (β=0,20, valor-T=2,29; p<0,05) e a orientação empreendedora (β=0,21, valor-T=2,27; p<0,05) mostram relações positivas com a mobilidade empresarial, o que sustenta as H8 e H9. Por outro lado, o uso da computação em nuvem mostra uma relação positiva, forte e significativa com a mobilidade empresarial (β=0,49, valor-T=7,13; p<0,01), o que sustenta a H10. Ambas as variáveis também têm relações positivas com o desempenho organizacional (uso de computação em nuvem: β=0,19, valor-T=2,17, p<0,05; mobilidade empresarial: β=0,36, valor-T=3,60, p<0,01). Assim, H11 e H12 encontraram sustentação.

O PLS-SEM busca maximizar os valores do coeficiente de determinação (R2) das variáveis latentes endógenas de um modelo específico (Hair et al., 2017Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C. M., & Sarstedt, M. (2017). A primer on partial least squares structural equations modeling (PLS-SEM) (2nd ed.). Los Angeles: SAGE.). Embora as regras práticas difiram entre as disciplinas de pesquisa e os níveis de complexidade do modelo, os campos que estão relacionados com gerenciamento e marketing geralmente consideram os valores de R2 de 0,75, 0,50 e 0,25 como limites para classificar os coeficientes como, respectivamente, substancial, moderado e fraco (Hair et al., 2017). Nosso modelo apresenta valores de R2 para o uso de computação em nuvem (R2 = 0,56) e para mobilidade empresarial (R2 = 0,56) que podem ser classificados entre moderado e substancial, enquanto o desempenho apresenta um coeficiente que pode ser classificado como fraco (R2 = 0,25).

6 Discussão e conclusão

Embora existam muitos estudos sobre os antecedentes e determinantes da adoção e uso da computação em nuvem, o número de estudos que analisam o efeito da computação em nuvem no desempenho organizacional ou na mobilidade empresarial de uma empresa é pequeno (Garrison, Wakefield & Kim, 2015Garrison, G., Wakefield, R. L., & Kim, S. (2015). The effects of IT capabilities and delivery model on cloud computing success and firm performance for cloud supported processes and operations. International Journal of Information Management, 35(4), 377-393.; Khayer et al., 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.). O presente estudo contribui para a literatura existente ao desenvolver e testar um modelo conceitual integrativo em relação a alguns dos antecedentes para o uso de tecnologias de computação em nuvem e o efeito desse uso na mobilidade e desempenho empresarial.

Usamos a estrutura TOE e confirmamos vários fatores tecnológicos e organizacionais como determinantes do uso da computação em nuvem. Curiosamente, não encontramos suporte para a ideia de que os fatores ambientais em estudo foram os antecedentes do uso dessa tecnologia. Quanto ao contexto tecnológico, confirmamos que a conveniência é um forte determinante do uso da computação em nuvem. Com base na teoria da escolha racional (Green, 2002Green, S. L. (2002). Rational choice theory: An overview. Waco, TX: Baylor University..), a adoção de uma nova tecnologia como a computação em nuvem segue os interesses e preferências da organização. Isso está de acordo com estudos anteriores (Gupta et al., 2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.; Picoto et al., 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.). Além disso, ao decidir adotar essa nova tecnologia, as organizações também enfatizam a necessidade de compatibilidade com os processos internos da organização e os sistemas de informação (Rogers, 2003Rogers, E. M. (2003). Diffusion of Innovations (5th ed.). New York: Free Press.). Isso está de acordo com os resultados de diversos estudos que também identificam esse fator como crítico para a adoção e uso da tecnologia de computação em nuvem (Alshamaila et al., 2013Alshamaila, Y., Papagiannidis, S., & Li, F. (2013). Cloud computing adoption by SMEs in the north east of England. Journal of Enterprise Information Management, 26(3), 250-275.; Lian et al., 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.; Oliveira et al., 2014Oliveira, T., Thomas, M., & Espadanal, M. (2014). Assessing the determinants of cloud computing adoption: An analysis of the manufacturing and services sectors. Information & Management, 51(5), 497-510.; Sharma et al., 2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.). Não confirmamos a relevância hipotética da falta de interoperabilidade como um inibidor. Portanto, a interoperabilidade com as informações e tecnologias disponíveis da própria organização e de seus parceiros de negócios não influencia o uso (Repschlaeger et al., 2013Repschlaeger, J., Erek, K., & Zarnekow, R. (2013). Cloud computing adoption: An empirical study of customer preferences among start-up companies. Electronic Markets, 23(2), 115-148.; Teo et al., 2006Teo, T. S. H., Ranganathan, C., & Dhaliwal, J. (2006). Key dimensions of inhibitors for the deployment of web-based business-to-business electronic commerce. IEEE Transactions on Engineering Management, 53(3), 395-411.). Possíveis explicações para esse resultado são a considerável relevância da compatibilidade com os processos internos e sistemas de informação da organização, além da forma como o questionário foi elaborado. Além disso, essa variável foi o único inibidor, enquanto todas as outras foram determinantes ou potencializadores do uso da computação em nuvem.

Em relação ao contexto organizacional, os resultados mostram que apenas a confiança organizacional é um determinante do uso da computação em nuvem. Isso confirma que a inexistência de ansiedade organizacional em relação a uma nova tecnologia e a crença de que a organização possui as habilidades e recursos necessários para usar a computação em nuvem afeta seu uso (Vu et al., 2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.). Esse resultado também fortalece a literatura que destaca que a confiança em relação à tecnologia de computação em nuvem pode influenciar positivamente seu uso (Gupta et al., 2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.; Khayer et al., 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.; Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.; Priyadarshinee et al., 2017Priyadarshinee, P., Raut, R. D., Jha, M. K., & Gardas, B. B. (2017). Understanding and predicting the determinants of cloud computing adoption: A two staged hybrid SEM - Neural networks approach. Computers in Human Behavior, 76, 341-362.). Ao contrário, a esperada relevância do know-how de TI não foi corroborada. Embora a literatura enfatize a necessidade das habilidades necessárias do pessoal de TI para aumentar a confiança da organização para que haja o engajamento na adoção de novas tecnologias (Dincă et al., 2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.; Lian et al., 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.), neste estudo não encontramos suporte para esse fator. Se a medida tivesse avaliado o nível de know-how de TI em relação ao número de especialistas de TI ou ao orçamento de TI das organizações, o resultado poderia ter sido diferente (Dincă et al., 2019; Garrison et al., 2015Garrison, G., Wakefield, R. L., & Kim, S. (2015). The effects of IT capabilities and delivery model on cloud computing success and firm performance for cloud supported processes and operations. International Journal of Information Management, 35(4), 377-393.; Kauffman et al., 2018Kauffman, R. J., Ma, D., & Yu, M. (2018). A metrics suite of cloud computing adoption readiness. Electronic Markets, 28(1), 11-37.).

Os fatores ambientais incluídos neste modelo não foram validados como componentes que contribuem para explicar o uso da computação em nuvem. Mesmo que a literatura reforce a importância da confiança no fornecedor (Dincă et al., 2019Dincă, V. M., Dima, A. M., & Rozsa, Z. (2019). Determinants of cloud computing adoption by Romanian SMEs in the digital economy. Journal of Business Economics and Management, 20(4), 798-820.; Gupta et al., 2013Gupta, P., Seetharaman, A., & Raj, J. R. (2013). The usage and adoption of cloud computing by small and medium businesses. International Journal of Information Management, 33(5), 861-874.) e da pressão competitiva (Dincă et al., 2019; Lian et al., 2014Lian, J. W., Yen, D. C., & Wang, Y. T. (2014). An exploratory study to understand the critical factors affecting the decision to adopt cloud computing in Taiwan hospital. International Journal of Information Management, 34(1), 28-36.; Low et al., 2011Low, C. Y., Chen, Y. H., & Wu, M. C. (2011). Understanding the determinants of cloud computing adoption. Industrial management & data systems, 111(7), 1006-1023.) como elementos cruciais para a adoção de novas tecnologias, não alcançaram significância estatística neste estudo. Uma possível explicação pode ser o fato de estarmos estudando o uso da computação em nuvem e não sua adoção, uma vez que todos os estudos que destacam a relevância desses fatores ambientais utilizam a adoção como variável dependente (Dincă et al., 2019; Low et al., 2011; Wang & Cheung, 2004Wang, S., & Cheung, W. (2004). E-business adoption by travel agencies: Prime candidates for mobile e-business. International Journal of Electronic Commerce, 8(3), 43-63.). Esses fatores ambientais são, portanto, mais aplicáveis à decisão de adoção do que à decisão de uso depois de tomada a decisão de adoção.

Uma descoberta interessante deste estudo diz respeito à relação entre o uso de computação em nuvem e a mobilidade empresarial. Esse resultado confirma que a disponibilidade de infraestruturas, plataformas e aplicativos para computação em nuvem e acesso universal sustentam a estratégia da organização para implementar e usar tecnologias móveis (Nkosi & Mekuria, 2010Nkosi, M. T., & Mekuria, F. (2010). Cloud computing for enhanced mobile health applications. Paper presented at the Cloud Computing Technology and Science (CloudCom), 2010 IEEE Second International Conference on Cloud Computing, Indianapolis. DOI: 10.1109/CloudCom.2010.31
https://doi.org/10.1109/CloudCom.2010.31...
). Isso confirma os argumentos de Marston et al. (2011Marston, S., Li, Z., Bandyopadhyay, S., Zhang, J., & Ghalsasi, A. (2011). Cloud computing - The business perspective. Decision Support Systems, 51(1), 176-189.) de que, quando as organizações usam a computação em nuvem, são mais propensas a converter seus processos de negócios para usar mais aplicativos móveis. Portanto, o uso da computação em nuvem contribui positivamente para alcançar os benefícios esperados da reorganização do modelo de negócios da organização para incluir características de negócios móveis e, assim, alcançar a mobilidade empresarial (Picoto et al., 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.; Stieglitz & Brockmann, 2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204.).

Uma segunda descoberta interessante deste estudo diz respeito à relevância que as orientações estratégicas da organização têm para aumentar a mobilidade empresarial. As orientações para a inovação e empreendedoras mostram relações significativas com a mobilidade empresarial, o que sustenta sua relevância para as organizações na adoção de novas inovações e tecnologias (Han et al., 1998Han, J. K., Kim, N., & Srivastava, R. K. (1998). Market orientation and organizational performance: Is innovation a missing link? Journal of marketing, 62(4), 30-45.; Julien & Raymond, 1994Julien, P.-A., & Raymond, L. (1994). Factors of new technology adoption in the retail sector. Entrepreneurship Theory and Practice, 18(4), 79-90.; Wang & Qualls, 2007Wang, Y., & Qualls, W. (2007). Towards a theoretical model of technology adoption in hospitality organizations. International Journal of Hospitality Management, 26(3), 560-573.; Yu et al., 2018Yu, Y., Li, M., Li, X., Zhao, J. L., & Zhao, D. (2018). Effects of entrepreneurship and IT fashion on SMEs’ transformation toward cloud service through mediation of trust. Information & Management, 55(2), 245-257.). Esta pesquisa está alinhada com os estudos que identificam orientação empreendedora (Lal, 1999Lal, K. (1999). Determinants of the adoption of information technology: A case study of electrical and electronic goods manufacturing firms in India. Research Policy, 28(7), 667-680.; Pérez-Luño et al., 2011Pérez-Luño, A., Wiklund, J., & Cabrera, R. V. (2011). The dual nature of innovative activity: How entrepreneurial orientation influences innovation generation and adoption. Journal of Business Venturing, 26(5), 555-571.; Putniņš & Sauka, 2019Putniņš, T. J., & Sauka, A. (2019). Why does entrepreneurial orientation affect company performance? Strategic Entrepreneurship Journal, early view, 1-25.; Zhai et al., 2018Zhai, Y.-M., Sun, W.-Q., Tsai, S.-B., Wang, Z., Zhao, Y., & Chen, Q. (2018). An empirical study on entrepreneurial orientation, absorptive capacity, and SMEs’ innovation performance: A sustainable perspective. Sustainability, 10(2), 314.) e orientação para a inovação (Ali et al., 2017Ali, A., Warren, D., & Mathiassen, L. (2017). Cloud-based business services innovation: A risk management model. International Journal of Information Management, 37(6), 639-649.; Chou et al., 2017Chou, C. Y., Chen, J.-S., & Liu, Y.-P. (2017). Inter-firm relational resources in cloud service adoption and their effect on service innovation. The Service Industries Journal, 37(3-4), 256-276.; Ergün & Kuşcu, 2013Ergün, H. S., & Kuşcu, Z. K. (2013). Innovation orientation, market orientation and e-loyalty: Evidence from Turkish e-commerce customers. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 99, 509-516.; Hurley & Hult, 1998Hurley, R. F., & Hult, G. T. M. (1998). Innovation, market orientation, and organizational learning: An integration and empirical examination. Journal of marketing, 62(3), 42-54.; Moon & Norris, 2005Moon, M. J., & Norris, D. F. (2005). Does managerial orientation matter? The adoption of reinventing government and e-government at the municipal level. Information Systems Journal, 15(1), 43-60.; Wang & Cheung, 2004) como fatores críticos para aceitar, adotar e usar novas tecnologias e novas inovações organizacionais, como a computação em nuvem. Portanto, esses resultados também confirmam os argumentos de Moon e Norris (2005) de que as organizações voltadas para o empreendedorismo e a inovação são mais receptivas a novas abordagens gerenciais. Mas, mesmo assim, este é o primeiro estudo, até onde sabemos, a confirmar empiricamente a relevância dessas orientações estratégicas para apoiar a transformação digital das organizações e para aumentar a mobilidade empresarial (Ali et al., 2017; Chou et al., 2017; Ergün & Kuşcu, 2013; Putniņš & Sauka, 2019; Zhai et al., 2018).

Também encontramos sustentação para a relação hipotética entre o uso da computação em nuvem e o desempenho organizacional. Esse resultado confirma os argumentos de Marston et al. (2011Marston, S., Li, Z., Bandyopadhyay, S., Zhang, J., & Ghalsasi, A. (2011). Cloud computing - The business perspective. Decision Support Systems, 51(1), 176-189.), Sharma et al. (2020Sharma, M., Gupta, R., & Acharya, P. (2020). Prioritizing the critical factors of cloud computing adoption using multi-criteria decision-making techniques. Global Business Review, 21(1), 142-161.) e Vu et al. (2020Vu, K., Hartley, K., & Kankanhalli, A. (2020). Predictors of cloud computing adoption: A cross-country study. Telematics and Informatics, 52, 101426.) de que as organizações que usam tecnologias de computação em nuvem esperam alcançar eficiência de custos, flexibilidade, maior acesso aos recursos de TI e agilidade de negócios, que se traduzem em desempenho organizacional. Isso também está de acordo com os resultados de estudos que encontraram uma relação positiva entre a adoção e o uso de diversos sistemas de TI e o desempenho organizacional (Chan & Chong, 2012Chan, F. T. S., & Chong, A. Y. L. (2012). A SEM-neural network approach for understanding determinants of interorganizational system standard adoption and performances. Decision Support Systems, 54(1), 621-630.; Ilmudeen et al., 2019Ilmudeen, A., Bao, Y., & Alharbi, I. M. (2019). How does business-IT strategic alignment dimension impact on organizational performance measures. Journal of Enterprise Information Management, 32(3), 457-476.; Khayer et al., 2020Khayer, A., Talukder, M. S., Bao, Y., & Hossain, M. N. (2020). Cloud computing adoption and its impact on SMEs’ performance for cloud supported operations: A dual-stage analytical approach. Technology in Society, 60, 101225.).

Além disso, este estudo conclui que a mobilidade empresarial está positivamente relacionada ao desempenho organizacional. Corroboramos os argumentos de que a transformação das organizações para a mobilidade tem como objetivo principal alcançar maior valor para o negócio e, portanto, desempenho superior (Picoto et al., 2013Picoto, W. N., Bélanger, F., & Palma-dos-Reis, A. (2013). M-Business organizational benefits and value: A qualitative study. Journal of Organizational Computing and Electronic Commerce, 23(4), 287-324.; Stieglitz & Brockmann, 2012Stieglitz, S., & Brockmann, T. (2012). Increasing organizational performance by transforming into a mobile enterprise. MIS Quarterly Executive, 11(4), 189-204.). Isso está de acordo também com um estudo (Wang et al., 2018Wang, Y., Chen, Y., Zhu, T., & Lin, D. (2018). Unpacking the organizational impacts of enterprise mobility using the repertory grid technique. Internet Research, 28(1), 143-168.) que argumenta que a mobilidade empresarial tem um efeito positivo no desempenho das organizações.

Este estudo fornece contribuições para acadêmicos e profissionais. Para acadêmicos, é o primeiro estudo a combinar a estrutura TOE com orientações estratégicas como determinantes do uso de computação em nuvem e mobilidade empresarial que confirma a relação entre esses construtos. Na verdade, descobrimos que o uso da computação em nuvem permite a mobilidade empresarial de uma empresa, facilitando o acesso aos recursos informacionais em qualquer lugar. A mobilidade empresarial faz parte da transformação digital. Curiosamente, os construtos de orientação estratégica de orientação empreendedora e inovadora também estão positivamente associados à mobilidade empresarial, evidenciando o caráter estratégico deste conceito, que, quando sustentado por uma infraestrutura tecnológica adequada (computação em nuvem), é capaz de contribuir para a melhoria do desempenho organizacional. Por fim, nossos resultados confirmam que níveis mais altos de uso de computação em nuvem e mobilidade empresarial estão positivamente associados ao desempenho de uma empresa. Para os profissionais, nossos resultados mostram que o maior uso da computação em nuvem está relacionado a um desempenho aprimorado, o que sustenta os argumentos dos fornecedores de computação em nuvem. Além disso, destaca a importância da orientação estratégica e mobilidade empresarial para que níveis superiores de desempenho organizacional sejam alcançados.

No entanto, este estudo apresenta algumas limitações, como o tamanho da amostra e o fato de todas as organizações incluídas nesta pesquisa serem de um único país. Por outro lado, os fatores específicos incluídos no modelo conceitual para testar a estrutura TOE podem ser diferentes. Conforme mencionamos anteriormente, selecionamos esses fatores específicos, mas outros podem ser incluídos. Além disso, o desempenho organizacional pode ser explicado por vários fatores além do uso da computação em nuvem e a mobilidade empresarial. A razão é que a quantidade de variância explicada por essas duas variáveis permanece em torno de 25%. Pesquisas futuras poderiam aplicar esse mesmo modelo a outros países, pois seria interessante analisar o efeito das variáveis ambientais e culturais sobre ele. O modelo também pode incluir diferentes tipos de orientação estratégica e considerar outros determinantes do desempenho como variáveis de controle.

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APÊNDICE


ITENS DE MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO DE VALIDADE

Editor responsável:

Prof. Dr. João Maurício Boaventura

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2021

Histórico

  • Recebido
    25 Jul 2019
  • Aceito
    10 Nov 2020
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