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Elicitação e definição de requisitos baseada em meta-avaliação: o caso do Censo CRAS 2008

Resumos

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) promove periodicamente a avaliação dos seus programas sociais, como aqueles desenvolvidos nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS). Essa avaliação utiliza como instrumento um sistema web que suporta o processo de coleta e tratamento de informações e disseminação de resultados aos gestores municipais, estaduais e federais mediante o chamado Censo CRAS. Conduziu-se uma meta-avaliação do CRAS 2008, baseada nos critérios especificados peloJoint Committee (1994), a partir da qual foram elicitados requisitos que possibilitaram a melhoria do referido sistema web. Neste artigo são relatados os resultados da meta-avaliação do Censo CRAS 2008, realizada no período de 2009 a 2010, na qual novos requisitos foram elicitados. A abordagem da meta-avaliação como fonte alternativa de elicitação de requisitos considerou os resultados de avaliações de programas sociais para identificar os problemas do sistema, sem a necessidade da usual e intensa interação com usuários, e revelou oportunidades de melhorias no processo de avaliação que conduziram à elicitação de requisitos para o sistema informatizado. Algumas funcionalidades elicitadas foram incorporadas ao Censo CRAS 2010 e outras poderão ser incorporadas em censos futuros.

Elicitação de requisitos; Avaliação; Meta-avaliação


The Brazilian Ministry of Social Development and Fight against Hunger (MDS) regularly promotes the evaluation of its social programs, such as those developed in the Reference Centers for Social Assistance (CRAS). Such evaluations make use of a web system that supports the collection and processing of information as well as the dissemination of its results to local, regional and central government officials through the so-called CRAS Census. A meta-evaluation of the CRAS 2008 Census was carried out based on criteria specified by the Joint Committee (1994), from which we elicited requirements that enabled improvements of the web system. The article reports new requirements elicited from the meta-evaluation of the CRAS 2008 Census, held in the period 2009-2010. The approach of meta-evaluation as an alternative source of requirements elicitation took into consideration results from evaluations of social programs in order to identify system problems without the usual need of intense interaction with users. This approach revealed opportunities for improvements in the evaluation process that led to the elicitation of requirements for the computerized system. Some of the elicited features were incorporated into the Census 2010 and others may be incorporated in future censuses.

Requirements Elicitation; Evaluation; Metaevaluation


1. Introdução

Engenharia de Requisitos, no contexto da Engenharia de Software, pode ser entendida como uma importante ação que perpassa as atividades de comunicação e modelagem, de modo a construir uma ponte entre a necessidade de um software e seu projeto e implementação (PRESSMAN, 2010Pressman, R. Software engineering: a Practitioner’s Approach. 7. Ed., New York, EUA: McGraw-Hill, 2010., p. 120).

Para o IEEE (1990)IEEE. Standard Glossary of Software Engineering Terminology (IEEE Std. 610.12-1990). New York, EUA: IEEE, 1990., os itens que compõem os requisitos de um sistema são: (i)as condições ou potencialidades requeridas por um usuário para resolver um problema ou atingir um objetivo; (ii) as condições ou potencialidades que um sistema, componente ou produto deve exibir para que seja aceito e(iii) a expressão documentada desses itens.

Pressman (2010Pressman, R. Software engineering: a Practitioner’s Approach. 7. Ed., New York, EUA: McGraw-Hill, 2010., p. 121) categoriza as tarefas de Engenharia de Requisitos em concepção, levantamento, elaboração, negociação, especificação (modelagem), gestão e validação dos requisitos de um software, alertando para a possibilidade de sobreposição destas atividades no tempo, conforme as necessidades do projeto. Este trabalho detalha um caso específico de elicitação de requisitos funcionais, não funcionais e regras de negócio no âmbito dos sistemas de informação utilizados na avaliação do Censo CRAS 2008[1] [1] O Censo CRAS é realizado anualmente pelo MDS e refere-se à coleta e análise de dados dos Centros de Referência de Assistência Social. Este processo teve início em 2007 e desde então é realizado anualmente. .

No caso aqui tratado, não se parte de entrevistas com os clientes para descobrir o que eles esperam ou desejam do software, mas sim de uma análise crítica utilizando os padrões de avaliação aceitos pela comunidade da área de meta-avaliação (COOSKY; CARACELLI, 2009Coosky, L.; Caracelli, V. Metaevaluation in practice.Journal of MultiDisciplinary Evaluation, v. 6, n.11, 2009.) como principal insumo para a descoberta de novos requisitos.

2. O caso estudado

Os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) são unidades geridas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), instaladas nos 5.560 municípios brasileiros, onde são prestados serviços de assistência social. Parte do financiamento destes centros é assegurada pelo Governo Federal, através do MDS, e a gestão é de responsabilidade dos municípios. Sua estrutura descentralizada, por um lado levou à maior participação dos municípios, mas por outro dificultou o acompanhamento da implantação das políticas nos municípios e a gestão da qualidade desse processo por parte do Governo Federal.

Por isso, no ano de 2007, o MDS, por meio da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) e da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), realizou um censo para quantificar, identificar e coletar informações dos CRAS. A SAGI foi responsável pelo desenho, criação e desenvolvimento e tem mantido os sistemas de informação e a SNAS pela mobilização, definição do sistema e pelo atendimento aos municípios. Para este censo, foi disponibilizado pela SAGI um site na Internet onde o gestor municipal insere as informações relativas aos CRAS do seu município.

Também em 2007, foi realizada uma coleta de dados quanto à localização, recursos humanos, estrutura física e capacidade de articulação com outros órgãos públicos e privados. Os primeiros resultados do censo levaram o MDS a propor indicadores e patamares a serem alcançados pelos CRAS para a prestação dos serviços, estrutura física e qualidade a serem medidos em futuros censos. Desta forma, o que seria somente um censo passou a ter um caráter avaliativo, pois subsidiou a delimitação de critérios que seriam utilizados para aferir a qualidade da oferta dos serviços nos CRAS.

Nos anos seguintes, além dos censos anuais dos CRAS, foram realizados censos dos Centros Especializados de Referência de Assistência Social (CREAS), dos conselhos municipais e estaduais de assistência social e da gestão da assistência social. Contudo, o processo avaliativo com indicadores e critérios de avaliação foi implantado primeiramente a partir do Censo CRAS realizado em 2007. (BRASIL, 2008aBrasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Linha de Base do Monitoramento dos CRAS. Brasília, DF: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2008a. 104 p.). Os resultados dessa avaliação foram publicados em 2010.

O processo avaliativo do Censo CRAS foi pioneiro nas duas secretarias envolvidas, no sentido de utilizar uma abordagem apoiada em sistemas de informações, indicadores, capacitação e mobilização para aperfeiçoamento da tomada de decisão da gerência Estadual e Federal baseada em dados relativos a dezenas de variáveis coletadas nos municípios brasileiros.

Como todo processo avaliativo pode ser objeto de aprimoramento em seus diversos aspectos, como em sua qualidade e precisão (POSAVAC; CAREY, 2003Posavac, E. J., & Carey, R. G. Program evaluation. Methods and case Studies. 6ª Ed., New Jersey, EUA: Prentice Hall. 2003.), nesta pesquisa analisou-se o processo com base nos padrões de avaliação propostos pelo Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994., realizando uma meta-avaliação. De acordo com Hedler (2007Hedler, H. Meta-avaliação das auditorias de natureza operacional do Tribunal de Contas da União: um estudo sobre auditorias de natureza operacional de programas sociais. Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Psicologia da UnB, 2007. 260f., p. 59), meta-avaliação é “um método de pesquisa a partir do qual são reanalisadas uma ou mais etapas do(s) estudo(s) avaliativo(s) já concluído(s); compara-se a avaliação anterior com padrões de qualidade e validade aceitos pela comunidade científica e ao final emite-se nova avaliação sobre o estudo avaliativo analisado”. Os padrões foram utilizados como ferramenta para realização de meta-avaliação, conforme trabalho realizado porHedler (2007)Hedler, H. Meta-avaliação das auditorias de natureza operacional do Tribunal de Contas da União: um estudo sobre auditorias de natureza operacional de programas sociais. Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Psicologia da UnB, 2007. 260f., e aplicados ao processo do Censo CRAS realizado em 2007.

Na meta-avaliação utilizaram-se os padrões propostos pelo Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994. para subsidiar os melhoramentos nos sistemas de informação utilizados no censo. Ou seja, realizou-se uma elicitação de requisitos por meio de resultados de uma meta-avaliação.

3. Referencial teórico

3.1 Engenharia de Requisitos

A Engenharia de Software (ES), como área de pesquisa, provê ajuda metodológica para a elaboração/construção de softwares. Ela possui técnicas, métodos e padrões que podem ser utilizados no ciclo de vida de um software.

Em geral, a fase inicial do desenvolvimento de um sistema é apoiada pela Engenharia de Requisitos (ER). A ER é uma subárea da ES responsável pela definição dos objetivos e delimitações do software (Pressman, 2006, p. 116;Paula Filho, 2009Paula Filho, W. Engenharia de software fundamentos, métodos e padrões. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009.; p. 165; Wiegers, 2003Wiegers, K. Software requirements: practical techniques for gathering and managing requirements throughout the product development cycle. 2. ed. Redmond, EUA: Microsoft Press, 2003., p. 380). Também existem padrões como o Capability Maturity Model Integration(CMMI), adotado pelo mercado e pela academia, com processos destinados especificamente à elaboração de requisitos: definição de requisitos (SEI, 2010SEI. Software Engineering Institute. Improving process for developing better products and services. Disponível em: <http://www.sei.cmu.edu/reports/10tr033.pdf>. Acesso em 9 de novembro de 2010·
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, p. 325) e gestão de requisitos (SEI, 2010SEI. Software Engineering Institute. Improving process for developing better products and services. Disponível em: <http://www.sei.cmu.edu/reports/10tr033.pdf>. Acesso em 9 de novembro de 2010·
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p. 341).

Wiegers (2003Wiegers, K. Software requirements: practical techniques for gathering and managing requirements throughout the product development cycle. 2. ed. Redmond, EUA: Microsoft Press, 2003., p. 47) divide as atividades da ER relacionadas ao desenvolvimento de requisitos em:(i) elicitação, (ii) análise,(iii) especificação e (iv) validação. A etapa de elicitação de requisitos tem como foco a descoberta e a comunicação entre os desenvolvedores com os clientes. Caso esta comunicação inicial falhe, o software tende a não atender às necessidades e às expectativas do cliente. Esta é a fase mais crítica com relação à comunicação entre o desenvolvedor de software e o cliente (Wiegers, 2003Wiegers, K. Software requirements: practical techniques for gathering and managing requirements throughout the product development cycle. 2. ed. Redmond, EUA: Microsoft Press, 2003., p. 115). Entrevistas, coleta de informações e discussões em grupo são os principais procedimentos metodológicos empregados nessa fase.

Pressman (2006, p. 118) aponta ainda os principais problemas na elaboração de requisitos: (i) problemas com o escopo do projeto,(ii) de entendimento do problema e(iii) na volatilidade ou mudança dos requisitos durante o projeto. Somam-se a estes, problemas apontados por Saiedian e Dale (1999)Saiedian, H. Dale, R. Requirements engineering: making the connection between the software developer and customer. Information Software Technology, n. 42, 1999.: (i) a comunicação pobre, (ii) a resistência à mudança pelos envolvidos, (iii) os problemas de articulação entre os envolvidos e (iv) as perspectivas diferentes entre os interessados. Nesse sentido, o Software Engineering Institute (SEI) com o CMMI, a Softex (2009)Softex. MPS.br – Melhoria de Processo de Software Brasileiro - Guia Geral. 2009. Disponível em: <http://www.softex.br/mpsbr/_guias/guias/MPS.BR_Guia_Geral_2009.pdf>
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com o Guia Geral Programa de Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPSBR) e outras organizações tentam minimizar estes problemas com a documentação de padrões para serem utilizados na fase de requisitos.

Entre os possíveis insumos para a descoberta de requisitos estão (SEI, 2010SEI. Software Engineering Institute. Improving process for developing better products and services. Disponível em: <http://www.sei.cmu.edu/reports/10tr033.pdf>. Acesso em 9 de novembro de 2010·
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, p. 329-330):(i) questionários, entrevistas e cenários,(ii) protótipos e modelos, (iii)questionários de mercado, (iv) brainstorm,(v) casos de uso, (vi) análise de casos de negócio, (vii) testes de softwares,(viii) demonstração de tecnologia,(ix) políticas do negócio,(x)produtos legados, (xi) estatutos regulatórios e (xii) padrões. Neste trabalho, a produção de requisitos foi realizada com base em padrões de avaliação de programas.

Com base nos conceitos da ES e nos processos da ER preconizados pela IEEE (1990)IEEE. Standard Glossary of Software Engineering Terminology (IEEE Std. 610.12-1990). New York, EUA: IEEE, 1990., e considerando-se também o padrão de qualidade de software ISO 9126[2] [2] A norma ISO/IEC 9126 (INTERNATIONAL STANDARD ORGANIZATION, 2001) foca na qualidade do produto de software. Ela estabelece um modelo de qualidade baseado nos seguintes componentes:(i) processo de desenvolvimento, (ii)qualidade do produto final e (iii) qualidade no uso do produto de software. e o conceito de Gestão de Processo de Negócio – BPM[3] [3] Gestão por Processo de Negócio é uma abordagem disciplinada para identificar, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar processos de negócio automatizados ou não para alcançar os resultados pretendidos consistentes e alinhados com as metas estratégicas de uma organização (ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2009). , foi construído um processo chamado de eXtreme Requirements (XR), proposto por Castro e Guimarães (2010)Castro, E. J. R.; Guimarães, F. A. Processo eXtreme requirements XR. Disponível em: <http://www.quaddract.com.br/download/Metodo_eXtreme_Requirements_XR.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2010.
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, para a produção de requisitos segundo as fases: análise de negócio, proposta de solução, definição de requisitos, prototipação, teste e gerência de requisitos.

O XR classifica os requisitos em não funcionais, funcionais, complementares e regras de negócio. Requisitos funcionais são as funcionalidades ou atividades que o sistema deve fazer. Os requisitos complementares são as características e propriedades de detalhamento dos requisitos funcionais. Regras de negócio são provenientes do contexto organizacional, tais como as normas, condições e padrões para executar cada funcionalidade. Requisitos não funcionais são as características de qualidade do software.

3.2 Avaliação

Para Worthen, Sanders, Fitzpatrick (2007, p. 35), uma avaliação refere-se à identificação, esclarecimento e aplicação de critérios defensáveis para determinar o valor, mérito, a utilidade, eficácia ou importância do objeto avaliado. Stufflebeam e Shinkfield (2007Stufflebeam, D.; Shinkfield, A. Evaluation, theory, models & applications. San Francisco, EUA: Jossey-Bass, 2007., p.16) definem avaliação como um processo sistemático para delimitar, obter, reportar, descrever e julgar a informação sobre o mérito, o valor, a integridade, a viabilidade, a segurança e a significância ou equidade de algum objeto. Weiss (1997Weiss, C. H. Evaluation. 2. Ed., Saddle River, EUA: Prentice Hall, 1997., p. 4) afirma que avaliação é um modo de atestar de forma sistemática a operação e os resultados da política ou programa comparados com um conjunto de padrões como meio de contribuir para a melhoria do programa ou política.

Observa-se, por essas definições, que avaliações devem julgar ou esclarecer alguma questão com base em padrões ou critérios, de forma a qualificar um programa social, uma pessoa, uma organização ou um processo. Assim, a primeira definição é a mais abrangente, por sua generalidade e por não se limitar especificamente a programas sociais, tendo sido a norteadora desta pesquisa no que concerne ao entendimento de avaliação.

Segundo Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2007, p. 44), os resultados de uma avaliação podem trazer aprimoramento ao objeto, programa ou política avaliada. Em contraposição, uma avaliação mal construída e mal aplicada pode levar seus gestores a decisões equivocadas. A razão de fracasso de uma avaliação pode ser o mau planejamento metodológico e até mesmo a falta de ética das pessoas ou organizações envolvidas no processo avaliativo.

A necessidade de atestar a qualidade e aperfeiçoar a construção de novas avaliações levou diversas organizações e autores a proporem padrões. Estes padrões podem ser utilizados como mecanismos de meta-avaliação.

Segundo Stufflebeam (2001)Stufflebeam, D. The metaevaluation imperative. American Journal of Evaluation, v. 22, p. 183-209, 2001., "meta-avaliação é o processo de delinear, obter e aplicar informações descritivas e de julgamento de uma avaliação a respeito de sua utilidade, viabilidade, propriedade e precisão, e a natureza sistemática, competência, integridade/honestidade, respeitabilidade e responsabilidade social desse processo para orientar a avaliação e publicamente relatar suas forças e fraquezas". Entre os padrões de avaliação disponíveis estão oEducational Evaluation Standards, do Joint Committee(1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994.; o Guiding Principles for Evaluators, daAmerican Evaluation Association (AEA, 2004); e oGovernment Auditing Standards, do U.S. Government Auditing Office (USGAUNITED STATES GOVERNMENT ACCOUNTABILITY OFFICE.GOF: Government Auditing Standards. 2007. Disponível em: <http://www.gao.gov/new.items/d07731g.pdf>. Acesso em: 08 out. 2009.
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, 2007).

O Joint Committee foi formado por um grupo de autores na área de avaliação que trabalharam em conjunto entre os anos de 1970 e 1990 discutindo conjuntos de padrões destinados a guiar e avaliar a construção de avaliações. Ele propõe 30 padrões divididos em quatro grupos, criados para subsidiar a avaliação de programas e projetos educacionais, visando estimular e melhorar o diálogo entre os profissionais envolvidos em avaliações. O Joint Committee (1994JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994., p. 4), no entanto, encoraja o uso de padrões de outros métodos de avaliação que, de acordo com Stufflebeam e Shinkfield (2007Stufflebeam, D.; Shinkfield, A. Evaluation, theory, models & applications. San Francisco, EUA: Jossey-Bass, 2007., p. 92), são também aplicáveis a meta-avaliações.

O Guiding Principles for Evaluators (AEA, 2004) conta com cinco princípios: (i) inquérito sistemático,(ii) competência, (iii) integridade e honestidade, (iv) respeito às pessoas e(v) responsabilidade pelo bem-estar geral e público. Para Stufflebeam e Shinkfield (2007Stufflebeam, D.; Shinkfield, A. Evaluation, theory, models & applications. San Francisco, EUA: Jossey-Bass, 2007., p. 110), no entanto, esses princípios já são contemplados pelos padrões doJoint Committee.

Os princípios orientadores do Government Auditing Standards(USGA, 2007UNITED STATES GOVERNMENT ACCOUNTABILITY OFFICE.GOF: Government Auditing Standards. 2007. Disponível em: <http://www.gao.gov/new.items/d07731g.pdf>. Acesso em: 08 out. 2009.
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) foram propostos para garantir a realização de auditorias de alta qualidade, essenciais para a prestação de contas e transparência dos investimentos dos recursos públicos. Para isso, auditorias devem ser objetivas, baseadas em fatos, imparciais, capazes de medir o desempenho dos programas e disponibilizar informação para a tomada de decisão. Segundo Stufflebeam e Shinkfield (2007)Stufflebeam, D.; Shinkfield, A. Evaluation, theory, models & applications. San Francisco, EUA: Jossey-Bass, 2007., estes padrões também se aproximam da proposta do Joint Committee e tratam de padrões para independência da auditoria, julgamentos dos profissionais, competência, controle e qualidade, trabalho em campo, relatórios e desempenho de auditoria.

Os padrões Joint Committee, USGA e AEA, tal como os sugeridos por Stufflebeam e Shinkfield (2007Stufflebeam, D.; Shinkfield, A. Evaluation, theory, models & applications. San Francisco, EUA: Jossey-Bass, 2007., p. 109), são variados em detalhes e orientações, não se contradizem e se complementam. Diante do exposto, para este trabalho, foram adotados os critérios do Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994..

4. Aspectos metodológicos

Este trabalho parte do pressuposto de que uma avaliação que envolve Sistemas de Informação (SI) é passível de ser meta-avaliada objetivando gerar insumos para a elicitação de requisitos de software visandoaperfeiçoamento de futuras avaliações. A Figura 1 ilustra este pressuposto, segundo uma visão de melhoria contínua expressa na forma de uma espiral com ponto de partida na avaliação informatizada.

Figura 1
- Ciclo de aprimoramento de sistemas de avaliação por meio de meta-avaliação que utilizem Sistemas de Informação

4.1 Definição de método para o estudo de caso: Censo CRAS 2008

Para a identificação de novos requisitos no processo avaliativo dos CRAS, analisou-se a avaliação presente no Censo CRAS 2008. Foi realizada uma elicitação de requisitos baseada nos resultados da meta-avaliação utilizando os padrões propostos pelo Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994.. Esta meta-avaliação envolveu uma investigação através de entrevistas, documentos e normas do processo.

A escolha dos padrões do Joint Committee se deve à sua generalidade, abrangência e ampla aceitação pela comunidade científica (COOSKY e CARACELLI, 2009Coosky, L.; Caracelli, V. Metaevaluation in practice.Journal of MultiDisciplinary Evaluation, v. 6, n.11, 2009.). Ademais, estes padrões sugerem recomendações e erros comuns em avaliações, permitindo sua utilização como guia para a identificação de pontos fracos no processo avaliativo cuja solução possa envolver o emprego das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). No Quadro 1 são apresentados os documentos, sistemas e entrevistas averiguados na meta-avaliação dos CRAS.

No Joint Committee(1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994. existem padrões para verificar a propriedade, utilidade, viabilidade e precisão de uma avaliação. Optou-se pela análise de três padrões: (i) Avaliação Completa e Justa,(ii) Informação Sistemática e (iii)Conclusões Justificadas. Esses padrões foram escolhidos por uma comissão de três profissionais sêniores de TIC que concordaram que esses padrões estão associados à identificação de novos requisitos de software.

Como detalhado no Quadro 1, os principais insumos para a realização da meta-avaliação foram:(i) o relatório da avaliação (BRASIL, 2010Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Monitoramento SUAS: censo CRAS 2008. Brasília: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010. 235 p.), (ii) a entrevista semiestruturada com um especialista do negócio, (iii) o Sistema Gerente CRAS 2008 (BRASIL, 2008bBrasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.Gerente CRAS 2008. 2008b. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/CRAS2008/adm>.
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) e (iv) a entrevista semiestruturada com o especialista de TI do MDS. Ambos os entrevistados participaram do processo avaliativo. O especialista do negócio acompanhou o processo avaliativo CRAS 2008, desde a formulação de questões até o desenvolvimento do relatório final da avaliação. O especialista de TI participou do desenvolvimento e acompanhou os processos de informação da avaliação CRAS 2008. Esses insumos, de acordo com os preceitos de Coosky e Caracelli (2009)Coosky, L.; Caracelli, V. Metaevaluation in practice.Journal of MultiDisciplinary Evaluation, v. 6, n.11, 2009., são frequentemente utilizados em processos de meta-avaliação.

Quadro 1
- Recomendações e principais erros conforme orientações doJoint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994.

Para a realização da definição de requisitos, foi utilizado o artefatoDocumento de Definição de Requisitos (DDR), proposto por Castro e Guimarães (2010)Castro, E. J. R.; Guimarães, F. A. Processo eXtreme requirements XR. Disponível em: <http://www.quaddract.com.br/download/Metodo_eXtreme_Requirements_XR.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2010.
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e que faz parte do eXtreme Requirements. Esse artefato busca identificar os requisitos de software, as regras de negócio, a matriz de rastreabilidade e a priorização dos requisitos a partir dos processos de negócio avaliados. Neste documento, são definidos os seguintes itens:(i) requisitos funcionais, (ii)requisitos complementares, (iii) requisitos não funcionais,(iv) regras de negócio, (v) fluxo de processo, (vi) lista de usuários e (vii)análise de risco. Não se considerou a rastreabilidade de requisitos, pois o objetivo de subsidiar a gerência de requisitos não é o foco deste trabalho.

5. Resultados da meta-avaliação CRAS 2008 e elicitação de requisitos

De acordo com o padrão “Avaliação Completa e Justa”, uma avaliação deve apontar pontos positivos e negativos e limitações do programa avaliado, possibilitando a valorização de aspectos do sucesso do programa e a correção de falhas existentes. No Quadro 2 é apresentado um resumo dos resultados da análise dos dados coletados em função desse padrão.

Quadro 2
- Análise do padrão “Avaliação Completa e Justa”

Segundo o padrão “Informações Sistemáticas” do Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994., a informação coletada, processada e incluída em relatórios deve ser sistematicamente revisada e qualquer erro encontrado deve ser corrigido. O resultado da análise deste padrão para o problema em questão é mostrado no Quadro 3. Os principais aperfeiçoamentos de TI encontrados na análise desse padrão foram relativos à comunicação com os envolvidos na avaliação e autenticação dos usuários.

Quadro 3
- Análise do padrão “Informação Sistemática”

Em seu padrão “Conclusões Justificadas”, o Joint Committee (1994)JOINT COMMITTEE. The Program Evaluation Standards. Thousand Oaks, EUA: SAGE, 1994. defende que as conclusões de uma avaliação devem ser explicitamente justificadas para que possam ser analisadas pelos principais interessados/afetados pela avaliação e/ou programa. Um resumo dos resultados da análise deste padrão é apresentado noQuadro 4. O principal aperfeiçoamento de TI encontrado na análise deste padrão foi permitir que os envolvidos pudessem fornecer um feedback com relação a todo processo de avaliação.

Quadro 4
- Análise do padrão "Conclusões Justificadas"

A seguir, a título de exemplo, o resultado completo da análise para o padrão “Avaliação Completa e Justa”, sendo que os itens 1, 2 e 3 correspondem às recomendações e os demais (de 4 a 9) aos principais erros:

  1. Foram identificados no Sistema Gerente todos os indicadores para cada CRAS que apontam dados positivos e negativos. Nesse sistema, não há informações sobre a metodologia utilizada para a geração desses indicadores. Contudo, essa informação consta do relatório da avaliação (BRASIL, 2010Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Monitoramento SUAS: censo CRAS 2008. Brasília: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010. 235 p., p. 137-173).

  2. Não foi encontrado, tanto no Sistema Gerente como no relatório final, qualquer registro de comentário de outros envolvidos. Questionado sobre isso, o especialista do negócio informou que ocorreram encontros com os representantes dos Estados, Municípios e do Governo Federal para criticar o processo avaliativo, contudo nada foi documentado. Como forma de registro de informação, é possível, por exemplo, utilizar-se um sistema de informação transacional integrado com o gerente que permita aos gestores municipais e estaduais realizarem críticas aos dados e indicadores a serem publicados.

  3. Nada consta no relatório ou no Sistema Gerente. Existem sistemas de informação financeiros e contábeis que poderiam ser utilizados na avaliação. Também é possível a utilização de sistemas de gerenciamento de projetos.

  4. Nenhuma inconsistência foi detectada. Contudo, a análise dos dados demanda uma investigação mais profunda que poderia ser realizada, por exemplo, por um agente de software[4] [4] Segundo Russel e Norvig (2010, p. 34), um agente é uma entidade que percebe seu ambiente por meio de sensores e que atua sobre este ambiente através de atuadores, processando informação e conhecimento. que compararia os resultados com os dados originais. Os Estados podem também verificar os resultados via Sistema Gerente e com apoio de um sistema para registro de dados e informações sobre manipulação de qualquer relatório.

  5. Consultado, o especialista do negócio afirmou que, segundo ele, não houve nenhuma promoção ou proteção de interesses do MDS.

  6. Não há no Sistema Gerente ou no relatório final qualquer informação sobre outras possíveis perspectivas de análise dos dados e indicadores apresentados.

  7. Segundo o especialista do negócio, o processo de produção de indicadores foi realizado de forma a não prejudicar extremamente os CRAS e Municípios.

  8. No relatório da avaliação estão disponíveis os métodos de definição de pontos fortes e fracos (BRASIL, 2010Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Monitoramento SUAS: censo CRAS 2008. Brasília: Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010. 235 p. p. 137-173).

  9. Tanto o Sistema Gerente como o relatório de avaliação apresentam pontos fracos e fortes de cada CRAS.

Uma síntese dos pontos fracos encontrados e as respectivas recomendações para a área técnica de informática é mostrada no Quadro 5. Esse quadro resume a elicitação de requisitos baseada na meta-avaliação.

Quadro 5
- Resumo dos resultados da elicitação de requisitos a partir da meta-avaliação do Censo CRAS 2008

6. Definição de requisitos de software

Com base nas recomendações levantadas durante a meta-avaliação do Censo CRAS 2008, formulou-se uma definição de requisitos desejáveis para a melhoria das soluções de TIC disponíveis no contexto das avaliações dos CRAS. Para isso, optou-se pela construção dos requisitos para as recomendações 1, 3, 4.2, 5, 6, 7, 9 e 10, apresentadas no Quadro 5. Essas recomendações dizem respeito ao registro de informações e comentários dos Estados e Municípios quanto aos dados coletados ou às conclusões da avaliação. Desta forma, a construção de um sistema que disponibilize um canal de comunicação formal entre os níveis federal, estadual e municipal, e que se integre ao sistema Gerente CRAS, caracteriza uma forma de implantar as recomendações sugeridas pela meta-avaliação. As recomendações 2, 4.1 e 8 não foram consideradas por não estarem diretamente relacionadas a uma atividade de concepção e desenvolvimento de sistemas de informação.

6.1 O fluxo de atividades do Censo CRAS 2008

O fluxo de atividades de avaliação dos CRAS 2008 é apresentado na Figura 2. Nesta figura, cada coluna representa um dos três atores envolvidos no processo (MDS, Estados e Municípios) e as atividades sob a responsabilidade de cada um deles. Ele se inicia com a disponibilização, por parte da equipe técnica e negocial do MDS, do questionário online para preenchimento pelos gestores dos CRAS. Os questionários preenchidos são analisados pela equipe técnica e negocial do MDS e disseminados para os Estados e funcionários do MDS por meio do Sistema Gerente CRAS. No entanto, comentários, críticas e informações suplementares dos Estados só podem ser feitos de modo informal e não controlada. Sendo assim, o MDS é o único responsável pela análise e interpretação dos dados e pela geração das conclusões da avaliação. Ou seja, não há participação formal dos Estados e Municípios no processo de análise.

Figura 2
- Fluxo de atividades do Censo CRAS 2008

No processo sugerido (Figura 3), acrescentou-se um componente de comunicação da avaliação dos CRAS (MODCCRAS) entre MDS, Estados e Municípios. Esse componente permite o registro formal de comentários e perguntas e a verificação de dados por todos os envolvidos na avaliação. Desta forma, eles podem opinar sobre o processo de avaliação e informações geradas. Essas opiniões podem ser consideradas para a análise e para subsidiar a decisão de se realizar novos tratamentos da informação. Entre os resultados da avaliação estão os problemas encontrados na execução das políticas referentes aos CRAS, potencialmente úteis para a reformulação dessas políticas.

Figura 3
- Fluxo de atividades proposto

6.2 Requisitos

Para a implementação do processo descrito na Figura 3, propõe-se os requisitos funcionais, requisitos complementares, regras de negócios e requisitos não funcionais, respectivamente apresentados nos Quadros 6, 7, 8 e 9.

Quadro 6
- Requisitos funcionais

Quadro 7
- Requisitos complementares

Quadro 8
- Regras de negócio propostas

Quadro 9
- Requisitos não funcionais

Os requisitos funcionais foram divididos nos seguintes componentes do módulo MODCCRAS: (i) comentários e críticas, (ii)controle de erros, (iii) enquete e(iv) autenticação. O objetivo desses quatro componentes é solucionar problemas de autenticação e registro de comentários, críticas e erros, de acordo com as recomendações da meta-avaliação.

Apesar dos requisitos não funcionais do sistema não serem obtidos diretamente do processo de meta-avaliação, eles foram discutidos com o especialista de TI que participou desse processo. Eles foram inseridos por fazer parte do artefato DDR do método eXtreme Requirements.

6.3 Perfis, permissões e análise de risco

Existem três perfis de usuários credenciados do sistema: funcionários do MDS, usuários dos Estados e os dos Municípios. Todos podem acessar qualquer componente, mas com restrições previamente delimitadas nos requisitos funcionais e nas regras de negócio.

Análise de risco consiste em mapear os possíveis problemas ou interferências que um projeto poderá enfrentar durante sua execução. Por exemplo, o risco mapeado para este projeto advém dos próprios Municípios e Estados que participaram do processo de avaliação. Como fica evidenciado na Figura 4, sem a participação ativa deles, não seria possível construir uma avaliação que atendesse às recomendações da meta-avaliação.

Figura 4
: Exemplo de Matriz de Risco MODCCRAS

7. CONCLUSÕES

Os CRAS são centros que prestam serviços de assistência social e estão distribuídos por todo o Brasil. No ano de 2008, o MDS, como um dos principais financiadores dos programas e de políticas sociais, avaliou a qualidade desses centros. Essa avaliação envolveu a mobilização de pessoas em todo o Brasil para o fornecimento das informações utilizadas para a elaboração dos indicadores de qualidade.

Tendo como base o resultado consolidado do censo CRAS 2008, foi realizada uma meta-avaliação a partir de uma abordagem metodológica mista que envolveu uma metodologia de meta-avaliação como forma de elicitação de requisitos e a metodologia XR para a definição de requisitos. Apesar das limitações deste trabalho com relação à quantidade de padrões utilizados para a meta-avaliação dos CRAS 2008, foram obtidas dez recomendações relativas à forma como as TIC podem aperfeiçoar o processo de avaliação.

Constatou-se que o trabalho trouxe contribuições no contexto da ER, uma vez que o processo atual de análise de requisitos orientado a objetos da UML para projetos de sistemas de informação tem como ponto de partida a formulação de casos de uso que envolve (i) a identificação das necessidades de um determinado ator (humano ou não), (ii) suas interfaces com o sistema e (iiii) ações a serem encaminhadas (PRESSMAN, 2010Pressman, R. Software engineering: a Practitioner’s Approach. 7. Ed., New York, EUA: McGraw-Hill, 2010., p. 161). Este é um processo tipicamente baseado nas expectativas dos usuários em relação aos sistemas de informação. A visão crítica adotada em uma meta-avaliação permite a identificação de fragilidades que podem ser mapeadas em soluções de TIC.

A partir dos resultados desta pesquisa podem-se antever diversos desdobramentos, como: (i) estender a aplicação da metodologia aos demais padrões do Joint Committee no âmbito das avaliações dos CRAS;(ii) aplicar a metodologia proposta em outras avaliações realizadas pelo MDS ou por outros órgãos interessados no aprimoramento de seus sistemas de informação para avaliação; (iii) estudar o papel das TIC em cada padrão do Joint Committee e(iv) aprofundar os estudos sobre formas de elicitação de requisitos baseadas em avaliações críticas de processos.

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  • [1]
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  • [2]
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  • [3]
    Gestão por Processo de Negócio é uma abordagem disciplinada para identificar, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar processos de negócio automatizados ou não para alcançar os resultados pretendidos consistentes e alinhados com as metas estratégicas de uma organização (ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2009ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS. Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo Comum de Conhecimento (BPM CBOK®) - Versão 2.0. ABPMP, 2009. Disponível em: <http://www.abpmp-br.org/CBOK/CBOK_v2.0_Portuguese_Edition_Thrid_Release_Look_Inside.pdf>.
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    Segundo Russel e Norvig (2010Russel, S.; Norvig, P. Artificial Intelligence a Modern Approach. 3. Ed. Boston, EUA: Pearson, 2010., p. 34), um agente é uma entidade que percebe seu ambiente por meio de sensores e que atua sobre este ambiente através de atuadores, processando informação e conhecimento.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2014

Histórico

  • Recebido
    26 Set 2011
  • Aceito
    11 Fev 2014
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