Perfil sociodemográfico e condição bucal de usuários de drogas em dois municípios do Estado do Paraná, Brasil

Sociodemographic profile and oral condition of drug users in two municipalities of the State of Paraná, Brazil

Resumo

Introdução

A pesquisa das condições bucais de usuários de drogas é importante para ser conhecida esta população, cujo crescimento é ascendente no Brasil, a fim de que metas preventivas e atendimento adequado sejam traçados.

Objetivo

Identificar o perfil sociodemográfico e a condição bucal desta população, em dois municípios paranaenses.

Material e método

Foram coletados, por meio de questionário e de exame físico, dados de 100 indivíduos. Foram obtidos os seguintes valores: índice CPOD, profundidade de sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC), índice gengival (IG), índice de placa (IP) e sangramento à sondagem (SS). Após análise descritiva inicial, empregaram-se os testes t de Student e ANOVA one-way.

Resultado

A média da idade foi 29,12 anos. As maiores frequências foram: gênero masculino (95,5%), solteiros (69,0%), baixa escolaridade (41%) e maior consumo de drogas lícitas – tabaco (90,9%) e álcool (84,5%) –, seguidas de crack (80,9%) e maconha (77,3%). A média do CPOD foi 15,21 (DP=5,84) e quanto maior o tempo de dependência, maior este índice (p<0,05). A média da PS foi 3,55 e do NIC, 3,59. O SS ocorreu em 82,7% dos casos e a inflamação moderada, em 79,5%. Placa detectável e moderado acúmulo de placa foram identificados em 39,5% e 35,3%, respectivamente.

Conclusão

Predominaram indivíduos do gênero masculino, jovens, solteiros, com baixa escolaridade e consumidores de drogas lícitas e ilícitas, com condição bucal ruim. Sugere-se mais atenção dos profissionais da área odontológica e dos elaboradores de políticas públicas, com vistas a esta população.

Descritores:
Saúde bucal; usuários de drogas; epidemiologia

Abstract

Introduction

Epidemiological survey of the oral conditions of drug users is an important strategy to know this population, whose growth is increasing in Brazil, so that preventive goals and adequate treatment can be proposed.

Aim

The aim of this study was to identify the sociodemographic profile and oral health condition of drug users in rehab of two municipalities of the State of Paraná.

Material and method

One hundred individuals participated in the study, which data were collected by questionnaire and physical exam. The following values were obtained: DMFT index (decay-missing-filled index), probing depth (PD), clinical attachment level (CAL), gingival index (GI), plaque index (PI), and bleeding on probing (BOP). Data analyses were performed by Student t test and one-way ANOVA.

Result

The mean age of participants was 29.12 years. The major frequencies were: male (95.5%), single (69.0%), lower schooling (41%) and higher consumption of licit drugs tobacco (90.9%) and alcohol (84.5%), followed by crack (80.9%), and marijuana (77.3%). The mean DMFT index was 15.21 (SD=5.84), and the longer the dependence time, the greater this index (p<0.05). Mean PD was 3.55 and mean CAL was 3.59. BOP occurred in 82.7% and 79.5% showed moderate inflammation. Detectable plaque and moderate plaque accumulation were observed in 39.5% and 35.3%, respectively.

Conclusion

Prevalence was observed in young and single males with low schooling, and with consumption of licit and illicit drugs. Poor oral health condition was identified, which deserves more attention from health professional and policymakers for this population.

Descriptors:
Oral health; drug users; epidemiology

INTRODUÇÃO

O consumo de drogas, chamado de drogadição, é frequente entre jovens e adultos nas sociedades ocidentais, sendo observada a adesão em faixas etárias cada vez mais precoces, nas últimas décadas¹.

No Brasil, a maconha, a cocaína, o crack e a heroína são as drogas ilícitas mais consumidas². O crack é a substância mais utilizada nas Regiões Sul e Sudeste do país, e prevalece entre jovens, em especial os do gênero masculino³. Quanto ao uso de álcool, o primeiro Levantamento Nacional sobre Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, realizado em 2006, mostrou que o beber de modo frequente ocorre na mesma proporção que o beber ocasional, mas em homens, jovens, moradores da Região Sul e pertencentes a classes mais ricas, essa frequência aumenta⁴.

Os serviços ambulatoriais especializados detectaram que os usuários de cocaína e de crack passaram a ocupar de 50% a 80% das vagas das instituições de recuperação⁵. No Brasil, como forma de acolher esses indivíduos, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Comunidades Terapêuticas⁶.

A perda da autoestima e as mudanças no padrão de comportamento, influenciadas pelo hábito da drogadição, parecem resultar no descuido com a higiene geral e bucal⁷. Desta forma, a qualidade e o estilo de vida adotados por um indivíduo determinam a sua condição de saúde bucal, pois o consumo abusivo de drogas é considerado fator de risco para as doenças bucais em populações de todo o mundo^8-11.

As principais alterações bucais identificadas nos drogaditos são a xerostomia, o elevado índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD), a redução da capacidade tampão salivar, o bruxismo, as perdas dentárias, a doença periodontal, a halitose, a queilite angular e as lesões nos tecidos moles^8-10.

A Odontologia pode contribuir para a reabilitação psicossocial dos dependentes de drogas, auxiliando no resgate da autoestima e ampliando a interação social. Torna-se importante ao cirurgião-dentista conhecer o perfil dos dependentes, devido ao seu progressivo aumento a cada ano. Assim, esta população se constitui em uma nova categoria de pacientes que requerem cuidados especiais e que necessitam de integração com uma equipe multidisciplinar¹².

Com base no exposto, esta pesquisa teve como objetivo identificar o perfil sociodemográfico e a condição de saúde bucal de usuários de drogas em recuperação em dois municípios do Estado do Paraná (PR), Brasil.

MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, sob Registro CEP/SD n° 1125.050.11.05. Os participantes, ou seus responsáveis legais, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O desenho de estudo adotado foi o descritivo transversal. Participaram 100 indivíduos, de ambos os gêneros, com idade de 14 a 40 anos. A amostra, de conveniência, foi composta por pacientes em recuperação internados no Instituto de Pesquisa e Tratamento do Alcoolismo (IPTA), localizado no município de Campo Largo-PR, e no Ambulatório Cara Limpa da capital do Estado do Paraná, Curitiba.

Os dependentes foram incluídos na pesquisa conforme histórico de uso de drogas ilícitas, oriundos da demanda espontânea de pacientes atendidos nas referidas instituições no período de junho de 2011 a julho de 2012.

Um pesquisador treinado aplicou o questionário estruturado a fim de serem obtidos dados pessoais, frequência de escovação dentária, padrão de ingestão de sacarose e informações específicas sobre a drogadição: droga utilizada, tempo, quantidade e frequência de consumo.

O exame intrabucal, realizado por apenas um indivíduo, foi conduzido sob iluminação artificial e uso de espelho clínico, sonda clínica e sonda periodontal. O exame periodontal foi realizado em todos os dentes presentes na boca, em seis sítios: mesiovestibular, vestibular, distovestibular, mesiolingual, lingual e distolingual. Os parâmetros clínicos avaliados foram: profundidade de sondagem (PS)¹³, nível de inserção clínica (NIC)¹³, sangramento à sondagem (SS)¹³, índice de placa (IP)¹⁴ e índice gengival (IG)¹⁵.

Para a PS e o NIC, foi realizada a calibragem do pesquisador por intermédio de um professor da área de Periodontia (padrão ouro). Duas avaliações ocorreram em momentos distintos, em dez pacientes. Verificou-se a concordância intraexaminador (pesquisador-pesquisador) e interexaminador (padrão ouro-pesquisador), por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCIC) por sítio analisado. Os valores de CCIC de PS e NIC interexaminadores foram de 0,83 (IC 95%: 0,81-0,84) e 0,84 (IC 95%: 0,82-0,85), respectivamente, enquanto, para intraexaminadores, foram 0,88 (IC 95%: 0,85-0,89) e 0,94 (IC 95%: 0,93-0,95).

Para as variáveis IP e IG, o examinador foi apenas treinado, uma vez que estes índices dependem da visualização da placa ou da gengiva, e variam de acordo com a higiene bucal do paciente no momento da avaliação, comprometendo a concordância no diagnóstico. A avaliação da cárie dentária foi obtida pelo cálculo do índice CPOD, segundo o método preconizado pela OMS¹⁶.

Todos os achados foram registrados em fichas clínicas individuais por um auxiliar. Para as variáveis sociodemográficas, o “indivíduo” foi considerado para fins estatísticos, enquanto que, para as variáveis periodontais, o “sítio” foi considerado. Os dados foram tabulados e analisados por meio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 15.0. Para tanto, foram utilizadas, inicialmente, técnicas descritivas com distribuições absolutas e percentuais. Atendidos os pressupostos de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) e de homogeneidade de variância (Levene), os testes t de Student e ANOVA one-way foram aplicados. A margem de erro dos testes estatísticos foi de 5%.

RESULTADO

Na amostra composta por 100 indivíduos usuários de drogas em recuperação, a idade variou de 14 a 40 anos, com média de 29,12 anos. Quanto ao gênero, 95,5% dos atendidos em ambos os centros de recuperação eram do masculino e 4,5%, do feminino. Outras variáveis do perfil sociodemográfico e das condições bucais estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1
Perfil sociodemográfico e condição bucal de usuários de drogas em recuperação, Curitiba e Campo Largo, Paraná, Brasil, 2012

Variáveis por indivíduo (n=100)	n (%) ou média ± DP
Estado civil
Solteiro	69 (69,0)
Casado	16 (16,0)
Divorciado	15 (15,0)
Ocupação
Trabalhando	58 (58,0)
Estudando	9 (9,0)
Sem ocupação	33 (33,0)
Escolaridade
Ensino Fundamental incompleto	41 (41,0)
Ensino Médio incompleto	32 (32,0)
Ensino Médio completo	23 (23,0)
Ensino Superior incompleto	4 (4,0)
Ensino Superior completo	0 (0,0)
Frequência da escovação (vezes/dia)
≤ 2	48 (48,0)
≥ 3	52 (52,0)
Consumo de sacarose (vezes/dia)
1	35 (35,0)
2	26 (26,0)
≥ 3	39 (39,0)
Números de internamentos na vida por causa das drogas	1,4 ± 0,7
Tempo de uso da droga (anos)
Tabaco	12,2 ± 7,1
Álcool	13,6 ± 7,1
Maconha	10 ± 7,7
Crack	7,3 ± 5,7
Quantidade de droga consumida (semanal)
Cigarro de tabaco (unidade)	129,9 ± 70,6
Álcool (litro)	9,4 ± 9,6
Maconha (gramas)	19,9 ± 14,7
Crack(gramas)	15,1 ± 2,2
Condição bucal
CPOD	15,2 ± 5,8
Número de dentes cariados	8,1 ± 5,0
Número de dentes restaurados	4,2 ± 4,3
Número de dentes perdidos	2,8 ± 4,6
Variáveis por sítio (n=2800)	n (%) ou média ± DP
PS	3,5 ± 1,1
NIC	3,6 ± 1,1
SS	2,3 (82,7)

Com relação ao tipo de droga consumida, as de maior frequência foram as lícitas, incluindo o cigarro de tabaco (90,9%) e o álcool (84,5%), seguidos das ilícitas crack (80,9%) e maconha (77,3%).

Na Tabela 2, é possível observar que o índice CPOD está associado com os hábitos de higiene bucal e com o tempo de dependência das drogas. Aqueles, cuja frequência de escovação dentária foi menor ou igual a duas vezes ao dia, apresentaram um maior CPOD (16,1; DP=5,6), enquanto nos que relataram escovar três vezes ou mais ao dia, o CPOD foi 14,0 (DP=5,7) (p=0,039).

Tabela 2
Associação entre o Índice CPOD, a frequência de escovação, a quantidade de drogas consumidas e o período de dependência (média ± DP) de usuários de drogas em recuperação, Curitiba e Campo Largo, Paraná, Brasil, 2012

Variáveis	Índice CPOD	Valor de p
Frequência da escovação (vezes/dia)
≤ 2	16,1 (5,6)	0,039 *
≥ 3	14,0 (5,7)
Quantidade de uso (g/semana)
< 5g	13,6 (8,2)	0,358**
5g - 10g	13,7 (5,4)
> 10g	15,5 (5,7)
Tempo de dependência (anos)
0 - 5 anos	9,8 (6,1)	<0,01 *
> 5	16,2 (5,2)

• Nota: Valores em negrito são estatisticamente significativos.
• ^*
  Teste t de Student.
• ^**
  ANOVA one-way.

Quanto maior o tempo de dependência (> 5 anos), maior foi o índice CPOD (16,2; DP=5,2), existindo diferença estatística significativa (p<0,01). Para o uso entre zero e cinco anos, o CPOD foi 9,8 (DP=6,1). O consumo de droga apresentou o mesmo comportamento, visto que quanto maior a quantidade usada da droga (g/dia), maior foi o índice CPOD (Tabela 2).

Após a análise periodontal (2.800 sítios), foi possível observar que as médias das variáveis PS e NIC foram de 3,5 mm (DP=1,1) e 3,6 mm (DP=1,1), respectivamente. O SS esteve presente em 82,7% da amostra. As frequências das variáveis IG e IP estão demonstradas na Tabela 3.

Tabela 3
Distribuição da frequência das variáveis IP e IG dos sítios dos dentes dos dependentes químicos em recuperação, Curitiba e Campo Largo, Paraná, 2012

Variáveis	IG n (%)	IP n (%)
Grau 0	163 (5,8)	211 (7,5)
Grau 1	326 (11,7)	1.106 (39,5)
Grau 2	2.226 (79,5)	988 (35,3)
Grau 3	85 (3,0)	495 (17,7)
Total	2800 (100%)	2800 (100%)

DISCUSSÃO

O presente estudo investigou o perfil sociodemográfico e a condição de saúde bucal de usuários de drogas de dois municípios, Curitiba e Campo Largo, Paraná, Brasil. Prevaleceram na amostra indivíduos do gênero masculino, jovens, solteiros, com baixa escolaridade e consumidores de drogas lícitas e ilícitas, os quais apresentaram condição bucal ruim.

O incremento de adesões à drogadição é evidente^1,2,4 e, quanto ao perfil social dos dependentes químicos que procuram centros de recuperação, predomina a população de adultos jovens, com média de idade aproximada de 29 anos, e que estão desempregados^3,17. O presente estudo apresentou a mesma média de idade (29 anos), porém mais da metade dos dependentes estava empregada e afastada para tratamento. Pesquisa recente com 519 indivíduos indicou, como preditores de uma saúde bucal ruim, o avanço da idade, o emprego em horário parcial e os desempregados, em comparação àqueles que estão empregados em tempo integral¹¹.

No presente estudo, também foi observada a alta prevalência do gênero masculino, corroborando outros achados, que indicam que o padrão de consumo de drogas ilícitas é realmente maior em homens^12,18. Maconha e cocaína são as substâncias mais consumidas por homens, enquanto que os medicamentos psicotrópicos, como ansiolíticos, anfetaminas, entre outros, são mais consumidos pelas mulheres¹⁸. Paralelamente a esse fato, encontra-se o uso das substâncias consideradas lícitas, como, por exemplo, o álcool, cujo consumo também é maior entre homens e jovens.⁴

A frequência média de 1,4 internamento, encontrada neste estudo, se aproxima dos achados de Ferreira et al.¹⁹, em que o valor foi de 0 a 3 internamentos/indivíduo. Alguns estudos referem que a maioria dos drogaditos são solteiros³ e com baixa escolaridade^3,11,12,19, resultados similares aos deste estudo.

É importante ressaltar que o álcool e o tabaco, embora não tão alardeados, continuam sendo as drogas mais consumidas e as que trazem os maiores prejuízos aos sujeitos. Isto se justifica pelo baixo custo e pela disponibilidade de compra, que favorece o uso destas substâncias. O cigarro de tabaco é muitas vezes a primeira droga lícita a ser usada em idade precoce, ainda na adolescência, seguida do álcool²⁰. Estas substâncias têm ampla aceitação na sociedade e isto também estimula o consumo abusivo. No entanto, ainda são pouco consistentes as intervenções preventivas voltadas para o consumo destas. Campanhas publicitárias cada vez mais sofisticadas promovem o consumo e mascaram os inúmeros problemas sociais que envolvem o abuso dos mesmos. Neste estudo, o tabaco foi consumido por 90,9% dos drogaditos, seguido pelo álcool 84,5%. Isto está de acordo com outros resultados apresentados na literatura, que abordam o perfil dos dependentes²⁰.

O uso de drogas causa alterações comportamentais nos indivíduos, como alteração do humor, perda da autoestima e descuido com a saúde geral e bucal. Desta forma, os usuários apresentam a saúde bucal comprometida pelo aparente descaso com os cuidados pessoais e, assim, se tornam mais vulneráveis ao aparecimento de agravos^7,10,17.

Sugere-se que os drogaditos, por consumirem energia rapidamente, necessitam de uma dieta rica em carboidratos refinados^21,22. Certas drogas aumentam o apetite para açúcares^7,8, e como demonstrado no presente estudo, o consumo de sacarose é relevante, uma vez que este padrão alimentar pode predispor ao desenvolvimento da doença cárie^21,23, indicado pelo alto valor do índice CPOD evidenciado.

Em uma determinada análise, os drogaditos relataram frequência de escovação de três vezes ao dia e verificou-se que a higiene bucal dos internos era, em geral, deficiente ou precária¹⁷. No presente estudo, quanto menos frequente a escovação, maior o CPOD. A higienização bucal deficitária pode se dar em virtude do desconhecimento da técnica de escovação ou pela limitação motora e psíquica, provavelmente consequentes do constante uso de drogas¹².

A ação local das drogas na cavidade bucal apresenta efeitos deletérios, resultando em níveis aumentados, além da cárie, de perdas dentárias^1,23. O alto índice de cárie apresentado pela amostra mostrou um possível reflexo do uso continuado e prolongado destas drogas em sua condição bucal^21,22. Como observado, os dependentes com mais de cinco anos de consumo apresentaram, na presente pesquisa, um CPOD significativamente maior quando comparados aos dependentes que consumiam por menos tempo.

Na presente pesquisa, não foi possível comprovar uma relação de significância estatística entre o índice CPOD e a quantidade das drogas consumidas. Porém, observou-se que, quanto maior o consumo de drogas, maior foi o índice. Em suma, a literatura revela que existe diferença no padrão de distribuição de cárie entre usuários e não usuários de drogas, sendo que aqueles são os mais acometidos⁹.

Após a análise das variáveis periodontais, foi possível observar uma alta porcentagem de sítios com sangramento à sondagem e também um abundante acúmulo de biofilme nas superfícies dentárias. Isto caracteriza um quadro de gengivite generalizada na maioria dos drogaditos, corroborando estudos que indicam o uso das drogas como um possível fator de risco para a doença periodontal^7-9,24. Neste estudo, não se pode excluir a presença de bolsas periodontais nos usuários de drogas. Embora não tão frequentes quanto a gengivite, a periodontite foi detectada em vários sítios, mas ao se usar a média de PS e NIC, esse resultado ficou subestimado.

O presente estudo, dado o método empregado de amostragem por conveniência e caráter transversal, tem limitações referentes à possibilidade de inferência para outros grupos populacionais, uma vez que foi realizado em dois ambientes de recuperação de dependentes químicos. Esta forma de abordagem em pesquisas brasileiras indexadas é encontrada^8,17. Estudos longitudinais podem ser indicados, a fim de melhores esclarecimentos acerca das associações causa-efeito. Ainda, dados referentes a necessidade de tratamento, minimização de dor e autopercepção das condições bucais são pertinentes.

CONCLUSÃO

Na amostra pesquisada, predominaram indivíduos do gênero masculino, jovens, solteiros, com baixa escolaridade e consumidores de drogas lícitas e ilícitas, com condições bucais desfavoráveis. Há evidências da necessidade de estratégias destinadas ao controle de doenças, como cárie e doença periodontal, para esta população.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  Ago 2015

Histórico

• Recebido
  13 Jun 2014
• Aceito
  17 Mar 2015