Acessibilidade / Reportar erro

Motivos da prática de dança de salão nas aulas de educação física escolar

Reasons for the practice of ballroom dance in the curricular physical activity in schools

Resumos

O estudo de corte transversal analisou os motivos da prática da dança de salão nas aulas de Educação Física escolar de escolas particulares, relacionando-os com o gênero, seu tempo de prática e participação em eventos de dança de salão. Obteve-se uma amostra de 279 alunos com idade de 15,5 ± 1,0 anos, matriculados nas aulas de dança de salão como Educação Física escolar. Aplicou-se o questionário de motivação para as atividades desportivas - QMAD, adaptado de SERPA e FRIAS (1990) e SERPA (1991). Analisou-se os dados através da estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 95%. Foram encontradas associações significativas entre os motivos e gêneros (r = 0,285; - 0,172); tempo de prática (r = 0,174) e frequência em eventos (r = 0,122; - 0,156). A dança de salão oferece em sua prática uma ferramenta de inúmeras possibilidades, onde cada um de seus praticantes procura preencher as suas próprias necessidades. De acordo com os resultados levantados percebe-se que os alunos estão motivados com a prática de dança de salão na escola havendo diferenças entre o gênero, o tempo de prática e a frequência nos eventos. Diante disto sugere-se a criação de propostas metodológicas condizentes com os principais motivos dos alunos nas aulas de dança de salão dentro do ambiente da Educação Física escolar.

Atividade motora; Dança; Motivação


The transversal study analyzed the reasons for the practice of ballroom dance in the curricular physical activity in private schools, relating them to the gender, its practice time and participation in ballroom dance events. The study was composed of 279 students at the age of 15.5 ± 1.0, enrolled in ballroom dance as part of regular physical education. The Sport Motivation Questionnaire - SMQ, adapted from SERPA and FRIAS (1990), SERPA (1992) was used. The descriptive and inferential statistics were used with a 95% significance level. Significant associations were found between reasons and the genders (r = 0.285; - 0.172); practice time (r = 0.174) and event frequency (r = 0.122; - 0.156). The ballroom dance offers in its practice a tool of countless possibilities, in which each of its participants search to fulfil their own necessities. According to the risen results it is noticeable that students are motivated with the practice of ballroom dance in schools presenting differences in gender, practice time, and event attendance. Then, it is suggested the creation of methodological proposals coherent to the main goals of the students of ballroom dance within the regular physical education environment in schools.

Motor activity; Dance; Motivation


Motivos da prática de dança de salão nas aulas de educação física escolar

Reasons for the practice of ballroom dance in the curricular physical activity in schools

Rodrigo Massami ShibukawaiI; Adriana Coutinho de Azevedo GuimarãesI; Zênite MachadoI; Amanda SoaresII

IUniversidade do Estado de Santa Catarina

IIUniversidade Federal de Santa Catarina

Endereço Endereço: Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães Universidade do Estado de Santa Catarina R. Pascoal Simone, 358 - Coqueiros 88080-350 - Florianópolis - SC - BRASIL e-mail: amandasoaresesef@gmail.com

RESUMO

O estudo de corte transversal analisou os motivos da prática da dança de salão nas aulas de Educação Física escolar de escolas particulares, relacionando-os com o gênero, seu tempo de prática e participação em eventos de dança de salão. Obteve-se uma amostra de 279 alunos com idade de 15,5 ± 1,0 anos, matriculados nas aulas de dança de salão como Educação Física escolar. Aplicou-se o questionário de motivação para as atividades desportivas - QMAD, adaptado de SERPA e FRIAS (1990) e SERPA (1991). Analisou-se os dados através da estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 95%. Foram encontradas associações significativas entre os motivos e gêneros (r = 0,285; - 0,172); tempo de prática (r = 0,174) e frequência em eventos (r = 0,122; - 0,156). A dança de salão oferece em sua prática uma ferramenta de inúmeras possibilidades, onde cada um de seus praticantes procura preencher as suas próprias necessidades. De acordo com os resultados levantados percebe-se que os alunos estão motivados com a prática de dança de salão na escola havendo diferenças entre o gênero, o tempo de prática e a frequência nos eventos. Diante disto sugere-se a criação de propostas metodológicas condizentes com os principais motivos dos alunos nas aulas de dança de salão dentro do ambiente da Educação Física escolar.

Unitermos: Atividade motora; Dança; Motivação.

ABSTRACT

The transversal study analyzed the reasons for the practice of ballroom dance in the curricular physical activity in private schools, relating them to the gender, its practice time and participation in ballroom dance events. The study was composed of 279 students at the age of 15.5 ± 1.0, enrolled in ballroom dance as part of regular physical education. The Sport Motivation Questionnaire - SMQ, adapted from SERPA and FRIAS (1990), SERPA (1992) was used. The descriptive and inferential statistics were used with a 95% significance level. Significant associations were found between reasons and the genders (r = 0.285; - 0.172); practice time (r = 0.174) and event frequency (r = 0.122; - 0.156). The ballroom dance offers in its practice a tool of countless possibilities, in which each of its participants search to fulfil their own necessities. According to the risen results it is noticeable that students are motivated with the practice of ballroom dance in schools presenting differences in gender, practice time, and event attendance. Then, it is suggested the creation of methodological proposals coherent to the main goals of the students of ballroom dance within the regular physical education environment in schools.

Uniterms: Motor activity; Dance; Motivation.

Introdução

A Educação Física é compreendida como a prática sistemática de atividades físicas, esportivas ou lúdicas no âmbito educacional, que estabelece relação dialética com diferentes campos de conhecimento, advindos de diferentes ciências como a biologia, a psicologia, a sociologia ou biomecânica (GONÇALVES, 1994). Na escola, a Educação Física se caracteriza como uma prática pedagógica que tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica e lutas, que configuram uma área de conhecimento que pode-se chamar de cultura corporal (FREIRE, 2001; SOARES, TAFFAREL, VARJAL, CASTELLANI FILHO, ESCOBAR & BRACHT, 1992).

A dança como uma forma de expressão do movimento e cultura corporal é uma das manifestações mais importantes, encontrando-se entre as atividades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física para a escola no Ensino Fundamental (BRASIL, 1997) e Ensino Médio (BRASIL, 2000). No Ensino Médio, a educação preza por possibilitar aos alunos a aquisição de valores e conhecimentos os quais são essenciais para que ao final desse período extenso de aprendizado, consigam integrar-se ao mundo contemporâneo e suas dimensões fundamentais de cidadania e trabalho (BRASIL, 2000).

No universo da dança encontra-se a dança de salão, cuja principal característica é ser praticada aos pares, em casais. Esta característica isoladamente já reforça o fato de que nesta modalidade o fator social é muito importante. A dança de salão possui objetivos claros de sociabilização e diversão entre casais, o que propicia o estreitamento de relações, romance e amizade (FREIRE, 2001; PERNA, 2005). Faz-se necessário enfatizar a importância da dança nas relações sociais na vida, observando o quanto elas influenciam na formação pessoal de cada indivíduo e concomitantemente na formação de suas características motivacionais, fontes de suas ações.

A motivação pode ter como fonte, razões internas (intrínsecas) ou externas (extrínsecas). Os motivos intrínsecos são resultantes da própria vontade do indivíduo, enquanto os extrínsecos dependem de fatores externos. Algumas vezes o que motiva um indivíduo a realizar uma ação é proveniente de uma fonte externa, como uma recompensa ou até mesmo obrigação. Outras vezes essa fonte pode ser resultado da estrutura psicológica do indivíduo e de suas necessidades pessoais de sucesso, sociabilidade e reconhecimento (CRATTY, 1984). A dança no mundo contemporâneo toma variadas formas e aplicações, surgidas da profundeza dos anseios humanos, tomando forma a partir de três motivações principais: expressão, espetáculo e ludicidade (STRAZZACAPPA, 2001).

Dentro deste contexto, dificilmente encontram-se pesquisas que envolvam especificamente a dança de salão vinculada a Educação Física escolar. Portanto, este estudo pretende ampliar os conhecimentos sobre esse tema, auxiliando no desenvolvimento de novas propostas pedagógicas, tendo como principal objetivo analisar os motivos da prática da dança de salão nas aulas de Educação Física escolar por alunos de escolas particulares, relacionando-os com o gênero, seu tempo de prática e participação em eventos de dança de salão.

Métodos

O estudo de corte transversal foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina com o protocolo de n° 6501/2008, aprovado em 22/10/2008. A população do estudo foi composta por 400 alunos entre 12 a 21 anos de idade de ambos os gêneros, matriculados nas aulas de dança de salão como Educação Física escolar do Ensino Fundamental e Médio das escolas particulares da cidade de Florianópolis - SC. A população se limitou à participação de apenas duas escolas, por serem as únicas que ofereciam esta modalidade na Educação Física escolar, na cidade de Florianópolis - SC. Para o cálculo amostral foi utilizada a fórmula do dimensionamento segundo BARBETTA (2004), com o erro amostral tolerável (E0) igual a 5%, através do qual obteve-se o "n" mínimo de 200 alunos. Sendo assim a amostra foi composta por 279 alunos, correspondente a 69,7% da população (com média de idade de 15,5 ± 1,0 anos), sendo 99 do gênero masculino (35,5%) e 180 do gênero feminino (64,5%). Destes, 118 alunos são provenientes da Escola A (42,3%) e 161 da Escola B (57,7%).

A amostra foi composta de maneira não probabilística intencional, tendo como critérios de inclusão: a) estar matriculado nas aulas de dança de salão como modalidade de Educação Física escolar; b) ter entre 12 e 21 anos de idade; c) ser aluno de escola particular e d) estar cursando o ensino fundamental ou médio. Como critério de exclusão foi adotado o fato de o aluno não querer participar do estudo e a não assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo pai ou responsável legal pelo aluno.

Para a realização deste estudo foi utilizado um questionário estruturado, auto-administrado composto por quatro partes: a) Identificação pessoal: com quatro perguntas que identificam a idade, o gênero, o ano escolar e a turma; b) Prática da dança: com cinco perguntas que identificam o tempo de prática de dança dentro e fora das aulas de Educação Física escolar e a frequência da prática de dança fora do âmbito escolar; c) Motivos da prática de dança de salão: questionário Adaptado de Motivação de Atividades Desportivas - QMAD (SERPA,1991; SERPA & FRIAS, 1990), com 15 questões destinadas a verificar a motivação para a prática de dança de salão no ambiente escolar. Foram excluídos do instrumento os 15 itens que se relacionavam à prática desportiva e a competição. Este instrumento constituído de 15 itens avalia os motivos de acordo com a escala de Likert, classificando-os em grau de importância de forma crescente, com intensidade de 1 a 3, sendo: a) 1, Nada Importante/Pouco Importante; b) 2, Importante; c) 3, Muito Importante/Totalmente Importante. Com a finalidade de identificar a clareza na disposição das perguntas, o instrumento foi submetido à testagem através do parecer de praticantes de dança de salão com características semelhantes as da população pesquisada. Para efeito de obtenção do índice de clareza as questões foram sub-classificadas em: Confuso (1 a 4); Pouco Claro (5 a 7) e Claro (8 a 10), com índice médio de 0,98. Não se fez necessário submeter o instrumento a validade, pois o mesmo é composto por um conjunto de instrumentos previamente validados.

A coleta de dados foi realizada através de um levantamento do número de alunos matriculados nas aulas de dança de salão como Educação Física escolar. O pesquisador solicitou a permissão para realização do referente estudo, foram realizadas visitas a estabelecimentos de ensino, ocasião em que foi esclarecido o correto preenchimento do questionário e explicado o objetivo do mesmo. O instrumento para coleta de dados foi respondido individualmente, com garantia de sigilo das respostas e da identidade dos alunos.

Por fim, para a análise de dados foi utilizada a estatística descritiva (frequência simples, percentual, média e desvio padrão). Para análise inferencial, foi utilizado o "Software" - SPSS 16.0. Para verificar a normalidade dos dados foi realizado o teste de Kolmogorov Smirnov com nível de significância de 0,05, para verificar a normalidade dos dados. Verificando-se que os mesmos não apresentam normalidade, adotando-se os testes não paramétricos, Qui-quadrado e Correlação Linear de Spearman com nível de significância de 95%.

Resultados

O número de alunos participantes do estudo foi bem homogêneo em quantidade, por série escolar, tendo a maior parte deles a prática de dança de salão por seis meses ou menos, sem contato em outro ambiente que não o da Educação Física e raramente frequentando eventos de dança de salão. A TABELA 1 apresenta os dados e caracterização dos alunos quanto à prática de dança de salão como Educação Física escolar.

Na TABELA 2, foram relacionados os motivos pesquisados com o grau de importância para cada um na prática de dança de salão de acordo com o gênero. Destacando-se como nada/pouco importante a influência de amigos e familiares (57%), fazer alguma atividade por obrigação (82%), ter alguma coisa para fazer (53%), pretexto para sair de casa (83%), ter a sensação de ser importante (78%), pertencer a um grupo (74%), influência dos professores (76%). Também foram verificadas diferenças significativas entre os gêneros e os motivos: descarregar energias (p = 0,001), aprender novas técnicas de dança (p = 0,039), fazer novas amizades (p = 0,015), fazer alguma atividade por obrigação (p = 0,046), fazer exercício de forma prazerosa (p = 0,024), pretexto para sair de casa (p = 0,038), atingir um nível de dança mais elevado (p = 0,048) e estar em boa condição física (p = 0,002).

Foram verificadas associações significativas na TABELA 3, entre o tempo de prática e a frequência em eventos de dança de salão com os motivos influência dos professores (p = 0,018) e fazer alguma atividade por obrigação (p = 0,033), respectivamente.

Na TABELA 4, são apresentadas as correlações entre os motivos e as variáveis gênero, tempo de prática e frequência de eventos em dança de salão. Foi verificada correlação positiva entre gênero e desejo de descarregar energias (r = 0,285), aprendizagem de novas técnicas de dança (r = 0,126), atingir um nível de dança mais elevado (r = 0,134), estar em boa condição física (r = 0,192) e correlação negativa entre gênero e fazer novas amizades (r = 0,172), ainda pretexto para sair de casa (r = 0,156). Entre tempo de prática da dança de salão e motivos. Apenas foi verificada correlação positiva na influência dos professores (r = 0,174). Na frequência em eventos de dança de salão e motivos foi verificada correlação positiva em fazer exercício de forma prazerosa (r = 0,122), usar as aulas como pretexto para sair de casa (r = 0,120) e correlação negativa em fazer alguma atividade por obrigação (r = 0,156).

Discussão

O principal objetivo deste estudo foi analisar os motivos da prática da dança de salão nas aulas de Educação Física escolar por alunos de escolas particulares, relacionando-os com o gênero, seu tempo de prática e participação em eventos de dança de salão.

Concordando com os resultados dos estudos anteriores (D'AQUINO, GUIMARÃES & SIMAS, 2005; GOBBO, 2005; VOLP, DEUTSCH & SCHWARTZ, 1995), a maioria dos participantes de aulas de danças de salão são do gênero feminino, o que pode ser tomado como um possível indicador de que este gênero represente superioridade numérica dentro do universo específico desta modalidade. Os alunos possuem um tempo de prática restrito ao ambiente escolar, sendo que o mesmo associou-se positivamente ao motivo influência do professor no que diz respeito ao gênero feminino, sugerindo uma empatia maior entre as alunas e os professores. Os alunos do gênero masculino nunca ou raramente frequentam eventos de dança de salão, obtendo-se uma associação positiva com o motivo pretexto para sair de casa. Fazer exercício de forma prazerosa para o gênero feminino associou-se negativamente, e para o gênero masculino a associação foi no motivo fazer a atividade por obrigação, ou seja, as alunas encaram os eventos de dança de salão como um exercício prazeroso e os alunos tem estes eventos como uma obrigação, diferentemente dos estudos realizado por NIEMINEN (1998), SCARPATO (2001), D'AQUINO, GUIMARÃES e SIMAS (2005), onde a maior parte dos praticantes iniciam a dança por convite de amigos ou familiares.

Os cinco motivos mais importantes apontados pelos alunos foram em ordem decrescente: divertimento, exercitar-se de forma prazerosa, aprender novas técnicas, atingir um nível de dança mais elevado e estar em boa condição física. Destes motivos, os últimos três associaram-se positivamente em relação ao gênero feminino, sugerindo que as alunas encontram nesta modalidade um meio para alcançar estes objetivos. Estes resultados aludem que os principais objetivos dos alunos se voltam ao divertimento/prazer, aprendizagem/aperfeiçoamento técnico e boa condição física. De acordo com os estudos de VOLP, DEUTSCH e SCHWARTZ (1995) e GOBBO (2005) os motivos prazer e solidão foram considerados os mais importantes, resultado em parte condizente com os encontrados neste estudo, onde o divertimento e fazer exercício de forma prazerosa foram os motivos mais expressivos. A dança de salão possui uma infinidade de variações e possibilidades para ser trabalhada do nível mais simples até o mais complexo de exigência pessoal.

Por outro lado, fatores como utilizar esta prática como um motivo para sair de casa, estar obrigado a realizá-la, valer-se dela para potencializar sua auto valorização ou afiliação, ou mesmo a influência de professores e pertencer a um grupo, são aspectos secundários, ou seja, nada ou pouco importantes, mas que porém deve ser considerado no mínimo intrigante associando-se ao fato de que fazer novas amizades e estar com amigos foram considerados motivos importantes. Dentre estes dois motivos o fazer novas amizades associou-se negativamente com o gênero masculino, assim como o motivo pretexto para sair de casa. Sendo assim, os alunos possuem uma percepção clara da atividade que realizam destacando como aspectos mais relevantes aqueles inerentes à prática da modalidade em questão. Entretanto, FREITAS (2007) obteve resultados contrários aos considerados pelos nossos alunos ao constatar em seu estudo que os motivos mais expressivamente importantes foram estar com os amigos, aprender novas técnicas, fazer novas amizades, atingir um nível de dança mais elevado, divertimento e pertencer a um grupo.

A maioria dos praticantes de dança de salão manifestou ter alcançado seus objetivos pré estabelecidos sendo a mudança mais significativa a melhora do relacionamento interpessoal (D'AQUINO, GUIMARÃES & SIMAS, 2005). Para os alunos em idade escolar o nível de complexidade existente na dança e demais fatores relacionados ao ambiente de sua prática podem ser de grande importância, tendo em vista que esta fase da vida é considerada de preparação para o ingresso no mundo contemporâneo (BRASIL, 2000). Os valores relacionados à dança de salão como prazer, satisfação pessoal, auto estima, relacionamento interpessoal e outros de caráter social, não são necessariamente essenciais, mas no mínimo relevantes. Os praticantes de dança de salão são muito motivados tendo como características serem soltos, livres e se expressarem através do corpo (ABREU, PEREIRA & KESSLER, 2008; ALMEIDA, 2005; ZAMONER, 2007; ZANIBONI & CARVALHO, 2007).

A dança de salão oferece em sua prática uma ferramenta de inúmeras possibilidades, onde cada um de seus praticantes procura preencher suas próprias necessidades. Desta forma o presente estudo respalda a relevância da dança, mais especificamente de salão, como conteúdo possível nas aulas de Educação Física. Ass principais preocupações dos estudiosos da dança enquanto promotora de saúde é o declínio de sua prática da infância para a adolescência. Considerando-se que a busca por uma boa condição física é um dos motivos mais relevantes para o engajamento nas aulas de dança como conteúdo da Educação Física curricular, julgamos que esta modalidade deve ser oferecida mais frequentemente nas escolas. Para além dos benefícios proporcionados pela prática da atividade física sistematizada, esta modalidade poderá contribuir também para as questões de cunho social.

Conclusão

No ambiente da Educação Física escolar a dança destaca-se por ser praticada mais pelo gênero feminino, sendo uma atividade motivada principalmente pelo divertimento e sensação de prazer. Os anseios dos praticantes de dança de salão estão associados ao seu caráter social e também ao caráter singular de necessidade e satisfação pessoal de cada indivíduo, divergindo entre os gêneros, tempo de prática e participação em eventos de dança de salão.

De acordo com as conclusões deste estudo sugere-se a criação de propostas metodológicas condizentes com os principais motivos dos alunos nas aulas de dança de salão dentro do ambiente da Educação Física. Faz-se igualmente necessário o encaminhamento de novos estudos que identifiquem outros motivos ou demais necessidades que os alunos apresentem como relevantes para o caráter social e satisfação pessoal. Por fim, julgamos pertinente observar os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), quando estabelece a modalidade de dança como um dos conteúdos que pode integrar o currículo das aulas de Educação Física no ensino Fundamental e Médio.

Recebido para publicação: 14/10/2009

1a. Revisão: 05/03/2010

2a. Revisão: 30/06/2010

Aceito: 07/07/2010

  • ABREU, E.V.; PEREIRA, L.T.Z.; KESSLER, E.J. Timidez e motivação em indivíduos praticantes de dança de salão. Revista Conexões, Campinas, v.6, 2008. Número especial.
  • ALMEIDA, C.M. Um olhar sobre a prática da dança de salão. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v.5, n.6, p.129-34, 2005.
  • BARBETTA, P.A. Estatística aplicada às ciências sociais 5. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2004.
  • BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros curriculares nacionais: educação física. Brasilia: MEC/SEB, 1997.
  • ______. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEB, 2000.
  • CRATTY, B.J. Psicologia no esporte 2. ed. Rio de Janeiro: Hall do Brasil, 1984.
  • D'AQUINO, R.; GUIMARÃES, A.C.A.; SIMAS, J.P.N. Dança de salão: motivos dos indivíduos que procuram esta atividade. Lecturas, Educación Física y Deportes: Revista Digital, Buenos Aires, v.10, n.88, 2005.
  • FREIRE, I.M. Dança-educação: o corpo e o movimento no espaço do conhecimento. Cadernos Cedes, Campinas, v.21, n.53, p.31-55, 2001.
  • FREITAS, G.A. Motivos de condução, permanência e abandono de adultos praticantes de dança de salão da cidade de Florianópolis 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ed. Física) - Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
  • GOOBBO, D.E. A dança de salão como qualidade de vida para a terceira idade. Revista Eletrônica de Educação Física UniAndrade, Curitiba, a.1, v.2, 2005.
  • GONÇALVES, M.A.S. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. São Paulo: Papirus, 1994.
  • NIEMINEN P. Motives for dancing among finnish folk dancers, competitive ballroom dancers, ballet dancers and modern dancers. Physical Education & Sport Pedagogy, London, v.3, n.1, p.22-34, 1998.
  • PERNA, M.A. Samba de gafieira: a história da dança de salão brasileira. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2005.
  • SERPA, S. Motivação para a prática desportiva. In: SOBRAL, F.; MARQUES, A. (Coords.) FACDEX: desenvolvimento somato-motor e factores de excelência desportiva na população escolar portuguesa. Lisboa: Ministério da Educação, 1991. v.1, p.101-8.
  • SERPA, S.; FRIAS, J. Estudo da relação professor/aluno em ginástica de representação e manutenção 1990. Monografia (Graduação) - Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, 1990.
  • SCARPATO, M.T. Dança educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cadernos Cedes, Campinas, v.21, n.53, 2001.
  • SOARES, C.L.; TAFFAREL, C.N.Z.; VARJAL, E.; CASTELLANI FILHO, L.; ESCOBAR, M.O.; BRACHT, V. Metodologia do ensino de educação física São Paulo: Cortez, 1992.
  • STRAZZACAPPA, M. A educação e a fabrica de corpos: dança na escola. Caderno Cedes, Campinas, v.21, n.53, 2001.
  • VOLP, C.M.; DEUTSCH, S.; SCHWARTZ, G.M. Por que dançar? um estudo comparativo. Motriz, Rio Claro, v.1, n.1, 1995.
  • ZAMONER, M. Prática e ensino de dança de salão, comportamento sexual e drogadição: confusões e preconceitos. Lecturas, Educación Física y Deportes: Revista Digital, Buenos Aires, v.12, n.107, 2007.
  • ZANIBONI, L.; CARVALHO, G. A. Dança de salão: uma possibilidade de linguagem. Revista Conexões, Campinas, v.5, n.1, p.86-102, 2007.
  • Endereço:

    Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães
    Universidade do Estado de Santa Catarina
    R. Pascoal Simone, 358 - Coqueiros
    88080-350 - Florianópolis - SC - BRASIL
    e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Abr 2011
    • Data do Fascículo
      Mar 2011

    Histórico

    • Recebido
      14 Out 2009
    • Revisado
      30 Jun 2010
    • Aceito
      07 Jul 2010
    Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo Av. Prof. Mello Moraes, 65, 05508-030 São Paulo SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 3091 3147 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: reveefe@usp.br