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Formação de jogadores profissionais de voleibol: relações entre atletas de elite e a especialização precoce

Development of professional volleyball players: relations between elite athletes and early specialization

Resumos

Embora a literatura aponte malefícios da especialização esportiva precoce, sua aplicação permanece recorrente, embasada na crença que quanto mais cedo os treinos e a participação em competições se iniciarem, maiores serão as chances de sucesso no alto rendimento. O objetivo deste estudo foi investigar como ocorreu o processo de formação esportiva de 52 jogadores profissionais de voleibol masculino, atuantes no Campeonato Paulista e Superliga Nacional. O foco foi analisar a possível ocorrência de especialização precoce e de vivências esportivas diversificadas. Os dados foram coletados através de questionário por escrito e apresentados com estatística descritiva. Os resultados apontam que a maioria dos atletas não foi especializada precocemente e vivenciou práticas diversificadas durante sua formação, em diferentes modalidades esportivas. Os dados sinalizam para a tese que quando os treinamentos com foco nos resultados competitivos se iniciam após ou durante a puberdade há maiores chances de sucesso esportivo em comparação à especialização esportiva precoce.

Especialização esportiva precoce; Voleibol; Especialização; Iniciação esportiva


Although the literature indicates harms of early sport specialization, this procedure remains applicant, based on the belief that sooner training and participation in competition increase the chance of success in highest level. The purpose of this study was to investigate how was the process of sports initiation of 52 male professional volleyball players, in the Paulista Championship and National Superligue. The focus was to analyze the possible occurrence of early specialization and diverse sporting experiences. Data was collected using a questionnaire and analyzed by descriptive statistics. Results show that the majority of the athletes were not early specialized and experienced different practices during training in childhood in different sports. The data support the belief that when sport training focusing on competitive results begins after or during the puberty there are greater chances of success in sports compared to early sport specialization.

Early sport specialization; Volleyball; Specialization; Sports initiation


Introdução

O esporte assumiu, na sociedade contemporânea, certa responsabilidade frente à promoção de processos de desenvolvimento moral de crianças e jovens1. Wiersma L. Riscs and benefits of youth specialization: perspectives and recommendations. Pediatr Exerc Sci. 2000;12:13-22.-2. Coakley J. Sports in society: issues and controversies. 10th ed. Saint Louis: Times Mirror/Mosby College; 2008., além da promoção de um estilo de vida ativo prevalente na idade adulta3. Marques RFR. Relações entre o esporte contemporâneo e qualidade de vida. In: Simões JL, organizador. Educação física, esporte e qualidade de vida. Recife: Universitária UFPE; 2010. p.91-110.-4. Menezes RP, Marques RFR, Nunomura M. Especialização esportiva precoce e o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento (Porto Alegre). 2014;20:351-73.. Neste sentido, existe certa expectativa, frente aos processos de formação esportiva, para que contribuam com o desenvolvimento de sujeitos que, se não mostrarem-se aptos a atuarem no alto rendimento, ainda assim gostem da prática e insiram a mesma em seu cotidiano5. Freire JB. Pedagogia do futebol. Londrina: Midiograf; 1998..

A formação esportiva constitui-se de um processo de longo prazo6. Baker J, Robertson-Wilson J. On the risks of early specialization in sports. Phys Health Educ J. 2003;69:4-8., que compõe as etapas de iniciação, especialização e alto rendimento7. Bompa TO. Total training for young champions. Champaign: Human Kinetics; 2000..

A iniciação esportiva é o período em que a criança ou jovem tem seus primeiros contatos com a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades. É um processo complexo, que pode envolver desde procedimentos pedagógicos relacionados à socialização e diversão, passando pela preocupação com a educação moral e o desenvolvimento de capacidades físicas e motoras, até atividades que tenham o resultado da competição esportiva como objeto central8. Santana WC. Futsal: metodologia da participação. 2a ed. Londrina: Lido; 2001.-9. Santana WC. Pedagogia do esporte na infância e complexidade. In: Paes RR, Balbino HF. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.1-24.. Assim como qualquer processo educacional, a iniciação esportiva caracteriza-se por componentes socioculturais que envolvem não apenas o jovem atleta, mas também todos os agentes sociais que o circundam e exercem influência sobre sua formação2. Coakley J. Sports in society: issues and controversies. 10th ed. Saint Louis: Times Mirror/Mosby College; 2008., tais como treinadores, familiares, dirigentes, colegas, torcida, empresários.

Os objetivos e sentidos adotados pela prática na iniciação esportiva derivam, em grande parte, do modo como o profissional de Educação Física e Esporte direciona sua forma de atuação. Muitos buscam resultados em curto prazo, especializam precocemente a criança em determinada modalidade e, assim, ignoram a fase de desenvolvimento em que ela se encontra1010 . Machado AA, Brandão MRF. Análise contextual da especialização esportiva precoce: novos olhares para novos tempos. In: Machado AA, organizador. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura; 2008. p.97-108..

A especialização esportiva é definida, segundo BARBANTI1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005., como o processo no qual o indivíduo aprofunda seus conhecimentos e capacidades específicos em determinada modalidade. Quando este procedimento, prematuramente, envolve crianças durante a iniciação esportiva, tem-se como resultado a especialização esportiva precoce4. Menezes RP, Marques RFR, Nunomura M. Especialização esportiva precoce e o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento (Porto Alegre). 2014;20:351-73., que pode ser definida:

...quando crianças são introduzidas, antes da fase pubertária, a um processo de treinamento planejado e organizado a longo prazo e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além de participação periódica em competições esportivas1212 . Kunz E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí; 1994. (p.45).

...envolvimento precoce em um esporte principal; normalmente ocorre durante a infância, com pequeno ou nenhum envolvimento com outras modalidades1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90. (p.282).

A especialização esportiva precoce é um fenômeno que ocorre durante a iniciação esportiva de crianças, direcionando este processo às vivências ligadas ao mundo adulto. Consiste em uma forma de treinamento que não respeita as características da fase maturacional dos praticantes1414 . Marques AA. Desporto e futuro: o futuro do desporto. In: Garganta J, editor. Horizontes e órbitas nos treinos dos jogos desportivos. Porto: Universidade do Porto; 2000. p.7-20., o que pode ser prejudicial para seu desenvolvimento global, provocar o abandono da prática ou até dificultar o êxito esportivo após a puberdade1. Wiersma L. Riscs and benefits of youth specialization: perspectives and recommendations. Pediatr Exerc Sci. 2000;12:13-22.,1515 . Nunomura M, Pires FR, Carrara P. Análise do treinamento na ginástica artística brasileira. Rev Bras Ciênc Esporte. 2009;31:25-40..

Especializar atletas precocemente pode expô-los a certas situações e fatores estressantes, além de favorecer o abandono da prática1616 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS, Silva LRR, Knijnik JD. Desempenho esportivo no judô olímpico brasileiro: o talento é precoce? Rev Bras Ciênc Mov. 2010;18:5-10.-1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7.. A literatura indica alguns prejuízos como possíveis consequências da especialização esportiva precoce, sendo eles de ordem física, como lesões1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7.

18 . Becker Junior B. Psicologia aplicada à criança no esporte. Novo Hamburgo: Feevale; 2000.

19 . Pinto ALS, Lima FR. Atividade física na infância e adolescência. Rev Bras Reumatol. 2001;41:242-46.
-2020 . Dario BES, Barquilha G, Marques RM. Lesões esportivas: um estudo com atletas do basquetebol bauruense. Rev Bras Ciênc Esporte. 2010;31:205-15., social2121 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS. Judocas olímpicos brasileiros: fatores de apoio psicossocial para o desenvolvimento do talento esportivo. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2010;24:471-81.-2222 . Cavichiolli FR, Cheluchinhak AB, Capraro AM, Marchi Junior W, Mezzadri F. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2011;25:631-47., emocional1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7.-1818 . Becker Junior B. Psicologia aplicada à criança no esporte. Novo Hamburgo: Feevale; 2000.,2121 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS. Judocas olímpicos brasileiros: fatores de apoio psicossocial para o desenvolvimento do talento esportivo. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2010;24:471-81. e motora1010 . Machado AA, Brandão MRF. Análise contextual da especialização esportiva precoce: novos olhares para novos tempos. In: Machado AA, organizador. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura; 2008. p.97-108..

BAKER2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94. destaca que a especialização esportiva precoce, vinculada à busca por resultados excelentes ainda na infância, não pode ser confundida com a participação lúdica de crianças em uma única modalidade esportiva. Para o autor, o sentido empregado à prática é o principal fator constituinte deste fenômeno. GOULD2424 . Gould D. Positive coaching aliance. Leader’s Digest. 2007;9:1. completa esta ideia afirmando que não há problema na especialização esportiva realizada em circunstâncias favoráveis. O problema da especialização esportiva precoce é que ela acontece prematuramente em relação às etapas de desenvolvimento das crianças.

Embora haja exemplos de atletas que passaram por este processo e ainda assim atingiram a excelência esportiva, a precocidade em relação à busca por resultados atléticos é um procedimento que não aparenta relação com efeitos positivos no futuro6. Baker J, Robertson-Wilson J. On the risks of early specialization in sports. Phys Health Educ J. 2003;69:4-8.. A ocorrência de bons resultados esportivos na infância não garante, necessariamente, o mesmo sucesso em fases posteriores2525 . Oliveira G, Araújo Junior I, Andries Junior O, Neto J, Cielo F. A relação entre a especialização precoce e o abandono prematuro da natação. Mov Percep. 2007;8:307-22.. Com cautela e tendo como pano de fundo o desenvolvimento em longo prazo, a demonstração de aptidão atlética pode ser interpretada apenas e tão somente como um estágio inicial do desenvolvimento1616 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS, Silva LRR, Knijnik JD. Desempenho esportivo no judô olímpico brasileiro: o talento é precoce? Rev Bras Ciênc Mov. 2010;18:5-10..

Para GOULD2424 . Gould D. Positive coaching aliance. Leader’s Digest. 2007;9:1. e JAYANTHI et al.1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7., a especialização esportiva precoce não é uma necessidade para a formação de atletas de alto rendimento, muito menos uma maneira de promoção de cultura esportiva prevalente na idade adulta. No mesmo sentido, alguns autores propõem, tanto para a disseminação do gosto pela prática esportiva, quanto para a formação de atletas de alto rendimento, processos pedagógicos pautados na diversificação de vivências esportivas na infância2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94.,2626 . Paes RP. Educação física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ulbra; 2001., exposição ao meio competitivo somente após a puberdade1010 . Machado AA, Brandão MRF. Análise contextual da especialização esportiva precoce: novos olhares para novos tempos. In: Machado AA, organizador. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura; 2008. p.97-108. e construção de um ambiente social que permita ao jovem desenvolver-se de modo a respeitar suas fases de maturação e envolver-se com o esporte de modo prazeroso5. Freire JB. Pedagogia do futebol. Londrina: Midiograf; 1998.,8. Santana WC. Futsal: metodologia da participação. 2a ed. Londrina: Lido; 2001..

Mesmo que este processo seja amplamente divulgado pela literatura, alguns autores denunciam que ainda são recorrentes processos pedagógicos que objetivam o alcance da excelência atlética de crianças e jovens em um curto espaço de tempo1010 . Machado AA, Brandão MRF. Análise contextual da especialização esportiva precoce: novos olhares para novos tempos. In: Machado AA, organizador. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura; 2008. p.97-108.,1515 . Nunomura M, Pires FR, Carrara P. Análise do treinamento na ginástica artística brasileira. Rev Bras Ciênc Esporte. 2009;31:25-40.,2222 . Cavichiolli FR, Cheluchinhak AB, Capraro AM, Marchi Junior W, Mezzadri F. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2011;25:631-47.,2727 . Arena SS, Böhme MTS. Programas de iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. Rev Paul Educ Fís. 2000;14:184-95.-2828 . Vieira AF, Bojikian JCM. Especialização no voleibol durante a grande infância. Rev Mackenzie Educ Fis. Esporte. 2008;7:63-70., em clubes, escolas de esporte e em processos de educação formal2929 . Knijnik JD, Massa M, Ferretti MC. Direitos humanos e especialização esportiva precoce: considerações metodológicas e filosóficas. In: Machado AA, organizador. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura; 2008. p.109-28., e que é possível apontar que sua ocorrência esteja aumentando ao redor do mundo3030 . Mostafavifar AM, Best TM, Myer GD. Early sport specialization, does it lead to long-term problems? Br J Sports Med. 2013;47:1060-1..

O que as denúncias frente à ocorrência de especialização esportiva precoce apontam é que também existem expectativas, por parte do coletivo social, vinculadas à formação rápida e cada vez mais precoce de novos atletas. Talvez justificadas pelo crescimento do mercado esportivo contemporâneo, a oferta de recompensas financeiras por êxitos em competições1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7.,3131 . Marques RFR, Gutierrez GL, Montagner PC. Novas configurações socioeconômicas do esporte contemporâneo. Rev Educ Fís/UEM. 2009;20:637-48. e a expectativa pela profissionalização na juventude3030 . Mostafavifar AM, Best TM, Myer GD. Early sport specialization, does it lead to long-term problems? Br J Sports Med. 2013;47:1060-1..

Em muitos casos, treinadores esportivos sofrem pressões para produzirem resultados competitivos precocemente, tanto por parte das instituições em que trabalham1515 . Nunomura M, Pires FR, Carrara P. Análise do treinamento na ginástica artística brasileira. Rev Bras Ciênc Esporte. 2009;31:25-40., quanto por pais e familiares das crianças sob sua tutela6. Baker J, Robertson-Wilson J. On the risks of early specialization in sports. Phys Health Educ J. 2003;69:4-8., por outro lado, cabe a estes sujeitos estarem sempre atentos à intensidade, frequência e expectativa por resultados depositados sobre a criança durante as atividades esportivas. Eles são responsáveis por protegê-la no período de iniciação esportiva, proporcionar-lhe experiências positivas e trabalhar para prolongar sua participação no esporte, visto que o principal objetivo deste processo na infância não é formar campeões3232 . Nunomura M, Carrara PDS, Tsukamoto MHC. Ginástica artística e especialização precoce: cedo demais para especializar, tarde demais para ser campeão! Rev Bras Educ Fís Esporte. 2010;24:305-14..

É possível encontrar na literatura, relatos sobre a ocorrência de processos de especialização precoce em diversas modalidades esportivas1515 . Nunomura M, Pires FR, Carrara P. Análise do treinamento na ginástica artística brasileira. Rev Bras Ciênc Esporte. 2009;31:25-40.,2222 . Cavichiolli FR, Cheluchinhak AB, Capraro AM, Marchi Junior W, Mezzadri F. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2011;25:631-47.,2727 . Arena SS, Böhme MTS. Programas de iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. Rev Paul Educ Fís. 2000;14:184-95.-2828 . Vieira AF, Bojikian JCM. Especialização no voleibol durante a grande infância. Rev Mackenzie Educ Fis. Esporte. 2008;7:63-70.. BAKER2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94. aponta que cada modalidade encontra-se atrelada às suas próprias especificidades e características socioculturais. Investigações sobre as diferentes formas de prática esportiva são importantes para que se possa melhor compreender tais ocorrências e as implicações para crianças e jovens.

Existe certa dificuldade de realização de estudos longitudinais sobre a formação de futuros atletas, como forma de evidenciar procedimentos pedagógicos positivos e negativos em relação aos processos bem-sucedidos de formação esportiva, visto que o ideal seria acompanhá-los por, pelo menos, nove anos2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94.. Uma alternativa para descrição da trajetória dos atletas é a consulta sobre as percepções dos próprios jogadores quanto às experiências vivenciadas durante sua trajetória esportiva1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90..

Considerando que atletas de alto rendimento tenham conseguido atingir a excelência atlética, e que estes passaram por uma fase de iniciação esportiva, este trabalho busca contribuir com tal discussão ao apresentar dados sobre o desenvolvimento de jogadores profissionais de voleibol masculino. Toma-se como premissa que estes sujeitos vivenciaram processos de formação esportiva satisfatórios, devido ao alto nível de desempenho alcançado, mas principalmente, por sua continuidade na prática na idade adulta.

Tem-se como questões centrais desta pesquisa: “atletas profissionais de voleibol (alto rendimento esportivo) vivenciaram um processo de treinamento e especialização precoce?”; “Estes atletas vivenciaram práticas esportivas diversificadas durante sua formação?” A resposta à 1ª pergunta pode ajudar a desmistificar crenças sobre o treinamento especializado precoce recorrente na iniciação esportiva. Quanto à 2ª, pode indicar um avanço importante deste trabalho em relação a alguns estudos sobre o voleibol, visto que esta indagação é ainda pouco estudada na modalidade e sua resposta pode sugerir reflexões sobre a formação de atletas e a oferta de atividades esportivas para as crianças. Assim, foi realizada uma investigação sobre a trajetória esportiva destes atletas, a partir de suas próprias memórias.

O objetivo geral deste trabalho foi investigar o processo de iniciação esportiva de atletas profissionais de voleibol, a partir de suas lembranças pessoais, com foco na análise sobre a possível ocorrência de especialização precoce. Como objetivo específico, buscou-se promover uma reflexão sobre a possível relação entre a ocorrência de treinamento especializado precoce, as vivências diversificadas de práticas esportivas e a formação de atletas de alto rendimento, visto que os sujeitos analisados alcançaram este nível atlético.

Método

Amostra

A amostra do estudo foi formada por 52 atletas de sete equipes participantes do Campeonato Paulista ou da Superliga Nacional B de voleibol masculino. A escolha e o recrutamento dos sujeitos ocorreram de acordo com a disponibilidade dos mesmos para a participação na pesquisa.

Procedimentos

O presente estudo trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa. Tal desenho metodológico se caracteriza pelo tratamento estatístico atribuído tanto a variáveis quantitativas discretasa a . “...cujos possíveis valores formam um conjunto finito ou enumerável de números e que resultam, frequentemente, de uma contagem, como por exemplo, número de filhos”55 (p.3). , quanto a variáveis qualitativas nominaisb b . “...para a qual não existe nenhuma ordenação nas possíveis realizações” 55 (p.3). que surgiram no decorrer da pesquisa.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.

Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário estruturado com 10 questões abertas, após as sessões de treinos, nos próprios locais de treinamento. Entende-se por questionário uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelos sujeitos, sem a presença do pesquisador3333 . Lakatos EM, Marconi MA. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básico, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4a ed. São Paulo: Atlas; 1992.. O questionário estruturado caracteriza-se pela impossibilidade de alteração das perguntas, assim como a inserção de novos questionamentos3434 . Vergara SC. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas; 2005.. Neste contexto, as questões abertas diferenciam-se das fechadas pelo fato de serem respondidas de forma dissertativa, de modo a obter a subjetividade do informante nas respostas. Tal característica demanda, para análise dos dados qualitativos, a utilização de métodos de análise de discurso, com a intenção de extrair os pontos principais e pertinentes da contribuição do sujeito3535 . Triviños ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 1995..

O questionário utilizado neste trabalho foi uma adaptação do aplicado por MORIONDO et al.3636 . Moriondo LP, Paula EG, Marques RFR. Investigação sobre a ocorrência de especialização precoce no processo de iniciação esportiva de atletas profissionais da equipe Rede de Atletismo de Bragança Paulista. II Congresso de Ciência do Desporto; 2007; Limeira, BR. Limeira: FEF/UNICAMP; 2007., em estudo com atletas profissionais da modalidade atletismo. A adequação necessária ocorreu em relação a algumas especificidades da modalidade voleibol.

Após teste piloto, as perguntas apresentadas aos atletas foram: 1) Quais modalidades você já praticou competitivamente?; 2) Desde que idade você participa do voleibol?; 3) Desde que idade você participa competitivamente do voleibol?; 4) Desde que idade você é remunerado como atleta de voleibol?; 5) Você já recebeu remuneração como atleta de outro esporte?; 6) Qual foi a modalidade e com que idade?; 7) Em quais posições já atuou no voleibol?; 8) É especialista em alguma posição?; 9) Caso você tenha alguma posição fixa, desde quando isso acontece?; 10) Recorda-se de algum colega de treino que abandonou o esporte? Por quais motivos?.

As respostas foram analisadas e os resultados apresentados através de estatística descritiva, de modo a compor um quadro diagnóstico sobre o perfil de iniciação esportiva vivenciada pelos jogadores.

Análise de resultados

Por se tratarem de respostas de teor quantitativo discreto, as questões 2, 3, 4 e 9 não demandaram a aplicação de nenhum método de análise de discurso para que fossem submetidas à estatística descritiva. Por sua vez, as respostas das questões 1, 5, 6, 7, 8 e 10, por conformarem-se como variáveis qualitativas nominais, foram submetidas a ferramentas metodológicas para análise de discurso, sugeridas pelo método Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005..

É importante destacar que este método é proposto por seus autores tanto como uma abordagem qualitativa3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005.-3838 . Lefèvre F, Lefèvre AMC, Teixeira JJV, organizadores. O discurso do sujeito coletivo: uma nova abordagem metodológica em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul: EDUCS; 2000., quanto qualiquantitativa3939 . Schoeps D, Almeida MF, Raspatini PR, Novaes HMD, Silva ZP, Lefèvre F. SIM e SINASC: representação social de enfermeiros e profissionais de setores administrativos que atuam em hospitais no município de São Paulo. Cienc. Saude Colet. 2013;18:1483-92.,c c . Destaca-se que um dos autores deste trabalho39 é Fernando Lefèvre, um dos criadores do método DSC. , na perspectiva em que privilegia a análise de discursos de modo qualitativo, ao passo em que permite a expressão numérica de incidências de discursos em comum entre os sujeitos de uma determinada amostra. No presente artigo, para padronizar as respostas nominais (questões 1, 5, 6, 7, 8, e 10) em termos que pudessem ser agrupados de forma homogênea para análise quantitativa, foi realizada uma adaptação deste método, de modo a utilizar algumas de suas ferramentas de análise de discurso (Expressões-chave e Ideias centrais).

O método DSC pauta-se na análise de respostas oriundas de perguntas abertas, que permitem aos indivíduos se expressarem mais ou menos livremente, produzindo discursos. Embora os criadores do método citem que “...Para a coleta dessa matéria-prima, o método mais frequentemente utilizado é a entrevista”3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005. (p.37), os mesmos consideram a utilização de outras fontes de discursos para as análises. A proposta “...consiste, basicamente, em analisar o material verbal coletado extraindo-se de cada um dos depoimentos, artigos, cartas, papers, ideias centrais e/ou ancoragens e as suas correspondentes expressões-chave”3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005. (p.16). Em outras palavras, embora seja possível perceber que haja uma preferência pela aplicação das ferramentas de análise do método em discursos oriundos de entrevistas, os autores não excluem outras fontes de expressão por parte dos sujeitos. Tal posicionamento encontra ressonância na literatura: “O DSC, conforme concebido por seus autores e apresentado em seus livros, consiste em uma modalidade de análise de discursos obtidos em depoimentos verbais ou obtidos em qualquer manifestação discursiva que se possa encontrar em textos e documentos escritos”4040 . Sales F, Souza FC, John VM. O emprego da abordagem DSC (discurso do sujeito coletivo) na pesquisa em educação. Linhas. 2007;8:124-45. (p.132). É neste sentido que o presente trabalho realizou uma adaptação do método em questão, de modo a aplicar as ferramentas de análise propostas apenas sobre as respostas das perguntas abertas com características nominais, oriundas dos questionários aplicados.

Tais ferramentas são as expressões-chave (ECH) e as ideias centrais (IC). As ECH são trechos/pedaços literais do discurso que revelam a essência do depoimento. Trata-se do conteúdo discursivo que corresponde à questão da pesquisa. Têm a utilidade de apontar qual esfera de análise está sendo abordada pelo sujeito, facilitando uma primeira classificação das respostas. As IC representam o tema do depoimento, os conteúdos a serem destacados e apontados como relevantes para a discussão do tema, pois direcionam para a ocorrência e forma dos eventos analisados. Após as ECH serem selecionadas, as IC foram destacadas e agrupadas, de modo a compor os termos apresentados nos resultados do trabalho3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005..

Deste modo, pôde-se alcançar a padronização terminológica necessária no conteúdo das respostas, o que possibilitou a apresentação dos dados obtidos por meio de estatística descritiva, baseada nos valores de frequências absolutas e relativas de todas as variáveis, e os respectivos valores de média e desvio padrão apenas para a variável idade.

Quanto à apresentação de resultados, quando da utilização das ferramentas de análise do método DSC, os autores citam que “...O Discurso do Sujeito Coletivo pode ser apresentado de várias maneiras, e a presente forma é apenas uma sugestão”3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005. (p.56). Destaca-se que a sugestão dos autores refere-se à apresentação de “...um quadro-síntese com as ideias centrais surgidas na análise da questão”3737 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2a ed. Caxias do Sul: EDUCS; 2005. (p.56).

Percebe-se em diversos trabalhos que utilizaram este procedimento de análise de discurso, certa diversidade de formas de apresentação de resultados, destacando uma maior preocupação com a associação qualiquantitativa e referindo-se à frequência numeral de indicações de IC pelos sujeitos1616 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS, Silva LRR, Knijnik JD. Desempenho esportivo no judô olímpico brasileiro: o talento é precoce? Rev Bras Ciênc Mov. 2010;18:5-10.,2121 . Massa M, Uezu R, Böhme MTS. Judocas olímpicos brasileiros: fatores de apoio psicossocial para o desenvolvimento do talento esportivo. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2010;24:471-81., como também divulgação de dados estritamente qualitativa, não mencionando tal ocorrência numérica, destacando apenas o conteúdo dos DSC em quadros4141 . Rocha ACRP, Landim FLP, Caprara A, Fefévre A, Lefèvre F. O discurso coletivo de ex-hanseniano morador de um antigo leprosário no nordeste do Brasil. Interface: Com Saúde Educ. 2011;15:36:213-23. ou em texto corrido3939 . Schoeps D, Almeida MF, Raspatini PR, Novaes HMD, Silva ZP, Lefèvre F. SIM e SINASC: representação social de enfermeiros e profissionais de setores administrativos que atuam em hospitais no município de São Paulo. Cienc. Saude Colet. 2013;18:1483-92.,4242 . Mazza MMPR, Lefèvre F. Cuidar em família: análise da representação social da relação do cuidador familiar com o idoso. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2005;15:1-10.-4343 . Castro SS, Lefèvre F, Lefèvre AMC, César CLG. Acessibilidade aos serviços de saúde por pessoas com deficiência. Rev Saúde Pública. 2011;45:99-105.. Considerando a diversidade de possibilidades e a necessidade de análise qualiquantitativa das IC neste trabalho, optou-se por apresentá-las de modo a destacar a frequência de sua incidência.

Na ausência de dados sobre a idade biológica (estabelecida através de testes maturacionais), a idade cronológica pode ser utilizada como um indicador importante para orientação sobre procedimentos com crianças e jovens1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005.. A idade de início do treinamento especializado varia de acordo com as características de cada modalidade3232 . Nunomura M, Carrara PDS, Tsukamoto MHC. Ginástica artística e especialização precoce: cedo demais para especializar, tarde demais para ser campeão! Rev Bras Educ Fís Esporte. 2010;24:305-14.. No caso específico do voleibol, BARBANTI1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005. aponta a iniciação nesta modalidade entre 11 e 12 anos, a especialização no período entre 14 e 15 anos, e o alto rendimento a partir dos 22 anos de idade.

Deste modo, devido à indisponibilidade de dados relativos às idades biológicas dos atletas entrevistados no período de sua iniciação e especialização no voleibol, a idade de 14 anos foi adotada como o limite para consideração sobre a ocorrência ou não de especialização esportiva precoce.

Resultados e discussão

A maioria dos sujeitos do estudo aponta que participou de competições em mais de uma modalidade esportiva, além do voleibol (Questão 1: Quais modalidades você já praticou competitivamente?).

De um total de 52 atletas, 38,4% citaram ter participado somente de competições de voleibol e 61,6% responderam voleibol e mais outra modalidade esportiva, sendo elas: karatê, natação, futebol, ciclismo, tênis, basquetebol, handebol, tênis de mesa, triatlo e capoeira. Percebe-se que a maioria dos atletas competiu em mais de uma modalidade, embora eles não tenham citado o nível de competição em cada uma delas (FIGURA 1).

FIGURA 1
Modalidades praticadas de maneira competitiva pelos atletas entrevistados (n = 52).

BAKER2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94. e JAYANTHI et al.1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7. apontam que a vivência em diferentes modalidades é favorável para o desenvolvimento da aptidão esportiva. Como aproximadamente 2/3 dos atletas deste estudo tiveram a oportunidade de vivenciar uma iniciação esportiva com modalidades variadas, esta predominância aponta um quadro positivo frente à diversificação de experiências.

É possível encontrar quadros similares na literatura. Por exemplo, atletas dinamarqueses de nível internacionald d . Atletas de nível mundial (campeonatos mundiais e/ou Jogos Olímpicos), das seguintes modalidades: canoismo; ciclismo; corrida de orientação; remo; vela; patinação; natação; atletismo; triatlo; levantamento de peso. tiveram mais experiências em diferentes modalidades durante a infância do que atletas de nível nacional no mesmo país1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90.. E grupo de atletas brasileiros profissionais de atletismo que, em sua maioria, praticaram outras modalidades esportivas durante sua iniciação no esporte4444 . Nascimento ACSL. Pedagogia do esporte e o atletismo: considerações acerca da iniciação e da especialização esportiva precoce [dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física; 2005..

A crítica sobre a especialização precoce e a vivências em apenas uma modalidade esportiva não se reporta às exigências do alto rendimento para adultos, e sim quando estas são feitas às crianças em fase de iniciação4545 . Nunomura M, Okade Y, Tsukamoto M. Competition and artistic gymnastics: how to make the most of this experience. Int J Sport Health Sci. 2009;7:42-9.. Um alto grau de especialização é necessário para atingir o esporte de alto nível. Entretanto, para a maioria das modalidades esportivas, o início do treinamento exclusivo em uma única modalidade pode ser atrasado para o final da adolescência, de modo a otimizar o sucesso e minimizar fatores de risco de lesões e estresse emocional1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7..

ARENA e BÖHME4646 . Arena SS, Böhme MTS. Federações esportivas e organização de competições para jovens. Rev Bras Ciênc Mov. 2004;12:45-50. sugerem a substituição, durante o período de iniciação esportiva de crianças, do modelo competitivo tradicional por festivais com diversas modalidades, privilegiando a diversidade de experiências esportivas.

Com relação à idade em que os atletas iniciaram o treinamento no voleibol (Questão 2: Desde que idade você participa do voleibol?), verifica-se que 42,3% responderam que iniciaram os treinamentos na modalidade entre os 14 e 17 anos e 57,7% começaram entre os oito e 13 anos de idade. Deste segundo grupo, 17,3% iniciaram antes dos 11 anos e 40,4% entre os 11 e 13 anos de idade. A média de início dos treinamentos do grupo total de atletas foi de 12,8 ± 2,3 anos de idade (FIGURA 2).

FIGURA 2
Idade de início da participação em treinamento de voleibol reportada pelos atletas entrevistados (n = 52).

Quanto à participação com finalidade competitiva no voleibol (Questão 3: Desde que idade você participa competitivamente do voleibol?), a maioria dos atletas apontou seu início após os 14 anos de idade.

As respostas revelaram que 32,6% dos atletas iniciaram a prática competitiva na modalidade entre os nove e 13 anos de idade, enquanto que 67,4% tiveram a primeira experiência entre os 14 e 18 anos. A média de início em competições foi de 14,3 ± 2,1 anos de idade (FIGURA 3).

FIGURA 3
Idade em que os atletas iniciaram a prática competitiva em voleibol (n = 52).

Embora a maioria (57,7%) dos atletas tenha iniciado sua participação sistematizada na modalidade antes dos 14 anos, deste grupo, aproximadamente 2/3 começou a treinar entre 11 e 13 anos, o que é indicado por BARBANTI1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005. como a idade de início da prática. Quanto ao treinamento que visa a participação em competições, 67,4% dos atletas teve esta vivência no voleibol após os 14 anos de idade, o que também segundo BARBANTI1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005., representa o momento para tal processo. Quadros similares a este, no qual a maioria de atletas de alto rendimento apresentam um início em atividades predominantemente competitivas em períodos apropriados ou até tardios, podem ser encontrados na literatura em diferentes modalidades esportivas.

Atletas dinamarqueses de nível mundial, de diversas modalidades esportivas, especializaram-se e estrearam em competições nacionais e internacionais em idade mais avançada do que atletas de nível nacional1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90..

No atletismo, NASCIMENTO4444 . Nascimento ACSL. Pedagogia do esporte e o atletismo: considerações acerca da iniciação e da especialização esportiva precoce [dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física; 2005. apresenta dados relativos à iniciação esportiva de 24 atletas masculinos profissionais, participantes do Troféu Brasil. Deste grupo, 46,2% iniciaram no treinamento sistematizado do atletismo apenas dos 12 aos 15 anos de idade, outros 46,2% iniciaram-se dos 16 aos 19 anos e 7% tiveram seus primeiros contatos com a modalidade acima dos 20 anos de idade.

Na modalidade futsal, SANTANA et al.4747 . Santana WC, Ribeiro DA. Idades de início de atletas de futsal de alto rendimento na prática sistemática e em competições federadas da modalidade. Pensar Prát. 2010;13:1-17.

48 . Santana WC, França VS, Reis HHB. Perfil do processo de iniciação ao futsal de jogadores juvenis Paranaenses. Motriz. 2007;13:181-7.
-4949 . Santana WC, Reis HHB, Ribeiro DA. A iniciação de jogadores de futsal com participação na seleção brasileira. Lect Educ Fís Deportes. 2006;11:96. investigaram, em três trabalhos distintos, a possível relação entre a especialização precoce e o sucesso esportivo na idade adulta: em estudo com jogadores profissionais da Liga Nacional, tem-se que a maior parte dos atletas (55%) iniciou a prática competitiva após os 13 anos de idade4747 . Santana WC, Ribeiro DA. Idades de início de atletas de futsal de alto rendimento na prática sistemática e em competições federadas da modalidade. Pensar Prát. 2010;13:1-17.; Jogadores paranaenses da categoria sub-20 iniciaram no esporte, em média, aos nove anos de idade, tendo ocorrido um vínculo desses jogadores com as federações por cerca de 12 anos. Apesar de terem atuado nas categorias sub-7 e sub-9, aproximadamente 80% desses atletas não se sagraram campeões nas mesmas, e se inseriram na prática sistemática e especializada da modalidade durante e após a puberdade4848 . Santana WC, França VS, Reis HHB. Perfil do processo de iniciação ao futsal de jogadores juvenis Paranaenses. Motriz. 2007;13:181-7.; Com jogadores da seleção brasileira principal, tem-se que 67% não participaram de competições e treinamentos sistematizados nas categorias sub-7 e sub-94949 . Santana WC, Reis HHB, Ribeiro DA. A iniciação de jogadores de futsal com participação na seleção brasileira. Lect Educ Fís Deportes. 2006;11:96..

No voleibol feminino, BOJIKIAN et al.5050 . Bojikian JCM, Silva AVO, Pires LC, Lima DA, Bojikian LP. Talento esportivo no voleibol feminino do Brasil: maturação e iniciação esportiva. Rev Mackenzie Educ Fís Esporte. 2007;6:179-87. estudaram jogadoras profissionais e de seleções brasileiras de diversas categorias e constataram que estas atletas iniciaram-se na prática competitiva, em média, aos 11,6 anos de idade e, especificamente as jogadoras de seleção brasileira adulta, aos 13 anos. Embora não tivessem investigado se as atletas vivenciaram práticas esportivas em outras modalidades além do voleibol e em quais posições atuaram durante sua formação esportiva, os autores apontam para uma relação entre o início tardio e as maiores chances de sucesso na modalidade.

BOJIKIAN5151 . Bojikian JCM. Volei vs vôlei. Rev Mackenzie Educ Fís Esporte. 2002;1:117-24. afirma que é comum que atletas com bom desempenho precoce não consigam o mesmo sucesso na idade adulta, e atletas com bom rendimento em fases posteriores tendem a obter melhores resultados do que aqueles especializados precocemente. Os dados desta presente pesquisa com atletas de voleibol masculino fortalecem esta hipótese e ainda mostram que eles iniciaram os treinos e as competições um pouco mais velhos, em média, do que as jogadoras analisadas por BOJIKIAN et al.5050 . Bojikian JCM, Silva AVO, Pires LC, Lima DA, Bojikian LP. Talento esportivo no voleibol feminino do Brasil: maturação e iniciação esportiva. Rev Mackenzie Educ Fís Esporte. 2007;6:179-87..

Existe uma crença entre treinadores e pais de jovens atletas que, quanto mais cedo o talento esportivo for desenvolvido, maiores as chances de sucesso no alto rendimento4. Menezes RP, Marques RFR, Nunomura M. Especialização esportiva precoce e o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento (Porto Alegre). 2014;20:351-73.,2222 . Cavichiolli FR, Cheluchinhak AB, Capraro AM, Marchi Junior W, Mezzadri F. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2011;25:631-47.. Tanto os dados apresentados neste estudo, quanto os relatados pela literatura apresentada negam este pressuposto e encontram ressonância em MOESCH et al.1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90., que afirmam que menos tempo de treinamento em idades mais jovens e a especialização somente após a adolescência parecem beneficiar jovens atletas.

Quanto ao início da remuneração dos atletas entrevistados (Questão 4: Desde que idade você é remunerado como atleta de voleibol?), tem-se que a maioria ocorreu após os 14 anos de idade.

Dentre o grupo analisado, 7,6% responderam ter recebido recompensas financeiras entre os 12 e 13 anos de idade e 92,4% entre os 14 e 38 anos, com média de idade para a primeira remuneração aos 16,4 ± 3,7 anos (FIGURA 4).

FIGURA 4
Idade em que os entrevistados receberam sua primeira remuneração como atletas de voleibol (n = 52).

Embora as recompensas financeiras não se configurem como critério para avaliar a especialização esportiva precoce (de acordo com as definições adotadas1212 . Kunz E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí; 1994.-1313 . Moesch K, Elbe A-M, Hange M-LT, Wilkman JM. Late specialization: the key to success in centimeters, grams, or seconds (cgs) sports. Scand J Med Sci Sports. 2011;21:282-90.), é um indicativo de formalização do compromisso competitivo entre o jogador e quem o paga. Os dados mostram que a maioria dos sujeitos analisados não sofreu tal pressão e cobrança por alto rendimento antes dos 14 anos de idade.

Apenas 1,9% dos atletas respondeu que havia recebido remuneração pelo futebol aos 13 anos de idade. Os outros 94,3% dos jogadores nunca receberam recompensas financeiras quando atuavam em modalidade diferente do voleibol e 3,8% não responderam (Questões 5 e 6: Você já recebeu remuneração como atleta de outro esporte? Qual foi a modalidade e com que idade?).

Embora a remuneração no futebol tenha acontecido em uma idade anterior ao critério adotado no presente trabalho, ainda assim, é um indicador de não-ocorrência de especialização precoce no voleibol. Quanto ao fato de a maioria dos atletas não ter sido remunerada em outra modalidade, demonstra que, embora grande parte dos entrevistados tenha experiências anteriores em outros esportes (conforme os dados demonstrados anteriormente), não foram alcançados resultados em competições a ponto de obter recompensa financeira, assim como encontrado por MORIONDO et al.3636 . Moriondo LP, Paula EG, Marques RFR. Investigação sobre a ocorrência de especialização precoce no processo de iniciação esportiva de atletas profissionais da equipe Rede de Atletismo de Bragança Paulista. II Congresso de Ciência do Desporto; 2007; Limeira, BR. Limeira: FEF/UNICAMP; 2007. em trabalho com atletas profissionais de atletismo.

Quanto à diversidade de experiências em diferentes funções no voleibol (Questão 7: Em quantas posições já atuou no voleibol?), somente 17,3% dos atletas disseram ter atuado em apenas uma posição, 50% atuaram em duas posições, 19,2% em três posições, 3,8% em quatro posições e 9,7% em cinco posições (FIGURA 5).

FIGURA 5
Quantidade de posições em que os atletas já atuaram (n = 52).

Com relação à especialização em um das posições (Questão 8: É especialista em alguma posição?), 15,4% afirmaram ter se especializado como ponteiros, 9,7% opostos, 17,3% levantadores, 17,3% centrais, 7,7% líberos e 32,6% não responderam (FIGURA 6).Quanto à idade de especialização em uma posição (Questão 9: Caso você tenha alguma posição fixa, desde quando isso acontece?), 17,3% dos sujeitos apontaram entre os nove e 12 anos de idade, 73% entre os 14 e 32 anos, com média de idade entre todos de 15,5 ± 3,6 anos, considerando que 9,7% não responderam a esta questão (FIGURA 7).

FIGURA 6
Posição em que os atletas se especializaram (n = 52).

FIGURA 7
Idade em que os atletas se especializaram na posição em que atuam (n = 52).

Os dados relativos às posições vivenciadas pelos atletas indicam que a minoria (17,3%) foi especializada em apenas uma posição antes dos 14 anos de idade e a maioria (82,7%) atuou em mais de uma durante sua trajetória esportiva, o que, segundo a literatura, é um procedimento positivo para a formação esportiva5252 . Santana WC. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. 2a ed. Campinas: Autores Associados; 2008..

Por outro lado, atualmente a maioria dos atletas (67,4%) se julga especialista em apenas uma posição, algo esperado para o esporte de alto rendimento1111 . Barbanti VJ. Formação de jovens esportistas. São Paulo: Manole; 2005.. Assim, percebe-se que a vivência da maioria dos sujeitos em diferentes funções durante sua formação na modalidade não prejudicou a especialização posterior, o que corrobora GOULD2323 . Baker J. Early Specialization in youth sport: a requirement for adult expertise? High Ability Studies. 2003;14:85-94. e JAYANTHI et al.1717 . Jayanthi N, Pinkham C, Dugas L, Patrick B, Labella C. Sports specialization in young athletes: evidence-based recommendations. Sports health. 2013;5:251-7..

Quanto às razões para o abandono da prática esportiva por parte de colegas, (Questão 10: Recorda-se de algum colega de treino que abandonou o esporte? Por quais motivos?), 7,7% dos atletas responderam altura insuficiente, 17,3% trabalho, 23,1% falta de incentivo, 7,7% pressão por rendimento, 5,7% questões familiares, 17,3% estudos, 7,7% lesões, 5,8% não se lembram e 7,7% não responderam (FIGURA 8).

FIGURA 8
Motivos que provocaram o abandono da modalidade por parte de ex-colegas dos atletas entrevistados.

Mesmo em um quadro no qual os resultados desta pesquisa sugerem que a maioria dos sujeitos não foi especializada precocemente, ainda assim, surgem exemplos de abandono por parte de seus colegas por diversas razões. É importante destacar que os jogadores não apontaram as idades de abandono de seus ex-colegas de treino. Por isso, tais evidências não podem ser traduzidas como indicadores da presença de especialização precoce nas equipes frequentadas pelos sujeitos desta pesquisa. Estas apenas simbolizam e exemplificam possíveis causas de abandono da prática esportiva e servem de alerta aos treinadores. Nota-se que os dados coletados coincidem com alguns fatores apontados por ex-nadadores como razões para o abandono da prática2525 . Oliveira G, Araújo Junior I, Andries Junior O, Neto J, Cielo F. A relação entre a especialização precoce e o abandono prematuro da natação. Mov Percep. 2007;8:307-22.,5353 . Darido SC, Farinha FK. Especialização precoce na natação e seus efeitos na idade adulta. Motriz. 1995;1:59-70..

A especialização esportiva precoce remete, principalmente, à busca imediata por resultados de destaque na infância. Certos fatores e características dos sujeitos são usados por treinadores como alguns dos critérios para seleção de talentos e para a exclusão de jogadores tidos como menos aptos2222 . Cavichiolli FR, Cheluchinhak AB, Capraro AM, Marchi Junior W, Mezzadri F. O processo de formação do atleta de futsal e futebol: análise etnográfica. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2011;25:631-47.. No voleibol, talvez a “altura” seja o principal destes componentes5151 . Bojikian JCM. Volei vs vôlei. Rev Mackenzie Educ Fís Esporte. 2002;1:117-24.. Porém, dentre os fatores apresentados pelos sujeitos, este indicador encontra-se em menor incidência do que a falta de incentivo, trabalho e estudos.

Com base nos resultados apresentados, conclui-se que a maioria dos jogadores que participou da pesquisa não apresenta indicativos de que tenha sido especializada precocemente no voleibol, visto terem vivenciado modalidades esportivas diferentes e processos de iniciação, especialização e participação em competições no voleibol em idades de acordo com as indicadas pela literatura. Além disso, em média, terem recebido recompensas financeiras somente na segunda metade da adolescência. O fato enfraquece crenças ligadas à especialização prematura como caminho eficaz e positivo para a formação de atletas de alto rendimento.

É necessário assumir que tais dados não garantem que a especialização precoce é, de forma unilateral, causadora de males a todos os jovens que passam por ela (visto que alguns dos atletas investigados vivenciaram situações que poderiam remeter ao treinamento especializado precoce, como experiência exclusiva no voleibol, especialização na modalidade e participação sistemática em competições antes da puberdade). Porém, é possível afirmar, de acordo com o grupo estudado, e confirmações obtidas na literatura, que jovens atletas não precisam ser especializados precocemente para atuarem no esporte de alto rendimento.

Ficou evidenciado que, em relação a este grupo, o início em competições sistemáticas após os 14 anos de idade mostrou-se predominante, visto que a maioria apresentou tal histórico. Talvez o fato de, nos dias de hoje, haver apenas uma categoria de idade abaixo dos 14 anos em algumas federações estaduais no Brasile e . Para tal afirmação, foram consultadas as home pages de federações estaduais de voleibol, disponíveis em setembro de 2013, com informações sobre as categorias de base do voleibol de quadra (Estados de São Paulo; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul; Santa Catarina; Paraná; Minas Gerais)56-61. , seja um fator que possa contribuir para estimular atuais e futuros procedimentos pedagógicos que favoreçam a especialização esportiva a partir da categoria sub-14, o que, de acordo com os dados apresentados neste trabalho, tem-se mostrado positivo.

Tais dados ajudam a desmistificar a crença que quanto mais cedo se inicia o treinamento e a participação em competições, maiores serão as chances de alcançar o alto rendimento. Fica fortalecido também, o ideal de iniciação e de especialização que priorize o aprendizado por meio de práticas variadas durante a iniciação esportiva, em detrimento da busca por resultados competitivos de destaque antes da puberdade.

As modalidades esportivas distintas manifestam-se e se organizam de acordo com as suas próprias características socioculturais5454 . Rubio K. Tradição, família e prática esportiva: a cultura japonesa e o beisebol no Brasil. Movimento (Porto Alegre). 2000;6:37-44.. Compreender, contextualizar e propor reflexões amplas sobre o processo pedagógico no esporte exigem investigações em diferentes tipos de ambientes, além de estudos exploratórios que descrevam as formas de relações sociais pertinentes a cada uma delas.

Acreditamos que as revelações identificadas no presente estudo tenham contribuído para preencher uma lacuna específica neste campo e, em particular, no voleibol masculino. Esperamos que elas venham a estimular novas investigações e aprofundamento de estudos sobre os melhores procedimentos pedagógicos para a iniciação esportiva que priorizem a participação e a manutenção saudável de crianças no esporte em longo prazo.

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    » http://fmvolei.org.br/2012-09-16-19-24-23/estaduais
  • a
    . “...cujos possíveis valores formam um conjunto finito ou enumerável de números e que resultam, frequentemente, de uma contagem, como por exemplo, número de filhos”55 (p.3).
  • b
    . “...para a qual não existe nenhuma ordenação nas possíveis realizações” 55 (p.3).
  • c
    . Destaca-se que um dos autores deste trabalho39 é Fernando Lefèvre, um dos criadores do método DSC.
  • d
    . Atletas de nível mundial (campeonatos mundiais e/ou Jogos Olímpicos), das seguintes modalidades: canoismo; ciclismo; corrida de orientação; remo; vela; patinação; natação; atletismo; triatlo; levantamento de peso.
  • e
    . Para tal afirmação, foram consultadas as home pages de federações estaduais de voleibol, disponíveis em setembro de 2013, com informações sobre as categorias de base do voleibol de quadra (Estados de São Paulo; Rio de Janeiro; Rio Grande do Sul; Santa Catarina; Paraná; Minas Gerais)56-61.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    30 Out 2012
  • Revisado
    06 Nov 2012
  • rev-request
    03 Out 2013
  • Revisado
    11 Fev 2014
  • Aceito
    12 Fev 2014
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