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“Guerreiras de chuteiras” na luta pelo reconhecimento: relatos acerca do preconceito no futebol feminino brasileiro

Resumo

O presente artigo tem como objetivo descrever e analisar relatos acerca das dificuldades e motivações enfrentadas por jogadoras de futebol no Brasil. Para tanto, foram entrevistadas quatro jogadoras de um clube de futebol amador da cidade de Curitiba-PR que em algum momento de suas carreiras defenderam a seleção brasileira. Após análise das informações, constatamos que o preconceito – seja de gênero ou pela falta de incentivo - é recorrente no discurso das entrevistadas, assim como, o adjetivo “guerreiras” aparece no final deste escrito como sendo uma característica nata das mulheres que buscam a prática do futebol e depositam nele seu ensejo profissional.

Futebol feminino; Preconceito; Resiliência; Brasil

Abstract

This article aims to describe and analyze reports about the motivations and difficulties faced by female soccer players in Brazil. To that end, we interviewed four players from an amateur soccer club in the city of Curitiba-PR. All players at some point in their careers played for the Brazilian national team. After reviewing the information, we found that prejudice - whether related to gender or to lack of incentive - is recurrent in the interviewees speech, as well as the adjective “warrior” appears at the end of this paper as a innate feature of women who seek the soccer practice and place their professional opportunity in it.

Women’s soccer; Prejudgement; Resilience; Brazil

Introdução

Os relatos históricos brasileiros que abordam a participação feminina nos esportes são permeados por situações que envolvem dificuldades e superações, ou mesmo, lutas que nem sempre são apresentadas de forma explicita e aparente pelos meios de comunicação. Se retornarmos aos meados do século passado é possível identificar que algumas modalidades esportivas eram mais indicadas, ou mesmo, incentivadas em detrimento ao gênero dos praticantes.

Dentre as modalidades incentivadas ao público feminino estão aquelas que visam à conservação das formas corporais em conformidade com normatividade de gênero, a suavidade dos gestos e o condicionamento físico com vistas à manutenção e à promoção da saúde das futuras mães, tais como ginástica, dança e natação11. Mourão L. Representação social da mulher brasileira nas atividades físico-desportivas: da segregação à democratização. Movimento. 2000;13:5-18.-22. Goellner SV. Bela, maternal e feminina: imagens da mulher na Revista Educação Physica. Ijuí: Unijuí; 2003.. No contexto dessas práticas, rememoramos o pioneirismo da nadadora Maria Lenk, que participou dos Jogos Olímpicos de Los Angeles no ano de 1932, sendo a única mulher na delegação brasileira que totalizava 67 atletas33. Lenk M. Braçadas e abraços. Rio de Janeiro: Bradesco; 1982..

Ao contrário, as práticas esportivas que pudessem ocasionar algum desvio corporal ou de conduta foram limitadas por meio de um Decreto-Lei - dentre essas práticas podemos destacar o futebol, espaço reservado ao público masculino. A delimitação legal das práticas esportivas pelo público feminino ocorreu no ano de 1941 com a implantação do Decreto-Lei 3.199a a . O inteiro teor do decreto está disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=152593. Foi revogado no ano de 1975 pela Lei 6251/75, disponível em: http://www3.dataprev.gov.br/SISLEX/paginas/42/1975/6251.htm. [Citado 16 mai 2013]. , o qual proibia as mulheres de praticarem atividades esportivas que não estivessem de acordo com a sua natureza44. Franzini F. Futebol é “coisa para macho”?: pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Rev Bras Hist. 2005;25:315-28.. Tal Decreto-Lei fez com que a prática feminina de determinadas atividades não tomasse proporções mais técnicas ou mesmo profissionalizantes, contudo, não teve eficácia no quesito que abrange o esporte enquanto lazer, como descreve RIGO et al.55. Rigo LC, Guidotti FG, Theil LZ, Amaral M. Notas acerca do futebol feminino pelotense em 1950: um estudo genealógico. Rev Bras Ciênc Esporte. 2008;29:173-88. em estudo sobre a prática do futebol feminino na cidade de Pelotas-RS.

Implementado pelo Conselho Nacional de Desportes, no ano de 1965, as modalidades proibidas pelo Decreto-Lei ficaram explicitas: a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball. A revogação do mesmo ocorreu entre o final dos anos 1970 e início dos anos 1980, considerando um atraso de pouco mais de 30 anos, supomos que as mulheres praticantes de modalidades aceitáveis ao seu gênero já assumiam performances mais avançadas, ao passo que as praticantes das modalidades “proibidas” continuavam a enfrentar preconceitos mesmo após a revogação do Decreto-Lei.

Ajustando nosso foco ao futebol feminino, incitamos que a noção de preconceito nesse esporte é uma temática recorrente66. Teixeira FLS, Caminha IO. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática. Movimento. 2013;19:265-87. que abrange desde preconceitos com relação ao gênero, que por sua vez, questionam a sexualidade das atletas77. Darido SC. Futebol feminino no Brasil: do seu inicio à prática pedagógica. Motriz. 2002;8:43-9.

8. Goellner SV. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história. Pensar Prát. 2005;8:85-100.
-99. Knijnik JD. Femininos e masculinos no futebol brasileiro [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia; 2006., como com relação a pouca visibilidade midiática1010. Mourão L, Morel M. As narrativas sobre o futebol feminino: o discurso da mídia impressa em campo. Rev Bras Ciênc Esporte. 2005;26:73-86.

11. Souza JSS, Knijnik JD. A mulher invisível: gênero e esporte em um dos maiores jornais diários do Brasil. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2007;21:35-48.
-1212. Martins LT, Moraes L. O futebol feminino e sua inserção na mídia: a diferença que faz uma medalha de prata. Pensar prát. 2007;10:69-81.e também à falta de incentivo financeiro e de campeonatos44. Franzini F. Futebol é “coisa para macho”?: pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Rev Bras Hist. 2005;25:315-28., 1313. Salvini, L. Novo Mundo Futebol Clube e o “velho mundo” do futebol: considerações sociológicas sobre o habitus esportivo de jogadoras de futebol [dissertação]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná, Departamento de Educação Física; 2012.. No entanto, outra noção que acompanha as reflexões acerca do futebol feminino é a noção de resiliência1414. Borges CNF, Lopes SM, Alves CA, Alves FP. Resiliência: uma possibilidade de adesão e permanência na prática do futebol feminino. Movimento. 2007;12:105-31., ou mesmo, de força de vontade para se manterem na prática mesmo com tantos fatores contrários.

É sobre a noção de resiliência ou de “garra”, atributos descritos pelas próprias jogadoras como parte constituidora do “habitus” das futebolistas brasileiras1313. Salvini, L. Novo Mundo Futebol Clube e o “velho mundo” do futebol: considerações sociológicas sobre o habitus esportivo de jogadoras de futebol [dissertação]. Curitiba (PR): Universidade Federal do Paraná, Departamento de Educação Física; 2012., que propomos esse artigo. Para tanto, temos como principal objetivo, descrever e analisar relatos acerca das dificuldades e motivações enfrentadas por jogadoras de futebol no Brasil.

Método

Para dar conta de atender ao objetivo proposto, foram entrevistadas quatro jogadoras que no ano de 2010/2011 compuseram o elenco de uma equipe de futebol feminino pertencente a um clube de futebol amador da cidade de Curitiba/PR. As jogadoras convidadas a participarem desse estudo representaram a seleção brasileira por pelo menos uma vez em suas carreiras (de 2005 até 2011). As entrevistas semi-estruturadas1515. Flick U. Métodos qualitativos na investigação científica. Lisboa: Monitor; 2005. com duração média de 50 minutos tiveram o áudio gravado e foram realizadas nas dependências do clube. Antes da efetivação das mesmas, o roteiro de entrevistas foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal do Paraná registrado sob o protocolo número: 1050.175.10.11 e um termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado por cada uma das entrevistadas. A fim de preservar a identidade das jogadoras, quando nos referirmos a elas no decorrer deste escrito, seus nomes serão substituídos por “jogadora 1, jogadora 2, jogadora 3 e jogadora 4”.

Em se tratando do roteiro de entrevistas, apresentamos cinco perguntas que nortearam a escrita desse artigo: “Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser jogadora de futebol? Se sim, porque você acha que isso acontece? Existe no seu ponto de vista algo que possa ser mudado para futuras gerações? Quais os principais desafios do futebol brasileiro no seu ponto de vista? Como você define a mulher que joga futebol?”. Ressaltamos que por utilizarmos um roteiro de entrevistas semi-estruturado, outras perguntas e respostas emergiram no decorrer da conversa, no entanto, somente os questionamentos elucidados foram utilizados para a análise.

Tais questionamentos geraram informações, que depois de transcritas na íntegra, foram analisadas sob preceitos da sociologia reflexiva do sociólogo francês Pierre Bourdieu, - especialmente sobre a égide dos conceitos de “habitus”, campo, violência simbólica e dominação masculina - e descritas nesse artigo de forma a apresentar inicialmente as impressões das jogadoras com relação ao preconceito - relacionado a diferentes frentes - sofrido ao longo da caminhada na modalidade e, na sequência, ilustra também com base no discurso das jogadoras, alguns fatores que minimizam o preconceito e as motivações que fazem com que elas permaneçam nesse esporte, que pouco lhes confere distinção no Brasil.

Resultados e discussão

O preconceito na prática: o que dizem as jogadoras

O preconceito “nos dá impressão de estar na ordem das coisas” quando se trata de futebol feminino brasileiro. Apesar disso, as experiências apresentadas pelas entrevistadas relatam que por mais que exista preconceito ele não é e não foi suficiente para que abandonassem a prática. A jogadora 1 enfatiza que já sofreu preconceito, e diz “[...] acho que todas as meninas que jogam já sofreram ou sofrem algum tipo de preconceito”. A jogadora 3 não sofreu preconceitos diretos, contudo, alega que “[...] já vi olhares diferentes, ah você joga futebol? Que legal, mas é diferente né? Achei que só homem que jogava”, e ressalta que existiam muitas perguntas no início de sua carreira, dentre as quais cita: “dá pra viver do futebol? Dá dinheiro? É profissional?”. As quais hoje tomam um novo rumo, “você conhece a Marta?”.

A jogadora 4 a firma que já sofreu muito preconceito, e cita um exemplo:

É complicado às vezes quando perguntam o que você faz [...] em primeiro lugar sou atleta e depois professora de Ed. Física, ai as pessoas perguntam joga o que? Futebol, “ah que legal”! Muitas vezes você ouve um que legal não muito legal, mas isso nunca afetou. Eu nem vou estender muito com relação a isso por que o preconceito é tudo aquilo que as pessoas não entendem, não sabem e não vivem.

Para ela, o preconceito sempre vai vir de pessoas que não entendem a situação e que cabe a cada um aceitar ou não, “eu nunca aceitei”, revela. “Para as minhas atletas eu sempre digo, você joga futebol feminino é um esporte que está crescendo no Brasil, mas infelizmente você vai sofrer preconceito daqueles idiotas”.

A jogadora 2 é incisiva quando diz que nunca sofreu preconceito por ser jogadora de futebol, mas diz já ter presenciado o mesmo ocorrer com outras meninas, e comenta: “tem pais que dizem, vai treinar pra quê? Não vai chegar a lugar nenhum”. Ela prossegue contando:

Eu nunca tive preconceito. Sempre me abriu muitas portas, joga futebol? Que legal! [...] então pra mim o fato de jogar futebol sempre foi uma coisa muito positiva. Sei de meninas que já tiveram preconceito, sei de meninas que já sofreram com isso, eu particularmente nunca tive. Sempre chegava em um ambiente, joga futebol? Ah que legal, eu como professora de Educação Física, ô professora joga futebol? Então a turma inteira amava. Pra mim sempre era um a mais.

Ao se referir aos possíveis motivos que fazem com que as pessoas tenham preconceito frente ao futebol feminino, a jogadora 2 relata que:

Jogadora de futebol nem sempre se preocupa com sua imagem fora de campo, dentro de campo ta lá jogando certinho, mas o fora é muita indisciplina. Principalmente no adulto, não muito nas categorias de base. Sai do jogo e vai tomar cerveja, vai fumar, já coloca o boné, ‘homossexualiza’, pega na mão da menina, já ta isso e aquilo. Se eu falar pra você que o futebol feminino não ta em evidência total, muito é por causa das atletas. [...] Não se preocupam se tem pessoas olhando, saem daqui e começam a beber [...] e acabam influenciando as mais novas que estão começando, o ambiente do futebol é muito influenciável.

Além da indisciplina dos cuidados com a saúde como fumar e/ou ingerir bebidas alcoólicas, ela destaca que o preconceito para com as futebolistas pode estar relacionado com a forma como as jogadoras se portam fora do espaço de jogo, e entende que ações que aproximem a mulher de uma possível masculinização podem favorecer os questionamentos quanto à sexualidade. Na opinião da jogadora, quando algumas jogadoras saem de campo e usam boné (apetrecho culturalmente entendido e normalmente usado pelo público masculino que tem a finalidade de proteger/esconder os cabelos), ou “pega na mão da menina”, se referindo aos gestos que remetem à homossexualidade, acabam por subsidiar a reprodução da ideia de que o futebol masculiniza a mulher, e desta forma, afastando as jogadoras da normatividade de gênero.

Em se tratando da influência que o futebol pode promover nas jogadoras mais novas, tanto a escolinha quanto a categoria de base do clube, trabalham com algumas regras que visam manter esse novo formato do futebol feminino brasileiro, atrelado aos preceitos de feminilidade normativa1616. Bourdieu P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2007.. Dentre eles “é proibido falar palavrão, treinar de boné, a camisa do uniforme precisa ser usada dentro do short”, a jogadora 2 prossegue dizendo: “a gente fala muito das questões da vestimenta, às vezes a gente vê a menina baixa o shorts, camiseta largada. E a que joga bem, a craque é a que mais influencia as mais novas, que vão imitando”. Essa imitação vai desde a forma de jogar, até o modo de se vestir, de se comportar, de cortar os cabelos.

Sem perder de vista que o futebol no Brasil é um espaço de dominação masculina1717. Salvini L, Marchi Júnior W. Velhos tabus de roupa nova: o futebol feminino na revista Placar entre os anos de 2000-2010. Práxia. 2013;2:55-66. e está imbuído de valores culturais que não incentivam as mulheres a praticarem a modalidade, do mesmo modo que as mulheres que iniciaram a prática em meados dos anos 1980 não esboçavam grande empreendimento com os cuidados da aparência física1818. Salvini L, Marchi Júnior W. Uma história do futebol feminino nas páginas da revista Placar entre os anos de 1980-1990. Movimento. 2013;19:95-115., o preconceito que recai sobre a corporalidade - e por conseguinte a sexualidade - da mulher futebolista é pautado da desconstrução do estereótipo normativo de feminilidade.

Ao “feminilizar” a aparência dos corpos e dos uniformes, o “habitus” do futebol feminino busca certa aproximação com o “habitus” feminino de outros espaços sociais, promovendo mudanças - lentas e dentro de um limiar permitido simbólica e tacitamente pelos agentes dominantes, salientando que existe uma balança de poder, pois mesmo que os dominantes assim o sejam, os dominados ainda conseguem exercer pressão - na forma de apresentação em campo, na divulgação de seus produtos, no incentivo ao consumo dessa modalidade e também na busca por incentivo financeiro, patrocínios.

BOURDIEU1919. Bourdieu P. A economia das trocas linguísticas. In: Ortiz R, organizador. Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática; 1983. descreve que o princípio das transformações das práticas e dos consumos esportivos deve ser buscado na transformação da oferta e da demanda. Para que o futebol feminino pudesse ser uma prática comercializável, ou com valor de mercado, algumas prerrogativas como a masculinização das praticantes precisam ser destruídas - na medida do possível para outras como a feminilização, ou a adaptação da feminilidade aos campos de futebol, possam ser construídas.

Ao aproximar essa prática aos preceitos da normatividade de gênero, ocorre o que BOURDIEU1919. Bourdieu P. A economia das trocas linguísticas. In: Ortiz R, organizador. Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática; 1983. denomina de transformações na oferta, que diz respeito às lutas de concorrência pela imposição da prática esportiva legítima e pela conquista de clientela. Já as transformações da demanda, correspondem a transformações mais demoradas e dispendiosas, transformações no estilo de vida, fato que justifica a adesão ou não a determinadas opções esportivas. Em se tratando do futebol feminino, historicamente e culturalmente revestido de questões dúbias sejam quanto à sexualidade ou quanto à capacidade física, essa transformação tende a ser demorada, principalmente por estar sob o comando de agentes dominantes dessa estrutura.

Futebolistas brasileiras na luta por incentivo

O descrédito quanto às habilidades físicas ou as questões dúbias quanto à sexualidade toma outro rumo quando as atletas chegam ao alto-nível, quando representam a seleção brasileira de futebol feminino, e principalmente quando fazem do futebol a sua profissão. Tendo em vista o amadorismo do futebol feminino no nosso país, quando as atletas atingem o ponto alto na carreira esportiva, que é representar a seleção, as pessoas que antes não acreditavam, passam a ver as jogadoras com outros olhos. Para a jogadora 4 o fato de ter jogado no exterior e também na seleção mudou a forma de como as pessoas a veem enquanto jogadora:

As pessoas começaram a me ver sim de uma forma diferente, até porque a gente começa de uma forma e as coisas vão melhorando, você acaba chegando no alto-nível do esporte. Então isso é onde as pessoas começam a te ver completamente diferente. Quando você começou quando você tá num clube pequeno. [...] Passam a respeitar mais, passam a te ver de uma forma melhor do que te viam. Mas conta muito o jeito de ser, por que não adianta ser uma jogadora de seleção e ser uma chata, mala. Mas pras pessoas conta muito aonde você chegou

A ida para a seleção além de “reposicionar” as jogadoras na estrutura do futebol feminino legitimam-nas no seu clube, pois, como a jogadora 1 nos contou, “passei a ganhar mais por jogo”. A jogadora 3 alega que estar na seleção é o que toda jogadora quer, mas que para esse feito se concretizar é preciso um investimento na modalidade, e diz:

Quando você está na seleção brasileira você passa a ser muito visada pra bom e pra ruim. Tem que estar apto a aceitar as duas situações. Há muitos anos eu jogo então as pessoas me conhecem por que eu jogo, Às vezes as pessoas nem me conhecem, mas já ouviram falar de mim. Ai quando as pessoas veem você na seleção oh ela conseguiu chegar. Eu luto há 15 anos com o futebol feminino. Jogo há 15 anos e a consolidação de estar na seleção se é assim que eu posso dizer, é devido a um trabalhão que eu fiz, há 10 anos, há 15 anos atrás, então é sempre o auge de todo o jogador querer estar lá. As pessoas mudam com relação a pensar: será que ela tá ganhando dinheiro? Não se ganha bastante dinheiro com o futebol feminino.

Nem todas as jogadoras que passam pela seleção conseguem fazer do futebol uma profissão e viver dele. A jogadora 1 diz ainda não ter o futebol como uma profissão, pois, “tenho outro trabalho há sete anos, mas sou liberada para os jogos. Existem algumas propostas para ter o futebol como profissão, mas ainda estou analisando”.

Já a jogadora 4 diz:

Pra [sic] mim é [uma profissão], sempre foi. Eu saí pra jogar pra fora com uns 14 ou 15 anos até os 18 eu ia pro [sic] interior de SP, só jogava final de semana e eles me pagavam. Depois que fui pro [sic] futebol de alto nível, profissional, foi meu sustento, sempre o meu trabalho foi o futebol.

A jogadora 3 enfatiza:

Eu considero o futebol minha profissão faz 15 anos. Eu levo meu futebol como profissão, o dia que eu deixar de levar eu paro de jogar porque ai [sic] eu não vou ter tempo de treinar todos os dias eu não vou ter tempo de manter meu corpo em ordem todos os dias, meu psicológico todos os dias bem. Então o dia que eu começar a perceber que eu comecei a ser amadora, por mais que o futebol feminino é amador no Brasil, se você tem um pensamento de amador, você nunca vai conseguir estar numa boa equipe, ou num bom clube [...] o futebol pode ser amador, você é que não pode ser.

A jogadora 2 pode dizer que tem o futebol como uma profissão, pois “trabalho com ele, recebo por ele, eu ganho pra isso hoje em dia, eu graças a Deus não jogo mais de graça, hoje em dia o futebol feminino não se joga mais de graça”. Sobremaneira, ela trás a tona a opinião de que o fato de as atletas não jogarem gratuitamente foi um avanço e ao mesmo tempo prejudicial, pois, de acordo com ela

Criou-se um mau costume das atletas. Então assim, as atletas não jogam se não ganhar alguma coisa, nem que seja um x-salada, alguma coisa. Isso prejudicou e foi uma evolução. Prejudicou por quê? Porque existem poucas pessoas que querem por dinheiro pra dar pras atletas, porque não tem retorno. O empresário, ou aquela pessoa que quer investir aquele dinheiro, que bom! Então aquela equipe é boa, e os outros? Que não tem condições e tem meninas querendo jogar? Então acabavam sendo prejudicados, tanto que nosso campeonato paranaense tinha quatro equipes não porque não tenham meninas pra jogar, porque não tem incentivo, não tem uma verba pra que coloque essas meninas pra jogar. O nosso clube ficou elitizado, porque tinha presidente, pagavam as meninas por mês, então as melhores jogavam aqui, e os outros times que não tinham muito dinheiro acabavam não entrando porque não tinha incentivo.

O discurso da jogadora 2 evidencia nuances da violência simbólica a qual a modalidade e as jogadoras sofrem pela falta de apoio dos agentes que ocupam posição de destaque no subcampo do futebol. A dominação masculina que é exercida pela ausência de incentivo por parte dos agentes em posição de destaque e dominantes nesse espaço, aparece de forma naturalizada quando alega que “criou-se um mau costume das atletas [...] elas não jogam se não ganhar alguma coisa”, explicitando e reproduzindo a visão masculina de que o futebol feminino é amador e não precisa de maiores incentivos. Do mesmo modo, esse relato vislumbra que para que tenham equipes suficientes para a organização de campeonatos, as jogadoras deveriam jogar sem cobrar, tendo em vista que não há incentivo financeiro por parte dos demais clubes.

Em vista da ação e incorporação da dominação, salientamos com base em BOURDIEU2020. Bourdieu P. Razões práticas. Campinas: Papirus; 1996., que não são evidentes, e sim, camufladas a tal ponto que muitas vezes os que sofrem não a percebem. Como é o caso descrito acima, quando a própria jogadora, entende que as demais jogadoras não deveriam cobrar, pois assim teríamos mais equipes, e talvez, mais campeonatos.

Relembrando que a grande maioria os cargos de destaque nas federações ou na direção dos clubes são ocupados por homens, as jogadoras são unânimes em proferir que um dos maiores desafios para o futebol feminino brasileiro é a falta de incentivo. A jogadora 1 soma à falta de incentivo o preconceito como uma das grandes barreiras para o desenvolvimento da modalidade. A jogadora 3 segue na mesma linha de pensamento e alega: “se não tem calendário fica difícil ter patrocínio”. E segue elencando mais alguns desafios para que o futebol feminino cresça no Brasil:

Primeiro as jogadoras, que infelizmente nem todas elas tem estrutura para serem profissionais. [...] O fato da falta de estrutura do futebol feminino faz com que as jogadoras não se tornam profissionais ou não queiram se tornar profissionais por que ele não é levado muito a sério por parte de algumas, por parte das próprias pessoas que trabalham com o futebol feminino. A maior receita hoje é que as federações, confederações do Brasil, promovam campeonatos, essa é a maior dificuldade hoje. Porque existe a demanda de meninas querendo jogar, existem meninas com técnica, existem meninas com vontade de jogar, existem boas profissionais do futebol. Às vezes os clubes não se mantêm pelos campeonatos que não tem.

A falta de incentivo para um calendário anual, também é destacado na fala da jogadora 2:

A falta de calendário e de competição prejudica que você tenha uma equipe jogando o ano inteiro, então as meninas acabam indo pra outros países, jogar em outros lugares porque aqui não estão sempre jogando, não estão sempre em evidência, eu acho que isso é uma dificuldade. [...] Se você é uma atleta de ponta de alto-nível, dificilmente você fica no Brasil se você tem a oportunidade de jogar fora, porque a cultura deles é diferente, e o retorno financeiro deles é muito maior, por isso a gente não consegue manter uma atleta aqui, a gente não consegue manter Marta e Cristiane aqui. Elas são super reconhecidas aqui, mas financeiramente não são reconhecidas. Maior desafio, eu vou dizer a falta de incentivo. A maioria das atletas para porque não tem incentivo, e porque chega 18 anos você tem que trabalhar e jogar. Se até os 18 anos o futebol não te deu nenhum retorno, então você tem que trabalhar.

A estrutura amadora seja nas ações das jogadoras, das confederações e federações, dos dirigentes dos clubes aparece como grande empecilho para que a modalidade se profissionalize. Ou talvez, a forma como os agentes dominantes veem e administram a modalidade demonstrando certo descaso na gestão esportiva do futebol feminino, pois, como as entrevistadas alegaram, a falta de calendário impulsiona tantos outros problemas, como a falta de patrocínio, a dificuldade de sobreviver financeiramente do futebol, a dificuldade de manter o condicionamento físico exigido pela modalidade, e como consequência a permanência às margens da estrutura do futebol.

Com relação às melhorias ao futebol feminino, a jogadora 4. em forma de desabafo relata:

A gente não ganhando nada não melhora, a gente ganhando alguma coisa não melhora, então o desafio é saber o que precisa pra poder deslanchar. Por que pra uma seleção que não tem apoio chegar ao segundo do mundo nas Olimpíadas, eu acho que realmente tem muito potencial, e se tiver apoio, não tem nem o que discutir. No Brasil tem muitas jogadoras boas, de qualidade mesmo, só que não tem apoio, não tem patrocínio, não tem campeonato não tem calendário, então isso deixa muita coisa pra trás, é bem limitado. O desafio é que as coisas possam melhorar muito em termos de ajuda de campeonato.

A fim de encontrar possíveis soluções para esse “impasse”, ela profere:

Se cada clube masculino pegasse 1%, 2% e vai dar pro [sic] feminino, se cada clube tivesse um feminino você imagina como seria ótimo. Primeiro por que clubes grandes chama muito mais atenção, tem os torcedores, o público, já olhariam pras coisas diferentes. Os torcedores sempre estão nos times grandes, e os times que se destacam no feminino, não tem tanto destaque no masculino. Se cada clube montasse um time feminino, já ia ser muito mais fácil de ter patrocínio pra um Atlético, pra um São Paulo do que pra um clube amador. Eu acho que ainda tem muito machismo, ai eles não abrem espaço para as mulheres [assumirem cargos nas federações].

A ausência de mulheres em cargos de destaque na gestão esportiva dos clubes é um “reflexo contextualizado” da ausência das mulheres em ambientes públicos e políticos do final do século XIX. Nessa esteira, BOURDIEU1616. Bourdieu P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2007. descreve que o mundo social funciona como um mercado de bens simbólicos dominado pela visão masculina, e assim, marcado pelas categorias de percepção e análise de cunho masculino. Nesse âmbito, ser feminina é evitar todas as práticas que podem funcionar como sinais de virilidade, dentre elas, principalmente cargos políticos ou administrativos no que se refere ao futebol.

Tomando por base todos os depoimentos descritos até aqui, instigamo-nos a conhecer qual a visão das entrevistadas sobre mulheres brasileiras que jogam futebol, a palavra chave foi “guerreira”. Essa palavra diz respeito à luta constante das agentes dominadas no subcampo do futebol pela legitimação da condição de entrada e manutenção nessa estrutura.

A jogadora 1 define a mulher brasileira que joga futebol como uma guerreira, e diz: “por tudo que a gente enfrenta para poder jogar”, a jogadora 2 complementa:

Primeira palavra é guerreira, porque tem muitos desafios, muitos obstáculos que tem que passar, então é muita dificuldade. Então eu acho que a mulher é guerreira tem muita força de vontade, porque não é aquele esporte que você chega e consegue tudo, que você já tem o seu reconhecimento, então você passa por muitas coisas, digamos, ruins pra você estar onde você está. Vou falar por mim, já saí de campo com a equipe toda querendo me bater, então já tive que sair com polícia essas coisas todas, então são barreiras, são coisas que a gente enfrenta que talvez em outros esportes você não precisa se expor dessa maneira. Então te digo que a mulher é guerreira, por que ela passa por um monte de dificuldade, às vezes vai ter que viajar, ir pra campeonato tirando dinheiro do seu bolso. Então a mulher tem muita vontade, muita garra pra continuar, senão ela para. Pessoa que não tem muita personalidade pra ta aqui desistem, porque os desafios são muito grandes e dentro de tudo isso você enfrenta lesões que acontecem dentro do clube que não tem apoio do clube. Eu conheço muitas meninas que pararam por causa de lesão, então tem que tem que ter a cabeça muito forte. É você e você. Você vem correr por conta própria, se prepara, pra que? Buscando a incerteza?

O elemento personalidade, também aparece no discurso da jogadora 3:

Eu definiria como uma mulher diferente em relação a personalidade, primeiro a mulher que joga futebol já é uma guerreira, se é um termo que eu posso usar, por que praticar futebol feminino no Brasil, já tem que ter muito mais do que uma mulher comum, tem que ser uma mulher que busca o que quer. Nós não somos um país do futebol feminino e não seremos tão cedo, nós estamos muito atrás do masculino. Nós não nascemos num país europeu ou norte americano que as meninas começam a jogar cedo. A gente começa tardiamente, luta-se por esse espaço e de repente quando consegue, não tem calendário pra disputar. Aí somos obrigadas a sair, jogar fora.

A jogadora 4 corrobora as alegações anteriores e traz à tona a igualdade na prática dentro de campo, igualdade nas regras, mas não nas condições e incentivo à prática.

Eu defino como guerreira, persistente e às vezes cabeça dura. Olha a gente bate a cabeça, a gente fala: vai mudar, e não muda. Eu acho que a mulher brasileira no futebol feminino é uma mulher de talento, uma mulher que tem qualidade, que tem muita garra, porque eu conheço mulheres que tem filho, marido, e sempre arrumam um tempo pro futebol. Eu acho que a mulher brasileira é um arraso. O futebol dentro de campo a gente sabe que é a mesma coisa, mas fora é que temos essas dificuldades.

Ao se “auto-intitularem” como guerreiras, as jogadoras entrevistadas deixam transparecer nos seus discursos a dificuldade ou, a “batalha” que enfrentam para se estabelecerem como jogadoras de futebol, seja na infância, quando lutavam por um espaço no time de meninos; na adolescência quando procuravam por escolinhas para se especializarem na modalidade; ou na vida adulta, quando lutam por poder viver (no sentido de ter o reconhecimento financeiro e profissional) do futebol.

As características de batalha ou de combate nos parecem vinculadas aos esportistas de maneira geral, pela constante luta consigo mesmo em função do aprimoramento técnico ou físico, ou mesmo, pela disputa contra adversários. No entanto, observamos essas características com maior evidência em mulheres que buscam se legitimar em esportes entendidos histórica e culturalmente como um espaço de reprodução de elementos de masculinidade.

Somado à garra e à vontade de vencer, características imbuídas aos mais diversos esportistas, as mulheres brasileiras que jogam futebol e buscam a profissionalização dessa modalidade trazem a garra como parte constituidora de um “habitus” dominado que foi e é construído em parte no campo esportivo, onde a luta por espaço e reconhecimento ultrapassa a fronteira e os desafios do gramado, e segue em direção às disputas políticas intrínsecas a essa modalidade em nosso país.

Ao descrevermos os relatos das jogadoras acerca das dificuldades e motivações enfrentadas para permanecer no espaço do futebol, evidenciamos que o preconceito - seja de gênero ou pela falta de incentivo - é recorrente no discurso das entrevistadas, assim como, o adjetivo “guerreiras” aparece no final deste escrito como sendo uma característica nata das mulheres que buscam a prática do futebol e depositam nele seu ensejo profissional.

Nesse momento, retornamos ao questionamento de uma de nossas entrevistadas, no qual ela profere: “o que falta para o futebol feminino brasileiro deslanchar?”. A seguir esboçaremos alguns apontamentos em forma de hipótese com base nos discursos acima relatados para responder minimamente a essa arguição.

Ponderando os elementos culturais da sociedade patriarcal da qual pertencemos somado à história da modalidade em nosso país, fica evidente que a dominação masculina incorporada por homens e mulheres presentes no futebol brasileiro se reflete - dentre outros fatores - no consumo restrito ou até mesmo do não consumo da modalidade por um grande número de agentes. O futebol feminino no Brasil pouco promove o consumo por estar histórica e culturalmente vinculado aos preconceitos de gênero, que durante muitos anos afastou mulheres do futebol, e exigiu perseverança daquelas que nesse espaço buscavam permanecer.

Depois de aproximadamente 30 anos da liberação legal da prática do futebol por mulheres, constata-se que a modalidade passou por fases distintas, e que em todas elas o corpo das atletas, ou a forma de apresentação desses corpos, estava em voga. Durante pelo menos 20 anos (1980-2000), a apresentação de corpos normativamente femininos e a habilidade esportiva eram tidos como dicotômicos. Nos anos 2000, foram identificadas matérias na revista Placar que evidenciavam nas jogadoras federadas o cuidado com o corpo e a beleza normativa, em uma tentativa de aproximar a habilidade esportiva do futebol (sumariamente entendida como masculina) a um corpo feminino de acordo com a normatividade1616. Bourdieu P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2007., 1818. Salvini L, Marchi Júnior W. Uma história do futebol feminino nas páginas da revista Placar entre os anos de 1980-1990. Movimento. 2013;19:95-115., 2121. Salvini L, Marchi Júnior W. Notoriedade mundial e visibilidade local: o futebol feminino na revista Placar na década de 1990. Sociol Plurais. 2013;2:144-59..

Desse modo, para que o futebol feminino “deslanche”, é preciso que haja consumo. Para que exista o consumo, deve haver inicialmente algum tipo de oferta, seja de produtos, de equipes, de campeonatos, ou de modo abrangente, de incentivo. E, concomitantemente à oferta, deve haver demanda. No entanto, para que seja criada uma demanda que venha a consumir essa modalidade, as jogadoras são incentivadas (pelos diretores, clubes e também patrocinadores) a se apresentarem de maneira mais próxima à normatividade do gênero feminino, dentro e fora dos gramados. Essa nova roupagem na apresentação das jogadoras se dá no sentido de desmistificar o estereótipo de jogadora de futebol que não cuida da aparência física para além das atribuições do esporte.

Para finalizar, entendemos que o preconceito, seja de gênero ou pela falta de incentivo, caracteriza-se como violência simbólica, que de acordo com BOURDIEU2222. Bourdieu P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1997. “consiste em uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, com frequência, dos que a exercem, na medida em que uns e outros são inconscientes de exercê-la ou de sofrê-la” (p.22). Dessa forma, a necessidade de atrelar a jogadora de futebol aos atributos considerados normativos do gênero feminino, intenta alargar as fronteiras do consumo dessa modalidade, aproximando a jogadora do corpo consumido pela sociedade patriarcal.

Destacamos com esse escrito, que mesmo com todas as adversidades apresentadas anteriormente, outro aspecto do futebol, ou melhor, das mulheres futebolistas foi unanimemente destacado entre as entrevistadas foram as atribuições de guerra, de combate. Pois, para enfrentar as disputas existentes no espaço do futebol brasileiro, é prerrogativa que as mulheres futebolistas tenham além de talento, resiliência.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    21 Maio 2013
  • Revisado
    23 Mar 2014
  • Revisado
    17 Out 2014
  • Aceito
    19 Out 2014
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