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No fascículo de dezembro 2005 de Clinics

EDITORIAL

No fascículo de dezembro 2005 de Clinics

Mauricio Rocha-e-Silva, Editor

Hospital das Clínicas, São Paulo University Medical School - São Paulo/SP, Brazil. Email: mrsilova36@hcnet.usp.br

Este fascículo de CLINICS encerra nosso primeiro ano de existência. Tecnicamente, CLINICS é um periódico novo, mas na realidade dá-se continuidade aos 59 anos da Revista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. De Pedro Puech Leão, Editor entre 1998 e 2004, CLINICS herdou um saudável ritmo de crescimento, mas neste ano conseguimos várias melhorias. O novo nome está registrado no SCIELO e no PUBMED desde o primeiro fascículo, adotamos editoração eletrônica "on-the-web" e ampliamos nosso Corpo Editorial. Ao fecharmos este fascículo, em 20 de novembro, já havíamos recebido 183 novos manuscritos, 44% mais que em 2005 e 62% acima de 2003. As contribuições que recebemos provem de um amplo espaço geográfico, refletindo melhor o Brasil. Além disso, recebemos 14 artigos provenientes do exterior, que vem a ser o dobro do total de toda a história prévia da Revista. Os índices de rejeição cresceram progressivamente, passando de 10% em 2001 a 54% em 2005. Por todos esses motivos, decidimos fazer de CLINICS o destaque deste fasículo.

Borghi-Silva et al. avaliaram a associação entre pressão positiva expiratória final e intervenção fisioterápica durante a fase I de reabilitação pós-cirurgia cardíaca sobre a função respiratória e força muscular inspiratória antes e depois (5º dia pós-operatório) de cirurgia cardíaca. Oito pacientes executaram exercícios respiratórios sob pressão positiva expiratória final associados à fisioterapia, enquanto 12 receberam apenas fisioterapia. Todos os parâmetros de função respiratória medidos apresentaram redução no grupo da fisioterapia, mas apenas a capacidade vital se reduziu no grupo do exercício + fisioterapia. A cirurgia cardíaca parece reduzir a potência da musculatura inspiratória, mas este efeito é parcialmente contrabalançado por exercícios aplicados à musculatura respiratória.

Caruso et al. testaram a hipótese de que o treinamento de musculatura inspiratória desde o início de um processo de ventilação mecânica abreviaria o tempo até o desmame e reduziria a incidência de re-intubações. A evolução da força inspiratória com e sem treinamento muscular foi também descrita. Numa unidade de terapia intensiva para adultos, 12 pacientes receberam treinamento muscular 2 vezes ao dia e foram comparados a 13 outros não exercitados. O tempo para desmame e a incidência de re-intubação não diferiu entre os grupos, levando à conclusão de que o treinamento é ineficaz nesta condição.

Camargo et al. re-avaliaram clinica e radiograficamente 214 pacientes tratados para lesões ósseas benignas, porém agressivas durante um período de 24 anos (média: 10,6 anos). O tratamento consistiu em curetagem, cauterização e cimentação com metilmetacrilato. A avaliação foi executada através do sistema de avaliação funcional da Musculoskeletal Tumor Society Score (MSTS). Escores excelentes foram registrados em 166 casos (78%), escores bons em 26 casos (12%), regulares em 11 casos (5%) e maus em 11 casos (5%). As complicações mais comuns foram osteoartrose tardia em 25 casos (12%), infecção em 12 (6%), fraturas patológicas em 11 (5%) e recorrência local em 19 (9%). Não foram observados efeitos deletérios relacionados ao metilmetacrilato. Esta avaliação (1998) não diferiu de uma anterior, realizada em 1985.

Oliveira et al. realizaram uma avaliação exploratória, entrevistando 107 pacientes, a maioria brasileiros portadores de catarata para identificar suas percepções relativas à doença e a seu tratamento cirúrgico. A maioria acredita que a catarata deve-se à idade e/ou abuso dos olhos no local de trabalho, embora uma minoria acredite tratar-se de feitiço; a maioria crê que a catarata conduz à cegueira e à depressão e um número significativo evita o procedimento cirúrgico por medo de morte, dor excessiva e cegueira. Diversas outras concepções erradas foram identificadas, levando a uma perspectiva de um melhor manejo destes pacientes no futuro.

Wolosker et al. avaliaram prospectivamente 48 pacientes submetido a reconstrução arterial infra-inguinal secundária a lesões isquêmicas causadas por agressão externa e compararam-nos a 52 pacientes submetidos ao mesmo procedimento para tratar lesões isquêmicas espontâneas. Foram analisados o salvamento de membro e a perviedade de enxerto. Pacientes portadores de lesões espontâneas apresentaram níveis inferiroes de salvamento e perviedade em coparação aos portadores de lesões provocadas (42,3% contra 87,5%, respectivamente, para os 2 parâmetros). A agressão externa foi assim descrita como fator contributivo para o desenvolvimento da lesão, mas associada a um melhor resultado em termos de salvamento de membro.

Vaz et al. avaliaram a eficiência diagnóstica de imagens de ressonância magnética do joelho para identificação de lesões intra-articulares traumáticas do joelho (menisco medial, menisco lateral, ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior e cartilagem articular) em 300 pacientes. Para lesões de meniscos e ligamentos, a ressonância magnética apresentou altos índices (> 90%) de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo. As razões de verossimilhança positiva e negativa foram também excelentes. Para lesões articulares, a ressonância magnética foi muito menos precisa. O método é altamente recomendado para diagnóstico de lesões meniscais e ligamentares, mas não para lesões condrais.

Petroianu et al. estudaram retrospectivamente 86 pacientes submetidos a esplenectomia parcial ao longo de 21 anos, secundariamente a várias causas (as mais freqüentes: hipertensão devida a esquistosimíase e trauma). As únicas anormalidades hematológicas encontradas foram leucocitose e elevação da contagem de plaquetas. Não se observaram alterações imunológicas. Varizes esofageanas foram encontradas nos casos de hipertensão portal, mas não foram constatados casos de re-sangramento. Exames ultra-sonográficos, tomográficos e scintilográficos confirmaram a presença de remanescente esplênico funcionante, sem alteração significativa de volume.

Eisig et al. analisaram os resultados de um esquema terapêutico de curta duração (7 dias) baseado em uma associação quadrupla, a base de furazolidona para erradicação de Helicobacter pylori, previamente tratados sem sucesso. Quatro pacientes deixaram de completar o processo, mas apenas um destes por intolerância medicamentosa. Sob este protocolo, a erradicação do H. pylori foi obtida em 39/58 pacientes com relato de efeitos adversos moderados. Este procedimento a base de furazolidona foi bem tolerado, sendo de baixo custo e eficaz. Pode ser portanto recomendado como uma boa opção para países em desenvolvimento.

Berger et al. avaliaram a freqüência de ocorrência de uma variante alélica (Trp8Arg/Ile15Thr) do gene da subunidade b do hormônio luteinizante numa população brasileira de 202 (115 mulheres) adultos normais e em 48 adultos (24 mulheres) portadores de hipogonadismo hipogonadotrópico. A variante genética foi encontrada com freqüência semelhante nos indivíduos normais e nos pacientes portadores de hipogonadismo hipogonadotrópico. Deste modo a variante alélica foi descrita como um polimorfismo comum na população brasileira, sem influência no hipogonadismo hipogonadotrópico.

Publicamos também uma revisão crítica sobre lesões cerebrovasculares contusas, 2 relatos de casos e uma nota técnica sobre um novo método de avaliação quantitativa da sudorese.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Dez 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2005
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