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Impacto do tráfego de máquinas na qualidade física do solo e produtividade de milho em Argissolo

Impact of machine traffic on soil physical quality and corn yield in a Kandiustalf

Resumos

Este estudo teve o objetivo de avaliar o impacto do tráfego de máquinas na qualidade física do solo e produtividade de milho em Argissolo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e oito repetições representadas por parcelas de 14 m². Os tratamentos foram: T0) sem tráfego; T1*) uma passada de trator de 3,0 t, uma ao lado da outra; T1) uma passada; T2) duas passadas; T4) quatro passadas; T8) oito passadas de um trator de 8,0 t. Utilizou-se o milho (Zea mays L.) híbrido master, que foi avaliado quanto à produtividade de grãos. No solo, foram avaliados a porosidade, a densidade do solo, a resistência à penetração, o intervalo hídrico ótimo e a densidade do solo relativa. O tráfego de máquinas compactou o solo até 0,25 m de profundidade e reduziu a produtividade de milho em até 22%. O intervalo hídrico ótimo diminuiu com o aumento do tráfego de máquinas indicando decréscimo da qualidade física do solo para o milho. A densidade do solo relativa limitante à produtividade de milho é de 0,89.

intervalo hídrico ótimo; densidade do solo relativa; Zea mays


Machinery traffic on soil generates compaction, modifying its physical quality and often resulting in yield decrease. This study evaluates the effect of machine traffic on soil physical quality and corn yield in a Kandiustalf. The experiment was a completely randomized design with 6 treatments and 8 replications, with 14 m² plots. The treatments were: T0) without traffic; T1*) one pass of 3.0 t tractor, side by side; T1) one pass; T2) two passes; T4) four passes; T8) eight passes of a 8.0 t tractor. Master hybrid corn (Zea mays L.) was used, and its yield was evaluated. Porosity, soil bulk density, resistance to penetration, least limiting water range and relative soil bulk density were evaluated. Machine traffic compacted the soil up to 0.25 m deep and reduced corn yield up to 22%. The least limiting water range is an adequate indicator of soil physical quality for corn development. The relative soil density limiting to corn yield is 0.89.

least limiting water range; relative soil bulk density; Zea mays


SOLOS

Impacto do tráfego de máquinas na qualidade física do solo e produtividade de milho em Argissolo

Impact of machine traffic on soil physical quality and corn yield in a Kandiustalf

Amauri Nelson BeutlerI,* * Autor para correspondência: E-mail: amaurib@yahoo.com.br ; José Frederico CenturionII; Leonardo Henrique MengattoIII; Leandro Henrique MengattoIII; Jader Barbosa AlvesIII; Gustavo Prestes Cardoso WagnerIII

IUniversidade Federal do Pampa, Rua Luiz Joaquim de Sá Brito, s/n, 97650-000, Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil

IIDepartamento de Solos e Adubos, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Jaboticabal, São Paulo, Brasil

IIIFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Garça, São Paulo, Brasil

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de avaliar o impacto do tráfego de máquinas na qualidade física do solo e produtividade de milho em Argissolo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e oito repetições representadas por parcelas de 14 m2. Os tratamentos foram: T0) sem tráfego; T1*) uma passada de trator de 3,0 t, uma ao lado da outra; T1) uma passada; T2) duas passadas; T4) quatro passadas; T8) oito passadas de um trator de 8,0 t. Utilizou-se o milho (Zea mays L.) híbrido master, que foi avaliado quanto à produtividade de grãos. No solo, foram avaliados a porosidade, a densidade do solo, a resistência à penetração, o intervalo hídrico ótimo e a densidade do solo relativa. O tráfego de máquinas compactou o solo até 0,25 m de profundidade e reduziu a produtividade de milho em até 22%. O intervalo hídrico ótimo diminuiu com o aumento do tráfego de máquinas indicando decréscimo da qualidade física do solo para o milho. A densidade do solo relativa limitante à produtividade de milho é de 0,89.

Palavras-chave: intervalo hídrico ótimo, densidade do solo relativa, Zea mays.

ABSTRACT

Machinery traffic on soil generates compaction, modifying its physical quality and often resulting in yield decrease. This study evaluates the effect of machine traffic on soil physical quality and corn yield in a Kandiustalf. The experiment was a completely randomized design with 6 treatments and 8 replications, with 14 m2 plots. The treatments were: T0) without traffic; T1*) one pass of 3.0 t tractor, side by side; T1) one pass; T2) two passes; T4) four passes; T8) eight passes of a 8.0 t tractor. Master hybrid corn (Zea mays L.) was used, and its yield was evaluated. Porosity, soil bulk density, resistance to penetration, least limiting water range and relative soil bulk density were evaluated. Machine traffic compacted the soil up to 0.25 m deep and reduced corn yield up to 22%. The least limiting water range is an adequate indicator of soil physical quality for corn development. The relative soil density limiting to corn yield is 0.89.

Key words: least limiting water range, relative soil bulk density, Zea mays.

Introdução

Os Argissolos ocupam, depois dos Latossolos, a maior extensão de área do território brasileiro (OLIVEIRA, 2005). No entanto, os Argissolos são frequentemente utilizados para fins agrícolas e também se tornam compactados, o que culmina em decréscimo de produtividade (COLLARES et al., 2006), sendo o monitoramento da qualidade física do solo necessário para identificar o melhor manejo e manter a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

A qualidade do solo é definida como "a capacidade do solo para permitir o pleno desenvolvimento das plantas", entre outros. Esta, geralmente, é inferida ou estimada a partir de atributos indicadores físicos, químicos ou biológicos do solo. Porém, poucos avanços têm sido obtidos no sentido de estabelecer relações de atributos físicos indicadores, como a agregação, densidade do solo, porosidade, resistência à penetração e infiltração de água, entre outros, com o desenvolvimento das plantas, apesar de inúmeros esforços. Isto porque os atributos físicos do solo atuam como um sistema dinâmico e complexo, interagindo entre si, e não atuam isoladamente no crescimento das plantas (REICHERT et al., 2003).

A resistência mecânica à penetração das raízes, a aeração, o conteúdo de água e a temperatura são os atributos físicos que atuam diretamente no crescimento das plantas. Baseado neste fato foi desenvolvido o intervalo hídrico ótimo (IHO), que define o conteúdo de água não-limitante às plantas em função de valores limitantes ao crescimento das plantas de porosidade de aeração (PA), de resistência à penetração (RP), de conteúdo de água na capacidade de campo (CC) e no ponto de murcha permanente (PMP) (SILVA et al., 1994). O IHO tem como limite superior o menor valor entre o conteúdo de água na PA de 10% (ENGELAAR et al., 2000) e o conteúdo de água retida na CC, tensão de 0,01 MPa; e o limite inferior é o maior valor entre o conteúdo de água retida no PMP, na tensão de 1,50 MPa e, o conteúdo de água quando a RP atinge valores críticos ao crescimento radicular de 2,0 MPa (TAYLOR et al., 1966).

O IHO tem sido proposto e utilizado como indicador de qualidade física do solo. No entanto, os indicadores de qualidade do solo devem satisfazer alguns critérios, entre eles, ser sensível às variações no manejo e ser acessível e aplicável no campo. Neste quesito, o IHO tem sido interpretado de três formas: a) o decréscimo do IHO indica redução da qualidade física do solo, porém sem realizar avaliação do desenvolvimento das plantas (SILVA et al., 1994; TORMENA et al., 1999; LEÃO et al., 2006); b) estabelecimento de relações do número de dias que o conteúdo de água permanece fora do IHO com o desenvolvimento das plantas (BENJAMIN et al., 2003; LAPEN et al., 2004); c) estabelecimento de relações da densidade do solo crítica, quando o IHO = 0, com a densidade do solo limitante à produtividade das plantas no campo (REICHERT et al., 2003; BEUTLER et al., 2005a; 2006a; COLLARES et al., 2006). Esta última forma de utilização do IHO tem sido proposta, visto que estudos indicam pouca correlação do IHO > 0 com a produtividade de milho e trigo (BENJAMIN et al., 2003).

Além do IHO, a densidade do solo relativa ou grau de compactação (Dsr) também tem sido utilizada para estabelecer relações com o desenvolvimento das plantas. A Dsr consiste no estabelecimento da relação entre Ds atual no campo e uma Ds referência (Ds máxima) (CARTER, 1990) e visa estabelecer valor limitante de compactação à produtividade das culturas que seja similar para todos solos.

Este estudo teve o objetivo de avaliar o impacto do tráfego de máquinas sobre a qualidade física do solo e a produtividade de milho em Argissolo.

Material e métodos

O experimento foi realizado em Garça, Estado de São Paulo, em Argissolo Vermelho-Amarelo arênico, cuja composição granulométrica foi determinada por meio da dispersão com NaOH (0,1 mol L-1) e o conteúdo de argila obtido pelo método da pipeta (Tabela 1).

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e oito repetições constituídas por parcelas de 14 m2 (4,0 linhas de 3,5 m). Em novembro de 2005, o solo foi arado até 0,30 m de profundidade e foram aplicados os seguintes níveis de tráfego: T0) sem tráfego de máquinas; T1*) uma passada de trator de 3,0 t, uma ao lado da outra, quatro dias após a chuva; T1) uma passada; T2) duas passadas; T4) quatro passadas; T8) oito passadas de um trator de 8,0 t, no mesmo local, com dois eixos e quatro pneus de mesma largura e pressão interna, perfazendo toda a superfície do solo, no sentido do declive da área, um dia após uma chuva que saturou o solo com água.

No dia 21 de novembro, o milho (Zea mays L. híbrido master) foi semeado, em profundidade de 0,06 m e espaçamento de 1,0 m entre linhas, no sentido transversal ao declive da área. Após dez dias, realizou-se o desbaste deixando cinco plantas por metro. A adubação na semeadura foi de 450 kg ha-1 na fórmula 4148 (N-P2O5-K2O); aos 15 dias após a semeadura, de 100 kg ha-1 na fórmula 20-0-20; aos 25 dias, de 200 kg ha-1 na fórmula 45-0-0, em cobertura. Na colheita foi avaliada a produtividade de milho em área de 5 m2 por parcela.

Em abril de 2006, foram coletados três grupos de seis amostras indeformadas, por tratamento, com cilindros de 0,03 m de altura e 0,048 m de diâmetro (53,16 x 10-6 m3), nas camadas de 0,08 - 0,11 e 0,22 - 0,25 m. Em seguida, uma amostra de cada grupo e camada foi saturada durante 24h e submetida a uma das tensões de 0,006; 0,010; 0,033; 0,060; 0,100; e 0,300 MPa em câmaras de pressão de Richards.

Ao atingir o equilíbrio, foram pesadas e foi determinada a resistência do solo à penetração (RP), com duas subdeterminações, na camada intermediária do cilindro, com um penetrômetro eletrônico, com semi-ângulo de cone de 30º, velocidade constante de penetração de 0,01 m min.-1 e cone com área da base de 4,79 x 10-6 m2, acoplado a um microcomputador.

Em seguida, as amostras foram secas em estufa para determinação do conteúdo de água em cada tensão e da densidade do solo (Ds). A microporosidade corresponde ao conteúdo de água retida na tensão de 0,006 MPa (poros < 50 µm), e a macroporosidade (poros > 50 µm) foi calculada pela diferença entre a porosidade total determinada e a microporosidade.

Para a determinação do intervalo hídrico ótimo (IHO), a curva de retenção de água no solo foi ajustada segundo o modelo de van Genuchten e foi estimado o conteúdo de água na tensão de 1,5 MPa (ponto de murcha permanente). A curva do conteúdo de água retida na capacidade de campo (0,01 MPa) foi ajustada segundo o modelo não-linear empregado por Silva et al. (1994), e a curva de RP foi ajustada utilizando o modelo não-linear, na forma log-transformada:

em que:

θ é o conteúdo volumétrico de água (m3 m-3);

Ds é a densidade do solo (t m-3);

Ψ é a tensão de água no solo (centímetros de coluna de água);

RP é a resistência do solo à penetração (MPa);

a, b, c, d, e e f são os parâmetros dos ajustes dos modelos.

O conteúdo de água em que a porosidade de aeração (θPA) é igual a 10% foi calculado pela equação a seguir:

em que:

Dp é a densidade de partículas (2,65 t m-3);

θPA, θCC, θPMP, θRP foram plotadas em função da Ds, formando, entre o limite superior e inferior, o IHO representativo das amostras coletadas nas duas camadas.

Determinou-se, ainda, a densidade máxima do solo (Ds referência) pelo teste de Proctor normal com reuso de material, com as modificações, em que a altura de queda do embolo passou para 0,305 m e o número de golpes para 26 (PINTO, 2002). A partir da Ds máxima, determinou-se a densidade do solo relativa (Dsr), que consiste na divisão da Ds atual pela Ds máxima (CARTER, 1990).

Os resultados de produtividade de milho foram submetidos à análise de variância (ANOVA) utilizando o teste F (p < 0,05) e foi estabelecida a regressão polinomial entre a Ds e Dsr com a produtividade.

Resultados e discussão

O tráfego de máquinas compactou o solo na camada de 0-0,25 m, verificado pela redução da macroporosidade e aumento da densidade do solo e da resistência à penetração do T0- T8, nas camadas de 0,08-0,11 e 0,22-0,25 m (Tabela 2), corroborando Collares et al. (2006). Em Latossolo Vermelho de textura média, com intensidade de tráfego similar, Beutler et al. (2006b) verificaram que a compactação atingiu apenas a profundidade de 0,18 m. Isto se deve à maior quantidade de argila no Latossolo, a qual é a principal responsável pelas forças de coesão entre as partículas e, dessa forma, aumenta o suporte de pressão pela matriz do solo, evitando sua dissipação em maiores profundidades, comparado ao Argissolo.

A compactação do solo pelo tráfego de máquinas reduziu em até 22% a produtividade de milho (T8) (Figura 1), corroborando os estudos de Santos e Dias Junior (2005), que verificaram menor produção de massa seca de milho com o aumento da compactação em Neossolo Quartzarênico, e Collares et al. (2006), que obtiveram decréscimo da produtividade de feijão em Argissolo arênico. Tal fato possivelmente ocorra por fatores relacionados ao crescimento radicular e absorção de água e nutrientes.


Shierlaw e Alston (1984) verificaram decréscimo no crescimento radicular de milho em camada de solo compactada, reduzindo o comprimento das raízes e a área superficial de absorção, tornando-as menos hábeis em absorver nutrientes, como o P, que se move no solo por difusão e a pequenas distâncias e tem a sua absorção mais prejudicada pela compactação.

O IHO, que define o conteúdo de água não-limitante às plantas em função dos limites críticos de aeração, água e resistência à penetração, diminuiu em 61% na condição de tráfego excessivo do solo (T8), comparado à condição sem tráfego (T0), porém não foi atingida a Dsc (IHO = 0) (Figura 1). Tal fato indica degradação e perda de qualidade física do solo para o desenvolvimento das plantas, corroborando Silva et al. (1994), Benjamin et al. (2003) e Leão et al. (2006). O decréscimo do IHO ocorreu apenas em função da RP crítica ao crescimento radicular (θRP), e não foi observada deficiência de aeração no IHO > 0, conforme também verificado por Beutler et al. (2006a), Collares et al. (2006) e Leão et al. (2006). Tal fato acontece porque, em solos tropicais, o aumento da compactação do solo ocorre a expensas da redução da macroporosidade, aumentando a Ds e, consequentemente, a RP (LEÃO et al., 2006).

Estes resultados estão de acordo com a literatura que tem referenciado o IHO como indicador de qualidade física do solo e que considera que o decréscimo do IHO resulta em maior possibilidade de as plantas ficarem expostas a condições adversas ao crescimento e menor à qualidade do solo. Porém, a relação direta do IHO com a produtividade das plantas para que seja possível sua aplicação como indicador de qualidade tem sido pouco definido, ou seja, a partir de que valor de Ds, obtida no IHO, ocorre decréscimo de produtividade. Leão et al. (2006) verificaram que, no sistema de pastejo rotacionado, comparado ao cerrado nativo, ocorreu menor IHO, indicando menor qualidade do solo para o crescimento da pastagem. Benjamin et al. (2003) verificaram pouca correlação da produtividade de trigo e milho com o IHO, quando o IHO foi maior que 0,05 m3 m-3 . Reichert et al. (2003) estabeleceram preliminarmente relações da Dsc (IHO = 0) com a produtividade das plantas, visto que o desenvolvimento das plantas é pouco prejudicado quando o IHO > 0. Tal fato porque, por exemplo, o valor crítico ao crescimento radicular de culturas anuais de RP de 2,0 MPa (TAYLOR et al., 1966), aceito universalmente, não o é para o desenvolvimento da parte aérea, conforme verificado no trabalho de Silva et al. (2004), em que o milho teve seu desenvolvimento muito reduzido na RP de 1,0 MPa. Ainda, Mahl et al. (2008) não verificaram redução da produtividade de milho em valores de RP próximos a 3,0 MPa, no campo.

Neste estudo, o IHO variou de 0,11 a 0,05 m3 m-3 , T0 - T8, e a produtividade de milho começou a decrescer a partir da redução de 10% do IHO. Por outro lado, se for inserido o valor de RP de 0,91 MPa (T1), a partir do qual a produtividade de milho decresceu no campo, a Dsc (IHO = 0) é de 1,66 t m-3 , equivalente ao valor de Ds a partir do qual a produtividade de milho decresceu no campo (Tabela 2, Figura 1). Este fato demonstra, conforme observado nos estudos de Beutler et al. (2005ª; 2006a) e Collares et al. (2006), que a utilização da Dsc como indicativo de que ocorre decréscimo de produtividade em valores de Ds superiores está relacionada ao valor RP a partir do qual ocorre decréscimo de produtividade. Esses resultados, ainda, permitem concluir que a utilização da Dsc obtida no IHO, quando foi adotado o valor crítico de RP 2,0 MPa, foi superior e não correspondeu ao valor de Ds a partir do qual a produtividade decresceu, conforme sugerido preliminarmente por Reichert et al. (2003).

Além do IHO, a densidade do solo relativa ou grau de compactação (Dsr) também tem sido sugerido como atributo relacionado ao crescimento das plantas, cujos valores variam pouco entre os tipos de solos de clima temperado (CARTER, 1990). Em clima tropical, estudos permitem verificar que o valor de densidade do solo relativa a partir do qual a produtividade de plantas decresce varia entre solos (BEUTLER et al., 2005b). Neste estudo, a produtividade de milho começou a decrescer a partir da Dsr de 0,89 (Figura 2), valor superior ao ideal encontrado em clima temperado de 0,80 a 0,86 (Lindstron e Voorhees, 1994) e de 0,81 para cereais, em solo arenoso (CARTER, 1990).


Em solo tropical, Beutler et al. (2005b) verificaram que a produtividade de soja decresceu a partir da Dsr de 0,80, em Latossolo de textura média. O maior valor de Dsr limitante à produtividade de milho, no Argissolo, possivelmente esteja relacionado à maior quantidade de macroporos que permite melhor aeração desse solo e à baixa RP, comparado ao Latossolo. Assim, verifica-se que, em solos tropicais, os valores de Dsr limitantes variam e valores superiores são observados em solos arenosos.

Conclusão

O tráfego de máquinas compactou o solo até 0,25 m e reduziu a produtividade de grãos de milho em até 22%. O intervalo hídrico ótimo diminuiu com o aumento do tráfego de máquinas indicando decréscimo da qualidade física do solo para o milho. A densidade do solo relativa limitante ao crescimento de milho foi de 0,89, em Argissolo de textura arenosa.

Received on September 6, 2007.

Accepted on April 28, 2008.

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  • *
    Autor para correspondência: E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Out 2012
    • Data do Fascículo
      Jun 2009

    Histórico

    • Aceito
      28 Abr 2008
    • Recebido
      06 Set 2007
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