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Componentes qualitativos do cajá em sete municípios do brejo paraibano

Qualitative components of yellow mombin from seven counties of “Brejo” region in Paraiba State, Brazil

Resumos

A cajazeira (Spondias mombin L.) é uma frutífera nativa com expressivo potencial agroindustrial no Nordeste brasileiro, em razão das qualidades sensoriais dos seus frutos, sendo uma espécie com possibilidade de cultivos comerciais mais extensivos. Neste sentido, objetivou-se avaliar as características físicas e químicas de frutos de cajazeira visando o consumo in natura e agroindústria oriundos de plantas espontâneas localizadas nos municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Pilões e Serraria, localizados na Microrregião do Brejo Paraibano. Os tratamentos foram representados por sete municípios, nos quais foram selecionados 5 (cinco) plantas espontâneas (repetições) e em cada uma foram colhidos 30 (trinta) frutos maduros, totalizando 150 (cento e cinqüenta) frutos por município estudado avaliados em delineamento inteiramente casualizado. Os frutos foram avaliados quanto aos atributos externos e internos: massa, diâmetro transversal e comprimento das sementes, porcentagens de polpa, casca e semente, umidade (%), teor de sólidos solúveis e pH da polpa. Conclui-se que os frutos de cajá avaliados apresentam massa variável de 8,36 a 20,4 g, com teores de sólidos solúveis e pH dentro dos padrões mercadológicos e rendimento em polpa, aquém da exigência das indústrias de processamento.

Spondias mombin; qualidade de frutos; fruta nativa


Yellow mombin (Spondias mombin L.) is a native fruit species with expressive potential for food industry in North Eastern of Brazil, due to the sensorial quality of its fruit, being a species that should be used for more extensive commercial crops. In this way, this work aimed to evaluate the physical and chemical characteristics of yellow mombin fruits for consumption as fresh or processed fruit from natural plants from Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Pilões and Serraria counties, located at “Brejo” microregion of Paraiba State, Brazil. Treatments were represented by seven counties were 5 (five) natural plants were selected (repetitions) and 30 (thirty) mature fruits were harvested in each plant, raising 150 (a hundred and fifty) fruits evaluated in a completely randomized design. Fruits were evaluated in relation to external and internal attributes as: fruit mass, width and length of fruits and seeds, percentages of pulp, skin and seed, water (%), soluble solids, industrial index and pulp pH. It concludes that yellow mombin fruits evaluated have mass varying from 8.36 to 20.4 g, soluble solids and pH in agreement to the standard market parameter but pulp percentage below food industry exigency.

Spondias mombin; fruit quality; native fruit species


PRODUÇÃO VEGETAL / CROP PRODUCTION

Componentes qualitativos do cajá em sete municípios do brejo paraibano

Lourival Ferreira CavalcanteI; Ely Martins de LimaII; José Lucínio de Oliveira FreireIII; Walter Esfraim PereiraI; Antônio de Pádua Moura da CostaI; Ítalo Herbert Lucena CavalcanteIV* * Autor para correspondência. E-mail: italohlc@ufpi.edu.br

IDepartamento de Solos e Engenharia Rural, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, Paraíba, Brasil

IIEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Areia, Paraíba, Brasil

IIIEscola Agrotécnica Federal de Crato, Crato, Ceará, Brasil

IVUniversidade Federal do Piauí, Campus Profa. Cinobelina Elvas, BR-135, km 3, 64900-000, Bom Jesus, Piauí, Brasil

RESUMO

A cajazeira (Spondias mombin L.) é uma frutífera nativa com expressivo potencial agroindustrial no Nordeste brasileiro, em razão das qualidades sensoriais dos seus frutos, sendo uma espécie com possibilidade de cultivos comerciais mais extensivos. Neste sentido, objetivou-se avaliar as características físicas e químicas de frutos de cajazeira visando o consumo in natura e agroindústria oriundos de plantas espontâneas localizadas nos municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Pilões e Serraria, localizados na Microrregião do Brejo Paraibano. Os tratamentos foram representados por sete municípios, nos quais foram selecionados 5 (cinco) plantas espontâneas (repetições) e em cada uma foram colhidos 30 (trinta) frutos maduros, totalizando 150 (cento e cinqüenta) frutos por município estudado avaliados em delineamento inteiramente casualizado. Os frutos foram avaliados quanto aos atributos externos e internos: massa, diâmetro transversal e comprimento das sementes, porcentagens de polpa, casca e semente, umidade (%), teor de sólidos solúveis e pH da polpa. Conclui-se que os frutos de cajá avaliados apresentam massa variável de 8,36 a 20,4 g, com teores de sólidos solúveis e pH dentro dos padrões mercadológicos e rendimento em polpa, aquém da exigência das indústrias de processamento.

Palavras-chave:Spondias mombin, qualidade de frutos, fruta nativa

ABSTRACT

Qualitative components of yellow mombin from seven counties of “Brejo” region in Paraiba State, Brazil.Yellow mombin (Spondias mombin L.) is a native fruit species with expressive potential for food industry in North Eastern of Brazil, due to the sensorial quality of its fruit, being a species that should be used for more extensive commercial crops. In this way, this work aimed to evaluate the physical and chemical characteristics of yellow mombin fruits for consumption as fresh or processed fruit from natural plants from Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Pilões and Serraria counties, located at “Brejo” microregion of Paraiba State, Brazil. Treatments were represented by seven counties were 5 (five) natural plants were selected (repetitions) and 30 (thirty) mature fruits were harvested in each plant, raising 150 (a hundred and fifty) fruits evaluated in a completely randomized design. Fruits were evaluated in relation to external and internal attributes as: fruit mass, width and length of fruits and seeds, percentages of pulp, skin and seed, water (%), soluble solids, industrial index and pulp pH. It concludes that yellow mombin fruits evaluated have mass varying from 8.36 to 20.4 g, soluble solids and pH in agreement to the standard market parameter but pulp percentage below food industry exigency.

Keywords:Spondias mombin, fruit quality, native fruit species

Introdução

No agronegócio brasileiro, a fruticultura vem se consolidando como uma das atividades agrícolas rentáveis, destacando-se que algumas das frutas cultivadas tecnicamente, como banana, citros, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, pêssego e uva, já possuem presença constante na pauta de exportações do Brasil e dividem a preferência do mercado interno (REETZ, 2007). Quanto às frutíferas de produção espontânea, dentre as quais a cajazeira (Spondias mombin L.), nos últimos anos, tem se registrado expressivo aumento da sua participação nos diversos setores comerciais e regiões do país, principalmente pela possibilidade de consumo da fruta in natura ou processada. Essas explorações também contribuem para ocupação de mão-de-obra, elevando, mesmo que de forma modesta, o índice de empregos diretos e indiretos.

O gênero Spondias compreende várias espécies frutíferas, cujos representantes mais significativos têm como centro de diversidade o bioma Caatinga e as florestas úmidas do Brasil (LEDERMAN et al., 2008). Nesse contexto, destaca-se a frutífera cajazeira, pertencente à família Anacardiaceae, sendo uma das espécies espontâneas regionais com potencial socioeconômico promissor no cenário agroindustrial do Nordeste brasileiro, principalmente pela qualidade sensorial e diversidade de formas de consumo dos frutos, muito embora, em razão do seu caráter essencialmente extrativista, ainda permanece na condição de cultivos não domesticados, para os quais inexistem sistemas de produção definidos. Na Paraíba, a cajazeira ocorre mais expressivamente na Mesorregião da Mata Paraibana e na Microrregião do Brejo Paraibano, onde se dispersa de forma espontânea.

A cajazeira é conhecida na Amazônia como taperebá e cajazeira miúda e em São Paulo, Minas Gerais e Bahia como cajá pequeno ou mirim, (CAVALCANTE, 1996; SACRAMENTO; SOUZA, 2000). As plantas são de porte alto com frutos nuculânios perfumados, com mesocarpo carnoso, amarelo, de sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares e vitaminas A e C e que se desprendem da planta quando maduros (BARROSO et al., 1999 apud SOUZA; BLEICHER, 2002), possuindo até 6 cm de comprimento, formato ovóide ou oblongo, casca fina e lisa, polpa pouco espessa e ácida (GOMES, 2007).

Os frutos da cajazeira podem ser consumidos in natura ou processados na forma de polpa, doces, geléias, sucos, sorvetes e compotas (SACRAMENTO; SOUZA, 2000), destacando-se que a polpa de cajá tem sido exportada da região Nordeste para todo o Brasil (MATA et al., 2005). A colheita é feita manualmente, coletando-se os frutos maduros caídos ao solo, fato que, muitas vezes, compromete a qualidade do fruto, bastante susceptível a patógenos em pós-colheita (BRITO et al., 2008). Nos Estados produtores, o período de safra é variável, sendo de maio a julho na Paraíba, fevereiro a maio no Sudeste da Bahia e janeiro a maio no Estado do Ceará. A comercialização dos frutos é feita em feiras livres, às margens de rodovias próximas às unidades de produção e nas indústrias de processamento de polpas.

Por ser atualmente uma cultura eminentemente de exploração extrativista, para que se promova a viabilidade econômica a nível comercial da cajazeira, é necessário que a pesquisa se aprofunde no conhecimento de caracteres específicos da planta, o seu comportamento nos diferentes habitats, visando a solução de problemas tecnológicos que resultem na otimização do rendimento e de qualidade dos frutos, tanto para consumo ao natural como para processamento agroindustrial (LIRA JUNIOR et al., 2005). A sua inserção como espécie frutífera dentro dos modelos agronômicos modernos requer a identificação de materiais propagativos, cujos genótipos apresentem elevada capacidade produtiva e características melhoradas de qualidade dos seus frutos (BOSCO et al., 2000), revelando a importância que estudos que objetivem a seleção de material genético com elevada qualidade, que produza frutos de boas características físico-químicas, apropriado à comercialização e adaptado às condições locais, conforme previamente realizado para outras frutíferas como goiaba (GONZAGA NETO et al., 2003) e acerola (CAVALCANTE et al., 2007a).

Por ser uma espécie com potencial expressivo para exploração comercial e ante a carência de informações, o trabalho teve como objetivo avaliar as características extrínsecas e intrínsecas dos frutos de cajazeira na Microrregião do Brejo Paraibano.

Material e métodos

O trabalho foi realizado em julho de 2005, utilizando frutos coletados em completa maturação (definida pela coloração amarelo brilhante) de cajazeiras sob cultivo espontâneo em localidades dos municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Areia, Bananeiras, Borborema, Pilões e Serraria, pertencentes à Microrregião fisiográfica do Brejo Paraibano, como se pode identificar na Figura 1. As coordenadas geográficas, altitudes, bem como os valores médios de precipitação e temperatura para cada município em 2005 estão contidos na Tabela 1. Para avaliação dos solos das localidades estudadas, amostras foram coletadas à profundidade de 0-40 cm, na projeção da copa das cajazeiras e conduzidas aos laboratórios de física e química de solo. Os resultados das análises de solos encontram-se na Tabela 2 e permitem concluir que os mesmos são de natureza eutrófica.


Adotou-se delineamento inteiramente casualizado com tratamentos representados pelos municípios, onde foram selecionadas cinco plantas (repetições), com mais de 20 (vinte) anos de idade. De forma aleatória, em cada planta foram colhidos 30 (trinta) frutos maduros, totalizando 150 (cento e cinquenta frutos por município estudado), tomando-se o cuidado de coletar frutos nos quatro quadrantes de cada planta. Os frutos foram acondicionados em sacos de polietileno e postos em recipiente térmico (caixa de isopor) contendo gelo e pó de serra e, imediatamente, conduzidos ao Laboratório de Fruticultura do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba.

No laboratório, os frutos foram selecionados, excluindo-se os danificados mecanicamente ou atacados por doenças ou pragas, lavados com água destilada e postos a secar à sombra para posterior determinação dos atributos físicos e químicos, registrados em valores médios: a) massa fresca de fruto (g); b) diâmetros longitudinal e transversal dos frutos (com o auxílio de um paquímetro de precisão 1:50 e expresso em mm); c) diâmetros longitudinal e transversal das sementes (com o auxílio de um paquímetro de precisão 1:50 e expresso em mm); d) porcentagem de polpa (%P), de casca e de semente (quantificadas pela relação entre a massa fresca de cada componente e a massa total do fruto); e) porcentagem de umidade (obtida através da relação entre a massa de água e a massa seca em estufa com circulação de ar à temperatura de 70 ºC); f) teor de sólidos solúveis (SS) (determinados em alíquotas do suco da polpa dos frutos no prisma do refratômetro digital PR 100 Pallete Atago® à temperatura de 25 ºC; g) rendimento industrial, calculado pela seguinte equação: (SS x %P)/100 e h) pH da polpa (avaliado em alíquotas de 100 mL da polpa dos frutos em eletrodos de potenciômetro à temperatura ambiente). As avaliações químicas seguiram as recomendações de Instituto Adolfo Lutz (1985).

Os dados foram submetidos à análise de variância e os municípios foram comparados pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade, e a altitude, precipitação média e temperatura média foram correlacionadas com as variáveis dependentes do estudo, conforme recomendações de Banzatto e Kronka (1992).

Resultados e discussão

Os resultados do presente estudo apresentaram, para a grande maioria das variáveis, dependência da localidade de obtenção dos frutos de cajá. Além das diferenças de altitude e atributos climáticos como temperatura e precipitação, entre os municípios avaliados, é importante destacar que as plantas estudadas foram propagadas por via seminífera, portanto a variabilidade genética também deve ser considerada nesse processo.

A massa média dos frutos (Tabela 3) variou de 8,36 a 20,4 g, com superioridade estatística das plantas dos municípios de Serraria e Borborema. Esta amplitude de massa está em consonância com as obtidas Pinto et al. (2003), que obtiveram valores médios de 12,01 g em genótipos na Bahia. Quanto à massa, os frutos de cajazeira dos municípios de Alagoa Grande, Borborema, Pilões e Serraria foram classificados como “grande”, por apresentarem massa média superior a 15 g, ao passo que os de Areia, Alagoa Nova e Bananeiras são tipo “médio”, por terem massa média inferior a 12 g, conforme classificação descrita por Bosco et al. (2000). A massa dos frutos apresentou correlação positiva e significativa (r = 0,74*) com a temperatura da localidade de origem destes, i.e., quanto mais elevada foi a temperatura média do local, maior foi a massa do fruto. Esse resultado já era previamente esperado, visto que a temperatura média mais alta dentre as localidades não ultrapassou 23,6 ºC em Alagoa Grande, e a cajazeira é uma espécie nativa de clima tropical (SACRAMENTO; SOUZA, 2000).

Os valores referentes a diâmetro e comprimento dos frutos e das sementes foram estatisticamente diferenciados, registrando-se variação de aproximadamente 27% tanto no diâmetro quanto no comprimento dos frutos (Tabela 3). Observa-se que o município com frutos de maior diâmetro também apresentou a maior massa, o que não se repetiu para o comprimento do fruto. Nesse sentido, houve correlação positiva e altamente significativa entre a massa e o diâmetro de frutos, com coeficiente de correlação (r) de 0,98*. O diâmetro do fruto também foi positivamente correlacionado com a temperatura local (r = 0,84*), demonstrando a influência incisiva do aumento da temperatura no tamanho do fruto até o limite médio registrado no presente trabalho (23,6 ºC em Alagoa Grande, Estado da Paraíba). Comparativamente, ambos os valores de comprimento e diâmetro contidos na Tabela 3 estão abaixo das médias obtidas por Filgueiras et al. (2000) de 4,3 e 3,2 cm, respectivamente. Conforme indicado na Tabela 3, o comprimento dos frutos foi de 29 a 54% superior ao diâmetro, com valor máximo encontrado no município de Pilões e mínimo nos genótipos selecionados nos municípios de Pilões e Serraria, respectivamente. Os dados da referida tabela foram, em geral, superiores ao percentual médio de 29% obtido em umbu-cajá, no município de Areia, por Lima et al. (2002).

Para o processamento da polpa, as variáveis físicas exercem expressiva importância na assepsia dos frutos. Conforme descrito por Lira Junior et al. (2005), as indústrias preferem frutos morfologicamente mais homogêneos, qual seja, com valores da relação comprimento/diâmetro próximos da unidade (formato esférico), o que revela quanto à essa variável a qualidade física dos frutos provenientes dos municípios de Serraria, Areia e Alagoa Grande.

Exceto a porcentagem de água (%A) e os teores de sólidos solúveis (SS), as demais varáveis de caracterização dos frutos de cajazeira foram significativamente influenciadas pelas condições edafoclimáticas dos municípios do Brejo paraibano como indicado na Tabela 4, bem como pelas variações intrinsecas causadas pela variabilidade do material genético. Possivelmente, os efeitos significativos sejam respostas das diferenças de natureza física e de fertilidade entre os solos, uma vez que as pluviosidades, temperatura e umidade relativa do ar entre as localidades não apresentam grandes variações.

Apesar da ausência de significância estatística, os sólidos solúveis apresentaram amplitude de 12,6 a 14,8 Brix, correspondentes respectivamente aos municípios de Borborema e Areia (Tabela 4). De uma forma geral, os resultados do presente trabalho estão compatíveis com os apresentados por Pinto et al. (2003), mas expressivamente acima dos 7,67 Brix (BASTOS et al., 1999) e 8,10 Brix (OLIVEIRA et al., 1998). Adicionalmente, em todos os municípios os valores de sólidos solúveis encontram-se dentro do padrão de identidade e qualidade de polpa cajá determinado pelo Ministério da Agricultura, isto é, com SS acima de 9,0 Brix (BRASIL, 1999), bem como acima do valor mínimo admitido como adequado por Lima et al. (2002). Se comparado a outras frutíferas como o caqui, todas as médias contidas na Tabela 4, invariavelmente, são inferiores ao resultado médio de 15,46 Brix obtido por Cavalcante et al. (2007b).

A porcentagem de polpa (%P) variou de 46,8 a 62,3%; com os maiores níveis de significância atribuídos aos frutos de Bananeiras, Alagoa Nova, Pilões e Areia. Comparativamente, os valores se situaram na faixa de 40,24 a 61,84% obtida por Pinto et al. (2003) e de 54,5 a 66,5% obtida por Silva Junior et al. (2004), mas foram marcadamente inferiores à amplitude de 81,94 a 85,63% apresentada por Lira Junior et al. (2005). Conforme Alves et al. (2005) e Vieira Neto (2002) os frutos da cajazeira com rendimento acima de 60% em polpa são amplamente utilizados na produção de suco, néctar, sorvetes, geléias, vinhos e licores, o que, pelos resultados obtidos nesta pesquisa, credencia a estas finalidades os frutos dos municípios de Bananeiras e Alagoa Grande.

Valores mais elevados do rendimento em polpa dos frutos, em geral, dependem de menores porcentagens de casca e de sementes, como verificadas nos municípios de Bananeiras, Alagoa Grande e Pilões.

O pH da polpa variou de 2,28 a 3,06 entre as localidades e foi superior à amplitude de 1,75 a 2,57, para frutos de cajá-umbu no Estado de Pernambuco, apresentada por Lira Junior et al. (2005), porém similar ao valor médio de 2,61 encontrado por Pinto et al. (2003) e inferior à faixa de 2,45 a 3,17 verificada por Oliveira et al. (2000) em polpa de cajá no Estado da Bahia. Essa acidez elevada justifica por que os frutos de cajá, normalmente, não são consumidos ao natural (ALVES et al., 2005). Os resultados médios de pH contidos na Tabela 4 estão acima dos valores mínimos do Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) para polpa de cajá, que é de 2,2 (BRASIL, 1999), independentemente do município avaliado.

Na agroindústria, os frutos que apresentam os maiores índices de rendimento industrial são os mais desejáveis, por representarem maior possibilidade de concentração de sólidos solúveis (PINTO et al., 2003). Nesse sentido, destacam-se os frutos dos municípios de Bananeiras e Alagoa Grande com os maiores valores de rendimento industrial (Figura 2).


De uma forma geral, em face das plantas de cajá nos municípios estudados serem de produção espontânea, provenientes de propagação seminal e terem grande variabilidade genética, justificam-se as heterogeneidades qualitativa e quantitativa dos seus frutos. Isto resulta em frutos com grande variação nas suas características físicas, fazendo-se necessária uma caracterização dos frutos em relação a cada município em que as plantas estão disseminadas, com o intuito de se avaliar aqueles frutos que apresentam atributos superiores, com conseqüentes vantagens na comercializaçãoe na agroindústria (CARPENTIERI-PÍPOLO et al., 2000).

Conclusão

Pelos resultados expostos, conclui-se que:

a) a amplitude de 8,36 a 20,4 g na massa dos frutos foi expressivamente elevada;

b) os frutos de todos os municípios são de formato oblongo;

c) dentre as localidades, os frutos provenientes de Alagoa Grande e Bananeiras apresentam rendimentos em polpa compatíveis com o padrão das indústrias de processamento da polpa;

d) os teores de sólidos solúveis e o pH da polpa atendem às exigências atuais do mercado.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto.

Received on June 16, 2007.

Accepted on June 17, 2008.

License information: This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

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  • *
    Autor para correspondência. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      25 Ago 2011
    • Data do Fascículo
      Dez 2009

    Histórico

    • Aceito
      17 Jun 2008
    • Recebido
      16 Jun 2007
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