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Controle da disseminação de vírus por meio de vetores na cultura da batata

Control of virus spread through vectors on potato fields

Resumos

O objetivo do trabalho foi verificar o efeito de tratamentos inseticidas, na produção e no controle da disseminação de vírus por afídeos vetores e o teor de resíduos observados nos tubérculos submetidos a esses tratamentos. Foram empregadas as cultivares, Ágata e Emeraude com Potato vírus Y. O modelo utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com 12 tratamentos e 4 repetições, sendo: 1) pulverização semanal (PS), com a última aos 55 dias após o plantio (DAP); 2) PS com a última aos 69 DAP; 3) PS, com a última aos 69 DAP + aplicação de Cabrio Top; 4) pulverização a cada cinco dias, sendo a última aos 69 DAP; 5) PS sendo a última aos 80 DAP e 6) controle, sem pulverização, todos combinados com dois tratamentos de sulco (Imidacloprid e Phorate). Observou-se que a maioria dos tratamentos não impediu a disseminação dos vírus.

Myzus persicae; Potato virus Y


The objective the work was to investigate the effect of insecticide treatments on virus spread and in potato yield, as well as to evaluate the residue value of the insecticides employed in the tubers subjected to these treatments. The experiment was carried out with two cultivars in randomized blocks with 40 tubers, 4 replications and 12 treatments, as follows: 1) insecticide spraying (SI) on leaves once a week, with the last application at 55 days after planting (DAP); 2) SI on leaves once a week, with the last application at 69 DAP; 3) SI on leaves once a week, with the last application at 69 DAP + application of Cabrio Top; 4) SI on leaves every five days, with the last application at 69 DAP; 5) SI on leaves once a week, with the last application at 80 DAP; and 6) control, with no insecticides after plant emergence; and all of them combined with 2 soil treatments (Imidacloprid and Phorate). Those results show that the application of insecticides is useless when the potato seed has a high PVY incidence.

Myzus persicae; Potato virus Y


FITOSSANIDADE

Controle da disseminação de vírus por meio de vetores na cultura da batata

Control of virus spread through vectors on potato fields

Rejane Rodrigues da Costa* * Autor para correspondência. E-mail: rejanercosta@yahoo.com.br License information: This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited. ; Antônia dos Reis Figueira; Francisco de Assis Câmara Rabelo Filho; João Eduardo Melo de Almeida; José Luiz Sandes de Carvalho Filho; Cleiton Lourenço Oliveira

Universidade Federal de Lavras, Cx. Postal 3037, 37200-000, Lavras, Minas Gerais, Brasil

RESUMO

O objetivo do trabalho foi verificar o efeito de tratamentos inseticidas, na produção e no controle da disseminação de vírus por afídeos vetores e o teor de resíduos observados nos tubérculos submetidos a esses tratamentos. Foram empregadas as cultivares, Ágata e Emeraude com Potato vírus Y. O modelo utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com 12 tratamentos e 4 repetições, sendo: 1) pulverização semanal (PS), com a última aos 55 dias após o plantio (DAP); 2) PS com a última aos 69 DAP; 3) PS, com a última aos 69 DAP + aplicação de Cabrio Top; 4) pulverização a cada cinco dias, sendo a última aos 69 DAP; 5) PS sendo a última aos 80 DAP e 6) controle, sem pulverização, todos combinados com dois tratamentos de sulco (Imidacloprid e Phorate). Observou-se que a maioria dos tratamentos não impediu a disseminação dos vírus.

Palavras-chave: Myzus persicae, Potato virus Y.

ABSTRACT

The objective the work was to investigate the effect of insecticide treatments on virus spread and in potato yield, as well as to evaluate the residue value of the insecticides employed in the tubers subjected to these treatments. The experiment was carried out with two cultivars in randomized blocks with 40 tubers, 4 replications and 12 treatments, as follows: 1) insecticide spraying (SI) on leaves once a week, with the last application at 55 days after planting (DAP); 2) SI on leaves once a week, with the last application at 69 DAP; 3) SI on leaves once a week, with the last application at 69 DAP + application of Cabrio Top; 4) SI on leaves every five days, with the last application at 69 DAP; 5) SI on leaves once a week, with the last application at 80 DAP; and 6) control, with no insecticides after plant emergence; and all of them combined with 2 soil treatments (Imidacloprid and Phorate). Those results show that the application of insecticides is useless when the potato seed has a high PVY incidence.

Key words:Myzus persicae, Potato virus Y.

Introdução

A batata (Solanum tuberosum L.) é a hortaliça mais plantada no Brasil, sendo o Estado de Minas Gerais responsável por cerca de 1/3 da produção nacional, o que significa um milhão de toneladas anuais (AGRIANUAL, 2008). Mesmo com esse volume de produção, a produtividade dessa hortaliça é considerada baixa, se comparada com os países mais desenvolvidos. Para que essa produção alcance níveis sustentáveis, o desenvolvimento de pesquisas relacionadas aos seus fatores limitantes é de grande importância. Nesse contexto, a ocorrência de doença de etiologia viral se destaca por ser considerada um dos principais entraves da produção da batata. Atualmente, o PVY (Potato virus Y), o PLRV (Potato leafroll virus), o PVX (Potato virus X) e o PVS (Potato vírus S) são as principais fitoviroses da cultura da batata no Brasil (FIGUEIRA, 1995; HIRANO, 1995; LIMA, 1995; SOUZA DIAS, 1995). Entretanto, alguns vírus como o PVA (Potato virus A) e o PVM (Potato virus M) são também encontrados nos campos de produção de maneira ocasional.

O Potato virus Y (PVY) é o vírus mais importante em solanáceas cultivadas e vem crescendo de forma significativa nas lavouras dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e de São Paulo (FIGUEIRA, 1995; SOUZA DIAS, 1995). Ele pertence ao gênero Potyvirus e pode ser transmitido mecanicamente e por enxertia, porém o seu principal meio de disseminação é pelo tubérculo e de modo não-persistente por pelo menos 25 espécies de afídeos: Myzus persicae (Sulzer), Macrosiphum euphorbiae (Thomas), Aulacorthum solani (Kaltenbach), Metopolophium dirhodum (Walker), Aphis gossypii Glover, Lipaphis erysimi (Kaltenbach), Aphis fabae Scopoli (Hemiptera: Aphididae), entre outras (BERTELS et al., 1971; RADCLIFFE, 1982). Estes são os mais comumente encontrados em plantios de batata, e o mais eficiente é o pulgão Myzus percicae (CUPERTINO et al., 1992). Dessa forma, a ocorrência de afídeos na forma alada, como vetores de vírus, aliada à presença de plantas que sirvam como hospedeiras alternativas, tanto para o inseto vetor quanto para os fitovírus, está envolvida diretamente na disseminação e no estabelecimento de viroses nas áreas de produção (CUPERTINO et al., 1992, 1993). Como não existem tratamentos curativos para os fitovírus, os métodos de controle empregados apenas minimizam o risco de infecções e perdas (HULL, 2002). O PLRV, vírus do tipo persistente ou circulativo, pode ser controlado de modo mais eficiente com inseticidas, pois é possível constatar que ele nem sempre é transmitido durante a picada de prova, o que não acontece com o controle do PVY. Ademais, a utilização de inseticidas, como os piretroides, organofosforados e carbamatos, pode induzir mudanças no comportamento dos afídeos, estimulando o seu movimento e aumentando a sua atuação na disseminação (IRWIN et al., 2000; LOWERY; BOITEAU, 1988).

O Brasil é colocado como o segundo maior consumidor mundial de agrotóxicos (ANVISA, 2006). O controle de afídeos, como vetores de vírus, pela utilização de inseticidas é limitado, devendo ser iniciado nas plantas jovens, para não permitir o desenvolvimento de grandes colônias em folhas senis, o que tornaria a translocação dos inseticidas sistêmicos ineficiente. Entretanto, nas regiões produtoras de batata, o controle de afídeos vetores de vírus, seja por via foliar ou no solo, é realizado de maneira inadequada, com aplicação excessiva de inseticidas, afetando diretamente o agro-ecossistema, principalmente pelo risco de presença de resíduos químicos nos tubérculos destinados ao consumo, pois estes podem adsorver ou absorver resíduos destes agroquímicos, além de onerar os custos de produção. Portanto, torna-se necessário avaliar a presença de resíduos destes pesticidas em tubérculos e, quando detectados, verificar se a mesma está dentro dos limites de tolerância estabelecida. Nesse sentido, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de verificar o efeito de tratamentos inseticidas na produtividade e no controle da disseminação de vírus por afídeos vetores, visando a um manejo sustentável da produção.

Material e métodos

O experimento foi conduzido no período de outubro de 2007 a janeiro de 2008, na Horta Experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Lavras, seguindo o modelo experimental de blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial 6 x 2 x 2, sendo constituído de seis tratamentos: 1) pulverização semanal, sendo a última aos 55 dias após o plantio (DAP) (recomendado); 2) pulverização semanal, sendo a última aos 69 DAP (permitido); 3) pulverização semanal, sendo a última aos 69 DAP + aplicação de Cabrio Top; 4) pulverização a cada cinco dias, sendo a última aos 69 DAP; 5) pulverização semanal, sendo a última aos 80 DAP (utilizado), e 6) controle; dois tratamentos de sulco: 1) Imidacloprid (360g ha-1) e 2) Phorate (20 kg ha-1) e duas cultivares de batata: 1) Ágata e 2) Emeraude.

Foram realizadas quatro repetições e cada parcela foi constituída por 40 tubérculos, com espaçamento de 0,8 m entre linhas e de 0,3 m entre plantas.

As pulverizações foram realizadas após a emergência das plantas, sendo utilizados quatro princípios ativos inseticidas distintos intercalados semanalmente (deltametrina, triflumuron, imidacloprido e abamectina) para todos os tratamentos, com intervalo de sete dias entre as aplicações, exceto para o tratamento cuja aplicação inseticida foi a cada cinco dias. Estes inseticidas constam da lista proposta pelo Comitê Gestor da Produção Integrada de Batata (PIB). As dosagens foram utilizadas conforme recomendação dos fabricantes. Os tubérculos selecionados para o plantio foram submetidos ao forçamento de brotação com bissulfureto de carbono (25 mL m-3) durante 72h. Após a emissão dos brotos, os tubérculos foram plantados no campo. A adubação da área, com 2,8 t ha-1 da formulação 4-14-8 (N, P e K), foi realizada conforme recomendação técnica, com base na análise de solo realizada pelo Laboratório de Análises de Solo da Universidade Federal de Lavras. Cerca de 40 dias após o plantio, realizou-se uma adubação de cobertura com 300 kg ha-1 de ureia, seguida da operação de amontoa. Todos os tratamentos receberam o fungicida Moncerem (5 L ha-1) no sulco de plantio e as pragas, doenças e plantas invasoras, que poderiam competir com a cultura, foram monitoradas e devidamente controladas durante toda a condução do experimento.

Ao final do ciclo, os tubérculos foram colhidos e a produção foi avaliada por tamanho (tipos), empregando-se seis peneiras com malhas de 20, 30, 40, 50 e 60 mm, respectivamente, sendo: tipo I) > 61 mm; tipo II) >51 - < 60; tipo III) > 41 - < 50; tipo IV) > 31 - < 40 e tipo V) < 21 - > 30 mm, e peso total dos tubérculos. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e os valores das médias foram analisados pelo teste de Tukey, utilizando-se o programa computacional SISVAR®.

A diagnose dos vírus PVY, PVX, PVS e PLRV foi realizada pelo teste sorológico DAS-ELISA (CLARK; ADAMS, 1977), utilizando-se antissoros policlonais. Os tubérculos foram analisados antes do plantio e após a colheita, sendo consideradas positivas as amostras cujas absorbâncias foram iguais ou superiores a duas vezes à média da absorbância do controle sadio.

A análise de resíduo foi realizada no Laboratório de Toxicologia de Inseticidas do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras, utilizando-se métodos analíticos baseados na Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Os procedimentos analíticos empregados para a determinação dos teores de resíduos de Imidacloprid e Phorate nas amostras foram baseados naqueles descritos por Placke e Weber (1993) e Szeto et al. (1990). A avaliação da comparação de resíduos foi realizada, usando-se parâmetros estipulados pela Anvisa (2006), a qual determina que o nível máximo permitido para o Imidacloprid é de 0,5 ppm e para o Phorate, de 0,5 ppm.

Resultados e discussão

As incidências finais de PVY e a produção das plantas submetidas aos diferentes tratamentos estão discriminadas na Tabela 1. A incidência inicial de PVY nas sementes da cv. Emeraude foi de 38% e na cv. Ágata foi de 45%, enquanto que os demais vírus estavam ausentes. Essas sementes foram obtidas de produtores não-oficiais, que estavam produzindo semente própria para o plantio, motivo pelo qual as mesmas não apresentaram a qualidade sanitária desejável. As sementes da cv. Ágata escolhidas foram utilizadas por se tratarem de plantas encontradas no campo com alto índice de PVY, mas que não apresentavam sintomas.

Analisando-se a incidência final, pôde-se observar que, de um modo geral, os tratamentos em que foi empregado o Imidacloprid, no sulco de plantio, apresentaram menor disseminação final de vírus do que os tratados com Phorate, exceto quando a última pulverização foi aos 55 DAP. Mas, considerando-se que o controle com apenas tratamento de sulco teve disseminação discreta na cv Ágata, esse resultado pode ter sido ocasional, uma vez que o movimento do pulgão no campo é aleatório e pode ser concentrado em uma área, caracterizando uma reboleira. Como o PVY é transmitido na picada de prova, algumas parcelas podem ter sido mais visitadas que outras. E como o vetor pode ter o seu movimento estimulado pela ação do inseticida (IRWIN et al., 2000; LOWERY; BOITEAU, 1988), pode ser que essa disseminação tenha ocorrido mais em uma área que em outra. A abundância de vetor na área ficou evidente nas parcelas-controle da cv. Ágata, tratadas apenas com Phorate no sulco de plantio, pois a disseminação atingiu 100% das plantas que não foram pulverizadas com os outros inseticidas durante o ciclo de vida da planta. Segundo Groves et al. (2001), a utilização de Imidacloprid foi responsável por uma redução na incidência de Tomato spotted wilt virus e do Potato leafroll virus (BOITEAU; SINGH, 1999).

Considerando-se o alto índice inicial de PVY nas sementes, os tratamentos foram mais eficientes na disseminação desse vírus na cv. Ágata, pois as duas cultivares apresentaram praticamente a mesma incidência final apesar de a cv. Emeraude ter iniciado com uma incidência menor desse vírus. Isso poderia ser explicado pela tolerância mostrada pela cv. Ágata a esse isolado de PVY, uma vez que esta cv. não apresentava sintomas no campo, apesar de infectada. Conforme o esperado, as plantas com maior incidência de vírus apresentaram menor produção. Isso ficou evidente nas plantas cv. Ágata com incidências de 75 e 100% que obtiveram produção de 20,93 e 19,06 t ha-1, respectivamente. As plantas da cv. Emeraude com 46 a 64% de infecção apresentaram produções semelhantes. Isso pode ser explicado pela compensação que às vezes pode ser observada quando a planta vizinha infectada é menor e compete menos pelos nutrientes, fazendo com que a planta sadia apresente maior produtividade. Outro fator que pode contribuir para tal resultado seria a infecção tardia, que não afeta significativamente a produção da planta.

Todos esses resultados mostram que a avaliação de disseminação e de perdas, causadas por doenças viróticas em plantas de batata, não é uma tarefa fácil. Isso porque a disseminação depende da movimentação do vetor no campo, e parcelas situadas em diferentes posições no mesmo podem estar sujeitas a uma visitação diferenciada de vetores. No caso do PVY, que pode ser transmitido na picada de prova, um único vetor, mesmo que a planta esteja protegida com inseticida sistêmico, pode picar e caminhar para plantas vizinhas e transmitir o vírus para mais de uma planta antes de morrer.

Por outro lado, as infecções tardias vão permitir a translocação do vírus para o tubérculo, sem causar perdas significativas nas plantas. Assim sendo, pode-se estabelecer a homogeneidade do índice inicial de vírus, mas a disseminação natural, nas parcelas, dificilmente será homogênea em todas as repetições.

Portanto, é possível observar tendência de comportamento da planta em cada tratamento, mas não diferenciação acentuada e repetitiva nos diferentes tratamentos.

As parcelas tratadas com Cabrio Top tiveram tendência a apresentar maior produção apenas nas parcelas que empregaram Phorate no sulco. Este fungicida, cujo princípio ativo é piraclostrobia + metiran (dietilditiocarbamato), tem sido associado a um aumento no porte e no vigor com consequente aumento da produção da planta de batata (KÖEHLE et al., 2002). As estrobilurinas são compostos secundários com ação mitocondrial específica, que atuam na inibição do transporte de elétrons entre o citocromo b e o citocromo c na cadeia transportadora de elétrons, causando diminuição na produção de ATP (ANKE, 1995) e acidificação no citoplasma, aumentando, assim, a atividade da enzima nitrato redutase e, consequentemente, a assimilação de nitrogênio (GLAAB; KAISER, 1999). A nitrato redutase também possui uma rota alternativa que produz óxido nítrico, o qual é um agente importante de sinalização contra ataque de patógenos, além da capacidade de inibir os precursores do etileno, ACC sintase e ACC oxidase (VENÂNCIO et al., 2004).

A produção por tipo de tubérculos está discriminada na Tabela 2. O peso dos tubérculos maiores, dos tipos I e II, tendeu a ser maior nas parcelas tratadas com Imidacloprid no sulco e com Cabrio Top, tanto na cv. Ágata como na Emeraude. Entretanto, esses resultados não chegaram a ser estatisticamente diferentes. Já o peso total dos tubérculos tratados com esse produto foi estatisticamente maior do que o controle tratado apenas com Phorate, mas não com o controle tratado com Imidacloprid. Quando se considera o número de tubérculos (Tabela 3), as parcelas-controle da cv. Ágata, tratadas com Imidacloprid, produziram número maior de tubérculos do tipo 2, 4 e 5 e total, do que as tratadas com o Phorate, o que não foi observado na cv. Emeraude.

Os valores obtidos nas análises de resíduos de agrotóxicos, em conjunto com outros dados, geram os valores de limite máximo de resíduos (LMR), expresso em mg kg-1, que é a quantidade máxima de resíduo de um pesticida que pode estar legalmente presente nos nossos alimentos sem causar danos à saúde do consumidor. Dessa forma, os teores de resíduos de Imidacloprid, nas amostras de tubérculos de batata (Tabela 4), estão abaixo do LMR, não fornecendo risco ao consumidor. Portanto, mesmo sendo aplicados até os 80 DAP, os produtos empregados nas concentrações indicadas neste trabalho não representam perigo para a cultura. O único problema é que nem sempre a concentração indicada é respeitada pelos agricultores. Caldas et al. (2004) fizeram a análise de resíduos em batata e em outras culturas, mas também não observaram níveis de resíduo acima do limite máximo permitido para as culturas. Inúmeros problemas ambientais são atribuídos à utilização de agrotóxicos, dentre eles a contaminação do solo, da água, a presença de resíduos nos alimentos e os prejuízos à saúde dos trabalhadores rurais.

Conclusão

A maioria dos tratamentos não impediu a disseminação dos vírus uma vez a movimentação do vetor no campo é aleatória, além do fato do PVY, poder ser transmitido na picada de prova. Dessa forma, um único vetor pode picar uma planta infectada e caminhar para plantas vizinhas, transmitindo o vírus para mais de uma planta antes de morrer, mesmo que a planta esteja protegida com inseticida sistêmico.

Received on August 26, 2008.

Accepted on February 11, 2009.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Mar 2011
    • Data do Fascículo
      Dez 2010

    Histórico

    • Recebido
      26 Ago 2008
    • Aceito
      11 Fev 2009
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