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DIDELPHIS ALBIVENTRIS LUND, 1841, PARASITADO POR IXODES LORICATUS NEUMANN, 1899, E AMBLYOMMA AUREOLATUM (PALLAS, 1772) (ACARI: IXODIDAE) NO RIO GRANDE DO SUL * * Parte da tese de doutoramento junto ao Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias - UFRGS

DIDELPHIS ALBIVENTRIS, LUND 1841, PARASITIZED BY IXODES LORICATUS NEUMANN, L899, AND AMBLYOMMA AUREOLATUM (PALLAS, L772) (ACARI: IXODIDAE) IN THE STATE OF RIO GRANDE DO SUL, BRAZIL

RESUMO

Trinta exemplares de Didelphis albiventris foram examinados para estudo de ixodídeos, no Município de Pelotas e adjacências, sul do Rio Grande do Sul, no período 2001-2003. Os carrapatos removidos da superfície externa dos gambás foram conservados em álcool etílico a 70°GL e identificados ao estereomicroscópio. Do total de gambás examinados, 43,33% estavam infestados com Ixodes loricatus, Amblyomma aureolatum e Amblyomma sp. (ninfas), com prevalências de 36,7%, 3,3% e 6,7%, respectivamente. A. aureolatum e I. loricatus foram registrados pela primeira vez parasitando D. albiventris no Rio Grande do Sul e A. aureolatum para o Brasil. I.loricatus foi o carrapato que apresentou maior prevalência, com predominância de formas adultas. D. albiventris foi a única espécie do gênero encontrada na região circunscrita, neste estudo.

PALAVRAS-CHAVE
Ixodes loricatus ; Amblyomma aureolatum ; Didelphis albiventris ; gambá; ectoparasitos; carrapatos

ABSTRACT

Ectoparasites were examined in 30 Didelphis albiventris marsupials, for studying their ixodids, in the county of Pelotas and nearby areas, southern Rio Grande do Sul, in the period 2001-2003. The ticks removed from the external surface of the animals were conserved in ethylic alcohol 70°GL and identified under a stereomicroscope, according s to pecific keys. From all animals examined, 43.33% were infested with Ixodes loricatus, Amblyomma aureolatum and Amblyomma sp. (nymphs), with prevalences of 36.7%, 3.3% and 6.7%, respectively. A. aureolatum and I. loricatus were registered for the first time parasitizing D. albiventris inthesestate. I. loricatus was the tick with the highest prevalence on D. albiventris, with a predominance of adult forms. D. albiventris was the only species found in the region studied.

KEY WORDS
Ixodes loricatus ; Amblyomma aureolatum ; Didelphis albiventris ; ectoparasites; ticks; opossum

INTRODUÇÃO

Didelphis albiventris, gambá-de-orelha-branca, ou simplesmente gambá, como é popularmente conhecido, é um mamífero pertencente à ordem Marsupialia, tem ampla distribuição na América do Sul e vive nas matas primárias e secundárias, banhados, capões, áreas de lavouras onde existam árvores.

Apresenta hábitos crepusculares e noturnos, por ser onívoro e oportunista, adapta-se facilmente a diferentes ambientes, apresenta alta sinantropia e chega a conviver com o homem no meio rural e nas cidades, onde é cada vez mais freqüente. Essas características tornam o gambá um disseminador, em potencial, de doenças entre os animais silvestres, domésticos e seres humanos.

O gambá pode atuar como hospedeiro definitivo ou reservatório de inúmeros parasitos como protozoários, helmintos, artrópodes (carrapatos e pulgas), que agem como ectoparasitos de ação irritativa e espoliadora, sendo, também, transmissor de riquétsias e outras bactérias responsáveis por doenças entre animais silvestres e humanos, pela proximidade de convívio.

No Brasil são conhecidas 54 espécies de carrapatos das quais 33 pertencem ao gênero Amblyomma, 10 ao gênero Ixodes e 10 a outros gêneros, todas consideradas importantes, quer pela espoliação sangüínea, quer pela transmissão de patógenos (GUIMARÃES et al., 2001GUIMARÃES, J.H.; TUCCI , E.C.; BARROS-BATTESTI, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo: Plêiade, FAPESP, 2001. 218p.).

O gênero Amblyomma é constituído por 106 espécies, das quais 45 estão restritas à região neotropical. A esse gênero pertencem os carrapatos maiores e mais ornamentados, que parasitam anfíbios, répteis, aves e mamíferos em todas as regiões geográficas do Brasil (GUIMARÃES et al., 2001GUIMARÃES, J.H.; TUCCI , E.C.; BARROS-BATTESTI, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo: Plêiade, FAPESP, 2001. 218p.; GUGLIELMONE et al., 2003bGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; KEIRANS, J.E.; ROBBINS, R.G. Ticks (Acari: Ixodidae) of the Neotropical Zoogeographic Region. Netherlands: ICTTD-2, 2003b. 173p.).

Amblyomma aureolatum (Pallas, l772), ocorre na Argentina, Uruguai, Colômbia, Guiana Francesa, Paraguai, Suriname e Brasil, onde é conhecido como “carrapato amarelo do cão”, tem os canídeos como hospedeiros de eleição e ciclo vital de 3 hospedeiros. É encontrado em zonas rurais e de mata, com ampla distribuição, também, parasitando bovinos, caprinos, veados, gambás, coatis, carnívoros silvestres Cerdocyon thous (= Dusicyon thous) (Carnivora, Canidae) (BARROS & BAGGIO, 1992BARROS, D.M. & BAGGIO, D. Ectoparasites Ixodida Leach, 1817 on Wild Mammals in the State of Paraná, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.87, n.2, p.291-296, 1992.) e Procyon cancrivorus (Carnivora, Canidae) (EVANS et al., 2000EVANS, D.E.; MARTINS, J.R.; GUGLIELMONE, A.A. A review of the ticks (Acari, Ixodida) of Brazil, their hosts and geographic distribution-1. The State of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, n.4, p.453-470, 2000.). BARROS-BATTESTI et al. (2000)BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000. encontraram esta espécie naturalmente infectada com espiroquetídeos em área de ocorrência da doença de Lyme-símile no Estado de São Paulo, onde larvas e ninfas são freqüentes em roedores Euryzygomatomys spinosus e adultos são comuns em cães e em humanos.

O registro de A. aureolatum sobre mamíferos, exceto carnivora, é escasso: ordem Artiodactyla (Bovidae, Cervidae), ordem Primates (Hominidae), ordem Rodentia (Ctenomyidae, Echimyidae, Erethizontidae, Hydrochaeridae e Sciuridae), ordem Xenarthra (Bradypodidae) (GUGLIELMONE et al., 2003aGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; MANGOLD, A.J.; BARROSBATTESTI, D.M.; LABRUNA, M.B.; MARTINS, J.R.; VENZAL, J.M.; ARZUA, M.; KEIRANS, J.E. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Veterinary Parasitology, v.113, p.273-288, 2003a.).

BRUM et al. (2003)BRUM, J.G.W.; VALENTE, A.L.S.; ALBANO, A.P.; COIMBRA, M.A.C.; GREQUE, G.G. Ixodidae de mamíferos silvestres atendidos no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, UFPel. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.70, n.2, p.211-212, 2003. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/v70_2/brum2.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2005
http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/...
registraram a primeira ocorrência de ninfas de Amblyomma em D. albiventris atendido no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre da UFPel, para o Rio Grande do Sul e MÜLLER et al. (2005)MÜLLER, G.; BRUM, J.G.W.; LANGONE, P.Q.; MICHELS, G.H.; PESENTI, T. C. Amblyomma aureolatum (Acari: Ixodidae) parasitizing Didelphis albiventris (Marsupialia: Didelphidae) in the state of Rio Grande do Sul.Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p. 115-116, 2005. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/v72_1/muller.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2005.
http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/...
fizeram o primeiro registro de ocorrência de A. aureolatum parasitando D. albiventris no Brasil.

O gênero Ixodes compreende 234 espécies, distribuídas em 14 subgêneros, espalhados no mundo. Na fase adulta, algumas espécies parasitam, preferencialmente, vertebrados como pacas, gambás, cuícas, cotias, enquanto as fases imaturas preferem pequenos mamíferos, principalmente roedores (GUIMARÃES et al., 2001GUIMARÃES, J.H.; TUCCI , E.C.; BARROS-BATTESTI, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo: Plêiade, FAPESP, 2001. 218p.). Muitas espécies são importantes na transmissão de agentes patogênicos, causando zoonoses (DURDEN & KEIRANS, 1996DURDEN, L.A. & KEIRANS, J.E. Nymphs of the genus Ixodes (Acari: Ixodidae ) of the United States: taxonomy, identification key, distribution, hosts and medical veterinary importance. Lanham: Entomological Society of America, 1996. 95p.).

Ixodes loricatus Neumann, 1899, é espécie neotropical com distribuição do México até a Argentina. No Brasil ocorre em Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, cujos hospedeiros para larvas e ninfas são os roedores silvestres e para adultos, gambás (D. aurita e D. albiventris), cuíca (Philander opossum) e Monodelphis sorex (BARROS-BATTESTI & KNYSAK, 1999BARROS-BATTESTI, D.M. & KNYSAK, I. Cataloge of the Brazilian Ixodes (Acari: Ixodidae) material in the Mite Collection of Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. PapéisAvulsos de Zoologia, v.41, n.3, p.49-57, 1999.).

No Paraná há registros de I. loricatus em ratos, coatis, preás, gatos e cães (RIBEIRO, 1970RIBEIRO, S.S. Ixodideos encontrados no cão doméstico no Estado do Paraná. Anais da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná, v.13/14, n. 2, p.61-67, 1970/1971./1971) e, BARROS & BAGGIO (1992)BARROS, D.M. & BAGGIO, D. Ectoparasites Ixodida Leach, 1817 on Wild Mammals in the State of Paraná, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.87, n.2, p.291-296, 1992. encontraram I. loricatus adultos e ninfas nos marsupiais D. albiventris, D. marsupialis, Philander opossum, Lutreolina crassicaudata e em Nasua nasua (Carnivora, Procyonidae); A. aureolatum foi encontrado em Cerdocyon thous (Carnivora, Canidae).

BARROS-BATTESTI & KNYSAK (1999)BARROS-BATTESTI, D.M. & KNYSAK, I. Cataloge of the Brazilian Ixodes (Acari: Ixodidae) material in the Mite Collection of Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. PapéisAvulsos de Zoologia, v.41, n.3, p.49-57, 1999. listaram as espécies e procedências de Ixodes depositadas na coleção do Instituto Butantan, SP. Em D. albiventris há registro de I. amarali Fonseca, 1935, procedente de São Benedito, CE; I. loricatus Neumann, l899, em D. marsupialis e D. albiventris procedentes de São Paulo, SP; D. albiventris de Garanhuns e Caruaru, PE e de Palmeira dos Índios, AL e Nordeste; D. marsupialis de Pelotas, RS, coletados em 1920 e 1936.

EVANS et al. (2000)EVANS, D.E.; MARTINS, J.R.; GUGLIELMONE, A.A. A review of the ticks (Acari, Ixodida) of Brazil, their hosts and geographic distribution-1. The State of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, n.4, p.453-470, 2000. listaram os ixodídeos e respectivos hospedeiros do Rio Grande do Sul, entre os quais I. loricatus em D. marsupialis e Didelphis sp. de Pelotas; A. aureolatum em gatos, cães, “guaxaim” Dusicyon thous e “mão pelada” Procyon cancrivorus. Posteriormente, RUAS (2005)RUAS, J.L. Caracterização da fauna parasitária do Pseudalopex gymnocercus (graxaim-do-campo) e do Cerdocyon thous (graxaim-do-mato) na região sul do Rio Grande do Sul. 2005. 60p. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. relatou a ocorrência de A. aureolatum em Cerdocyon thous (=D. thous) e Pseudolapex gimnocercus na região sul do Rio Grande do Sul.

BARROS-BATTESTI et al. (2000)BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000. capturaram pequenos mamíferos silvestres num fragmento de Mata Atlântica em Itapevi, SP, onde casos humanos de Lymesímile tinham sido registrados em 1992. Encontraram 42% dos marsupiais e 18% dos roedores parasitados por I. loricatus e A. cajennense. Ao todo foram capturados 134 mamíferos, dos quais 61 D. aurita e um exemplar de Marmosopsincanus, destes, 26 (42,6%) estavam infestados. Roedores silvestres apresentaram somente formas jovens de Ixodes sp., enquanto os marsupiais estavam infestados por adultos e jovens.

BITTENCOURT & ROCHA (2003)BITTENCOURT, E.B. & ROCHA, C.F.D. Host-ectoparasite specificity in a small mammals community in an area of Atlantic Rain Forest (Ilha Grande, State of Rio de Janeiro), Southeastern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.98, n.6, p.793-798, 2003. coletaram ectoparasitos de pequenos mamíferos em área de floresta Atlântica, na Ilha Grande, RJ e encontraram I. loricatus em D. aurita.

Outras espécies de Amblyomma citadas em Didelphis no Brasil, D. marsupialis: A. humerale (ninfas)(LABRUNA et al. 2002LABRUNA, M.B.; CAMARGO, L.M.; TERRASSINI, F.A.; SCHUMAKER, T.T., CAMARGO, E.P. Notes on parasitism byAmblyomma humerale (Acari: Ixodidae) in the State of Rondônia, western Amazon, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.9, n.6, p.814-817, 2002.); Didelphis spp.: A. aureolatum (1 macho), A. ovale (1 ninfa e 4 larvas) e D. albiventris: A. ovale (1 ninfa)(GUGLIELMONE et al., 2003aGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; MANGOLD, A.J.; BARROSBATTESTI, D.M.; LABRUNA, M.B.; MARTINS, J.R.; VENZAL, J.M.; ARZUA, M.; KEIRANS, J.E. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Veterinary Parasitology, v.113, p.273-288, 2003a.).

No Uruguai, VENZAL & FREGUEIRO (1999)VENZAL , J.M. & FREGUEIRO, G. Ixodidos parasitos de marsupiales (Didelphimorphia: Didelphidae) y roedores (Rodentia: Muridae) de la fauna Uruguaya. In: JORNADA DE CLÍNICA, REPRODUCIÕN Y CONSERVACIÕN DE ANIMALES SILVESTRES, 1999, Motevideo. Resumenes. Montevideo: 1999. p.10. encontraram I. loricatus, somente adultos, parasitando D. albiventris e L. crassicaudata e, formas jovens, em Monodelphis dimidiata e no roedor Oligoryzomys flavescens, os roedores também atuam como hospedeiros no Uruguai, o que já tinha sido descrito na Argentina e Brasil. Posteriormente, VENZAL (2000)VENZAL, J.M. Parasitos de aves silvestres del Uruguay. Parte I. Garrapatas. G. U. P. E. A., Año 3, n.3, p.14-15, 2000. encontrou larvas e ninfas de Amblyomma em várias espécies de aves, “martineta” (Rhynchotus rufescens), “perdíz” (Nothura maculosa), “perdíz del monte” (Crypturellus obsoletus), “titirí” (Syndactyla rufosuperciliata) e “ligerito” (Phylloscartes ventralis).

Os carrapatos assumem grande importância médica e veterinária, como vetores de patógenos graves ao homem, como a doença de Lyme-símile, citada por YOSHINARI et al. (1997)YOSHINARI , N.H.; BARROS, P.J.L.; BONOLDI, V.L.N.; ISHIKAWA, M.; BARROS-BATTESTI, D.M.; PIRANA, S.; FONSECA, A.H.; SCHUMAKER, T.T.S. Perfil da borreliose de Lyme no Brasil. Revista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, v.52, p.11-117, 1997., YOSHINARI et al. (1999)YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; BARROS-BATTESTI, D.M.; SCHUMAKER, T.T.S. Doença de Lyme-Símile. Revista Brasileira de Reumatologia, v.39, n.2, p.57-58, 1999., YOSHINARI et al. (2000)YOSHINARI , N.H.; SOARES, C.O.; FONSECA, A.H.; SCOFIELD, A.; BONOLDI, V.L.N. Babesia bovis in human patients with Lyme-lyke (sic) disease syndrome, syphilis, septicemia and autoimmune diseases. Abstract. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF ACAROLOGY, 21., 2000, Foz do Iguaçú, PR. Resumenes. Foz do Iguaçú: 2000. p.20. e ABEL et al. (2000)ABEL, I.S.; MARZAGÃO, G.; YOSHINARI , H.H.; SCHUMAKER, T.T.S. Borrelia like spirochetes recovered from ticks and small mammals collected in the Atlantic Forest Reserve, Cotia Country, State of São Paulo, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, p.621-624, 2000. que encontraram espiroquetas semelhantes à Borrelia em I. loricatus adultos e, de seus hospedeiros (Didelphimorphia e Rodentia) em Cotia, SP, área onde casos de Lyme-símile foram diagnosticados. Segundo YOSHINARI et al. (2000)YOSHINARI , N.H.; SOARES, C.O.; FONSECA, A.H.; SCOFIELD, A.; BONOLDI, V.L.N. Babesia bovis in human patients with Lyme-lyke (sic) disease syndrome, syphilis, septicemia and autoimmune diseases. Abstract. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF ACAROLOGY, 21., 2000, Foz do Iguaçú, PR. Resumenes. Foz do Iguaçú: 2000. p.20., no homem em que foi constatado Borrelia spp., também estava parasitado com Babesia bovis; o parasitismo por Babesia spp. em humanos, também, foi constatado na Argentina (GUGLIELMONE et al., 2003bGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; KEIRANS, J.E.; ROBBINS, R.G. Ticks (Acari: Ixodidae) of the Neotropical Zoogeographic Region. Netherlands: ICTTD-2, 2003b. 173p.).

LABRUNA (2004)LABRUNA, M.B. Carta acarológica. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, p.199-202, 2004. Suplemento. Trabalho apresentado no CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 13., 2004, Ouro Preto. listou riquétsias detectadas ou isoladas de carrapatos no Brasil: Rickettsia rickettsi em A. aureolatum e A. cajennense; R. belli em A. aureolatum, A. cooperi, A. humerale, A. oblongoguttatum, A. ovale, A. rotundatum, A. scalpturatum e I. loricatus; R. amblyommi em A. cajennense e A. coelebs; R. parkeri em A. triste e R. rhipicephali em H. juxtakochi. Além destas, A. longirostre foi encontrado infectado por uma riquétsia genotipicamente próxima de R. amblyommi e em A. cooperi, uma genotipicamente próxima de R. parqueri. Destas, R. rickettsie R. parkeri tem sido associadas com casos de febre maculosa em humanos e as demais espécies, são consideradas de patogenicidade desconhecida para o homem.

Segundo dados da Secretaria da Saúde de São Paulo, 238 casos de febre maculosa foram notificados de 1985 a 1998, em 22 municípios, com 50% de letalidade; na região de Campinas foram notificados 47 casos com 23 óbitos de 1988-1995 (SANGIONI et al., 2002SANGIONI, L.A.; HORTA, M.C.; VIANNA, M.C.; PINTER, A.; ALVARENGA, D.; MAFRA, C.; GALVÃO, M.; GENNARI , S.M.; VIDOTTO, O.; WALKER, D.; LABRUNA, M.B. Pesquisa pela presença de anticorpos para riquetsias do grupo febre Maculosa em soros de humanos, eqüinos e caninos em áreas não endêmicas do Estado de São Paulo. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 12., 2002, Rio de Janeiro. Resumos.Rio de Janeiro: 2002. 1 CD-ROM.).

A. aureolatum foi encontrado infectado com espiroquetídeos em área de ocorrência de Lyme-símile em São Paulo (BARROS-BATTESTI et al., 2000BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000.).

A freqüente constatação da presença de D. albiventris no perímetro periurbano e urbano na cidade de Pelotas e, a grande diversidade parasitária que esse marsupial alberga, incluindo espécies que podem potencialmente atingir os humanos, justificou o desenvolvimento deste trabalho, objetivando conhecer os ixodídeos que infestam D. albiventris, na região sul do Rio Grande do Sul e, em conseqüência, alertar para o seu potencial zoonótico.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trinta gambás, D. albiventris, provenientes do município de Pelotas e adjacências, RS, foram examinados, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2003, para coleta de carrapatos. Dentre os gambás examinados, 16 foram capturados através de armadilhas (Licença IBAMA/RS), cuja isca constava de pão com mel, embebidos em aguardente, e 14 foram encontrados mortos por atropelamento nas rodovias.

Os marsupiais foram transportados ao laboratório de Entomologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto de Biologia (DEMP-IB-UFPel), local do experimento. Os animais capturados foram sedados, para realização da eutanásia com éter etílico, conforme procedimento ético da Associação de Proteção dos Animais (APA,1989APA. Código de ética experimental com animais. Rio de Janeiro: Sozed, 1989. 8p.).

A superfície externa dos 30 animais foi inspecionada para coleta dos carrapatos, os quais foram acondicionados em frascos individualizados e identificados por hospedeiro, contendo, como fixador, álcool etílico a 70°GL.

Os carrapatos foram identificados ao estereomicroscópio, conforme chaves específicas de ARAGÃO & FONSECA (1961)ARAGÃO, H. & FONSECA, F. Notas de Ixodologia VIII. Lista e chave para os representantes da fauna ixodológica brasileira. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.59, n.2, p.115-129, 1961. e GUIMARÃES et al. (2001)GUIMARÃES, J.H.; TUCCI , E.C.; BARROS-BATTESTI, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo: Plêiade, FAPESP, 2001. 218p., catalogados e depositados na coleção de ixodídeos do laboratório de Entomologia do DEMP-IB-UFPel.

Os parâmetros prevalência, intensidade média e abundância foram calculados segundo MARGOLIS et al. (1982)MARGOLIS, L.; ESCH, G.W.; HOLMES, J.C.; KURIS, A.M.; SCHAD, G.A. The use of ecological terms in parasitology. Journal of Parasitology, v.68, n.1, p.131-133, 1982..

RESULTADOS

Dos 30 D. albiventris examinados para coleta de ectoparasitos, 13 (43,33%) estavam parasitados com carrapatos.

As espécies encontradas foram I. loricatus, A. aureolatum e Amblyomma sp. (Tabela 1).

Tabela 1
Ixodídeos em D. albiventris no Município de Pelotas e adjacências, RS, no período de 2001-2003.

A espécie com maior prevalência foi I. loricatus, em 11 gambás (36,7%), dos quais apenas dois apresentaram formas jovens e adultas de I. loricatus, os demais estavam parasitados somente com formas adultas (Tabela 1 e 2).

Tabela 2
Prevalência, intensidade média, intensidade máxima e abundância de ixodídeos em 30D. albiventris. Município de Pelotas e adjacências, RS, 2001-2003.

Amblyomma sp. foi encontrado em 2 gambás com prevalência de 6,7% e A. aureolatum em um gambá (3,3%) (Tabela 1 e 2).

Dos 13 gambás infestados com carrapatos, 3 (23,08%) apresentaram formas jovens e adultas e 1 (7,69%) estava parasitado somente com ninfa. A predominância de carrapatos adultos também foi observada em 11 (84,61%) gambás (Tabela 1).

Dados de prevalência, intensidade média, intensidade máxima e abundância podem ser conferidos na Tabela 2.

DISCUSSÃO

A. aureolatum, parasitando D. albiventris, foi constatado pela primeira vez no Estado do Rio Grande do Sul e registrado por MÜLLER et al. (2005)MÜLLER, G.; BRUM, J.G.W.; LANGONE, P.Q.; MICHELS, G.H.; PESENTI, T. C. Amblyomma aureolatum (Acari: Ixodidae) parasitizing Didelphis albiventris (Marsupialia: Didelphidae) in the state of Rio Grande do Sul.Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p. 115-116, 2005. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/v72_1/muller.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2005.
http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/...
e, também, trata-se da primeira ocorrência para o Brasil.

D. albiventris infestado por forma jovem (ninfa) de Amblyomma sp. (Tabela 1), também, foi constatado por BARROS & BAGGIO (1992)BARROS, D.M. & BAGGIO, D. Ectoparasites Ixodida Leach, 1817 on Wild Mammals in the State of Paraná, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.87, n.2, p.291-296, 1992. no Paraná e por BRUM et al. (2003)BRUM, J.G.W.; VALENTE, A.L.S.; ALBANO, A.P.; COIMBRA, M.A.C.; GREQUE, G.G. Ixodidae de mamíferos silvestres atendidos no Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, UFPel. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.70, n.2, p.211-212, 2003. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/v70_2/brum2.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2005
http://www.biologico.sp.gov.br/arquivos/...
em Pelotas, RS. O parasitismo por formas jovens, larvas e ninfas de Amblyomma ocorre com alta freqüência em aves da Ordem Passeriformes. Em mamíferos as formas jovens foram citadas nas ordens Carnivora: família Canidae; Rodentia: família Ctenomyidae, Echimydae; Xenarthra: família Bradypodidae, no entanto, com baixa freqüência (GUGLIELMONE et al., 2003aGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; MANGOLD, A.J.; BARROSBATTESTI, D.M.; LABRUNA, M.B.; MARTINS, J.R.; VENZAL, J.M.; ARZUA, M.; KEIRANS, J.E. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Veterinary Parasitology, v.113, p.273-288, 2003a.).

A constatação de apenas um D. albiventris infestado com A. aureolatum, adultos, reafirma observações de RIBEIRO (1970/1971)RIBEIRO, S.S. Ixodideos encontrados no cão doméstico no Estado do Paraná. Anais da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná, v.13/14, n. 2, p.61-67, 1970/1971., BARROS & BAGGIO (1992)BARROS, D.M. & BAGGIO, D. Ectoparasites Ixodida Leach, 1817 on Wild Mammals in the State of Paraná, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.87, n.2, p.291-296, 1992., EVANS et al. (2000)EVANS, D.E.; MARTINS, J.R.; GUGLIELMONE, A.A. A review of the ticks (Acari, Ixodida) of Brazil, their hosts and geographic distribution-1. The State of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, n.4, p.453-470, 2000., GUIMARÃES et al. (2001)GUIMARÃES, J.H.; TUCCI , E.C.; BARROS-BATTESTI, D.M. Ectoparasitos de importância veterinária. São Paulo: Plêiade, FAPESP, 2001. 218p., GUGLIELMONE et al. (2003aGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; MANGOLD, A.J.; BARROSBATTESTI, D.M.; LABRUNA, M.B.; MARTINS, J.R.; VENZAL, J.M.; ARZUA, M.; KEIRANS, J.E. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Veterinary Parasitology, v.113, p.273-288, 2003a., b)GUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; KEIRANS, J.E.; ROBBINS, R.G. Ticks (Acari: Ixodidae) of the Neotropical Zoogeographic Region. Netherlands: ICTTD-2, 2003b. 173p., relativas a carnívoros silvestres (canídeos e felídeos) como hospedeiros de eleição para A. aureolatum; corroboradas por RUAS (2005)RUAS, J.L. Caracterização da fauna parasitária do Pseudalopex gymnocercus (graxaim-do-campo) e do Cerdocyon thous (graxaim-do-mato) na região sul do Rio Grande do Sul. 2005. 60p. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005..

Dos 13 D. albiventris infestados por carrapatos, apenas 2 (15,38%) apresentaram Amblyomma sp. e destes, um exemplar com formas adultas, 3 machos (Tabela 1).

A única citação de A. aureolatum em Didelphis sp. foi feita por GUGLIELMONE et al., (2003a)GUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; MANGOLD, A.J.; BARROSBATTESTI, D.M.; LABRUNA, M.B.; MARTINS, J.R.; VENZAL, J.M.; ARZUA, M.; KEIRANS, J.E. Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) and Amblyomma ovale Koch, 1844 (Acari: Ixodidae): hosts, distribution and 16S rDNA sequences. Veterinary Parasitology, v.113, p.273-288, 2003a., 1 exemplar macho, evidenciando que Didelphis sp. bem como, D. albiventris são hospedeiros alternativos, não comuns para A. aureolatum, os quais se infestaram por freqüentarem a mesma área de canídeos e felídeos silvestres ou domésticos.

I. loricatus foi constatado em 36,7% dos gambás examinados, (Tabela 2). A predominância de formas adultas de I. loricatus (Tabela 1), concorda com observações de PEREIRA et al. (2000)PEREIRA, M. DE C.; SZABÓ, M.P.; BECHARA, G.H.; MATUSHIMA, E.R.; DUARTE, J.M.; RECHAV, Y.; FIELDEN, L.; KEIRANS, J.E. Ticks (Acari: Ixodidae) associated with wild animals in the Pantanal region of Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.979-983, 2000. e EVANS et al. (2000)EVANS, D.E.; MARTINS, J.R.; GUGLIELMONE, A.A. A review of the ticks (Acari, Ixodida) of Brazil, their hosts and geographic distribution-1. The State of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, n.4, p.453-470, 2000. que citaram os Didelphimorphia como hospedeiros de eleição para este carrapato.

A presença de formas jovens de I. loricatus foi observada em apenas dois exemplares de D.albiventris, ocorrendo nesses animais também parasitismo por formas adultas (Tabela 1). Essa simultaneidade, BARROS & BAGGIO (1992)BARROS, D.M. & BAGGIO, D. Ectoparasites Ixodida Leach, 1817 on Wild Mammals in the State of Paraná, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.87, n.2, p.291-296, 1992., BARROS-BATTESTI et al. (2000a)BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000. e GUGLIELMONE et al. (2003 b)GUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; KEIRANS, J.E.; ROBBINS, R.G. Ticks (Acari: Ixodidae) of the Neotropical Zoogeographic Region. Netherlands: ICTTD-2, 2003b. 173p. também constataram em marsupiais, no entanto, os principais hospedeiros para as formas jovens são os roedores silvestres (FONSECA, 1957FONSECA, F. Inquérito sobre a fauna acarológica de parasitos no nordeste do Brasil. Memórias do Instituto Butantã, v.28, p.99-186, 1957/1958./1958; BARROS-BATTESTI & KNYSAK, 1999BARROS-BATTESTI, D.M. & KNYSAK, I. Cataloge of the Brazilian Ixodes (Acari: Ixodidae) material in the Mite Collection of Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. PapéisAvulsos de Zoologia, v.41, n.3, p.49-57, 1999.; BARROS-BATTESTI et al., 2000BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000.; SCHUMAKER et al., 2000SCHUMAKER, T.T.S.; LABRUNA, M.B.; ABEL, I.S.; GLERICI, P.T.S. Life cycle of Ixodes (Ixodes) loricatus (Acari: Ixodidae) under laboratory conditions. Journal of Medical Entomology, v.37, n.5, p.714-720, 2000.; GUGLIELMONE et al., 2003bGUGLIELMONE, A.A.; ESTRADA-PEÑA, A.; KEIRANS, J.E.; ROBBINS, R.G. Ticks (Acari: Ixodidae) of the Neotropical Zoogeographic Region. Netherlands: ICTTD-2, 2003b. 173p.).

A ocorrência, em D. albiventris, dos carrapatos I. loricatus e A. aureolatum (Tabela 1 e 2) representa importante alerta para disseminação de patógenos causadores de severas doenças aos humanos, destacando-se: a) doença de Lyme-símile, que tem como agente etiológico a Borrelia burgdorferi, isolada de A. aureolatum por O’DWYER et al. (1999)O’DWYER, L.H.; SOARES, C.O.; SOUZA, L.C.P. DE.; FLAUSINO, W.; MASSARD, C.L.; FONSECA, A.H. Borrelia spp. associada à fauna ixodológica em cães de áreas rurais no Estado do Rio de Janeiro. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 2., 1999, Salvador. Anais. Salvador: 1999b. p.234. e BARROS-BATTESTI et al. (2000)BARROS-BATTESTI, D.M.; YOSHINARI , N.H.; BONOLDI, V.L.N.; GOMES, A.C. Parasitism by Ixodes didelphidis and I. Loricatus (Acari: Ixodidae) on Small Wild Mammals from Atlantic Forest in the State of São Paulo, Brazil. Journal of Medical Entomology, v.37, n.6, p.820-827, 2000. e, também, isolada de I. loricatus, bem como, de seus hospedeiros Didelphimorphia e Rodentia por ABEL et al. (2000)ABEL, I.S.; MARZAGÃO, G.; YOSHINARI , H.H.; SCHUMAKER, T.T.S. Borrelia like spirochetes recovered from ticks and small mammals collected in the Atlantic Forest Reserve, Cotia Country, State of São Paulo, Brazil.Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.95, p.621-624, 2000.; b) febre maculosa brasileira (FMB), cujo agente etiológico, R. rickettsi, foi isolada de A. aureolatum (LABRUNA, 2004LABRUNA, M.B. Carta acarológica. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, p.199-202, 2004. Suplemento. Trabalho apresentado no CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 13., 2004, Ouro Preto.).

CONCLUSÕES

  1. A. aureolatum e I. loricatus são registrados, pela primeira vez, parasitando Didelphis albiventris no Rio Grande do Sul;

  2. I. loricatus é o carrapato com maior prevalência em D. albiventris no Município de Pelotas e adjacências;

  3. D. albiventris é a única espécie encontrada na região circunscrita para este estudo e representa um potencial disseminador de ixodídeos transmissores de patógenos entre animais e humanos.

  • *
    Parte da tese de doutoramento junto ao Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias - UFRGS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2005

Histórico

  • Recebido
    31 Ago 2005
  • Aceito
    29 Set 2005
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