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ANÁLISE HISTOLÓGICA DA ENDOMETRIOSE EM RATAS DURANTE AS FASES DO CICLO ESTRAL

HISTOLOGICAL EVALUATION OF ENDOMETRIOSIS IN RATS, DURING THE PHASES OF THE ESTROUS CYCLE

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo analisar morfologicamente os sítios de implantes endometriais sobre a região externa da musculatura da parede abdominal anterior de ratas, durante o ciclo estral. Para tanto foram utilizadas 16 ratas albinas (Rattus norvegicus albinus), da linhagem Wistar com 90 dias de idade, obtidas do biotério do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE, as quais foram submetidas à indução da endometriose. A análise histológica dos implantes foi realizada por meio da microscopia de luz, utilizando-se técnicas de colorações pela Hematoxilina-Eosina (H-E) e pelo Tricrômico de Mallory. O material coletado foi fixado em líquido de Boüin e processado para inclusão em “paraplast”. Os resultados mostraram que as fases de proestro, estro e diestro foram mais favoráveis para o desenvolvimento dos implantes endometriais em ratas, quando comparadas ao metaestro.

PALAVRAS-CHAVE
Útero; endometriose; ciclo estral

ABSTRACT

The present research was aimed to morphologically analyze the endometrial implant sites of on the external area of the musculature of the abdominal wall of female rats, during the estral cycle. Sixteen albino female rats were used (Rattusnorvegicusalbinus), of the lineage Wistar with 90 days of age, obtained from the lab. animal rearing facilities of the Department of Morphology and Animal Physiology of UFRPE, which were submitted to the induction of the endometriosis. The histologic analysis of the implants was accomplished by means of light microscopy, using Hematoxilin-Eosin (H-E) and Mallory’s Trichrome staine. The collected material was fixated in Boüin's liquid and processed for inclusion in paraplasts. The results showed that the proestrus, estrus and diestrus phases were more favorable for the development of the endometrial implants in female rats, when compared to the metaestrus phase.

KEY WORDS
Uterus; endometriosis; estrous cycle

INTRODUÇAO

Na espécie humana o útero é um órgão oco, visceral, em forma de pêra, localizado na pelve entre a bexiga e o reto (DI DIO, 2002DI DIO, L.J.A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada. 2.ed. Rio de Janeiro: Atheneu. 2002. p.666-667.). Segundo JUNQUEIRA & CARNEIRO (2004)JUNQUEIRA, L.C. & CARNEIRO, J. Histologia básica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p.390-448., o útero apresenta 3 túnicas: interna, média e externa, denominadas respectivamente de endométrio, miométrio e serosa ou adventícia.

O endométrio passa por uma seqüência de alterações morfológicas e funcionais a cada ciclo menstrual; essas alterações ocorrem em decorrência dos hormônios estrógenos e progesterona (HAM, 1967HAM, A.W. Histologia. 3.ed. Rio de Janeiro. Guanabana Koogan, 1967. p. 846-847.; GAMBRELL, 1976GAMBRELL, R.D. Estrogens, progestagens and endometrial cancer. In: BEARD, R.J. (Ed.). Consensus on menopause research. Lancaster: MTP Press, 1976. p.15-153.; BARACAT, 1991BARACAT, E. C. Aspectos morfológicos e morfométricos do endométrio humano na pós menopausa, antes e pós estrogenioterapia oral e trandermica. 1991. 76p. Tese (Livre-docência) – Escola Paulista de Medicina, São Paulo, São Paulo, 1991.).

Durante o ciclo menstrual o endométrio constituise de duas camadas: funcional e basal. A camada funcional é mais superficial, sendo desprendida na menstruação, enquanto que a camada basal é mais delgada e profunda, permanecendo para que suas células proliferem e regenerem a camada a cada ciclo menstrual (GARTNER & HIATT, 1999GARTNER, L.P. & HIATT, J.L. Tratado de histologia. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1999. p.365-369.).

Durante a menstruação pode haver eliminação, através das tubas uterinas, de material endometrial viável, o qual teria capacidade de implantação, e conseqüentemente, originar um quadro clínico denominado de endometriose (SAMPSON, 19SAMPSON, J.A. Peforating hemorrhagic cysts of the ovary. Their impotance and especially their relation to pelvic adenomas of the endometrial type (adenoma of the uterus rectovaginal septum, sigmoid, etc.) Archives of Surgeri, v.3, p.245-323, 1927.27).

A endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva, caracterizando-se pela presença de tecido endometrial ectópico ou estroma fora da cavidade uterina, foi observada pela primeira vez em 1869 por Rokitansky, em material de necropsia. Mais tarde, SAMPSON (1927)SAMPSON, J.A. Peforating hemorrhagic cysts of the ovary. Their impotance and especially their relation to pelvic adenomas of the endometrial type (adenoma of the uterus rectovaginal septum, sigmoid, etc.) Archives of Surgeri, v.3, p.245-323, 1927. definiu a endometriose como um achado de tecido com aspectos histológicos e funcionais ao endométrio tópico, em outros locais, tendendo a se desenvolver no fundo do saco de Douglas, ovários, ligamento redondo, tubas uterinas, cérvix e vagina. (TOBIAS-MACHADO et al., 2001TOBIAS-MACHADO, M.; DI GIUSEPPE, R.; BARBOSA, C.P.; BORRELLI, M.; WROCLAWSKI, E. R. Endometriose vesical: aspectos diagnósticos e terapêuticos. Revista da Associação Médica Brasileira, v.47, n.1, p.37-40, 2001). Os principais sintomas são: dismenorréia, dor pélvica crônica, esterilidade, irregularidade menstrual e dispareunia de profundidade, adicionalmente alterações urinárias e intestinais cíclicas tais como dor à evacuação, diarréia, disúria perimetral, polaciúria, urgência miccional e hematúria (ABESHOUSE & ABESHOUSE, 1960ABESHOUSE, B.S. & ABESHOUSE, G. Endometriosis of the urinary tract: a review of the literature and a report of four cases of vesical endometriosis. The Journal of the International College of Surgeons, v.34, n.1, p.43-58, 1960.; ARAP, NETO et al., 1984ARAP NETO, W.; LOPES, R. N.; CURY, M.; MONTELATTO, N. I. D.; ARAP, S. Vesical endometriosis. Urology, v.24, n.3, p.271-274, 1984.).

Segundo TOBIAS-MACHADO et al. (2001)TOBIAS-MACHADO, M.; DI GIUSEPPE, R.; BARBOSA, C.P.; BORRELLI, M.; WROCLAWSKI, E. R. Endometriose vesical: aspectos diagnósticos e terapêuticos. Revista da Associação Médica Brasileira, v.47, n.1, p.37-40, 2001, existem várias teorias para explicar as causas da endometriose, tais como: regurgitação transtubária do material menstrual; metaplasia celômica; disseminação linfática ou sanguínea; deficiência imunológica e herança genética.

O diagnóstico da endometriose é feito através da história clínica, ultra-som endovaginal, exame ginecológico, e alguns exames de laboratório. A certeza só é dada através do exame de biópsia, esta pode ser feita por cirurgia, laparotomia ou preferencialmente laparoscopia que é um exame o qual manipula a cavidade abdominal através de instrumentos de óptica e vídeo juntamente com instrumentos cirúrgicos delicados que são introduzidos através de pequenos orifícios no abdome. É um procedimento geralmente realizado com anestesia geral (NEZHAT et al., 1990NEZHAT, C.; NEZHAT, F.; METZGER, D.A.; LUCIANO, A.A. Adhesion reformation after reproductive surgery by videolaseroscopy. Fertility and Sterility, v.53, p.1008-1011, 1990.).

Os roedores são animais de fácil manipulação, possuem ciclos estrais e prenhez de curta duração, sendo por estes motivos mais utilizados em experimentos reprodutivos (SIMÕES, 1979SIMÕES, M.J. Aspecto morfológicos e morfométricos de endométrio de ratas da colônia 2 BAW, nas subfases intermediarias e final do estro e diestro. 1979. 97p. Dissertação (Mestrado em Histologia) Escola Paulista de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979.).

É sabido que durante o ciclo estral de ratas, bem como em outros animais, são observadas fases de atuação do estrógeno (proestro e estro) e da progesterona (metaestro e diestro). Deste modo, vários modelos experimentais de endometriose em ratas (endometriose induzida), que reproduzem histologicamente e endocrinamente essa patologia têm sido elaborados, proporcionando um melhor entendimento sobre os aspectos fisiológico e bioquímico (WITZ et al., 1999WITZ, C.A.; MONOTOYA-RODRIGUEZ, I.A.; SCHENKEN R.S. Whole explants of peritoneum and endometrium: a novel model of the early endometriosis lesion. Fertilityand Sterility, v.71, n.1, p.56-60, 1999.; BOUCHER et al., 2000BOUCHER, A.; LEMAY, A.; AKOUM, A. Effect of hormonal agents on monocyte chemotactic protein-1 expression by endometrial epithelial cells of women with endometriosis. Fertility and Sterility, v.74, n.5, p.969-975, 2000.; PIVA et al., 2001PIVA, M.; HOROWITZ, G.M.; SHARPE-TIMMS, K.L. Interleukin-6 differentially stimulates haptoglobin production by peritoneal and endometriotic cells in vitro: a model for endometrial-peritoneal interaction in endometriosis. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolasm, v.86, n.6, p.2553-2561, 2001.). No entanto, pouco se conhece sobre os aspectos histológicos da endometriose em resposta às fases hormonais do ciclo estral. Portanto, diante do exposto e considerando a escassez de literatura que relatem os aspectos histológicos da endometriose, o presente trabalho teve como objetivo analisar a morfologia dos sítios de implantes endometriais, sobre a região externa da musculatura da parede abdominal anterior de ratas, durante o ciclo estral.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizadas 16 ratas albinas (Rattus norvegicus albinus) da linhagem Wistar com 90 dias de idade, procedentes do Biotério do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE. Para aindução da endometriose, foi utilizada a técnica preconizada por VERNON & WILSON (1985)VERNON, M.W. & WILSON, E. A Studies on the surgical induction of endometriosis in the rat. Fertility and Sterility, v.44, p.684–694, 1985.. Para tanto os animais foram pré-anestesiados com sulfato de atropina administrado a dose de 0,05 mg/kg i.p. Em seguida foram anestesiados com xilazina (20 mg/kg) e quetamina (10 mg/kg), também por via i.p. Posteriormente, por tração manual, foi realizada a tricotomia da região abdominal e em seguida a abertura da cavidade abdominal. Foi ressecado aproximadamente 1 cm do corno uterino e realizada a ligadura dos vasos. O segmento uterino retirado foi imediatamente imerso em soro fisiológico, aberto longitudinalmente, e em seguida fragmentado em dois retângulos. Estes fragmentos foram fixados, com fio de sutura de Nylon 6.0, na região externa da musculatura da parede anterior da cavidade abdominal, um de cada lado da linha alba, sempre sobre vasos sanguíneos, tomandose o cuidado para que a porção do endométrio ficasse em contato com a musculatura, procedendo-se em seguida, a sutura da cavidade abdominal e da pele. Após esses procedimentos os animais foram divididos, ao acaso, em 4 grupos, cada um constituído por quatro animais, a saber: Grupo I - ratas induzidas a endometriose e avaliadas após 21 dias na fase de proestro; Grupo II - ratas induzidas a endometriose, e avaliadas após 21 dias na fase de estro; Grupo III - ratas induzidas a endometriose, e avaliadas após 21 dias na fase de metaestro; Grupo IV - ratas induzidas a endometriose, e avaliadas após 21 dias na fase de diestro.

Após 21 dias de pós-operatório (PO), período necessário para o desenvolvimento dos implantes de endometriose e para plena recuperação dos animais, foi realizado exames colpocitológicos, com o objetivo de determinar as fases do ciclo estral. Os animais que apresentaram as fases de proestro, estro, diestro e metaestro, dentro do seu respectivo grupo, foram eutanasiados. O procedimento anestésico seguiu a mesma metodologia da cirurgia para a indução da endometriose. A seguir, foi realizada uma incisão na pele, de aproximadamente 4 cm, para perfeita visualização e retirada dos implantes, que foram clivados longitudinalmente e mergulhados em líquido de Bouin, permanecendo no mesmo por 48h. Para a eutanásia dos animais, foi utilizado o aprofundamento da anestesia. Os fragmentos foram desidratados em álcool etílico (concentrações crescentes), diafanizados pelo xilol, impregnados e incluídos pelo paraplast. A seguir os blocos foram cortados em micrótomo do tipo Minot (Leica RM 2035) ajustados para 5mm. Em seqüência, os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela hematoxilina - eosina (H.E), e pelo tricômico de Mallory, sendo posteriormente analisados em microscópio de luz, marca Olympus BX-41, e fotografados em fotomicroscópio Olympus BX-50.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na fase de proestro a análise morfológica revelou implantes endometriais bem desenvolvidos, com presença de cistos. Esses implantes apresentaram-se aderidos à camada muscular da cavidade abdominal (Fig. 1). Foi observada grande quantidade de tecido de granulação caracterizado pela infiltração leucocitária. O estroma apresentou-se pouco fibroso, bastante celular e sem glândulas (Fig. 2). Não foi evidenciada a presença de epitélio de revestimento.

Fig. 1
Endometriose em ratas do grupo I. Notar implante (I) totalmente aderido à camada muscular (M), além de cisto (C). Coloração H.E. ± 42X.
Fig. 2
Notar estroma pouco fibroso e mais celular. Coloração H.E. ± 428X.
Fig. 3
Endometriose em ratas do grupo II. Notar implante (I) totalmente aderido à camada muscular (M), além de cisto (C). Coloração H.E. ± 42X.
Fig. 4
Notar tecido de granulação (setas). Coloração H.E. ± 107X.
Fig. 5
Endometriose em ratas do grupo III. Notar implante (I) pouco desenvolvido e totalmente aderido à camada muscular (M). Coloração H.E. ± 42X.
Fig. 6
Notar estroma pouco fibroso, menos celular e com glândulas pouco desenvolvidas (setas). Coloração Tricrômico de Mallory ± 107X.
Fig. 7
Endometriose em ratas do grupo IV. Notar no implante cisto bastante desenvolvido (C) e totalmente aderido à camada muscular (M). Coloração H.E. ± 42X.
Fig. 8
Notar estroma com vasos sanguíneos (cabeça de setas) e glândulas (setas). Coloração H.E. ± 107X.

Os implantes endometriais na fase de estro desenvolveram-se semelhantemente aos do grupo I, aderindo-se totalmente a musculatura abdominal, além de conter cistos (Fig. 3). Nesses implantes também foram observados tecidos de granulação (Fig. 4). O estroma mostrou-se bastante celular com poucas fibras, no entanto foi evidenciada uma rica vascularização, tecido adiposo e algumas glândulas. Também não foi evidenciada a presença de epitélio de revestimento.

Na fase metaestro, verificou-se que os implantes endometriais apresentaram-se pouco desenvolvidos e sem cistos, porém totalmente aderidos à musculatura abdominal (Fig. 5). Não foi evidenciado tecido de granulação e no seu estroma encontramos algumas glândulas endometriais pouco desenvolvidas, além de poucas células e fibras (Fig. 6).

A análise histológica na fase de diestro revelou que os implantes endometriais estavam bastante desenvolvidos, apresentando um aspecto de vesículas, normalmente preenchidas por líquido (Fig. 7). Esses implantes apresentaram pouco tecido de granulação, e um estroma ricamente vascularizado e com várias glândulas circundadas por tecido adiposo.(Fig. 8).

DISCUSSÃO

O endométrio normal e os implantes endometriais apresentam 3 classes de receptores hormonais esteróides: receptores estrogênicos, progesterônicos e androgênicos. Assim sendo, pode ocorrer uma série de possíveis respostas ao endométrio, destacando-se: 1. estados hipoestrogênicos que resultam em atrofia; 2. estados hiperandrogênicos que também produzem atrofia; 3. doses farmacológicas de progesterona levam a atrofia endometrial em meio hipoestrogênico (SALTIEL & GARABEDIAN-RUFFALO, 1991SALTIEL, E. & GARABEDIAN -RUFFALO, S.M. Phamacologic management of endometriosis. Clinical Pharmacy, v.10, p.518-530, 1991). Nos animais dos grupos I e II os implantes apresentaram-se bastante desenvolvidos, indicando assim uma influência marcante do hormônio estrógeno, pois de acordo com ALMEIDA (1999)ALMEIDA, J. M. Embriologia veterinária comparada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p.10-11. as fases de proestro e estro estão sobre a influência desse hormônio. Além disso, SCHOR et al. (1999)SCHOR, E.; BARACAT, E.C.; SIMÕES, M.J.; FREITAS, V. de; FILHO, O.G.; RODRIGUES, D.E.; LIMA, G. Effects of conjugated estrogens and progestogen in surgically induced endometriosis in oophorectomized. Clinical and Experimental Obstetrics & Gynecology, v.26, n.3/4, p.158-161, 1999. relataram a presença de estroma, glândulas e cistos em implantes endometriais de ratas ooforectomizadas e tratadas com estrógeno. Devemos mencionar ainda que as células endometriais ectópicas se assemelham as do endométrio normal, respondendo aos mesmos estímulos hormonais, porém possuindo atividades enzimáticas e níveis de receptores que diferem em concentração e resposta ( VYAS & GANGAR, 1995VYAS, S. & GANGAR, K. Postmenopausal oestrogens and arteries. British Journal of Obstrics and Gyneacology, v.102, n.12, p.942-946, 1995.). É conhecido ainda que o estrógeno estimula o crescimento de tecido endometrial ectópico, pois não se encontra endometriose antes da menarca, bem como após a menopausa (ROCK & MARKHAM, 1992ROCK, J.A. & MARKHAM, S.M. Pathogenesis of endometriosis. Lancet, v.340, p.1264 -1267, 1992.). Os implantes endometriais do grupo III mostraram-se pouco desenvolvidos e sem cistos. Esses achados podem está relacionado com o declínio do estrógeno e início da liberação da progesterona (ALMEIDA, 1999ALMEIDA, J. M. Embriologia veterinária comparada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p.10-11.). O maior desenvolvimento dos implantes endometriais foi observado na fase de diestro, os quais apresentaram um aspecto de vesículas, normalmente preenchidas por líquido, com pouco tecido de granulação, um estroma ricamente vascularizado e com várias glândulas circundadas por tecido adiposo. Segundo ALMEIDA (1999)ALMEIDA, J. M. Embriologia veterinária comparada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p.10-11. esta fase está sob a exclusiva influência da progesterona. Entretanto, vários autores relatam que a exposição a progesterona inibe o aparecimento da endometriose (CHWALISZ et al., 2002CHWALISZ, K.; GARG, R.; BRENNER, R. M.; SCHUBERT, G.; ELGER, W. Selective Progesterone Receptor Modulators (SPRMs): A Novel Therapeutic Concept in Endometriosis. Annals of the New York Academy of Sciences, v.955, p.373-388, 2002.; LOCKHAT et al., 2004LOCKHAT, F.B.; EMEMBOLU, J.O.; KONJE, J.C. The evaluation of the effectiveness of an intrauterineadministered progestogen (levonorgestrel) in the symptomatic treatment of endometriosis and in the staging of the disease. Human Reproduction, v.19, n.1, p.179-184, 2004.; CHWALISZ et al., 2005CHWALISZ, K.; PEREZ, M. C.; DEMANNO, D.; WINKEL, C.; SCHUBERT, G.; ELGER, W. Selective Progesterone Receptor Modulator Development and Use in the Treatment of Leiomyomata and Endometriosis. Endocrine Reviews, v.26, n.3, p.423-438, 2005.). Porém, pesquisas recentes sugerem que uma falha na ação da progesterona poderia ser um componente crítico na instalação da endometriose (MULAC-JERICEVIC et al., 2000MULAC -JERICEVIC, B.; MULLINAX, R.A.; DE MAYO, F.J.; LYDON, J.P.; CONNEELY, O.M. Subgroup of reproductive functions of progesterone mediated by progesterone receptor-B isoform. Science, v. 289, p.1751-1754, 2000.; OSTEEN et al., 2002OSTEEN, K.G.; BRUNER-TRAN, K.L.; KELLER, N.R.; EISENBERG, E. Progesterone-Mediated Endometrial Maturation Limits Matrix Metalloproteinase (MMP) Expression in an Inflammatory-like Environment. Annals of the New York Academy of Sciences, v.955, p.37-47, 2002.; OSTEEN et al., 2005OSTEEN, K.G.; BRUNER-TRAN, K.L.; EISENBERG, E. Reduced progesterone action during endometrial maturation: a potential risk factor for the development of endometriosis. Fertility and Sterility, v.83, p.529–537, 2005.).

CONCLUSÃO

As fases de proestro, estro e diestro são mais favoráveis para o desenvolvimento dos implantes endometriais em ratas, quando comparadas ao metaestro.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2005

Histórico

  • Recebido
    11 Out 2005
  • Aceito
    15 Dez 2005
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