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Antibiose e não preferência para oviposição de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em genótipos de feijoeiro comum

Antibiosis and non preference for the oviposition of Bemisia tabaci (Genn.) biotype B (Hemiptera: Aleyrodidae) in common bean genotypes

Resumos

O feijoeiro comum, Phaseolus vulgaris L., constitui importante fonte de proteína e renda para muitos países, entre eles, o Brasil. Diferentes fatores contribuem para a redução da produção, como os insetos pragas, destacando-se Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B. O presente trabalho teve por objetivo identificar genótipos de feijoeiro comum resistentes à B. tabaci biótipo B e os tipos de resistência envolvidos. Para isso, foram realizados dois experimentos desenvolvidos em laboratório e em casa-de-vegetação, avaliando-se 11 genótipos de feijoeiro comum. Para o teste com chance de escolha, o delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, e para os testes sem chance de escolha e antibiose, a escolha foi pelo inteiramente casualizado, totalizando seis repetições para cada teste. As variáveis avaliadas foram: período de incubação dos ovos; período ninfal; período de ovo a adulto; viabilidade de ovo a adulto e longevidade de adultos. O genótipo IAC-Harmonia prolongou os períodos ninfal e de ovo a adulto de B. tabaci biótipo B. Os genótipos testados foram igualmente ovipositados pela mosca-branca, em testes com e sem chance de escolha.

mosca-branca; tipos de resistência de plantas; Phaseolus vulgaris


The common bean Phaseolus vulgaris L. constitutes an important source of protein and income for many countries, including Brazil. Different factors contribute with the reduction in production, including pest insects, especially Bemisia tabaci (Genn.) biotype B. This study aimed to identify common bean genotypes resistant to B. tabaci biotype B and the types of resistance involved. Therefore, two experiments were developed in a greenhouse and laboratory, evaluating 11 common bean genotypes. To test the free-choice experimental design, the randomized block design was adopted, and the completely randomized one was selected for the no-choice tests and antibiosis, with six replications for each test. The following variables were evaluated: incubation period of eggs; nymphal; egg to adult; viability of egg to adult and adult longevity. The IAC-Harmony prolonged the nymphal and egg to adult periods of B. tabaci biotype B. The genotypes were also tested by the whitefly oviposition in free and no choice tests.

silverleaf whitefly; type of plant resistance; Phaseolus vulgaris


INTRODUÇÃO

Phaseolus vulgaris L. é a espécie mais cultivada de feijoeiro comum dentro da família botânica Fabaceae. Constitui uma das mais importantes fontes de proteína na dieta alimentar de grande parcela da população mundial (ANTUNES et al., 1995ANTUNES, P.L.; BILHALVA, A.B.; ELIAS, M.C.S.; GERMANO, J.D. Valor nutricional de feijão (Phaseolus vulgaris, L.), cultivares Rico 23, Carioca, Piratã-1 e Rosinha-G2. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.1, n.1, p.12-18, 1995.).

A produção brasileira do grão na safra de 2011/2012 foi de 2.890,00 toneladas, em uma área colhida de 3.256,00 ha; a produção na região Sudeste do país foi de 991 toneladas. O consumo per capita é de 18,29 kg/habitante/ano (AGRIANUAL, 2013).

Os insetos pragas contribuem para a diminuição da produção desta leguminosa, e a mosca-branca, Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B, é uma das principais pragas devido à injeção de toxina e da transmissão de vírus como o causador do mosaico dourado do feijoeiro (YOKOYAMA, 1996YOKOYAMA, M. Principais pragas e seu controle. In: ARAÚJO, R.D. (ed.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: Potafos, 1996. p.771-783.; BROWN, 2000BROWN, J.K. Molecular markers for the identification and global tracking of whitefly vector-begomovirus complexes. Virus Research, v.71, p.233-260, 2000.). As perdas econômicas ocasionadas por esse vírus podem variar de 30 a 100%, sendo influenciadas pela presença de hospedeiros alternativos e pelas condições ambientais. Os danos também podem variar conforme a cultivar utilizada, o estádio de desenvolvimento a planta e a porcentagem de infecção pelo vírus (FARIA et al., 1996FARIA, J.C.; ANJOS, J.R.N.; COSTA, A.F.; SPERÂNDIO, C.A.; COSTA, C.L. Doenças causadas por vírus e seu controle. In: ARAÚJO, R.D.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. (eds.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.731-769.).

O controle de B. tabaci é realizado principalmente por meio da aplicação de produtos químicos, sendo que a utilização intensiva de inseticidas pode levar ao desenvolvimento de insetos resistentes (PRABHAKER et al.,1985PRABHAKER, N.D.; COUDRIET, D.L.; MEYERDIRK, D.E. Insecticide resistance in the sweetpotato Bemisia tabaci (Homoptera:Aleyrodidae). Journal of Economic Entomology, v.78, p.748-752, 1985.; DENNEHY et al., 2008DENNEHY, T.J.; DEGAIN, B.A.; HARPOLD, V.S. Biotype designations and insecticide susceptibility of southwestern Bemisia tabaci. Vegetable Report, v.152, p.23-50, 2008.) além de outros problemas gerados ao agroecossistema. A redução nas aplicações de inseticidas e a associação com outros métodos de controle da praga são medidas importantes para evitar esses problemas (DENHOLM et al., 1998DENHOLM, I.; CAHILL, M.; DENNEHY, T.J.; HOROWITZ, A.R. Challenges with managing insecticide resistance in agricultural pests exemplified by the whitefly Bemisia tabaci. Philosophical Transactions Royal Society (Lond. B), v.353, n.1376, p.1757-1767, 1998.).

O uso de variedades resistentes é considerado o método ideal em um programa de manejo integrado de pragas (MIP), com grande potencial no controle da mosca-branca (MCAUSLANE, 1996MCAUSLANE, H.J. Influence of leaf pubescence on ovipositional preference of Bemisia argentifolii (Homoptera: Aleyrodidae) on soybean. Environmental Entomology, College Park, v.25, n.4, p.834-841, 1996.). Características morfológicas ou fisiológicas da planta, como o número e o tipo de tricomas, ou a concentração de compostos químicos, podem conferir algum tipo de resistência ao genótipo (MEAGHER JUNIOR et al., 1997MEAGHER JUNIOR, R.L.; SMITH, C.W.; SMITH, W.J. Preference of Gossypium genotypes to Bemisia argentifolii (Homoptera: Aleyrodidae). Journal of Economic Entomology, College Park, v.90, n.4, p.1046-1052, 1997.).

Estudos de variedades resistentes à B. tabaci biótipo B vem sendo realizados em feijoeiros, como os que foram desenvolvidos por ORIANI; LARA (2000)ORIANI, M.A.G.; LARA, F.M. Antibiosis effects of wild bean lines containing arcelin on Bemisia tabaci (Genn.) biotype B (Homoptera:Aleyrodidae) . Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v.29, n.3, p.573-582, 2000., que constataram que os materiais selvagens Arc 3s e Arc 5s apresentaram resistência do tipo não preferência para oviposição. Em outro trabalho, ORIANI et al. (2005)ORIANI, M.A.G.; VENDRAMIM, J.D.; BRUNHEROTTO, R. Influência dos tricomas na preferência para oviposição de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) em genótipos de feijoeiro. Neotropical Entomology, Londrina, v.34, n.1, p.97-103, 2005.verificaram que esses mesmos materiais selvagens de feijoeiro apresentaram não preferência para alimentação e/ou antibiose.

De acordo com BOIÇA JÚNIOR; VENDRAMIM (1986)BOIÇA JÚNIOR, A.L.; VENDRAMIM, J.D. Desenvolvimento de Bemisia tabaci em genótipos de feijão. Anais da sociedade entomológica do Brasil, Porto Alegre, v.15, n.2, p.231-238, 1986., o cultivar de feijoeiro Bolinha influenciou negativamente o ciclo de vida de B. tabaci, sugerindo resistência do tipo antibiose.

BIANCHINI (1994)BIANCHINI, A. Novas linhagens de feijoeiro resistentes ao vírus do mosaico dourado e cultivares recomendadas para o controle da virose. Fitopatologia Brasileira, v.19, p.329, 1994. lançou as linhagens IAPAR 57 e IAPAR 72 (grão carioca), assim como a linhagem IAPAR 65 (grão preto) como resistentes ao vírus do mosaico dourado, sendo todas recomendadas para o plantio em regiões do sul do Brasil.

LEMOS et al. (2003)LEMOS, L.B.; FORNASIERI FILHO, D.; SILVA, T.R.B.; SORATTO, R.P. Suscetibilidade de genótipos de feijão ao vírus-do-mosaico-dourado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38, n.5, p.575-581, 2003. observaram que os genótipos IAPAR 57, IAPAR 65, IAPAR 72, Ônix, Aporé e 606 (5)(214-17) destacaram-se como os mais tolerantes ao vírus do mosaico dourado e ao ataque da mosca-branca.

Em estudo realizado por TORRES et al.(2012)TORRES, L.C.; SOUZA, B.; LOURENÇÃO, A.L.; COSTA, M.B.; AMARAL, B.B.; CARBONELL, S.A.M.; CHIORATO, A.F.; TANQUE, R.L. Resistência de genótipos de feijoeiro a Bemisia tabaci biótipo B. Bragantia, Campinas, v.71, n.3, p.346-354, 2012., os genótipos ARC-3, IAC-Alvorada e Canário 101 podem ter apresentado o tipo de resistência por não preferência para alimentação e/ou antibiose, já que o primeiro acarretou 100% de mortalidade dos imaturos, não diferindo das médias obtidas para os dois últimos, que propiciaram a emergência de apenas 3,3% de adultos.

Diante desses relatos, o uso de cultivares resistentes demonstra ser promissor em um programa de manejo integrado da mosca-branca na cultura do feijoeiro. O trabalho teve por objetivo identificar genótipos de feijoeiro comum resistentes à B. tabaci biótipo B e os tipos de resistência envolvidos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos de antibiose e de não preferência para oviposição foram conduzidos em casa-de-vegetação em condições naturais, e a contagem do número de ovos nas folhas das plantas de feijão foi avaliada em laboratório através de estereomicroscópico, em Jaboticabal (SP).

Foram utilizados os seguintes genótipos de feijoeiro: IAC-Harmonia, IAC-Carioca Tybatã, Pérola, IAC-Una, IAC-Diplomata, IPR-Siriri, IAPAR 81, IAC-Alvorada, BRS Pontal, IAC-Formoso, BRS Requinte.

As sementes de feijão foram semeadas em vasos de polietileno com capacidade para cinco litros, sendo quatro sementes por vaso. As plantas foram desbastadas dez dias após a emergência, deixando-se uma planta por vaso.

Os espécimes de B. tabaci biótipo B utilizados no experimento foram adquiridos da criação de manutenção em casa-de-vegetação do setor de Entomologia, no Departamento de Fitossanidade da FCAV/UNESP, mantidas em plantas de couve cultivar Manteiga Georgia (Brassica oleracea L. var. acephala). A população inicial foi proveniente de criação mantida no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). FONTES et al.(2010)FONTES, F.H.M.; COLOMBO, C.A.; LOURENÇÃO, A.L. Caracterização molecular e divergência genética de Bemisia tabaci (Genn.) (Hemiptera: Aleyrodidae) em diferentes culturas e locais de cultivo. Neotropical Entomology, v.39, p.221-226, 2010. confir maram a identidade dos insetos dessa criação por meio de RAPD.

Teste de antibiose em B. tabaci biótipo B

Para esse estudo, os 11 genótipos (Tabela 1) foram avaliados em um experimento em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições.

Tabela 1
Período médio de incubação dos ovos, período ninfal, duração de ovo a adulto, longevidade (dias) e viabilidade de ovo a adulto (%) de Bemisia tabaci biótipo B obtidos em genótipos de feijoeiro comum em casa-de-vegetação, Jaboticabal (SP), 2012.

Quando as plantas se encontravam no estádio vegetativo V3 (primeira folha trifoliada), foram coletados adultos não sexados de mosca-branca da criação de manutenção através de um sugador manual de borracha, acoplado a um tubo de ensaio de vidro (CAMPOS et al., 2009CAMPOS, Z.R.; BOIÇA JUNIOR, A.L.; LOURENÇÃO, A.L.; CAMPOS, A.R. Parâmetros biológicos de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) em genótipos de algodoeiro. Bragantia, Campinas, v.68, n.4, p.1003-1007, 2009.).

Para cada planta, foi utilizada uma folha na qual se fixou uma gaiola de plástico, contendo adultos de mosca-branca para obtenção de ovos. A gaiola foi confeccionada com copos plásticos com capacidade de 40 mL, cujo fundo foi tampado com tecido voil. Uma tampa feita de papelão e espuma foi colocada na extremidade menor para não causar danos à folha. O copo foi acoplado a uma haste de madeira para fixação ao solo. A gaiola foi presa à folha por um grampo de metal (CAMPOS et al., 2009CAMPOS, Z.R.; BOIÇA JUNIOR, A.L.; LOURENÇÃO, A.L.; CAMPOS, A.R. Parâmetros biológicos de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) em genótipos de algodoeiro. Bragantia, Campinas, v.68, n.4, p.1003-1007, 2009.). Para a obtenção dos ovos, foram colocados 60 adultos de mosca-branca por gaiola/planta.

Após 24 horas, as gaiolas com os adultos foram retiradas e as folhas contendo os ovos foram marcadas para avaliação diária em estereomicroscópico.

Após a eclosão, 15 ninfas de primeiro ínstar foram separadas para avaliação do ciclo biológico. Os parâmetros analisados foram: período de incubação dos ovos; período ninfal; período de duração de ovo a adulto; viabilidade de ovo a adulto e longevidade.

Por ocasião do quarto ínstar ninfal, ou seja, na fase de "pupa", foram colocados saquinhos de voil na folha, nos quais foram coletados os adultos emergidos. Estes foram coletados com sugador manual e individualizados em tubos de ensaio. Depois, foram armazenados em laboratório a 26 ± 2°C, umidade relativa de 70 ± 5% e fotofase de 12 horas, sem alimentação, para a avaliação da longevidade.

Testes de não preferência para oviposição de B. tabaci biótipo B, com e sem chance de escolha

Quando as plantas se encontravam em estádio vegetativo V4 (terceira folha trifoliada), foram realizados os testes de não preferência para oviposição, com e sem chance de escolha. Os genótipos selecionados no teste de antibiose foram utilizados nesse experimento, totalizando oito: IAC-Harmonia, IAC-Carioca Tybatã, Pérola, IAC-Una, IAC-Diplomata, IPR-Siriri, IAC-Alvorada, BRS Pontal.

Teste com chance de escolha

Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, com seis blocos e oito tratamentos (genótipos). Cada bloco foi formado por uma gaiola de metal (1,5 m de comprimento x 1,5 m de largura x 1,8 m de altura), revestida por tela antiafídeo com as plantas dos oito genótipos dispostas em círculo e ao acaso, equidistantes do centro. Aproximadamente 100 adultos de mosca-branca foram liberados no centro da gaiola por planta, totalizando aproximadamente 800 adultos por gaiola.

Após 48 horas, todas as folhas de cada planta foram retiradas, acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados e armazenadas em geladeira. A contagem dos ovos foi realizada por meio de estereoscópico, com a observação da face abaxial das folhas. Após essa contagem, foi feita a medição da área foliar, em medidor modelo LI-COR 3100(r), para a obtenção do número de ovos por cm2 de folha.

Teste sem chance de escolha

Para a realização deste teste, utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos (genótipos) e seis repetições. Cada genótipo foi individualizado por gaiola cilíndrica de metal (60 cm de altura x 40 cm de diâmetro), revestida com tecido voil.

Cada planta foi infestada com cerca de 100 adultos de mosca-branca, e o tubo (2,5 x 8,5 cm) com os insetos foi colocado na base das plantas dos genótipos de feijoeiro.

Após 48 horas, todas as folhas foram retiradas e acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados e armazenados em geladeira para posterior manuseio. O número de ovos e a área foliar foram determinados utilizando a mesma metodologia empregada no teste com chance de escolha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Teste de antibiose em B. tabaci biótipo B

O período médio de incubação dos ovos de B. tabaci variou de 8,00 dias, nos genótipos IPR-Siriri, IAPAR 81, IAC-Alvorada, IAC-Una e IAC-Harmonia, a 8,59 dias, no genótipo IAC-Carioca Tybatã (Tabela 1).

ORIANI et al. (2008)ORIANI, M.A.G.; VENDRAMIM, J.D.; BRUNHEROTTO, R. Aspectos biológicos de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) em seis genótipos de feijoeiro. Neotropical Entomology, Londrina, v.37, n.2, p.191-195, 2008.observaram um período semelhante em cultivares de feijoeiro comum, variando entre 7,7 (Porrillo 70) e 8,0 dias (G11056) em ensaios conduzidos em laboratório sob temperatura de 23 ± 2ºC, umidade relativa de 70 ± 10%. Estudos realizados por ORIANI; LARA (2000)ORIANI, M.A.G.; LARA, F.M. Antibiosis effects of wild bean lines containing arcelin on Bemisia tabaci (Genn.) biotype B (Homoptera:Aleyrodidae) . Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v.29, n.3, p.573-582, 2000. revelaram período de incubação dos ovos variando de 7,5 (ARC 1, ARC 5s) a 8,2 dias (IAPAR MD 808), também em feijoeiro comum em condições naturais em casa-de-vegetação.

Para o período ninfal, constatou-se uma variação entre 16,89 e 21,00 dias, sendo o genótipo Pérola o que induziu à menor média, e o genótipo IAC-Harmonia o que ocasionou o maior período de desenvolvimento das ninfas (Tabela 1). Dados semelhantes foram obtidos por ORIANI et al. (2008)ORIANI, M.A.G.; VENDRAMIM, J.D.; BRUNHEROTTO, R. Aspectos biológicos de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) em seis genótipos de feijoeiro. Neotropical Entomology, Londrina, v.37, n.2, p.191-195, 2008. na cultura do feijão comum, com duração de 13,3 dias (Porrillo 70) a 18,8 dias (Arc 3s) em ensaios conduzidos em laboratório sob temperatura de 23 ± 2ºC, e umidade relativa de 70 ± 10%.

Para o período de ovo a adulto, os genótipos Pérola e IAPAR 81 foram os que proporcionaram menor duração (24,93 e 25,32 dias, respectivamente), diferindo dos genótipos IAC-Harmonia (29,0 dias) e IAC-Carioca Tybatã (27,85 dias) (Tabela 1).

Em relação à viabilidade de ovo a adulto, não houve diferença entre os genótipos. Foram verificadas, em termos absolutos, as menores médias nos genótipos IAC-Carioca Tybatã e IAC-Harmonia (91,11 %) (Tabela 1).

Quanto à longevidade de adultos também não houve diferença entre os genótipos de feijoeiro, sendo, em termos absolutos, a menor duração de 1,14 dias em IAC-Harmonia e a maior, de 1,46 dias em IAC-Diplomata (Tabela 1).

Os dados biológicos de B. tabaci biótipo B obtidos para o genótipo IAC-Harmonia sugerem um possível mecanismo de resistência pela não preferência para alimentação e/ou antibiose, já que afetou negativamente o desenvolvimento do inseto. Pelos dados, verifica-se um prolongamento de 4,07 dias no período de ovo a adulto do inseto no genótipo IAC-Harmonia em relação ao Pérola, o qual se destacou como o mais adequado ao desenvolvimento desta mosca-branca. De acordo com LARA (1991)LARA, F.M. (2 Ed.). Princípios de resistência de plantas a insetos. São Paulo: Ícone, 1991. 336p., quando os insetos necessitam de um tempo maior para completar o estágio imaturo, sugere-se o tipo de resistência de não preferência para alimentação e/ou antibiose.

Teste de não preferência para oviposição de B. tabaci biótipo B

Para o teste com chance de escolha, considerando o número de ovos por cm2, os genótipos não diferiram entre si (Tabela 2), variando de 0,79 (IPR-Siriri) a 2,63 ovos por cm2 (BRS Pontal).

Tabela 2
Número médio de ovos de Bemisia tabaci biótipo B por cm2 de folíolo, em genótipos de Phaseolus vulgaris, em testes com e sem chance de escolha. Jaboticabal (SP), 2012.

Para o teste sem chance de escolha, as médias do número de ovos por cm2também não diferiram entre os genótipos (Tabela 2), sendo o menor número de ovos por cm2 de 0,46, para IAC-Harmonia, e o maior, de 1,36 ovos por cm2, em IAC-Diplomata.

JESUS et al. (2009)JESUS, F.G.; BOIÇA JUNIOR, A.L.; JANINI, J.C.; SILVA, A.G.; CARBONEL, S.A.M.; CHIORATO, A.F. Interação de variedades, óleo de nim e inseticidas no controle de Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B e Caliothrips phaseoli (Hood) (Thysanoptera: Thripidae). Boletín de Sanidad Vegetal Plagas, Madrid, v.35, n.3, p.491-500, 2009., analisando o número de ovos de B. tabaci biótipo B entre os genótipos IAC-Harmonia, IAC-Centauro, Pérola e Carioca, em cinco amostragens (aos 14, 21, 28, 35 e 42 dias após a emergência das plantas), verificaram que não houve diferença entre os genótipos em nenhuma das avaliações.

JESUS (2007)JESUS, F.G. Resistência de genótipos de feijoeiro ao ataque de Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera:Aleyrodidae) e Caliothrips phaseoli (Hood.) (Thysanoptera:Thripidae). 2007. 83f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-graduação em Entomologia Agrícola, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Jaboticabal, 2007. verificou que o número médio de ovos de B. tabaci obtidos em seis amostragens em campo efetuadas 25, 32, 39, 46, 53 e 60 dias depois da emergência das plantas de 19 genótipos de feijoeiro não diferiram entre si em avaliações nas três safras de cultivo, entre eles IAC-Carioca Tybatã, Pérola, IAC- Alvorada, IAC-Diplomata, BRS Pontal, IAC-Una, genótipos que também foram testados nessa pesquisa.

CONCLUSÕES

O genótipo IAC-Harmonia prolongou os períodos ninfal e de ovo a adulto de B. tabaci biótipo B, caracterizando o tipo de resistência de não preferência para alimentação e/ou antibiose.

Os genótipos testados foram igualmente ovipositados por essa mosca-branca, em testes com e sem chance de escolha.

AGRADECIMENTO

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa à primeira autora.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    28 Set 2012
  • Aceito
    19 Dez 2013
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