Acessibilidade / Reportar erro

Vírus que infectam fungos fitopatogênicos* * Este artigo foi revisado após a data de aceite, pois a classificação das espécies de vírus foi atualizada em abril de 2017.

Virus infecting phytopathogenic fungi

RESUMO:

Micovírus são vírus que infectam todos os taxa de fungos. São geralmente crípticos (latentes), mas podem causar pequenas ou imperceptíveis alterações no hospedeiro. Nos fungos fitopatogênicos, os vírus podem interferir com os sintomas e, em alguns casos, reduzir a virulência de seu hospedeiro; por esta razão, são objeto de estudo, por serem um potencial agente de biocontrole e por serem ferramentas importantes para o conhecimento sobre os mecanismos de patogênese de fungos. A presente revisão teve o objetivo de reunir os dados de literatura relacionados aos aspectos gerais da biologia e do comportamento dos micovírus presentes em alguns fungos fitopatogênicos.

PALAVRAS-CHAVE:
micovírus; biocontrole; hipovirulência; incompatibilidade vegetativa

ABSTRACT:

Mycovirus are viruses that infect all taxa of fungi. They are generally cryptic or latent, but they can induce minor or imperceptible changes in hosts. Mycoviruses can interfere with the symptoms induced by phytopathogenic fungi hosts, and in some cases they reduce the virulence of its host. Therefore, they are objects of study since they are potential biocontrol agents and are important tools for knowledge of fungal pathogenesis mechanisms. The aim of this review was to gather literature data concerning general aspects of biology and behavior of mycovirus, focusing some phytopathogenic mycovirus.

KEYWORDS:
mycovirus; biocontrol; hypovirulence; vegetative incompatibility

MICOVÍRUS

Micovírus são vírus que se replicam em células de fungos e que não possuem fase extracelular nem vetores conhecidos. Dessa forma, para garantir sua sobrevivência, geralmente causam pouco ou nenhum efeito sobre seus hospedeiros, porém há exceções.

Como os fungos, durante grande parte de seu ciclo de vida, produzem muitos tipos de esporos e trocam material citoplasmático na fusão de hifas vegetativamente compatíveis, os vírus que infectam fungos têm sua disseminação e dispersão asseguradas (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

Os micovírus infectam fungos de todos os filos, tanto os verdadeiros como os oomicetos dos gêneros Pythium e Phytophthora (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.). A presença de micovírus já foi relatada em cogumelos comestíveis, como Agaricus, Lentinula, Pleurotus e Tcholoma (KIM et al., 2013KIM, J.-M.; YUN, S.-H.; PARK, S.-M.; KO, H.-G; KIM, S.-H. Occurrence of dsRNA mycovirus (LeV-FMRI0339) in the edible mushroom Lentinula edodes and meiotic stability of LeV-FMRI0339 among monocaryotic progeny. Plant Pathology Journal, v.29, p.460-464, 2013.); em leveduras (Saccharomyces, Schizosaccharomyces e Zygosaccharomyces) (SCHMITT; BREINING, 2006SCHMITT, M.J.; BREINING, F. Yeast viral killer toxins: lethality and self-protection. Nature Reviews Microbiology, v.4, p.212-221, 2006.); em fungos de importância médica, como Candida, Aspergillus e Penicillium (SANDE et al., 2010SANDE, W.W.; LO-TEM-FOE, J.R.; BELKUM, A.; NETEA, M.G.; KULLBERG, B.J.; VONK, A.G. Mycoviruses: future therapeutic agentes of invasive fungal infections in humans? European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases, v.29, p.755-763, 2010.; REFOS et al., 2013REFOS, J.M.; VONK, A.G.; EADIE, K.; LO-TEN-FOE, J.; VERBRUG, H.A.; DIEPENINGEN, A.D.; SANDE, W.W.J. Double-stranded RNA mycovirus infection of Aspergillus fumigatus is not dependent on the genetic make-up of the host. PLoS One, 2013. Disponível em: <Disponível em: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0077381 >. Acesso em: 20 jan. 2015.
http://journals.plos.org/plosone/article...
); fungos entomopatogênicos (Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Paecilomyces fumosoroseus) (TIAGO et al., 2004TIAGO, P.V.; FUNGARO, M.H.; de FARIA, M.R.; FURLANETO, M.C. Effects of double-stranded RNA in Metarhizium anisopliae var. acridum and Paecilomyces fumosoroseus on protease activities, conidia production, and virulence. Canadian Journal of Microbiology, v.50, p.335-339, 2004.); fungos endofíticos (Torrubiella confragosa) (HERRERO et al., 2009HERRERO, N.; SÁNCHEZ, S.; ZABALGOGEAZCOA, I. Mycoviruses are common among different species of fungal endophytes of grasses. Archives of Virology, v.154, p.327-330, 2009.); e em muitas espécies de fungos fitopatogênicos.

O primeiro relato da ocorrência de vírus em fungos data de 1948, na Pensilvânia, em uma produção de cogumelos comestíveis Agaricus bisporus, cujos sintomas eram a má-formação e as perdas na produção. Entretanto, só em 1962 foram encontradas partículas virais isométricas e alongadas nos esporóforos dos cogumelos doentes (HOLLINGS, 1962HOLLINGS, M. Viruses associated with die-back disease of cultivated mushroom. Nature, v.196, p.962-965, 1962.), ano considerado como o nascimento da micovirologia (GHABRIAL; SUZUKI, 2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.). Nessa mesma época, foi descoberto que os dsRNAs (do inglês, double-stranded RNA) virais presentes nos extratos de isolados de Penicillium stoloniferum induziam a síntese de interferon (BANKS et al., 1968BANKS, G.T.; BUCK, K.W.; CHAIN, E.B.; HIMMELWEIT, F.; MARKS, J.E.; TYLER, J.M. Viruses in fungi and interferon stimulation. Nature, v.218, p.542-545, 1968.), uma proteína antiviral produzida por animais, desencadeando interesse nesses micro-organismos (BUCK, 1988BUCK, K.W. From interferon induction to fungal viruses. European Journal of Epidemiology, v.4, p.395-399, 1988.).

A maior parte do conhecimento sobre micovírus existente está relacionada a perdas na produção de cogumelos, a efeitos sobre leveduras durante a fermentação e, principalmente, à redução de virulência de fungos fitopatogênicos (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). Embora mais de 250 micovírus tenham suas sequências genômicas depositadas no National Center for Biotechnology Information (NCBI) (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), poucos são os trabalhos sobre vírus que infectam fungos, quando comparados aos publicados sobre vírus cujos hospedeiros são plantas ou animais (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.).

No Brasil, estudos sobre micovírus já foram realizados em fungos entomopatogênicos, como Metarhizium anisopliae (SANTOS et al., 2011SANTOS, V.; LOPES, M.S.; FREGOLENTE, M.C.D.; GATTI, M.S.V.; DELALIBERA JR., I. Riqueza de vírus de RNA de fita dupla em isolados de Metarhizium anisopliae. In: SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICO, 12., 18 a 21 de julho de 2011. Anais… 2011.), e fitopatogênicos, como Colletotrichum gloeosporioides, patógeno de caju (FIGUEIREDO et al., 2012FIGUEIREDO, L.C.; FIGUEIREDO, G.S.; GIANCOLI, A.C.H.; TANAKA, F.A.O.; SILVA, L.A.O.; KITAJIMA, E.W.; FILHO, S.A.; AZEVEDO, J.L. Detection of isometric, dsRNA-containing viral particles in Colletotrichum gloeosporioides isolated from cashew tree. Tropical Plant Pathology, v.37, p.142-144, 2012.), Guignardia citricarpa, patógeno de citros (MONTENEGRO, 2010MONTENEGRO, D.H. RNA dupla fita em Guignardia citricarpa: obtenção, cura, transmissão e alterações fenotípicas. 2010. 93f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas - Área de Concentração Genética) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.), Pseudocercospora griseola, patógeno de feijão (LIMA, 2008LIMA, S.S. Incidência e transmissão de dsRNA em Pseudocercospora griseola, agente causal da mancha-angular do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris). 42p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.), e Rhizoctonia solani, patógeno de feijão e soja (KURAMAE et al., 2002KURAMAE, E.E.; NOZAKI, D.N.; FENILLE, R.C.; CERESINE, P.C.; SOUZA, N.L. Elemento extra-cromossomal dsRNA em Rhizoctonia solani AG4 HGI e AG2-2 IIIB e Rhizoctonia spp. binucleada associados às culturas de feijão e amendoim. Summa Phytopathologica, v.28, p.52-57, 2002.). Em estudo ainda não concluído, PICARELLI et al. (2015PICARELLI, M.A.S.C.; GOBATTO, D.; PATRICIO, F.R.A.; RIVAS, E.B.; HARAKAVA, R.; COLARICCIO, A. Study on mycovirus in Rhizoctonia solani as a biological control strategy to Rhizoctonia disease of turfgrass. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VIROLOGIA, 2015. Virus Reviews & Research, v.20, Supplement 1, p.67, 2015. ) detectaram a presença de dsRNAs de diferentes tamanhos e partículas virais isométricas em R. solani, patógeno de grama esmeralda.

Esta revisão reúne dados da literatura relacionados aos aspectos gerais da biologia e do comportamento dos micovírus presentes em fungos fitopatogênicos, considerando que são potenciais agentes de controle biológico, representando uma alternativa ao controle convencional dos fungos fitopatogênicos.

TAXONOMIA DE MICOVÍRUS

Na taxonomia viral, independentemente do hospedeiro, são consideradas como características a gama de hospedeiros, o modo de transmissão na natureza, a morfologia e o tamanho da partícula, a presença ou a ausência de capsídeo e de envelope, o tipo e o número de segmentos de ácido nucleico, a organização genômica e a porcentagem de identidade entre as sequências genômicas (KING et al., 2012KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. 1327p.).

De acordo com as informações coletadas no site do International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV), na décima edição do Report of ICTV e nas demais literaturas, são 97 espécies aceitas de micovírus, classificadas em 23 gêneros, 15 famílias, uma subfamília (Spinareovirinae) e duas ordens (Mononegavirales e Tymovirales - famílias Alphaflexiviridae e Gammaflexiviridae) (Tabela 1). Três espécies e dois gêneros aguardam o parecer do ICTV para serem classificadas em nível de gênero e família, respectivamente.

Tabela 1:
Classificação dos vírus que infectam fungos e oomicetos fitopatogênicos, baseada no 10° Report of ICTV, ICTV on line.

Em comparação aos vírus que infectam plantas (23 famílias e 104 gêneros) (KING et al., 2012KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. 1327p.), a diversidade dos micovírus é muito menor. Essa diferença pode ser explicada por vários fatores, como o pequeno número de virologistas trabalhando com micovírus, o fato de esse patógeno comumente não induzir sintomas e pelo descarte de colônias anormais feito pela maioria de micologistas, que ainda não têm a informação de que elas poderiam ser úteis no estudo de micovírus (GHABRIAL; SUZUKI, 2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.). Acrescenta-se a isso a questão das técnicas de detecção e caracterização. Aquelas empregadas em fitovirologia, como a purificação das partículas virais e a microscopia eletrônica de transmissão, não favorecem a detecção de micovírus que não possuem capsídeos, como ocorre com as espécies das famílias Endornaviridae, Narnaviridae e Hypoviridae (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

Os micovírus possuem genoma de RNA, talvez pelo fato de os vírus com esse tipo de genoma possuírem altas taxas de mutação durante a replicação, possibilitando maior capacidade de adaptação a novos ambientes, tornando a população viral mais dinâmica e heterogênea (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.). Além disso, nos anos 1970, foi estabelecido um dogma de que o genoma de micovírus era de dsRNA ou ssRNA de senso positivo (do inglês, positive-sense single-stranded RNA), condicionando a pesquisa por metodologias específicas para a detecção desses genomas, em detrimento à detecção dos genomas de ssRNA de senso negativo ou DNA (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). Atualmente, constam do ICTV 75 espécies de micovírus de dsRNA e 21 espécies de ssRNA. Genoma de DNA foi descrito em 2010 quando YU et al. (2010YU, X.; LI, B.; FU, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. A geminivirus-related DNA mycovirus that confers hypovirulence to a plant pathogenic fungus. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.107, p.8387-8392, 2010.) relataram um vírus de ssDNA circular no fungo fitopatogênico Sclerotinia sclerotiorum, o qual denominaram Sclerotinia sclerotiorum hypovirulence-associated DNA virus 1 (SsHADV-1), que passou a ser denominada Sclerotinia gemycircularvirus 1 pela 10ª edição do Report of ICTV.

Além daquelas aceitas pelo ICTV, outras espécies de vírus que infectam fungos fitopatogênicos são descritas na literatura, entre elas as identificadas pela técnica deep sequencing (RWAHNIH et al., 2011RWAHNIH, M.; DAUBERT, S.; ÚRBEZ-TORRES, J.; CORDERO, F.; ROWHANI, A. Deep sequencing evidence from single grapevine plants reveals a virome dominated by mycoviruses. Archives of Virology, v.156, p.397-403, 2011. ).

Assim, os vírus descritos em fungos fitopatogênicos são, em sua maioria, os que possuem genoma de dsRNA em partículas (Tabela 1). Já os micovírus com genoma de ssRNA geralmente não possuem capsídeo, ocorrem em sua forma replicativa (dsRNA) e encontram-se no citoplasma, com exceção de Narnaviridae, cujos representantes podem estar presentes também em mitocôndrios (GHABRIAL; SUZUKI, 2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.).

Na Tabela 1 é apresentada a compilação da classificação dos vírus que infectam fungos fitopatogênicos, adaptada de GHABRIAL; SUZUKI (2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.), BOINE (2012BOINE, B. A study of the interaction between the plant pathogenic Botrytis cinerea and the filamentous ssRNA mycoviruses Botrytis virus X and Botrytis virus F. 256p. Tese (Doutorado de Filosofia em Ciência Biológica) - Universidade de Auckland, Nova Zelândia, 2012.), DAS et al. (2014DAS, S.; FALLOON, R.E.; STEWART, A.; PITMAN, A.R. Molecular characterization of an endornavirus from Rhizoctonia solani AG-3 PT infecting potato. Fungal Biology, v.118, p.924-934, 2014.), LI et al. (2014LI, W.; ZHANG, T.; SUN, H.; DENG, Y.; ZHANG, A.; CHEN, H.; WANG, K. Complete genome sequence of a novel endornavirus in the wheat sharp eyespot pathogen Rhizoctonia cerealis. Archives of Virology, v.159, p.1213-1216, 2014.), XIE; JIANG (2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), ZHENG et al. (2014ZHENG, L.; MEILING, Z.; QIGUANG, C.; MINGHAI, Z.; ERXUN, Z. A novel mycovirus closely related to virus in the genus Alphapartitivirus confers hypovirulence in the phytopathogenic fungus Rhizoctonia solani. Virology, v.456-457, p.220-226, 2014.), ZIJIN et al. (2014ZIJIN, H.; SONGSONG, W.; JIASEN, C.; YANPING, F.; DAOHONG, J.; JIATAO, X. Molecular characterization of two positive-strand RNA viruses co-infecting hypovirulent strain of Sclerotinia sclerotiorum. Virology, v.464-465, p.450-459, 2014.) e das informações disponibilizadas no site do ICTV (http://www.ictvonline.org/virusTaxonomy.asp, atualizado em abril/2017).

Micovírus da família Chrysoviridae possuem genoma constituído por quatro segmentos lineares de dsRNA, com tamanhos aproximados de 2,9, 3,0, 3,2 e 3,5 Kbp, que são encapsidados em quatro diferentes partículas isométricas, não envelopadas, de 35 a 40 nm de diâmetro (GHABRIAL; CASTÓN, 2012GHABRIAL, S.A.; NIBERT, M.L.; MAISS, E.; LESKER, T.; BAKER, T.S.; TAO, Y.J. Family Partitiviridae. In: KING, A.M.Q.; LEFKOWITZ, E.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.523-534.). Cada um dos segmentos codifica para uma proteína: a RNA polimerase dependente de RNA (RdRp) associada à partícula viral; a proteína do capsídeo; a P3 e a P4 de função ainda desconhecida. Em seus hospedeiros, os chrysovírus ocorrem em infecções latentes (GHABRIAL; CASTÓN, 2012GHABRIAL, S.A.; NIBERT, M.L.; MAISS, E.; LESKER, T.; BAKER, T.S.; TAO, Y.J. Family Partitiviridae. In: KING, A.M.Q.; LEFKOWITZ, E.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.523-534.), embora alguns, ainda não reconhecidos pelo ICTV, induzam hipovirulência (GHABRIAL et al., 2015GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R.; JIANG, D.; NIBERT, M.L.; SUZUKI, N. 50-plus years of fungal viruses. Virology, v.479-480, p.356-368, 2015.).

Os Endornaviridae apresentam genoma de um único segmento linear de dsRNA, com tamanho de 14,0 a 17,6 Kbp, associado a RdRp (FUKUHARA; GIBBS, 2012FUKUHARA, T.; GIBBS, M.J. Family Endornaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.519-521.). Esses vírus não possuem capsídeo, mas tanto o dsRNA genômico quanto a RdRp têm sido detectados dentro de vesículas citoplasmáticas (FUKUHARA; GIBBS, 2012FUKUHARA, T.; GIBBS, M.J. Family Endornaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.519-521.). A única open reading frame (ORF) do genoma codifica para uma poliproteína clivada em polipeptídeos funcionais e com função desconhecida (FUKUHARA; GIBBS, 2012FUKUHARA, T.; GIBBS, M.J. Family Endornaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.519-521.).

Na família Megabirnaviridae, no gênero Megabirnavirus, há apenas a espécie Rosellinia necatrix megabirnavirus 1, que possui genoma constituído por dois segmentos lineares de dsRNA de 7,2 e 8,9 Kb, separadamente encapsidados em partículas isométricas não envelopadas de 50 nm de diâmetro (SALAIPETH et al., 2014). O segmento maior codifica para a proteína do capsídeo e para a RdRp, enquanto o menor está relacionado à hipovirulência e codifica pequenas proteínas com função desconhecida (KANEMATSU et al., 2014KANEMATSU, S.; SHIMIZU, T.; SALAIPETH, L.; YAEGASHI, H.; SASAKI, A.; ITO, T.; SUZUKI, N. Genome rearrangement of a mycovirus Rosellinia necatrix megabirnavirus 1 affecting its ability to attenuate virulence of the host fungus. Virology, v.450-451, p.308-315, 2014.).

Três dos cinco gêneros da família Partitiviridae, Alphapartitivirus, Betapartitivirus e Gammapartitivirus, possuem espécies de micovírus que, em geral, estão associadas a infecções latentes (GHABRIAL et al., 2015GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R.; JIANG, D.; NIBERT, M.L.; SUZUKI, N. 50-plus years of fungal viruses. Virology, v.479-480, p.356-368, 2015.). Os membros desses gêneros possuem dois segmentos genômicos lineares de dsRNA, com tamanho entre 1,4 e 2,4 Kbp, encapsidados separadamente em partículas de 30 e 43 nm de diâmetro, não envelopadas (GHABRIAL et al., 2012GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Family Chrysoviridae. In: KING, A.M.Q.; LEFKOWITZ, E.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.509-513.). O segmento maior codifica para a RdRp, e o menor, para a proteína do capsídeo.

Em Quadriviridae possui um único gênero, Quadrivirus, com uma única espécie descrita, Rosellinia necatrix quadrivirus 1. Tal espécie possui quatro segmentos genômicos de dsRNA de tamanhos que variam entre 4,9 e 3,7 Kbp, encapsidados separadamente em partículas isométricas de aproximadamente 45 nm de diâmetro (LIN et al., 2012LIN, Y.H.; CHIBA, S.; TANI, A.; KONDO, H,; SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; SUZUKI, N. A novel quadripartite dsRNA virus isolated from a phytopathogenic filamentous fungus, Rosellinia necatrix. Virology, v.426, p.42-50, 2012.). Um segmento codifica para a RdRp, dois segmentos codificam conjuntamente para a proteína do capsídeo, e a proteína codificada pelo último segmento não tem função conhecida. Não induzem alterações fenotípicas no hospedeiro (LIN et al., 2012LIN, Y.H.; CHIBA, S.; TANI, A.; KONDO, H,; SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; SUZUKI, N. A novel quadripartite dsRNA virus isolated from a phytopathogenic filamentous fungus, Rosellinia necatrix. Virology, v.426, p.42-50, 2012.).

Reoviridae reúne espécies, no gênero Mycoreovirus, com 11 ou 12 segmentos lineares de dsRNA, com tamanhos que variam entre 0,7 e 4,1 Kbp, e com uma única ORF cada. Esses segmentos são encapsidados em diferentes partículas icosaédricas de capsídeo duplo, com 80 nm de diâmetro (HILLMAN; SUZUKI, 2005HILLMAN, B.I.; SUZUKI, N. Viruses of the chestnut blight fungus, Chryphonectria parasitica. Advances in Virus Research, v.63, p.423-472, 2005.; WEI et al., 2004WEI, C.Z.; OSAKI, H.; IWANAMI, T.; MATSUMOTO, N.; OHTSU, Y. Complete nucleotide sequence of genome segments 1 and 3 of Rosellinea anti-rot virus in the family Reoviridae. Archives of Virology, v.149, p.773-777, 2004.). Todas as espécies relatadas conferem hipovirulência a seus hospedeiros (GHABRIAL et al., 2015GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R.; JIANG, D.; NIBERT, M.L.; SUZUKI, N. 50-plus years of fungal viruses. Virology, v.479-480, p.356-368, 2015.).

Membros de Totiviridae que infectam fungos pertencem aos gêneros Totivirus e Victorivirus, os quais agrupam espécies com um único segmento genômico linear de dsRNA, com tamanho entre 4,6 e 7 Kbp, encapsidado em partícula isométrica, não envelopada, de 40 nm de diâmetro (LI et al., 2011LI, H.; HAVENS, W.M.; NIBERT, M.L.; GHABRIAL, S.A. RNA sequence determinants of a couple termination-reinitiation strategy for downstream Open Reading Frame translation in Helminthosporium victoriae virus 190S and other victoriviruses (Family Totiviridae), Journal of Virology, v.85, p.7343-7352, 2011.).

Os membros da família Metaviridae são retrotransposons com longas terminações repetidas (LTR - Long Terminal Repeats) em ambas as extremidades de seus genomas, referidos como LTR retrotransposon da família Ty3-gypsy (EICKBUSH et al., 2012EICKBUSH, T.; BOEK, J.D.; SANDMEYER, S.B.; VOYTAS, D.F. Family Metaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press, 2012. p.457-466.). Assim, os segmentos de DNA incorporados ao genoma do hospedeiro são provenientes de um genoma de RNA de senso positivo que codifica para uma proteína capsidial (gag) e uma poliproteína, englobando uma protease, transcriptase reversa, RNase H e integrase (EICKBUSH et al., 2012EICKBUSH, T.; BOEK, J.D.; SANDMEYER, S.B.; VOYTAS, D.F. Family Metaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press, 2012. p.457-466.). Dos três gêneros dessa família, apenas em Metavirus encontramos espécies que infectam fungos fitopatogênicos.

Dois dos sete gêneros de Alphaflexiviridae possuem representantes que infectam fungos, ambos com apenas uma espécie descrita em cada, Botrexvirus (Botrytis virus X) e Sclerodarnavirus (Sclerotinia sclerotiorum debilitation associated RNA virus), diferindo pela presença ou pela ausência de capsídeo, respectivamente. A morfologia do capsídeo de Botrexvirus é alongada flexuosa, com 720 nm de comprimento e 13 nm de diâmetro (PEARSON; BAILEY, 2013PEARSON, M.N.; BAILEY, A.M. Viruses of Botrytis. Advances in Virus Research, v.86, p.249-272, 2013.). Embora o genoma desses dois gêneros de micovírus seja constituído por uma única molécula linear de ssRNA de senso positivo, o tamanho de Botrexvirus é maior (7 Kbp) e possui 5 ORFs (PEARSON; BAILEY, 2013PEARSON, M.N.; BAILEY, A.M. Viruses of Botrytis. Advances in Virus Research, v.86, p.249-272, 2013.), enquanto o de Sclerodarnavirus é menor (5,4 Kbp) e possui uma ORF que codifica apenas para RdRp (XIE et al., 2006XIE, J.; WEI, D.; JIANG, D.; FU, Y.; LI, G.; GHABRIAL, S.A.; PENG, Y. Characterization of debilitation-associated mycovirus infecting the plant-pathogenic fungus Sclerotionia sclerotiorum. Journal of General Virology, v.87, p.241-249, 2006.).

A família Gammaflexiviridae é composta de um único gênero, Mycoflexivirus, com apenas uma espécie descrita, Botrytis vírus F. Seu genoma de um único segmento linear de ssRNA, senso positivo, com 6,8 Kbp, está contido em uma partícula de morfologia alongado-flexuosa de 720 nm de comprimento por 13 nm de diâmetro (HOWITT et al., 2001HOWITT, R.L.J.; BEEVER, R.E.; PEARSON, M.N.; FORSTER, R.L.S. Genome characterization of Botrytis virus F, a flexuous rod-shaped mycovirus resembling plant ‘potex-like’ viruses. Journal of General Virology, v.82, p.67-78, 2001.; PEARSON; BAILEY, 2013PEARSON, M.N.; BAILEY, A.M. Viruses of Botrytis. Advances in Virus Research, v.86, p.249-272, 2013.). Em B. cinerea já foi relatada infecção mista com Botrytis virus X (PEARSON; BAILEY, 2013PEARSON, M.N.; BAILEY, A.M. Viruses of Botrytis. Advances in Virus Research, v.86, p.249-272, 2013.).

Membros da família Hypoviridae, com um único gênero, Hypovirus, possuem genoma de ssRNA, de senso positivo, não protegido por uma capa proteica, mas contido, com a polimerase, em uma vesícula pleomórfica de natureza lipídica, com 50 a 80 nm de diâmetro, cuja origem é a célula do fungo hospedeiro (NUSS; HILLMAN, 2012NUSS, D.L.; HILLMAN, B.I. Family Hypoviridae. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.1029-1033.). O genoma de 9 a 13 Kbp codifica para uma poliproteína que inclui uma RdRp (NUSS; HILLMAN, 2012NUSS, D.L.; HILLMAN, B.I. Family Hypoviridae. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses. London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.1029-1033.). A maioria dos vírus presentes nessa família está relacionada à hipovirulência de seu hospedeiro (GHABRIAL et al., 2015GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R.; JIANG, D.; NIBERT, M.L.; SUZUKI, N. 50-plus years of fungal viruses. Virology, v.479-480, p.356-368, 2015.).

Narnaviridae compreende dois gêneros, mas apenas Mitovirus infectam fungos. O genoma das espécies de Mitovirus é um segmento linear de ssRNA, senso positivo, com tamanho de 2,3 a 2,7 Kbp, não contido em capsídeo, mas sim em vesículas lipídicas (HILLMAN; CAI, 2013HILLMAN, B.I.; CAI, G. The family Narnaviridae: simplest of RNA viruses. Advances in Virus Research, v.86, p.149-176, 2013.). O genoma de Mitovirus, que codifica apenas para a RdRp, está presente apenas em mitocôndrios (HILLMAN; CAI, 2013HILLMAN, B.I.; CAI, G. The family Narnaviridae: simplest of RNA viruses. Advances in Virus Research, v.86, p.149-176, 2013.).

A família Mymonaviridae foi proposta para contemplar o virus Sclerotinia sclerotimonavirus (ICTV, 2017ICTV. International Committee on Taxonomy of viruses. Disponível em: <Disponível em: http://www.ictvonline.org/vírusTaxonomy.asp >. Acesso em: 04 maio 2017.
http://www.ictvonline.org/vírusTaxonomy....
). Esse vírus possui partículas alongado-flexuosas com aproximadamente 1.000 nm de comprimento por 25 a 50 nm de diâmetro, genoma linear de ssRNA de senso negativo com tamanho de 10 Kbp e está relacionado à hipovirulência (LIU et al., 2014LIU, L.; XIE, J.; CHENG, J.; FU, Y.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. Fungal negative-stranded RNA virus that is related to bornaviruses and nyaviruses. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America, v.111, p.12205-12210, 2014.).

A espécie Sclerotinia gemycircularvirus 1 SsHADV-1 tem como genoma um segmento de ssDNA circular de 2,2 Kbp, contido em partícula isométrica de 20 a 22 nm de diâmetro, está relacionada à hipovirulência (YU et al., 2010YU, X.; LI, B.; FU, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. A geminivirus-related DNA mycovirus that confers hypovirulence to a plant pathogenic fungus. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.107, p.8387-8392, 2010.).

TRANSMISSÃO DE MICOVÍRUS

Na natureza, a transmissão de micovírus ocorre célula a célula, podendo ser horizontal ou vertical (LIU et al., 2012LIU, H.; FU, Y.; XIE, J.; GHABRIAL, S.A. Discovery of novel dsRNA viral sequences by in silico cloning and implications for viral diversity, host range and evolution. PLoS One, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://www.plosone.org/search/simple?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=discovery+of+a+novel+dsRNA+viral+sequences+&x=14&y=11 >. Acesso em: 20 maio 2015.
http://www.plosone.org/search/simple?fro...
). Uma vez no interior dos fungos, os vírus movimentam-se pelos septos através das correntes citoplasmáticas, não se conhecendo, atualmente, nenhum mecanismo específico responsável por esse movimento.

A transmissão vertical, por divisão de células na produção de esporos sexuais ou assexuais, é a mais comum e ocorre com frequência variável. Já foram relatadas taxas de 100% de transmissão de vírus na produção de esporos assexuais, o que dificulta a obtenção de isolados isogênicos sem micovírus (COENEN et al., 1997COENEN, A.; KEVEI, F.; HOEKSTRA, R.F. Factors affecting the spread of double-stranded RNA viruses in Aspergillus nidulans. Genetics Research, v.69, p.1-10, 1997.). A transmissão por esporos sexuais é variável entre as espécies de fungos e de vírus, mas não é considerada um evento raro (PEARSON, 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.). Esse tipo de transmissão ocorre mais frequentemente em basidiomicetos (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.), embora CHU et al. (2004CHU, Y.M.; LIM, W.S.; YEA, S.-J.; CHO, J.D.; LEE, Y.-M.; KIM, K.-H. Complexity of dsRNA mycovirus isolated from Fusarium graminearum. Virus Genes, v.28, p.135-143, 2004.) tenham encontrado taxas de até 100% de transmissão de dsRNA em conídios de F. graminearum e em ascósporos de Gibberella zeae.

A transmissão horizontal, dada pela fusão de hifas e pela troca de material citoplasmático com vírus, é bastante variável e depende da compatibilidade vegetativa entre as hifas, um mecanismo de reconhecimento geneticamente controlado (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.). A incompatibilidade vegetativa, caracterizada por compartimentação e lise das células envolvidas, é semelhante à reação de hipersensibilidade em plantas (PAOLETTI; SAUPE, 2009PAOLETTI, M.; SAUPE, S.J. Fungal incompatibility: evolutionary origin in pathogen defense? Bioessays, v.31, p.1201-1210, 2009.) e constitui a principal barreira ao sucesso do controle biológico por micovírus.

Quanto maior a diversidade da população do hospedeiro, menores são as taxas de transmissão de um dado vírus, embora a menor diversidade não seja garantia da transmissão, evidenciando a existência de outros fatores (NUSS, 2010NUSS, D.L. Mycoviruses. In: BORKOVICH, K.A.; EBBOLE, D.J. (Eds). Cellular and Molecular Biology of Filamentous Fungi. Washington, D.C.: AMS Press, 2010. Cap.12, p.145-152.).

Não obstante a transmissão de micovírus ser relativamente rara entre diferentes espécies e gêneros de fungos, quando ela ocorre possibilita a introdução do vírus em novos hospedeiros. Na natureza, a transmissão viral entre fungos de espécies distantes pode ocorrer por causa da semelhança genética entre os vírus que os infectam (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). Esse fato foi descrito em Rhizoctonia solani M2 virus infectando diversos grupos de anastomose de R. solani somaticamente incompatíveis, ocasionando ou não as mesmas alterações fenotípicas (CHARLTON et al., 2008CHARLTON, N.D.; CARBONE, I.; TAVANTZIS, S.M.; CUBETA, M.A. Phylogenetic relatedness of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia fungi. Mycologia, v.100, p.555-564, 2008.), e em Ophiostoma mitovirus 3a (OM3a), infectando Ophiostoma novo-ulmi e Sclerotinia homoeocarpa, induzindo efeitos opostos sobre a virulência desses dois hospedeiros (ZHOU; BOLAND, 1998ZHOU, T.; BOLAND, G.J. Biological control strategies for Sclerotinia diseases. In: BOLAND, G.J.; KUYKENDALL, L.D. Plant microbe interactions and biological control. Dekker, New York: CRC Press, 1998. p.127-156.).

A transmissão pode ser feita, experimentalmente, pela anastomose de hifas, entretanto foi obtida também pela infecção de protoplastos e fragmentos de hifas de S. sclerotiorum por partículas virais purificadas do SsHADV-1 (YU et al., 2012YU, X.; LI, B.; FU, Y.; JIANG, D.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; PENG, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; HUANG, J.; YI, X. Extracellular transmission of a DNA mycovirus and its use as a natural fungicide. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.110, p.1452-1457, 2012.), ou por técnicas moleculares como fusão de protoplastos, transformação, transfecção e genética reversa. Para o Hypovirus de Cryphonectria parasitica, causador da murcha das castanheiras na Europa e na América do Norte, a técnica da genética reversa está bem estabelecida (NUSS, 2005NUSS, D.L. Hypovirulence: Mycorivus at the fungal-plant interface. Nature Reviews, v.3, p.632-642, 2005.).

ORIGEM E EVOLUÇÃO

Há duas hipóteses para a origem dos micovírus. Uma preconiza que a origem seria muito antiga, antes da separação entre os reinos de organismos. Ou seja, os micovírus e seus hospedeiros teriam coevoluído ao longo dos tempos, influenciando-se mutuamente (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.). Essa hipótese baseia-se no fato de que a transmissão horizontal dos vírus entre seus diferentes hospedeiros é evento raro, limitado por incompatibilidade vegetativa, que ocorre intracelularmente e sem vetores, e que, em geral, os micovírus não causam alterações evidentes em seus hospedeiros (BUCK, 1998BUCK, K. Molecular variability of viruses of fungi. In: BRIDGE, P.D.; COUTEAUDIER, Y.; CLACKSON, J.M. (Eds.). Molecular variability of fungal pathogens. Wallingford, UK: CAB International, 1998. p.53-72.). Corroboram essa hipótese de coevolução as pesquisas que identificaram a RdRp viral em mitocôndrios de Ophiostoma novo-ulmi infectados pelo mitovírus OnuMV6 (COLE et al., 2000COLE, T.E.; HONG, Y.; BRASIER, C.M.; BUCK, K.W. Detection of an RNA-dependent RNA polymerase in mitochondria from a mitovirus-infected isolate of the Dutch elm disease fungus, Ophiostoma novo-ulmi. Virology, v.268, p.239-243, 2000.) e as análises filogenéticas que sugerem que o gene da RdRp de Sclerotinia sclerotiorum mitovirus 1 está evolutivamente relacionado ao genoma de mitocôndrios de plantas (XU et al., 2015XU, Z.; WU, S.; LIU, L.; CHENG, J.; FU, Y.; JIANG, D.; XIE, J. A mitovirus related to plant mitochondrial gene confers hypovirulence on the phytopathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum. Virus Research, v.197, p.127-136, 2015.). Além disso, os micovírus alongados e flexuosos Botrytis virus X (família Alphaflexiviridae) e Botrytis virus F (família Gammaflexiviridae) são, respectivamente, muito semelhantes aos vírus de plantas Potexvirus e Allexivirus (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.), mas diferem de ambos quanto à gama de hospedeiros e à ausência de proteínas de movimento. Mudança de hospedeiro pode induzir, no vírus, perda de partes de segmentos genômicos que não lhes sejam mais úteis (GHABRIAL; SUZUKI, 2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.). O contrário também pode ocorrer. Ou seja, vírus de plantas que teriam evoluído de micovírus podem adquirir a capacidade de codificar proteínas de movimento (BOINE, 2012BOINE, B. A study of the interaction between the plant pathogenic Botrytis cinerea and the filamentous ssRNA mycoviruses Botrytis virus X and Botrytis virus F. 256p. Tese (Doutorado de Filosofia em Ciência Biológica) - Universidade de Auckland, Nova Zelândia, 2012.), permitindo o movimento célula a célula e à longa distância dentro da planta hospedeira.

A outra hipótese preconiza que a origem dos micovírus seria mais recente, com base no fato de que certas famílias de vírus possuem representantes que infectam hospedeiros de diferentes reinos, além de semelhanças genômicas entre eles (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.; SON et al., 2015).

Foram obtidas, por experimentos in silico (LIU et al., 2012LIU, H.; FU, Y.; XIE, J.; GHABRIAL, S.A. Discovery of novel dsRNA viral sequences by in silico cloning and implications for viral diversity, host range and evolution. PLoS One, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://www.plosone.org/search/simple?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=discovery+of+a+novel+dsRNA+viral+sequences+&x=14&y=11 >. Acesso em: 20 maio 2015.
http://www.plosone.org/search/simple?fro...
), novas sequências de dsRNA por meio de sequências expressas (EST), disponíveis na base de dados do NCBI, encontrando 119 sequências relacionadas às famílias Endornaviridae, Chrysoviridae, Partititviridae e Totiviridae, proveniente de biblioteca de cDNA, em hospedeiros não relatados para esses micovírus. Com base nesse resultado e em análises filogenéticas, LIU et al. (2012LIU, H.; FU, Y.; XIE, J.; GHABRIAL, S.A. Discovery of novel dsRNA viral sequences by in silico cloning and implications for viral diversity, host range and evolution. PLoS One, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://www.plosone.org/search/simple?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=discovery+of+a+novel+dsRNA+viral+sequences+&x=14&y=11 >. Acesso em: 20 maio 2015.
http://www.plosone.org/search/simple?fro...
) propuseram que esses dsRNA poderiam ter coevoluído com os diferentes reinos de seus hospedeiros por um longo período evolutivo, ou também poderia ter ocorrido a transmissão horizontal entre esses reinos.

TRANSMISSÃO DE MICOVÍRUS ENTRE HOSPEDEIROS VEGETATIVAMENTE INCOMPATÍVEIS

A incompatibilidade vegetativa é um mecanismo de reconhecimento self/nonself em fungos que resulta em morte celular programada (PCD) (BIELA et al., 2002BIELA, S.; SMITH, M.L.; AIST, J.R.; CORTESI, P.; MILGROOM, M.G. Programmed cell death correlates with virus transmission in a filamentous fungus. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, v.269, p.2269-2276, 2002.), um processo semelhante à resposta de hipersensibilidade em plantas que impede que as células geneticamente incompatíveis se fundam, impossibilitando a troca de citoplasma, material genético e patógenos como os micovírus. É controlada por genes de incompatibilidade vegetativa ou heterocariótica (vic ou het) (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). Microscopicamente, essa incompatibilidade pode ser identificada pela granulação, vacuolização e condensação do citoplasma, afastamento da membrana plasmática da parede celular e morte da célula (BIELA et al., 2002BIELA, S.; SMITH, M.L.; AIST, J.R.; CORTESI, P.; MILGROOM, M.G. Programmed cell death correlates with virus transmission in a filamentous fungus. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, v.269, p.2269-2276, 2002.). Macroscopicamente, observa-se uma barreira de células mortas (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

A reação de incompatibilidade heterogênica ou vegetativa é considerada um mecanismo de defesa dos fungos contra agentes que penetram nas hifas, como é o caso dos micovírus (IKEDA et al., 2013IKEDA, K.; INOUE, K.; KIDA, C.; UWAMORI, T. SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; PARK, P. Potentiation of mycovirus transmission by zinc compounds via attenuation of heterogenic incompatibility in Rosellinia necatrix. Applied Environmental Microbiology, v.79, p.3684-3691, 2013.).

Embora em um primeiro momento a reação de incompatibilidade vegetativa entre hifas possa dificultar a transmissão horizontal de micovírus, experimentos recentes in situ e in vitro têm demonstrado a sua ocorrência. XIE; JIANG (2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.) demonstraram transmissão in vitro entre dois isolados incompatíveis de S. sclerotiorum. BRUSINI; ROBIN (2013BRUSINI, J.; ROBIN, C. Mycovirus transmission revisited by in situ pairings of vegetatively incompatible isolates of Cryphonectria parasítica. Journal of Virological Methods, v.187, p.435-442, 2013.) constataram que a eficiência de transmissão de Cryphonectria hypovirus 1 (CHV1) entre isolados vegetativamente incompatíveis do fungo Chryphonectria parasitica era menor in vitro que in situ. YAEGASHI et al. (2013YAEGASHI, H.; NAKAMURA, H.; SAWAHATA, T.; SASAKI, A.; IWANAMI, Y.; ITO, T.; KANEMATSU, S. Appearance of mycovirus-like double-stranded RNAs in the white root rot fungus, Rosellinia necatrix, in an apple orchard. FEMS Microbiology Ecology, v.83, p.49-62, 2013.) também obtiveram transmissão de dsRNA in situ entre isolados incompatíveis de Rosellinia necatrix: em pomares, macieiras foram coinfectadas com dois isolados incompatíveis do fungo R. necatrix, um contendo um micovírus desconhecido, dsRNA N10, e outro não. Após três anos, os fungos incompatíveis foram novamente isolados das mesmas macieiras e ambos continham o micovírus dsRNA N10, comprovando-se, por pareamento de hifas e sequenciamento, que tanto os fungos quanto o micovírus tinham a mesma origem dos inicialmente inoculados.

A eficiência de transmissão in situ de micovírus pode ser explicada por fatores naturais que reduzem a resposta de incompatibilidade vegetativa do fungo, como a defesa da planta hospedeira diante do fungo, debilitando-o, e a diversidade de micro-organismos e condições ambientais presentes no campo (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

Porém, como a eficiência de transmissão do vírus in situ também é maior entre espécies diferentes de fungos, talvez outros fatores, ainda desconhecidos, possam atuar como vetores. No mesmo experimento citado, YAEGASHI et al. (2013YAEGASHI, H.; NAKAMURA, H.; SAWAHATA, T.; SASAKI, A.; IWANAMI, Y.; ITO, T.; KANEMATSU, S. Appearance of mycovirus-like double-stranded RNAs in the white root rot fungus, Rosellinia necatrix, in an apple orchard. FEMS Microbiology Ecology, v.83, p.49-62, 2013.) relataram a presença de seis diferentes dsRNAs nos isolados de R. necatrix obtidos após os três anos de duração do experimento (micovírus pertencentes aos gêneros Victorivirus e Partitivirus e outros não identificados), conjecturando se foram transmitidos por outras espécies de fungos presentes no solo, ou mesmo por vetores como micófagos, microartrópodes e nematoides.

Experimentalmente, XIE; JIANG (2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), por meio de transfecção biolística de cDNA do hypovírus Cryphonectria hypovirus 1, isolado de Cryphonectria parasitica, infectaram fungos dos gêneros Valsa e Phomopsis, da ordem Diaporthales, e com o cDNA do partitivírus Rosellinia necatrix virus 1, isolado de Rosellinia necatrix (ordem Xylariales), infectaram Diaporthe, Cryphonectria e Valsa (ordem Diaportales) e Glomerella (ordem Glomerellales), todos pertencentes à subclasse Sordariomycetes. Por outro lado, não houve a transfecção do DNA genômico do SsHADV-1, isolado de Sclerotinia minor, para Coniothyrium minitans, fungos pertencentes a diferentes classes do mesmo subfilo (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), apesar de C. minitans ser um micoparasita utilizado no controle biológico de S. minor. Esses experimentos sugerem a possibilidade da utilização da transfecção como técnica para aumentar a gama de hospedeiros de alguns micovírus de interesse, para posterior uso em controle biológico.

Ao contrário do que se preconizava, os micovírus podem ter um amplo círculo de hospedeiros e uma espécie de vírus pode infectar subgrupos de uma mesma espécie de fungo, como o dsRNA M2, que ocorre em diferentes grupos de anastomose de R. solani (CHARLTON; CUBETA, 2007CHARLTON, N.D.; CUBETA, M.A. Transmission of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia solani Anastomosis Group 3 (AG-3). Mycologia, v.99, p.859-867, 2007.); pode infectar diferentes espécies pertencentes a um mesmo gênero de fungo, como o Botrytis porri botybirnavirus 1 (BpRV1), que ocorre nas espécies de fungos Botrytis porri e B. squamosa (WU et al., 2012WU, M.; JIN, F.; ZHANG, J.; YANG, L.; JIANG, D. Characterization of a novel bipartite double-stranded RNA mycovirus conferring hypovirulence in the pathogenic fungus Botrytis porri. Journal of Virology, v.86, p.6605-6619, 2012.); ou pode infectar espécies pertencentes a diferentes gêneros de uma mesma família, como o BpRV1, que ocorre em B. porri e Sclerotinia sclerotiorum, ambos pertencentes à família Sclerotiniaceae (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.).

INTERAÇÃO MICOVÍRUS−HOSPEDEIROS

Os micovírus são geralmente crípticos (latentes) (PEARSON, 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.), mas podem causar pequenas ou imperceptíveis alterações morfológicas e fisiológicas no hospedeiro. Se as alterações forem, eventualmente, deletérias ao desempenho de seu hospedeiro, afetarão sua própria sobrevivência (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

MILGROOM; HILLMAN (2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.) consideraram que a barreira à transmissão horizontal, imposta pela incompatibilidade vegetativa entre indivíduos, e a dependência da transmissão vertical contribuíram, ao longo do tempo, para que os micovírus evoluíssem para serem benéficos, ou seja, trazer benefícios aos fungos, ou benignos, isto é, não induzir alteração, positiva ou negativa, ao fungo. Por outro lado, esses autores acreditam que as alterações sutis observadas na taxa de crescimento, esporulação e virulência, que interferem na dinâmica do vírus e de seu hospedeiro, e o fato de os micovírus não ocorrerem em alta frequência, colocam em dúvida se eles são de fato tão benignos quanto possam parecer. Além disso, alterações no ambiente e na fisiologia do fungo e a ocorrência de infecções mistas podem interferir nas manifestações de virulência e até mesmo na transmissão dos micovírus entre seus hospedeiros (PEARSON et al., 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.).

Alguns micovírus aumentam ou reduzem a virulência do seu hospedeiro, em interações que podem ser harmônicas, como no caso do mutualismo, ou competitivas (SCHMITT; BREINING, 2006SCHMITT, M.J.; BREINING, F. Yeast viral killer toxins: lethality and self-protection. Nature Reviews Microbiology, v.4, p.212-221, 2006.).

No mutualismo, os micovírus aumentam a virulência do hospedeiro, beneficiando-o. Por exemplo, R. solani AG-3 de batata e Rhizoctonia solani M1 virus (JIAN et al., 1997JIAN, J.; LAKSHMAN, D.K.; TAVANTZIS, S.M. Association of distinct double-stranded RNAs with enhanced or diminished virulence in Rhizoctonia solani infecting potato. Molecular Plant-Microbe Interactions, v.10, p.1002, 1997.), bem como Nectria radicicola, patógeno de ginseng, e dsRNA L1 (AHN; LEE, 2001AHN, I.P.; LEE, Y.H. A viral dsRNA up regulates the fungal virulence of Nectria radicola. Molecular Plant Microbe Interactions, v.14, p.496-507, 2001.), beneficiam-se do aumento nas capacidades de colonização e reprodução induzido pelos vírus.

Existem outros tipos de mutualismo não presentes em fungos fitopatogênicos que possuem também efeitos benéficos. Na levedura killer Saccharomyces cerevisiae há dois tipos distintos de dsRNAs, L e M, que, juntos, induzem a produção de uma toxina letal para leveduras não killer (SCHMITT; BREINING, 2006SCHMITT, M.J.; BREINING, F. Yeast viral killer toxins: lethality and self-protection. Nature Reviews Microbiology, v.4, p.212-221, 2006.). A interação entre o fungo endofítico Curvularia protuberata, o micovírus Curvularia thermal tolerance virus (CThTV) e a gramínea Dichanthelium lanuginosum propicia à gramínea o crescimento em solos geotermais, em altas temperaturas. Por outro lado, na ausência da infecção do fungo endofítico pelo micovírus, a gramínea não cresce nesses solos (BAO; ROOSSINCK, 2013BAO, X.; ROOSSINCK, M.J. Multiplexed interactions: viruses of endophytic fungi, Advances in Virus Research, v.86, p.37-58, 2013.). As interações entre plantas, fungos endofíticos e micovírus, frequentes em fungos endofíticos, podem ser muito úteis no cenário atual de mudanças climáticas (BAO; ROOSSINCK, 2013BAO, X.; ROOSSINCK, M.J. Multiplexed interactions: viruses of endophytic fungi, Advances in Virus Research, v.86, p.37-58, 2013.).

Embora pouco habituais, alterações como crescimento irregular, pigmentação anormal, reprodução sexual modificada e hipovirulência podem ocorrer (MOONIL et al., 2015MOONIL, S.; JISUK, Y.; KOOK-HIUNG, K. Five questions about mycoviruses. Plos Pathogen, 2015. Disponível em: <Disponível em: http://journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1005172 >. Acesso em: 30 nov. 2015.
http://journals.plos.org/plospathogens/a...
). As interações mais estudadas são aquelas em que os micovírus induzem hipovirulência, particularmente aquelas envolvendo o gênero Hypovirus, por representarem uma alternativa efetiva ao controle convencional de fungos fitopatogênicos (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). Na hipovirulência mediada por micovírus, a capacidade de o fungo fitopatogênico hospedeiro causar doença é “reduzida ou completamente perdida como consequência da infecção viral” (YU et al., 2010YU, X.; LI, B.; FU, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. A geminivirus-related DNA mycovirus that confers hypovirulence to a plant pathogenic fungus. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.107, p.8387-8392, 2010.).

Os mecanismos envolvidos na hipovirulência estão bem estabelecidos para os micovírus pertencentes ao gênero Hypovirus presentes em C. parasitica e incluem a supressão de silenciamento gênico no fungo hospedeiro (NUSS, 2005NUSS, D.L. Hypovirulence: Mycorivus at the fungal-plant interface. Nature Reviews, v.3, p.632-642, 2005.) e a interferência em um ou mais mecanismos de transdução de sinal, uma vez que as alterações não são citopáticas, e sim fenotípicas (NUSS, 2010NUSS, D.L. Mycoviruses. In: BORKOVICH, K.A.; EBBOLE, D.J. (Eds). Cellular and Molecular Biology of Filamentous Fungi. Washington, D.C.: AMS Press, 2010. Cap.12, p.145-152.), como redução na produção de esporos e na taxa de crescimento, além de alterações na morfologia da colônia e na produção de pigmentos (ANAGNOSTAKIS et al., 1998ANAGNOSTAKIS, S.L.; CHEN, B.; GELETKA, L.M.; NUSS, D.L. Hypovirus transmission to ascospore progeny by field-release transgenic hypovirulent strain of Cryphonectria parasitica. Phytopathology, v.88, p.598-604, 1998.; PEARSON, 2009PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.).

Hipovirulência mediada por micovírus foi relatada em diversas interações fungo fitopatogênico versus vírus (Tabela 2). Entretanto, para que a hipovirulência induzida pelos micovírus seja empregada no controle biológico, além da obtenção de um isolado hipovirulento do fungo, é necessário que ele sobreviva em condições naturais e que seja capaz de transmitir o vírus indutor da hipovirulência (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.). A incompatibilidade vegetativa é o principal entrave ao sucesso do controle biológico mediado por micovírus.

Tabela 2:
Hipovirulência mediada por vírus em fungos fitopatogênicos.

EMPREGO DA HIPOVIRULÊNCIA NO CONTROLE BIOLÓGICO

O controle biológico mediado por micovírus em C. parasitica, Helminthosporium victoriae e Sclerotinia spp. tem sido bem-sucedido, sendo o sistema C. parasitica-micovírus considerado de maior sucesso em castanheiras, pois continua efetivo em condições de campo há vários anos (NUSS, 2005NUSS, D.L. Hypovirulence: Mycorivus at the fungal-plant interface. Nature Reviews, v.3, p.632-642, 2005.).

A murcha das castanheiras, doença causada pelo fungo C. parasitica em Castanea sativa e C. dentata, foi introduzida na Europa e nos Estados Unidos por intermédio de mudas infectadas vindas da Ásia, no fim do século XIX (ANAGNOSTAKIS, 2000ANAGNOSTAKIS, S.L. Revitalization of the Majestic Chestnut: Chestnut Blight Disease. APSnet Features, 2000. Disponível em: <Disponível em: http://www.apsnet.org/publications/apsnetfeatures/Pages/ChestnutBlightDisease.aspx >. Acesso em: 20 set. 2014.
http://www.apsnet.org/publications/apsne...
). Nos Estados Unidos, 30 anos após sua introdução, a doença atingiu todas as regiões produtoras, dizimando as castanheiras. A dispersão de C. parasitica ocorre por esporos carregados por pequenos animais ou por ascósporos após a chuva, penetrando por meio de ferimentos nos troncos e ramos. Após atingir o câmbio vascular, tais fungos causam a morte da planta (ANAGNOSTAKIS, 2000ANAGNOSTAKIS, S.L. Revitalization of the Majestic Chestnut: Chestnut Blight Disease. APSnet Features, 2000. Disponível em: <Disponível em: http://www.apsnet.org/publications/apsnetfeatures/Pages/ChestnutBlightDisease.aspx >. Acesso em: 20 set. 2014.
http://www.apsnet.org/publications/apsne...
). Na Itália, nos anos 1950, foi descoberto que os isolados hipovirulentos do fungo transmitiam essa característica aos isolados virulentos por anastomose de hifas (TURINA; ROSTAGNO, 2007TURINA, M.; ROSTAGNO, L. Virus-induced hypovirulence in Cryphonectria parasitica: still an unresolved conundrum. Journal of Plant Pathology, v.89, p.165-178, 2007.), descoberta que possibilitou realizar um processo de “terapia” nas castanheiras europeias doentes (ANAGNOSTAKIS, 2000ANAGNOSTAKIS, S.L. Revitalization of the Majestic Chestnut: Chestnut Blight Disease. APSnet Features, 2000. Disponível em: <Disponível em: http://www.apsnet.org/publications/apsnetfeatures/Pages/ChestnutBlightDisease.aspx >. Acesso em: 20 set. 2014.
http://www.apsnet.org/publications/apsne...
). Nos anos 1970, a técnica também foi usada nos Estados Unidos, porém com pouco sucesso. Na época, detectou-se a presença de dsRNAs nos isolados hipovirulentos de C. parasitica (ANAGNOSTAKIS et al., 1998ANAGNOSTAKIS, S.L.; CHEN, B.; GELETKA, L.M.; NUSS, D.L. Hypovirus transmission to ascospore progeny by field-release transgenic hypovirulent strain of Cryphonectria parasitica. Phytopathology, v.88, p.598-604, 1998.).

Sete espécies de micovírus, pertencentes às famílias Hypoviridae, Narnaviridae, Reoviridae, Partitiviridae e Crysoviridae, foram descritas em C. parasitica. Destas, Cryphonectria hypovirus 1, Cryphonectria hypovirus 2, Cryphonectria hypovirus 3, Cryphonectria parasitica mitovirus 1, Cryphonectria parasitica mycoreovirus 1 e Cryphonectria parasitica mycoreovirus 2, pertencentes às três primeiras famílias, estão associadas à hipovirulência (LINDER-BASSO et al., 2005LINDER-BASSO, D.; DYNEK, J.N.; HILLMAN, B.I. Genome analyses of Cryphonectria hypovirus 4, the most common hypovirus species in North America. Virology, v.337, p.192-203, 2005.; MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.; XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.). CHV1 EP713, um hypovírus, é o mais estudado, por conta da sua alta taxa de replicação, bem como sua capacidade de alterar drasticamente o fenótipo de seu hospedeiro (GHABRIAL; SUZUKI, 2009GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.). Tais características estão ligadas às capacidades de suprimir o silenciamento gênico do fungo e de promover a diminuição de três tipos de moléculas envolvidas na transdução de sinal - laccase, cryparina e feromônios -, alterando, assim, a morfologia e a pigmentação da colônia, reduzindo o crescimento micelial, a erupção de pústulas estromais e a formação de conídios. Essas alterações reduzem a virulência do fungo (TURINA; ROSTAGNO, 2007TURINA, M.; ROSTAGNO, L. Virus-induced hypovirulence in Cryphonectria parasitica: still an unresolved conundrum. Journal of Plant Pathology, v.89, p.165-178, 2007.).

Em algumas espécies de Sclerotinia infectada por OM3a foram obtidas reduções de 50% das lesões causadas pelo fungo e de 90% da produção de escleródios, quando o isolado infectado, aplicado como controle biológico, foi vegetativamente compatível com o isolado que infectava a alface (ZHOU; BOLAND, 1997ZHOU, T.; BOLAND, G.J. Hypovirulence and double-stranded RNA in Sclerotinia homeocarpa. Phytopathology, v.87, p.147-153, 1997.). Redução de 58% da doença conhecida como dollar spot em gramados foi obtida com a utilização da suspensão de micélio de S. homoeocarpa infectado pelo OM3a, resultado semelhante ao obtido com a aplicação do fungicida clorotalonil (MILGROOM; HILLMAN, 2011MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.).

No fungo R. solani, patógeno de solo que causa perdas em inúmeras culturas, foi relatada a ocorrência de micovírus pertencentes às famílias Partitiviridae, Endornaviridae e Narnaviridae, o que pode estar relacionado tanto à virulência quanto à hipovirulência (TAVANTZIZ; BANDY, 1988TAVANTZIS, S.M.; BANDY, B.P. Properties of a mycovirus from Rhizoctonia solani and its virion-associated RNA polymerase. Journal of General Virology, v.69, p.1465-1477, 1988.; DAS, 2013DAS, S. Rhizoctonia solani on potato in New Zealand: Pathogen characterization and identification of double-stranded RNA viruses that may affect their virulence. 241p. Tese (Doutorado de Filosofia) - Universidade Lincoln, Lincoln, Nova Zelândia , 2013.; JIAN et al., 1998JIAN, J.; LAKSHMAN, D.K.; TAVANTZIZ, S.M. A virulence-associated, 6.4-Kb, double-stranded RNA from Rhizoctonia solani is phylogenetically related to plant bromoviruses and electron transport enzymes. Molecular Plant-Microbe Interactions, v.11, p.601-609, 1998.). Rhizoctonia solani M2 virus, família Narnaviridae, induz a hipovirulência, por meio da redução da pigmentação do micélio, da taxa de crescimento e da produção de escleródios (TAVANTZIS et al., 2002TAVANTZIS, S.M.; LAKSHMAN, D.K.; LIU, C. Double-Stranded RNA elements modulating virulence in Rhizoctonia solani. In: TAVANTZIS, S.M. dsRNA Elements: Concepts and Applications in agriculture, forestry and medicine. Boca Raton, FL: CRC Press, 2002. p.191-211.). TAVANTZIS et al. (2002TAVANTZIS, S.M.; LAKSHMAN, D.K.; LIU, C. Double-Stranded RNA elements modulating virulence in Rhizoctonia solani. In: TAVANTZIS, S.M. dsRNA Elements: Concepts and Applications in agriculture, forestry and medicine. Boca Raton, FL: CRC Press, 2002. p.191-211.) demonstraram que a hipovirulência é por conta da codificação de um polipeptídio, denominado de pA ou p83, que atua como um repressor defeituoso da rota do ácido quínico, induzindo sua expressão contínua e inibindo a rota do ácido chiquímico, pois as duas rotas compartilham intermediários metabólicos. Uma vez que a rota do ácido chiquímico culmina na produção de aminoácidos aromáticos, os quais, por sua vez, participam da produção de ácido fenilacético (PAA), responsável por alguns dos sintomas de rizoctoniose (LAKSHMAN et al., 1998LAKSHMAN, D.K.; JIAN, J.; TAVANTZIZ, S.M. A double-stranded RNA element from a hypovirulent strain of Rhizoctonia solani occurs in DNA form and is genetically related to the pentafuncional AROM protein of the shikimate pathway. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.95, p.6425-6429, 1998.), a inibição da produção de tais compostos impede a manifestação da doença. Esses resultados demonstram a perspectiva real de biocontrole pelo uso de Rhizoctonia solani M2 virus.

A ocorrência do dsRNA M2 em isolados do gênero Rhizoctonia foi relatada nos grupos de anastomose AG-1, AG-4, AG-6 de R. solani e nos grupos AG-A, AG-F, AG-R e AG-U de outras espécies binucleadas de Rhizoctonia, grupos de anastomose com alta diversidade genética (CHARLTON et al., 2008CHARLTON, N.D.; CARBONE, I.; TAVANTZIS, S.M.; CUBETA, M.A. Phylogenetic relatedness of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia fungi. Mycologia, v.100, p.555-564, 2008.). Porém, o micovírus M2 nem sempre apresentou a mesma modulação fenotípica (CHARLTON et al., 2008CHARLTON, N.D.; CARBONE, I.; TAVANTZIS, S.M.; CUBETA, M.A. Phylogenetic relatedness of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia fungi. Mycologia, v.100, p.555-564, 2008.). Estudos mais recentes realizados com R. solani descrevem a ocorrência frequente de grandes dsRNA, família Endornaviridae, e a ubiquidade desses dsRNAs (DAS et al., 2014DAS, S.; FALLOON, R.E.; STEWART, A.; PITMAN, A.R. Molecular characterization of an endornavirus from Rhizoctonia solani AG-3 PT infecting potato. Fungal Biology, v.118, p.924-934, 2014.), embora a ocorrência de grandes dsRNAs em isolados virulentos desse fungo tenha sido relatada por TAVANTZIZ; BANDY (1988TAVANTZIS, S.M.; BANDY, B.P. Properties of a mycovirus from Rhizoctonia solani and its virion-associated RNA polymerase. Journal of General Virology, v.69, p.1465-1477, 1988.). No Brasil, em estudos realizados por PICARELLI (2015PICARELLI, M.A.S.C. Estudo de micovírus em Rhizoctonia solani como estratégia para o controle biológico de rizoctoniose em gramados. São Paulo-SP. Dissertação (Mestrado em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio) - Instituto Biológico, São Paulo, 2015.) e PICARELLI et al. (2015PICARELLI, M.A.S.C.; GOBATTO, D.; PATRICIO, F.R.A.; RIVAS, E.B.; HARAKAVA, R.; COLARICCIO, A. Study on mycovirus in Rhizoctonia solani as a biological control strategy to Rhizoctonia disease of turfgrass. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VIROLOGIA, 2015. Virus Reviews & Research, v.20, Supplement 1, p.67, 2015. ), também foi relatada a presença de grandes dsRNAs em isolados de R. solani AG-2-2-LP, coletados em grama esmeralda com sintomas de rizoctoniose, grupo já associado a essa doença em outros países.

Nos agroecossistemas, as condições de alta densidade de plantas, baixa diversidade de espécies e uniformidade de condições ambientais, da mesma forma que favorecem o desenvolvimento de patógenos, também podem favorecer a prevalência de um micovírus em seu hospedeiro (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.). Algumas vantagens podem ser enumeradas quando vírus associados à hipovirulência são transmitidos a fungos fitopatogênicos: a rápida inibição da extensão das lesões; o enfraquecimento do fungo provocado pela planta, como resposta de defesa aos padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs); e efetores liberados no início da infecção (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.).

Porém, o principal problema para o uso do controle biológico de fungos fitopatogênicos mediado por vírus continua sendo a incompatibilidade vegetativa (NUSS, 2010NUSS, D.L. Mycoviruses. In: BORKOVICH, K.A.; EBBOLE, D.J. (Eds). Cellular and Molecular Biology of Filamentous Fungi. Washington, D.C.: AMS Press, 2010. Cap.12, p.145-152.; SON et al., 2015SON, M.; YU, J.; KIM, K.-H. Five questions about mycoviruses. PLoS Pathology, v.11, e1005172. 2015. DOI: 101371/journal.ppat.1005172.
https://doi.org/101371/journal.ppat.1005...
). XIE; JIANG (2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.) propuseram algumas estratégias para superá-la: utilizar compostos químicos que suprimam os mecanismos de PCD (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), como substâncias que sequestram o oxigênio reativo (HUTCHISON et al., 2005HUTCHISON, E.; BROWN, S.; TIAN, C.; GLASS, N.L. Transcriptional profiling and functional analysis of heterokaryon incompatibility in Neurospora crassa reveals that reactive oxygen species, but not metacaspases, are associated with programmed cell death. Microbiology, v.155, p.3957-3970, 2005.) ou compostos de zinco, que inibem enzimas responsáveis pela degeneração do vacúolo na apoptose, além de aumentarem a anastomose de hifas (IKEDA et al., 2013IKEDA, K.; INOUE, K.; KIDA, C.; UWAMORI, T. SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; PARK, P. Potentiation of mycovirus transmission by zinc compounds via attenuation of heterogenic incompatibility in Rosellinia necatrix. Applied Environmental Microbiology, v.79, p.3684-3691, 2013.); selecionar micovírus que, pela sua capacidade de suprimir o silenciamento gênico ou os mecanismos de PCD, atuam como facilitadores da introdução de micovírus indutores de hipovirulência (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.). Pesquisas sobre os ainda desconhecidos vetores de micovírus, sejam eles micoparasitas infectadas por micovírus, nematoides, insetos micófagos, ou outros artrópodes (XIE; JIANG, 2014XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.), podem contribuir para a utilização de micovírus indutores de hipovirulência.

Técnicas de engenharia genética já permitem manipular o fenótipo de hospedeiro por meio de micovírus para entender as complexas interações entre plantas, fungos e micovírus, pois esse conhecimento é essencial para que tais patógenos possam ser utilizados como estratégia de controle de doenças de plantas, bem como as interações entre os diversos micovírus presentes nas infecções mistas, dada a frequência com que ocorrem.

Os fungos abrigam uma vasta gama de vírus ainda desconhecidos e que podem futuramente, com o desenvolvimento de novas técnicas, ser utilizados tanto na produção quanto na segurança agrícola, assim como nas áreas médica e ambiental. Por essa razão, estudos que têm os objetivos de identificar e caracterizar esses micovírus são de fundamental importância para o emprego do controle biológico.

REFERÊNCIAS

  • AHN, I.P.; LEE, Y.H. A viral dsRNA up regulates the fungal virulence of Nectria radicola Molecular Plant Microbe Interactions, v.14, p.496-507, 2001.
  • ANAGNOSTAKIS, S.L.; CHEN, B.; GELETKA, L.M.; NUSS, D.L. Hypovirus transmission to ascospore progeny by field-release transgenic hypovirulent strain of Cryphonectria parasitica Phytopathology, v.88, p.598-604, 1998.
  • ANAGNOSTAKIS, S.L. Revitalization of the Majestic Chestnut: Chestnut Blight Disease. APSnet Features, 2000. Disponível em: <Disponível em: http://www.apsnet.org/publications/apsnetfeatures/Pages/ChestnutBlightDisease.aspx >. Acesso em: 20 set. 2014.
    » http://www.apsnet.org/publications/apsnetfeatures/Pages/ChestnutBlightDisease.aspx
  • BANKS, G.T.; BUCK, K.W.; CHAIN, E.B.; HIMMELWEIT, F.; MARKS, J.E.; TYLER, J.M. Viruses in fungi and interferon stimulation. Nature, v.218, p.542-545, 1968.
  • BAO, X.; ROOSSINCK, M.J. Multiplexed interactions: viruses of endophytic fungi, Advances in Virus Research, v.86, p.37-58, 2013.
  • BIELA, S.; SMITH, M.L.; AIST, J.R.; CORTESI, P.; MILGROOM, M.G. Programmed cell death correlates with virus transmission in a filamentous fungus. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, v.269, p.2269-2276, 2002.
  • BOINE, B. A study of the interaction between the plant pathogenic Botrytis cinerea and the filamentous ssRNA mycoviruses Botrytis virus X and Botrytis virus F 256p. Tese (Doutorado de Filosofia em Ciência Biológica) - Universidade de Auckland, Nova Zelândia, 2012.
  • BRUSINI, J.; ROBIN, C. Mycovirus transmission revisited by in situ pairings of vegetatively incompatible isolates of Cryphonectria parasítica Journal of Virological Methods, v.187, p.435-442, 2013.
  • BUCK, K.W. From interferon induction to fungal viruses. European Journal of Epidemiology, v.4, p.395-399, 1988.
  • BUCK, K. Molecular variability of viruses of fungi. In: BRIDGE, P.D.; COUTEAUDIER, Y.; CLACKSON, J.M. (Eds.). Molecular variability of fungal pathogens Wallingford, UK: CAB International, 1998. p.53-72.
  • CHARLTON, N.D.; CUBETA, M.A. Transmission of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia solani Anastomosis Group 3 (AG-3). Mycologia, v.99, p.859-867, 2007.
  • CHARLTON, N.D.; CARBONE, I.; TAVANTZIS, S.M.; CUBETA, M.A. Phylogenetic relatedness of the M2 double-stranded RNA in Rhizoctonia fungi. Mycologia, v.100, p.555-564, 2008.
  • CHIBA, S; SALAIPETH, L.; LIN, Y.; SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; SUZUKI, N. A novel bipartite dsRNA mycovirus from the white root rot fungus Rosellinea necatrix, molecular and biological characterization, taxonomic considerations, and potential for biocontrol. Journal of Virology, v.83, p.12801-12812, 2009.
  • CHU, Y.M.; LIM, W.S.; YEA, S.-J.; CHO, J.D.; LEE, Y.-M.; KIM, K.-H. Complexity of dsRNA mycovirus isolated from Fusarium graminearum Virus Genes, v.28, p.135-143, 2004.
  • CHU, Y.M.; JEON, J.J.; YEA, S.J.; KIM, Y.H.; YUN, S.H.; LEE, Y.W.; KIM, K.H. Double-stranded RNA mycovirus from Fusarium graminearum Applied and Environmental Microbiology, v.68, p.2529-2534, 2002.
  • COENEN, A.; KEVEI, F.; HOEKSTRA, R.F. Factors affecting the spread of double-stranded RNA viruses in Aspergillus nidulans Genetics Research, v.69, p.1-10, 1997.
  • COLE, T.E.; HONG, Y.; BRASIER, C.M.; BUCK, K.W. Detection of an RNA-dependent RNA polymerase in mitochondria from a mitovirus-infected isolate of the Dutch elm disease fungus, Ophiostoma novo-ulmi Virology, v.268, p.239-243, 2000.
  • DARISSA, O.; GUNTER, A.; SCHÄFER, W. A dsRNA mycovirus causes hypovirulence of Fusarium graminearum to wheat and mayze. European Journal of Plant Pathology, v.134, p.181-189, 2012.
  • DAS, S.; FALLOON, R.E.; STEWART, A.; PITMAN, A.R. Molecular characterization of an endornavirus from Rhizoctonia solani AG-3 PT infecting potato. Fungal Biology, v.118, p.924-934, 2014.
  • DAS, S. Rhizoctonia solani on potato in New Zealand: Pathogen characterization and identification of double-stranded RNA viruses that may affect their virulence 241p. Tese (Doutorado de Filosofia) - Universidade Lincoln, Lincoln, Nova Zelândia , 2013.
  • DENG, F.; XU, R.; BOLAND, G.J. Hypovirulence-associated double-stranded RNA from Sclerotinia homeocarpa is conspecific with Ophiostoma novo-ulmi Mitovirus 3a-Ld. Phytopathology, v.93, p.1407-1414, 2003.
  • EICKBUSH, T.; BOEK, J.D.; SANDMEYER, S.B.; VOYTAS, D.F. Family Metaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press, 2012. p.457-466.
  • FIGUEIREDO, L.C.; FIGUEIREDO, G.S.; GIANCOLI, A.C.H.; TANAKA, F.A.O.; SILVA, L.A.O.; KITAJIMA, E.W.; FILHO, S.A.; AZEVEDO, J.L. Detection of isometric, dsRNA-containing viral particles in Colletotrichum gloeosporioides isolated from cashew tree. Tropical Plant Pathology, v.37, p.142-144, 2012.
  • FULLBRIGHT, D.W. Effect of eliminating dsRNA in hypovirulent Endothia parasitica Phytopathology, v.74, p.722-724, 1984.
  • FUKUHARA, T.; GIBBS, M.J. Family Endornaviridae. In: KING, A.M.Q.; ADMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.519-521.
  • GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Family Chrysoviridae. In: KING, A.M.Q.; LEFKOWITZ, E.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.509-513.
  • GHABRIAL, S.A.; NIBERT, M.L.; MAISS, E.; LESKER, T.; BAKER, T.S.; TAO, Y.J. Family Partitiviridae. In: KING, A.M.Q.; LEFKOWITZ, E.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.523-534.
  • GHABRIAL, S.A.; SUZUKY, N. Viruses of plant pathogenic fungi. Annual Review of Phytopathology, v.47, p.353-384, 2009.
  • GHABRIAL, S.A.; CASTÓN, J.R.; JIANG, D.; NIBERT, M.L.; SUZUKI, N. 50-plus years of fungal viruses. Virology, v.479-480, p.356-368, 2015.
  • GRASSE, W.; ZIPPER, R.; TOTSKA, M.; SPRING, O. Plasmopara halstedii virus causes hypovirulence in Plasmopara halstedii, the downy mildew pathogen of the sunflower. Fungal Genetics and Biology, v.57, p.42-47, 2013.
  • HERRERO, N.; SÁNCHEZ, S.; ZABALGOGEAZCOA, I. Mycoviruses are common among different species of fungal endophytes of grasses. Archives of Virology, v.154, p.327-330, 2009.
  • HILLMAN, B.I.; TIAN, Y.; BEDKER, P.J.; BROWN, M.P. A North American hypovirulent isolate of the chestnut blight fungus with European isolate-related dsRNA. Journal of General Virology, v.73, p.681-686, 1992.
  • HILLMAN, B.I.; SUPYANI, S.; KONDO, H.; SUZULI, N. A reovirus of the fungus Cryphonectria parasitica that is infectious as particles and related to the Coltivirus genus of animal pathogens. Virology, v.78, p.892-898, 2004.
  • HILLMAN, B.I.; SUZUKI, N. Viruses of the chestnut blight fungus, Chryphonectria parasitica Advances in Virus Research, v.63, p.423-472, 2005.
  • HILLMAN, B.I.; CAI, G. The family Narnaviridae: simplest of RNA viruses. Advances in Virus Research, v.86, p.149-176, 2013.
  • HOLLINGS, M. Viruses associated with die-back disease of cultivated mushroom. Nature, v.196, p.962-965, 1962.
  • HOWITT, R.L.J.; BEEVER, R.E.; PEARSON, M.N.; FORSTER, R.L.S. Genome characterization of Botrytis virus F, a flexuous rod-shaped mycovirus resembling plant ‘potex-like’ viruses. Journal of General Virology, v.82, p.67-78, 2001.
  • HU, Z.; WU, S.; CHENG, J.; JIANG, D.; XIE, J. Molecular characterization of two positive-strand RNA viruses co-infecting a hypovirulent strain of Sclerotinia sclerotiorum Virology, v.450, p.464-465, 2014.
  • HUTCHISON, E.; BROWN, S.; TIAN, C.; GLASS, N.L. Transcriptional profiling and functional analysis of heterokaryon incompatibility in Neurospora crassa reveals that reactive oxygen species, but not metacaspases, are associated with programmed cell death. Microbiology, v.155, p.3957-3970, 2005.
  • ICTV. International Committee on Taxonomy of viruses. Disponível em: <Disponível em: http://www.ictvonline.org/vírusTaxonomy.asp >. Acesso em: 04 maio 2017.
    » http://www.ictvonline.org/vírusTaxonomy.asp
  • IKEDA, K.; NAKAMURA, H.; MATSUMOTO, N. Hypovirulent strain of the violet root rot fungus Helicobasidium mompa. Journal of General Plant Pathology, v.69, p.385-390, 2003.
  • IKEDA, K.; INOUE, K.; KIDA, C.; UWAMORI, T. SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; PARK, P. Potentiation of mycovirus transmission by zinc compounds via attenuation of heterogenic incompatibility in Rosellinia necatrix Applied Environmental Microbiology, v.79, p.3684-3691, 2013.
  • JIAN, J.; LAKSHMAN, D.K.; TAVANTZIS, S.M. Association of distinct double-stranded RNAs with enhanced or diminished virulence in Rhizoctonia solani infecting potato. Molecular Plant-Microbe Interactions, v.10, p.1002, 1997.
  • JIAN, J.; LAKSHMAN, D.K.; TAVANTZIZ, S.M. A virulence-associated, 6.4-Kb, double-stranded RNA from Rhizoctonia solani is phylogenetically related to plant bromoviruses and electron transport enzymes. Molecular Plant-Microbe Interactions, v.11, p.601-609, 1998.
  • KHALIFA, M.E; PEARSON, M.N. Molecular characterization of three mitoviruses co-infecting a hypovirulent isolate of Sclerotinia sclerotiorum fungus. Virology, v.441, p.22-30, 2013.
  • KHALIFA, M.E.; PEARSON, M.N. Characterization of a novel hypovírus from Sclerotinia sclerotiorum potentially representing a new genus within the Hypoviridae Virology, v.464, p.441-449, 2014.
  • KANEMATSU, S.; SHIMIZU, T.; SALAIPETH, L.; YAEGASHI, H.; SASAKI, A.; ITO, T.; SUZUKI, N. Genome rearrangement of a mycovirus Rosellinia necatrix megabirnavirus 1 affecting its ability to attenuate virulence of the host fungus. Virology, v.450-451, p.308-315, 2014.
  • KIM, J.-M.; YUN, S.-H.; PARK, S.-M.; KO, H.-G; KIM, S.-H. Occurrence of dsRNA mycovirus (LeV-FMRI0339) in the edible mushroom Lentinula edodes and meiotic stability of LeV-FMRI0339 among monocaryotic progeny. Plant Pathology Journal, v.29, p.460-464, 2013.
  • KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press , 2012. 1327p.
  • KURAMAE, E.E.; NOZAKI, D.N.; FENILLE, R.C.; CERESINE, P.C.; SOUZA, N.L. Elemento extra-cromossomal dsRNA em Rhizoctonia solani AG4 HGI e AG2-2 IIIB e Rhizoctonia spp. binucleada associados às culturas de feijão e amendoim. Summa Phytopathologica, v.28, p.52-57, 2002.
  • LAKSHMAN, D.K.; JIAN, J.; TAVANTZIZ, S.M. A double-stranded RNA element from a hypovirulent strain of Rhizoctonia solani occurs in DNA form and is genetically related to the pentafuncional AROM protein of the shikimate pathway. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.95, p.6425-6429, 1998.
  • LI, H.; HAVENS, W.M.; NIBERT, M.L.; GHABRIAL, S.A. RNA sequence determinants of a couple termination-reinitiation strategy for downstream Open Reading Frame translation in Helminthosporium victoriae virus 190S and other victoriviruses (Family Totiviridae), Journal of Virology, v.85, p.7343-7352, 2011.
  • LI, P.; ZHANG, H.; CHEN, X.; QIU, D.; GUO, L. Molecular characterization of a novel hypovírus from the plant pathogenic fungus Fusarium graminearum Virology, v.481, p.151-160, 2015.
  • LI, W.; ZHANG, T.; SUN, H.; DENG, Y.; ZHANG, A.; CHEN, H.; WANG, K. Complete genome sequence of a novel endornavirus in the wheat sharp eyespot pathogen Rhizoctonia cerealis Archives of Virology, v.159, p.1213-1216, 2014.
  • LIMA, S.S. Incidência e transmissão de dsRNA em Pseudocercospora griseola, agente causal da mancha-angular do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris). 42p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.
  • LIN, Y.H.; CHIBA, S.; TANI, A.; KONDO, H,; SASAKI, A.; KANEMATSU, S.; SUZUKI, N. A novel quadripartite dsRNA virus isolated from a phytopathogenic filamentous fungus, Rosellinia necatrix Virology, v.426, p.42-50, 2012.
  • LINDER-BASSO, D.; DYNEK, J.N.; HILLMAN, B.I. Genome analyses of Cryphonectria hypovirus 4, the most common hypovirus species in North America. Virology, v.337, p.192-203, 2005.
  • LIU, H.; FU, Y.; XIE, J.; GHABRIAL, S.A. Discovery of novel dsRNA viral sequences by in silico cloning and implications for viral diversity, host range and evolution. PLoS One, 2012. Disponível em: <Disponível em: http://www.plosone.org/search/simple?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=discovery+of+a+novel+dsRNA+viral+sequences+&x=14&y=11 >. Acesso em: 20 maio 2015.
    » http://www.plosone.org/search/simple?from=globalSimpleSearch&filterJournals=PLoSONE&query=discovery+of+a+novel+dsRNA+viral+sequences+&x=14&y=11
  • LIU, L.; XIE, J.; CHENG, J.; FU, Y.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. Fungal negative-stranded RNA virus that is related to bornaviruses and nyaviruses. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America, v.111, p.12205-12210, 2014.
  • LIU, R.; CHENG, J.; FU, Y.; JIANG, D.; XIE, J. Molecular characterization of a novel positive-sense single-stranded RNA mycovirus infecting the plant pathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum Viruses, v.7, p.2470-2484, 2015.
  • MAEJIMA, K.; HIMENO, M.; KOMATSU, K.; KAKISAWA, S.; YAMAJI, Y. Complete nucleotide sequence of a new double-stranded RNA virus from the rice blast fungus, Magnaporthe orizae Archives of Virology, v.153, p.389-391, 2008.
  • MARSANO, S.Y.; HOBBS, H.A.; NELSON, B.D.; HARTMAN, G.L.; EASTBURN, D.M.; MCCOPPIN, N.K.; DOMIER, L.L. Transfection of Sclerotinia sclerotiorum with in vitro transcripts of a naturally occurring interspecific recombinant of Sclerotinia sclerotiorum hypovírus 2 significnatly reduces virulence of the fungus. Journal of Virology, v.89, p.5060-5071, 2015.
  • MILGROOM, M.G.; HILLMAN, B.I. The ecology and evolution of fungal viruses. In: HURST, D. J. (Ed.). Studies in viral ecology: microbial and botanical host systems. New Jersey: Wiley-Blackwell, 2011. v.1. cap.9, p.217-253.
  • MOONIL, S.; JISUK, Y.; KOOK-HIUNG, K. Five questions about mycoviruses. Plos Pathogen, 2015. Disponível em: <Disponível em: http://journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1005172 >. Acesso em: 30 nov. 2015.
    » http://journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1005172
  • MONTENEGRO, D.H. RNA dupla fita em Guignardia citricarpa: obtenção, cura, transmissão e alterações fenotípicas 2010. 93f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas - Área de Concentração Genética) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.
  • NUSS, D.L. Hypovirulence: Mycorivus at the fungal-plant interface. Nature Reviews, v.3, p.632-642, 2005.
  • NUSS, D.L. Mycoviruses. In: BORKOVICH, K.A.; EBBOLE, D.J. (Eds). Cellular and Molecular Biology of Filamentous Fungi Washington, D.C.: AMS Press, 2010. Cap.12, p.145-152.
  • NUSS, D.L.; HILLMAN, B.I. Family Hypoviridae. In: KING, A.M.Q.; ADAMS, M.J.; CARSTENS, E.B.; LEFKOWITZ, E.J. (Eds.). Virus Taxonomy: Ninth Report of the International Committee on Taxonomy of Viruses London: Elsevier/Academic Press , 2012. p.1029-1033.
  • PAOLETTI, M.; SAUPE, S.J. Fungal incompatibility: evolutionary origin in pathogen defense? Bioessays, v.31, p.1201-1210, 2009.
  • PEARSON, M.N.; BEEVER, R.; BOINE, B.; ARTHUR, K. Mycoviruses of filamentous fungi and their relevance to plant pathology. Molecular Plant Pathology, v.10, p.115-128, 2009.
  • PEARSON, M.N.; BAILEY, A.M. Viruses of Botrytis Advances in Virus Research, v.86, p.249-272, 2013.
  • PICARELLI, M.A.S.C. Estudo de micovírus em Rhizoctonia solani como estratégia para o controle biológico de rizoctoniose em gramados. São Paulo-SP Dissertação (Mestrado em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio) - Instituto Biológico, São Paulo, 2015.
  • PICARELLI, M.A.S.C.; GOBATTO, D.; PATRICIO, F.R.A.; RIVAS, E.B.; HARAKAVA, R.; COLARICCIO, A. Study on mycovirus in Rhizoctonia solani as a biological control strategy to Rhizoctonia disease of turfgrass. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VIROLOGIA, 2015. Virus Reviews & Research, v.20, Supplement 1, p.67, 2015.
  • PREISIG, O.; WINGFIELD, B.D.; WINGFIELD, M.J. Reduction of Laccase activity and other hypovirulence-associated traits in dsRNA-containing strains of Diaporthe ambigua Phytopathology, v.86, p.1311-1316, 1996.
  • REFOS, J.M.; VONK, A.G.; EADIE, K.; LO-TEN-FOE, J.; VERBRUG, H.A.; DIEPENINGEN, A.D.; SANDE, W.W.J. Double-stranded RNA mycovirus infection of Aspergillus fumigatus is not dependent on the genetic make-up of the host. PLoS One, 2013. Disponível em: <Disponível em: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0077381 >. Acesso em: 20 jan. 2015.
    » http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0077381
  • ROOSSINCK, M. The good viruses: viral mutualistic symbioses. Nature Reviews Microbiology, v.9, p.99-108, 2011.
  • RWAHNIH, M.; DAUBERT, S.; ÚRBEZ-TORRES, J.; CORDERO, F.; ROWHANI, A. Deep sequencing evidence from single grapevine plants reveals a virome dominated by mycoviruses. Archives of Virology, v.156, p.397-403, 2011.
  • SANDE, W.W.; LO-TEM-FOE, J.R.; BELKUM, A.; NETEA, M.G.; KULLBERG, B.J.; VONK, A.G. Mycoviruses: future therapeutic agentes of invasive fungal infections in humans? European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases, v.29, p.755-763, 2010.
  • SANTOS, V.; LOPES, M.S.; FREGOLENTE, M.C.D.; GATTI, M.S.V.; DELALIBERA JR., I. Riqueza de vírus de RNA de fita dupla em isolados de Metarhizium anisopliae In: SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICO, 12., 18 a 21 de julho de 2011. Anais… 2011.
  • SCHMITT, M.J.; BREINING, F. Yeast viral killer toxins: lethality and self-protection. Nature Reviews Microbiology, v.4, p.212-221, 2006.
  • SHAPIRA, R.; CHOI, G.H.; NUSSO, D.J. Virus-like genetic organization and expression strategy for a double-stranded RNA genetic element associated with biological control of chestnut blight. The EMBO Journal, v.10, p.731-739, 1991.
  • SON, M.; YU, J.; KIM, K.-H. Five questions about mycoviruses. PLoS Pathology, v.11, e1005172. 2015. DOI: 101371/journal.ppat.1005172.
    » https://doi.org/101371/journal.ppat.1005172
  • TAVANTZIS, S.M.; BANDY, B.P. Properties of a mycovirus from Rhizoctonia solani and its virion-associated RNA polymerase. Journal of General Virology, v.69, p.1465-1477, 1988.
  • TAVANTZIS, S.M.; LAKSHMAN, D.K.; LIU, C. Double-Stranded RNA elements modulating virulence in Rhizoctonia solani. In: TAVANTZIS, S.M. dsRNA Elements: Concepts and Applications in agriculture, forestry and medicine. Boca Raton, FL: CRC Press, 2002. p.191-211.
  • TIAGO, P.V.; FUNGARO, M.H.; de FARIA, M.R.; FURLANETO, M.C. Effects of double-stranded RNA in Metarhizium anisopliae var. acridum and Paecilomyces fumosoroseus on protease activities, conidia production, and virulence. Canadian Journal of Microbiology, v.50, p.335-339, 2004.
  • TURINA, M.; ROSTAGNO, L. Virus-induced hypovirulence in Cryphonectria parasitica: still an unresolved conundrum. Journal of Plant Pathology, v.89, p.165-178, 2007.
  • URAYAMA, S.; KATO, S.; SUZUKI, Y.; AOKI, N.; LE, M.T.; ARIE, T.; TERAOKA, T.; FULUHARA, T.; MORIYAMA, H. Mycoviruses related to chrysovirus affect vegetative growth in the rice blast fungus Magnaporthe oryzae. Journal of General Virology, v.91, p.3085-3094, 2010.
  • URAYAMA, S.; SAKODA, H.; TAKAI, R.; KATOH, Y.; MINH LE, T.; FUKUHARA, T.; TERAOKA, T.; MORIYAMA, H. A dsRNA mycovirus, Magnaporthe oryzae chryzovirus 1-B, suppresses vegetative growth and development of rice blast fungus. Virology, v.448, p.265-273, 2014.
  • WANG, L.P.; JIANG, J.J.; WANG, Y.F.; HONG, N.; ZHANG, F.; XU, W.X.; WANG, G.P. Hypovirulence of phytopathogenic fungus Botryosphaeria dothidea: association with a coinfecting chrysovirus and a partitivirus. Journal of Virology, v.88, p.7517-7527, 2014.
  • WEI, C.Z.; OSAKI, H.; IWANAMI, T.; MATSUMOTO, N.; OHTSU, Y. Complete nucleotide sequence of genome segments 1 and 3 of Rosellinea anti-rot virus in the family Reoviridae. Archives of Virology, v.149, p.773-777, 2004.
  • WU, M.; ZHANG, L.; LI, G.; JIANG, D.; GHABRIAL, S.A. Genome characterization of a debilitation-associated mitovirus infecting the phytopathogenic fungus Botrytis cinerea Virology, v.406, p.117-126, 2010.
  • WU, M.; JIN, F.; ZHANG, J.; YANG, L.; JIANG, D. Characterization of a novel bipartite double-stranded RNA mycovirus conferring hypovirulence in the pathogenic fungus Botrytis porri Journal of Virology, v.86, p.6605-6619, 2012.
  • XIAO, X.; CHENG, J.; TANG, J.; FU, Y.; JIANG, D.; BAKER, T. S.; GHABRIAL, S.A.; XIE, J. A novel Partitivirus that confers hypovirulence on plant pathogenic fungi. Journal of Virology, Washington, v.88, p.10120-10133, 2014.
  • XIE, J.; WEI, D.; JIANG, D.; FU, Y.; LI, G.; GHABRIAL, S.A.; PENG, Y. Characterization of debilitation-associated mycovirus infecting the plant-pathogenic fungus Sclerotionia sclerotiorum Journal of General Virology, v.87, p.241-249, 2006.
  • XIE, J.; XIAO, X.; FU, Y.; LIU, H.; CHENG, J.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; JIANG, D. A novel mycovirus closely related to hypoviruses that infects the plant pathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum Virology, v.418, p.49-56, 2011.
  • XIE, J.; GHABRIAL, S.A. Molecular characterizations of two mitoviruses co-infecting a hypovirulent isolate of the plant pathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum Virology, v.428, p.77-85, 2012.
  • XIE, J.; JIANG, D. New insights into mycoviruses and exploration for the biological control of crop fungal diseases. Annual Review of Phytopathology, v.53, p.45-68, 2014.
  • XU, Z.; WU, S.; LIU, L.; CHENG, J.; FU, Y.; JIANG, D.; XIE, J. A mitovirus related to plant mitochondrial gene confers hypovirulence on the phytopathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum Virus Research, v.197, p.127-136, 2015.
  • YAEGASHI, H.; NAKAMURA, H.; SAWAHATA, T.; SASAKI, A.; IWANAMI, Y.; ITO, T.; KANEMATSU, S. Appearance of mycovirus-like double-stranded RNAs in the white root rot fungus, Rosellinia necatrix, in an apple orchard. FEMS Microbiology Ecology, v.83, p.49-62, 2013.
  • YU, X.; LI, B.; FU, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; YI, X.; JIANG, D. A geminivirus-related DNA mycovirus that confers hypovirulence to a plant pathogenic fungus. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.107, p.8387-8392, 2010.
  • YU, X.; LI, B.; FU, Y.; JIANG, D.; GHABRIAL, S.A.; LI, G.; PENG, Y.; XIE, J.; CHENG, J.; HUANG, J.; YI, X. Extracellular transmission of a DNA mycovirus and its use as a natural fungicide. Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America, v.110, p.1452-1457, 2012.
  • ZHAO, T.; HAVENS, W.M.; GHABRIAL, S.A. Disease phenotype of virus-infected Helminthosporium victoriae is independent of overexpression of the cellular alcohol oxidase/RNA-binding protein Hv-p68. Phytopathology, v.96, p.326-332, 2006.
  • ZHENG, L.; MEILING, Z.; QIGUANG, C.; MINGHAI, Z.; ERXUN, Z. A novel mycovirus closely related to virus in the genus Alphapartitivirus confers hypovirulence in the phytopathogenic fungus Rhizoctonia solani Virology, v.456-457, p.220-226, 2014.
  • ZIJIN, H.; SONGSONG, W.; JIASEN, C.; YANPING, F.; DAOHONG, J.; JIATAO, X. Molecular characterization of two positive-strand RNA viruses co-infecting hypovirulent strain of Sclerotinia sclerotiorum Virology, v.464-465, p.450-459, 2014.
  • ZHOU, T.; BOLAND, G.J. Hypovirulence and double-stranded RNA in Sclerotinia homeocarpa Phytopathology, v.87, p.147-153, 1997.
  • ZHOU, T.; BOLAND, G.J. Biological control strategies for Sclerotinia diseases. In: BOLAND, G.J.; KUYKENDALL, L.D. Plant microbe interactions and biological control Dekker, New York: CRC Press, 1998. p.127-156.
  • *
    Este artigo foi revisado após a data de aceite, pois a classificação das espécies de vírus foi atualizada em abril de 2017.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    25 Fev 2016
  • Aceito
    03 Fev 2017
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br