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O impacto das alianças e do P&D interno nos desempenhos de inovação e financeiro das firmas

RESUMO

Este artigo pretende entender as relações entre P&D interno e externo, desempenho de inovação e desempenho financeiro das empresas brasileiras de manufatura, através do teste de um modelo utilizando dados de 2.810 empresas. O estudo atingiu este objetivo. Foi detectada uma relação positiva entre o P&D externo, das alianças estratégicas, e o desempenho de inovação. Por outro lado, o P&D interno não influenciou diretamente o desempenho de inovação; no entanto, moderou positivamente a relação entre as alianças estratégicas e o desempenho de inovação, corroborando com a teoria da capacidade absortiva. Ao contrário do esperado, o desempenho de inovação teve uma influência negativa no desempenho financeiro futuro. Isso foi causado pelo intervalo de dois anos entre as medições das proxies desses dois construtos, que não foi suficientemente longo para permitir identificar um aumento nas receitas de novos produtos e serviços, mas capturou o efeito negativo do redirecionamento de recursos de marketing e vendas para atividades de inovação, como P&D interno, e dos custos gerenciais das alianças estratégicas.

Palavras-chave:
Desempenho de inovação; P&D interno; P&D externo; Desempenho financeiro; Firmas de manufatura

ABSTRACT

This paper intends to understand the relationships among internal and external R&D, innovation performance and financial performance in Brazilian manufacturing firms by testing a model using data from 2,810 firms. The study achieves this objective. We detected a positive relationship between external R&D from strategic alliances and innovation performance. Internal R&D, on the other hand, did not influence innovation performance directly; however, it positively moderated the relationship between strategic alliances and innovation performance, corroborating with the absorptive capacity theory. Contrary to our expectations, innovation performance had a negative influence on future financial performance. This was caused by the two-year lag between the measurement of the proxies of these two constructs, which was not long enough to allow identifying an increasing in revenues from new products and services. However, it captured the negative effect of redirecting marketing and sales resources for innovation activities, such as internal R&D, and of management costs of strategic alliances.

Keywords:
Innovation Performance; Internal R&D; External R&D; Financial Performance; Manufacturing Firms

1. INTRODUÇÃO

A influência positiva do desempenho de inovação no desempenho financeiro de uma empresa tem sido extensivamente estudada (CHENG; HUIZINGH, 2014CHENG, C. C. J.; HUIZINGH, E. K. R. E. When Is Open Innovation Beneficial? The Role of Strategic Orientation. Journal of Product Innovation Management, v. 31, n. 6, p. 1235-1253, nov. 2014.; FAEMS; VAN LOOY; DEBACKERE, 2005___; VAN LOOY, B.; DEBACKERE, K. Interorganizational collaboration and innovation: Toward a portfolio approach. Journal of Product Innovation Management, v. 22, n. 3, p. 238-250, 2005.). Além do impacto no desempenho financeiro, a inovação é essencial para a sobrevivência da empresa no ambiente atual incerto (TEECE, 2007TEECE, D. J. Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, v. 28, n. 13, p.1319-1350, 2007.). Concomitantemente à abordagem da relação entre inovação e desempenho da firma, pesquisas têm surgido examinando fontes internas e externas de inovação (FRENZ; IETTO-GILLIES, 2009FRENZ, M.; IETTO-GILLIES, G. The impact on innovation performance of different sources of knowledge: Evidence from the UK Community Innovation Survey. Research Policy, v. 38, n. 7, p. 1125-1135, 2009.). Fontes internas surgem principalmente a partir de P&D desenvolvido dentro das fronteiras da organização. Por outro lado, fontes externas podem ser inovações adquiridas de outras empresas, fusões, aquisições e colaboração com outros players do setor (CHESBROUGH, 2003CHESBROUGH, H. H. W. Open innovation: The new imperative for creating and profiting from technology. Harvard Business Press, 2003.; FAEMS, 2005___; VAN LOOY, B.; DEBACKERE, K. Interorganizational collaboration and innovation: Toward a portfolio approach. Journal of Product Innovation Management, v. 22, n. 3, p. 238-250, 2005.).

A relação entre P&D interno e desempenho de inovação foi considerada positiva em muitos estudos (BELUSSI; SAMMARRA; SEDITAB, 2010BELUSSI, F.; SAMMARRA, A.; SEDITA, S. R. Learning at the boundaries in an "Open Regional Innovation System": A focus on firms' innovation strategies in the Emilia Romagna life science industry. Research Policy, v. 39, n. 6, p. 710-721, 2010.; FAEMS, 2005___; VAN LOOY, B.; DEBACKERE, K. Interorganizational collaboration and innovation: Toward a portfolio approach. Journal of Product Innovation Management, v. 22, n. 3, p. 238-250, 2005.), embora seja dependente da estrutura da empresa (ARORA; BELEZON; RIOS, 2014ARORA, A.; BELENZON, S.; RIOS, L. A. Make, buy, organize: The interplay between research, external knowledge, and firm structure. Strategic Management Journal, v. 35, n. 3, p. 317-337, 2014.) e do tipo de conhecimento desenvolvido (PÉREZ-LUNO; MEDINA; LAVADO; RODRIGUEZ, 2011PÉREZ-LUÑO, A.; MEDINA, C. C.; LAVADO, A. C.; RODRÍGUEZ, G. C. How social capital and knowledge affect innovation. Journal of Business Research, v. 64, n. 12, p. 1369-1376, 2011.). A influência de fontes externas no desempenho de inovação apresenta várias contingências, como o tipo de parceiro (CHATTERJI; FABRIZIO, 2014CHATTERJI, A. K.; FABRIZIO, K. R. Using users: When does external knowledge enhance corporate product innovation? Strategic Management Journal, v. 35, n. 10, p. 1427-1445, 2014.; SOH; SUBRAMANIAN, 2014SOH, P. H.; SUBRAMANIAN, A. M. When do firms benefit from university-industry R&D collaborations? The implications of firm R&D focus on scientific research and technological recombination. Journal of Business Venturing, v. 29, n. 6, p. 807-821, 2014.), o tipo de conhecimento buscado (PÉREZ-LUNO et al. 2011PÉREZ-LUÑO, A.; MEDINA, C. C.; LAVADO, A. C.; RODRÍGUEZ, G. C. How social capital and knowledge affect innovation. Journal of Business Research, v. 64, n. 12, p. 1369-1376, 2011.) e a capacidade absortiva da empresa (COHEN; LEVINTHAL, 1990COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 1, p. 128-152, 1990.). À medida que a capacidade absortiva aumenta com níveis mais elevados de P&D interno (COHEN; LEVINTHAL, 1990COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 1, p. 128-152, 1990.; TSAI, 2009TSAI, K.H. Collaborative networks and product innovation performance: Toward a contingency perspective. Research Policy, v. 38, n. 5, p. 765-778, 2009.), os P&Ds interno e externo podem estar positivamente relacionados. Por outro lado, alguns artigos encontraram uma relação de substituibilidade entre eles (HAGEDOORN; WANG, 2012HAGEDOORN, J.; WANG, N. Is there complementarity or substitutability between internal and external R&D strategies? Research Policy, v. 41, n. 6, p. 1072-1083, 2012.).

Outro fator relevante para o sucesso da inovação é o meio ambiente, começando com o país. O processo de inovação e o acúmulo de capacidades tecnológicas para o desenvolvimento da inovação sucedem de formas distintas nos países em desenvolvimento, em comparação com as economias desenvolvidas (CHOUNG; HWANG; SONG, 2014CHOUNG, J. Y.; HWANG, H. R.; SONG, W. Transitions of Innovation Activities in Latecomer Countries: An Exploratory Case Study of South Korea. World Development, v. 54, p. 156-167, 2014.; FIGUEIREDO, 2016FIGUEIREDO, P. N. Evolution of the short-fiber technological trajectory in Brazil's pulp and paper industry: The role of firm-level innovative capability-building and indigenous institutions. Forest Policy and Economics, v. 64, p. 1-14, 2016.; KIM, 1997KIM, L. Imitation to innovation: The dynamics of Korea's technological learning. Harvard Business Press, 1997.). Segundo Nelson (1993)NELSON, R. (1993). National innovation systems: a comparative analysis. Oxford University Press., o Sistema Nacional de Inovação (SNI) determina o desempenho inovativo de empresas nacionais. O Brasil ocupa a 69ª posição no ranking de 2016 dos países mais inovadores, conforme o Global Innovation Index (DUTTA; LAVIN; WUNSCH-VINCENT, 2016DUTTA, S.; LAVINN, B.; WUNSCH-VINCENT, S. The global innovation index 2016: Winning with global innovation., Johnson Cornell University 2016.). Em contrapartida, os países europeus dominam as primeiras posições da lista, com quatro dos cinco primeiros países do ranking, e 15 entre os 25 países mais inovadores. Além da posição pouco animadora do Brasil, quando se trata de transformar a capacidade inovativa em resultados financeiros, as empresas brasileiras falham, mesmo em comparação com os vizinhos da América do Sul (INFOMONEY, 2015INFOMONEY. O que o Brasil pode aprender com o que foi feito na economia peruana. 2016. Available in: <http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/3930585/que-brasil-pode-aprender-com-que-foi-feito-economia-peruana>. Acessado em: 10 agosto 2016.
http://www.infomoney.com.br/mercados/not...
). Essa realidade exige que as empresas brasileiras façam esforços enormes para alcançar resultados positivos. Na busca de lições sobre como as empresas manufatureiras brasileiras podem melhorar sua inovação e desempenho financeiro, propõe-se a seguinte questão de pesquisa: Como o P&D interno e o P&D externo (de alianças estratégicas) influenciam o desempenho de inovação e como a inovação pode ter um impacto positivo no desempenho da empresa no contexto das empresas manufatureiras brasileiras?

Para responder à questão proposta e desenvolvendo sobre a literatura supracitada, propôs-se um modelo teórico que investiga a relação entre o P&D interno, P&D externo (alianças estratégicas), desempenho de inovação e desempenho financeiro das empresas. O modelo foi operacionalizado para empresas manufatureiras brasileiras utilizando as bases de dados da PINTEC 2011 (Pesquisa de Inovação) e da PIA 2009 a 2013 (Pesquisa Industrial Anual), realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse modelo, com algumas adaptações, também está sendo testado em outros projetos de pesquisa para outras regiões e indústrias, utilizando diferentes bancos de dados.

O restante do artigo consiste na revisão de literatura, onde foram formuladas as hipóteses e apresentado o modelo proposto. Em seguida, apresenta-se a metodologia, que inclui a descrição dos dados e a explicação da seleção da amostra, uma descrição das variáveis e o método estatístico. Logo depois, são descritos e discutidos os resultados. Em seguida, é apresentada a conclusão, contendo as implicações para acadêmicos e profissionais, as limitações e algumas sugestões para futuras pesquisas.

2. REVISÃO DA LITERATURA

A pesquisa sobre inovação nas organizações tem mostrado que várias dimensões influenciam o desempenho de inovação (DI). Ahuja, Lampert e Tandon (2008)AHUJA; LAMPERT, C. M.; TANDON, V. Moving Beyond Schumpeter: Management Research on the Determinants of Technological Innovation. The Academy of Management Annals, v. 2, n. 1, p. 1-98, 2008. identificaram quatro dimensões que influenciam os esforços de inovação e seus resultados: estrutura da indústria, características da empresa, atributos interorganizacionais e influência institucional. A estratégia de P&D influencia alguns elementos das características da empresa na medida em que define as fontes de onde a empresa irá adquirir ou desenvolver conhecimento para gerar inovação. Portanto, a escolha das fontes de P&D, internas e externas, é central para o DI de uma empresa, assim como o DI é central para o desempenho financeiro da empresa.

2.1. P&D EXTERNO E DI

Alianças estratégicas representam importantes fontes externas de P&D. Alianças podem ser usadas para desenvolver inovação aberta que, de acordo com Chesbrough, é 'o uso de fluxos internos e externos de conhecimento para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para uso externo da inovação, respectivamente' (CHESBROUGH, 2003CHESBROUGH, H. H. W. Open innovation: The new imperative for creating and profiting from technology. Harvard Business Press, 2003.). As razões para se investir em colaboração para inovação são diversas, como o acesso a ativos complementares, transferência de conhecimento tácito e codificado e partilha dos custos de P&D (FAEMS et al., 2005___; VAN LOOY, B.; DEBACKERE, K. Interorganizational collaboration and innovation: Toward a portfolio approach. Journal of Product Innovation Management, v. 22, n. 3, p. 238-250, 2005.). Uma relação positiva entre fontes externas de P&D e DI tem sido encontrada em vários estudos empíricos (por exemplo, BELUSSI et al. 2010BELUSSI, F.; SAMMARRA, A.; SEDITA, S. R. Learning at the boundaries in an "Open Regional Innovation System": A focus on firms' innovation strategies in the Emilia Romagna life science industry. Research Policy, v. 39, n. 6, p. 710-721, 2010.). Alguns pesquisadores também têm encontrado uma relação em U invertido (DUYSTERS; LOKSHIN, 2011DUYSTERS, G.; LOKSHIN, B. Determinants of Alliance Portfolio Complexity and Its Effect on Innovative Performance of Companies. Journal of Product Innovation Management, v. 28, n. 4, p. 570-585, 2011.) entre eles. A relação positiva se inverte com altos níveis de P&D externe, devido aos crescentes custos de coordenação e monitoramento para evitar apropriação indevida (HALLEN; KATILA; ROSENBERGER, 2014HALLEN, B. L.; KATILA, R.; ROSENBERGER, J. D. How do social defenses work? A resource-dependence lens on technology ventures, venture capital investors, and corporate relationships Academy of Management Journal, v. 57, n. 4, p. 1078-1101, 2014.).

Uma empresa pode executar inovação aberta com vários tipos de parceiros: fornecedores, clientes, concorrentes, consultores, institutos privados de P&D, universidades e outras formas de ensino superior e institutos de pesquisa públicos e governamentais (OECD, 2005ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Oslo Manual-Guidelines for Collecting and Interpreting Innovation Data. OECD Publishing: Paris, 2005.; 2008___. Open innovation in global networks. OECD Publishing: Paris, 2008.). Segundo von Hippel (1988)VON HIPPEL, E. The sources of innovation. In. Das Summa Summarum des Management. Gabler, 2007. p. 111-120., os clientes são as fontes mais frequentes de inovação. Chatterji e Fabrizio (2014)CHATTERJI, A. K.; FABRIZIO, K. R. Using users: When does external knowledge enhance corporate product innovation? Strategic Management Journal, v. 35, n. 10, p. 1427-1445, 2014. detectaram uma relação positiva entre a parceria com clientes e DI. Un, Cuervo-Cazurra, e Asakawa (2010)UN, C. A.; CUERVO-CAZURRA, A.; ASAKAWA, K. R&D Collaborations and Product Innovation. Journal of Product Innovation Management, v. 27, n. 5, p. 673-689, 2010. encontraram evidências empíricas de que as alianças de P&D com fornecedores proporcionam os melhores resultados para o aumento do DI, seguido pela colaboração com universidades. Alianças com concorrentes tiveram um impacto negativo em seu estudo. Aschhoff e Sofka (2009)ASCHHOFF, B.; SOFKA, W. Innovation on demand-Can public procurement drive market success of innovations? Research Policy, v. 38, n. 8, p. 1235-1247, 2009. encontraram evidências de que os incentivos governamentais têm efeitos positivos na inovação da empresa. Soh e Subramanian (2014)SOH, P. H.; SUBRAMANIAN, A. M. When do firms benefit from university-industry R&D collaborations? The implications of firm R&D focus on scientific research and technological recombination. Journal of Business Venturing, v. 29, n. 6, p. 807-821, 2014. mencionaram a importância da colaboração com universidades. Todos esses estudos corroboraram a teoria da inovação aberta e guiaram a proposta da primeira hipótese.

Hipótese 1. Quanto mais uma empresa investe em P&D externo (alianças estratégicas), maior o seu DI.

2.2. P&D INTERNO E DI

P&D Interno, representado em diversos estudos por gastos com P&D (por exemplo, HAGEDOORN; WANG, 2012HAGEDOORN, J.; WANG, N. Is there complementarity or substitutability between internal and external R&D strategies? Research Policy, v. 41, n. 6, p. 1072-1083, 2012.) e intensidade de P&D (por exemplo, COHEN; LEVINTHAL, 1990COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 1, p. 128-152, 1990.), foi mencionado na literatura em sua maior parte impactando positivamente a inovação (BELUSSI et al., 2010BELUSSI, F.; SAMMARRA, A.; SEDITA, S. R. Learning at the boundaries in an "Open Regional Innovation System": A focus on firms' innovation strategies in the Emilia Romagna life science industry. Research Policy, v. 39, n. 6, p. 710-721, 2010.; FRENZ; IETTO-GILLES, 2009FRENZ, M.; IETTO-GILLIES, G. The impact on innovation performance of different sources of knowledge: Evidence from the UK Community Innovation Survey. Research Policy, v. 38, n. 7, p. 1125-1135, 2009.; HAGEDOORN; WANG, 2012HAGEDOORN, J.; WANG, N. Is there complementarity or substitutability between internal and external R&D strategies? Research Policy, v. 41, n. 6, p. 1072-1083, 2012.; OERLEMANS; KNOBEN; PRETORIUS, 2013OERLEMANS, L. A. G.; KNOBEN, J.; PRETORIUS, M. W. Alliance portfolio diversity, radical and incremental innovation: The moderating role of technology management. Technovation, v. 33, n. 6-7, p. 234-246, 2013.). Um elevado nível de P&D interno está associado a um elevado nível de inovação baseada em pesquisa, que muitas vezes está relacionado ao patenteamento de novas tecnologias (HALL; BAGCHI-SEN, 2007HALL, L. A.; BAGCHI-SEN, S. An analysis of firm-level innovation strategies in the US biotechnology industry. Technovation, v. 27, n. 1-2, p. 4-14, 2007.). Em uma pesquisa longitudinal com start-ups, Stam e Wennberg (2009)STAM, E.; WENNBERG, K. The roles of R&D in new firm growth. Small Business Economics, v. 33, n. 1, p. 77-89, 2009. encontraram uma relação positiva entre o P&D interno e o desenvolvimento de novos produtos. Os autores também encontraram uma relação entre as atividades de P&D e o crescimento da empresa em indústrias de alta tecnologia. A grande maioria da literatura encontrou uma relação positiva entre o P&D interno e o desempenho da inovação, independentemente do tipo de inovação. Tudo mencionado acima sugere uma relação positiva entre o nível de investimento interno em P&D e o DI da empresa.

Hipótese 2. Quanto mais uma empresa investe em P&D interno, maior o seu DI.

2.3. O PAPEL MODERADOR DA CAPACIDADE ABSORTIVA NA RELAÇÃO ENTRE O P&D EXTERNO E DI

Alguns autores verificaram que P&D interno e externo podem ser complementares ou substitutos no desenvolvimento de inovação, dependendo do nível de investimento em P&D interno. Altos níveis de investimentos induzem complementaridade, enquanto baixos níveis induzem a substituibilidade. O conceito de capacidade absortiva (CA) introduzido por Cohen e Levinthal (1990)COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly, v. 35, n. 1, p. 128-152, 1990. corroborou essa relação. Os autores consideraram que a intensidade de P&D de uma empresa é fundamental para a CA dela, que está principalmente associada a um aumento no efeito positivo do P&D externo no DI em vários estudos empíricos (e.g., LIN et al., 2012LIN, C.; WU, Y.J.; CHANG, C.; WANG, W.; LEE, C.Y. The alliance innovation performance of R&D alliances-the absorptive capacity perspective. Technovation, v. 32, n. 5, p. 282-292, 2012.). Muitos pesquisadores têm usado o P&D interno como uma proxy da CA e descobriram que isso aumenta o efeito positivo do P&D externo sobre o DI (por exemplo, BELLAMY; GHOSH; HORA, 2014BELLAMY, M. A.; GHOSH, S.; HORA, M. The influence of supply network structure on firm innovation. Journal of Operations Management, v. 32, n. 6, p. 357-373, 2014.). Tsai (2009)TSAI, K.H. Collaborative networks and product innovation performance: Toward a contingency perspective. Research Policy, v. 38, n. 5, p. 765-778, 2009. detectou que o efeito da CA na relação entre alianças de P&D e inovação depende do tipo de parceiro e se a inovação é radical ou incremental. Por outro lado, alguns autores não encontraram um efeito positivo da interação entre fontes internas e externas de P&D no desempenho de inovação (por exemplo, MOWERY; OXLEY; SILVERMAN, 1996MOWERY, D. C.; OXLEY, J. E.; SILVERMAN, B. S. Strategic alliance and interfirm knowledge transfer. Strategic Management Journal, v. 17, S2, p. 77-91, 1996.). Esses resultados contraditórios podem ter sido provocados por questões metodológicas. No entanto, é possível observar que a maioria dos estudos se concentra em economias desenvolvidas ou países asiáticos. Devido ao acúmulo de capacidades de inovação, incluindo a CA, ser diferente para empresas em países em desenvolvimento em comparação às empresas em países desenvolvidos (KIM, 1997KIM, L. Imitation to innovation: The dynamics of Korea's technological learning. Harvard Business Press, 1997.), esses resultados contraditórios podem também ter ocorrido devido a questões específicas do país. Diante disto, propõe-se a seguinte hipótese.

Hipótese 3. Quanto maior a CA de uma empresa, maior é o efeito positivo dos investimentos em P&D externo sobre o seu DI.

2.4. DI E DESEMPENHO FINANCEIRO

Uma relação positiva entre DI e desempenho financeiro (DF) tem sido consistentemente encontrada na academia (DU; LETEN; VANHAVERBEKE, 2014DU, J.; LETEN, B.; VANHAVERBEKE, W. Managing open innovation projects with science-based and market-based partners. Research Policy, v. 43, n. 5, p. 828-840, 2014.; FAEMS; VISSER; ANDRIES; VAN LOOY, 2010FAEMS, D; DE VISSER, M.; ANDRIES, P.; VAN LOOY, B. Technology Alliance Portfolios and Financial Performance: Value-Enhancing and Cost-Increasing Effects of Open Innovation. Journal of Product Innovation Management, v. 27, n. 6, p. 785-796, 2010.; YAMAKAWA; YANG; LIN, 2011YAMAKAWA, Y.; YANG, H.; LIN, Z. J. Exploration versus exploitation in alliance portfolio: Performance implications of organizational, strategic, and environmental fit. Research Policy, v. 40, n. 2, p. 287-296, 2011.). A inovação é essencial para a sobrevivência da empresa em ambientes incertos (TEECE, 2007TEECE, D. J. Explicating dynamic capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, v. 28, n. 13, p.1319-1350, 2007.). Quando uma inovação radical ocorre na indústria, o desempenho dos incumbentes tende a diminuir, enquanto os novos empreendimentos são pioneiros na introdução da inovação (HILL; ROTHAERMEL, 2003HILL; ROTHAERMEL F. T. The performance of incumbent firms in the face of radical technological innovation. Academy of Management Review, v. 28, n. 2, p. 257-274, 2003.). Mesmo que a introdução de uma inovação radical que altere os padrões da indústria não aconteça, a importância da inovação para o desempenho é reconhecida por muitos autores. Tomlinson (2010)TOMLINSON, P. R. Co-operative ties and innovation: Some new evidence for UK manufacturing. Research Policy, v. 39, n. 6, p. 762-775, 2010. observou uma relação positiva entre inovação de produto e processo e fatores os quais podem indicar desempenho, como tamanho da empresa e crescimento de vendas. Alguns autores detectaram que as atividades de inovação aberta realizadas pelas empresas têm uma relação positiva com o desempenho do cliente e com o DF (CHENG; HUIZINGH, 2014CHENG, C. C. J.; HUIZINGH, E. K. R. E. When Is Open Innovation Beneficial? The Role of Strategic Orientation. Journal of Product Innovation Management, v. 31, n. 6, p. 1235-1253, nov. 2014.; DU et al., 2014DU, J.; LETEN, B.; VANHAVERBEKE, W. Managing open innovation projects with science-based and market-based partners. Research Policy, v. 43, n. 5, p. 828-840, 2014.). Como a incerteza de hoje está aumentando continuamente, com indústrias crescendo e outras morrendo o tempo todo em um ambiente de alta velocidade de lançamento de produtos, a hipótese de que o DI influencia positivamente o DF em certo grau parece razoável, além de ser consistente com os fundamentos teóricos anteriormente expostos.

Hipótese 4. Quanto maior o DI de uma empresa, maior o seu DF futuro.

2.5. DF ATUAL E DF FUTURO

Por último, a hipótese de que o DI tem um impacto positivo no DF futuro deve considerar o possível efeito do DF atual no DI. Empresas com melhores indicadores financeiros normalmente possuem mais dinheiro, ou o apoio dos acionistas para investir mais em inovação e assim o DF atual pode ser altamente correlacionado com o DI. Além disso, como o desempenho passado é um fator importante que influencia o desempenho futuro (DURAND; BRUYAKA; MANGEMATIN, 2008DURAND, R.; BRUYAKA, O.; MANGEMATIN, V. Do science and money go together? The case of the French biotech industry. Strategic Management Journal, v. 29, n. 12, p. 1281-1299, 2008.; TSAI, 2001TSAI, W. Knowledge transfer in intraorganizational networks: Effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. Academy of Management Journal, v. 44, n. 5, p. 996-1004, 2001.), é importante incluir um construto representando o DF atual no modelo para evitar possíveis vieses. Desta forma, originaram-se as duas últimas hipóteses.

Hipótese 5a. Quanto maior o DF atual de uma empresa, maior o seu DI.

Hipótese 5b. Quanto maior o DF atual de uma empresa, maior o seu DF futuro.

A Figura 1 mostra o modelo proposto, que é composto pelos seguintes construtos: (1) P&D externo - Alianças Estratégicas; (2) P&D Interno - Capacidade Absortiva; (3) Desempenho de Inovação; (4) Desempenho Financeiro Atual, 3 (5) Desempenho Financeiro Futuro.

Figura 1
Modelo Teórico.

3. MÉTODO

3.1. FONTE DE DADOS E AMOSTRA

Para testar o modelo da Figura 1 para empresas de manufatura brasileiras, utilizaram -se nesta pesquisa dados da PINTEC 2011- Pesquisa Brasileira de Inovação (IBGE 2016aINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PINTEC - Pesquisa de Inovação, 2016a Disponível em: <http://www.pintec.ibge.gov.br/> Acessado em: 20 janeiro 2016.
http://www.pintec.ibge.gov.br/...
), que investigou as atividades de inovação das empresas e seus resultados considerando três anos: 2009, 2010 e 2011, e a PIA- Empresa de 2009 a 2013 - Pesquisa Industrial Anual (IBGE 2016b___. Pesquisa Industrial - Empresa 2014, 2016b Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pia/empresas/2014/defaultempresa.shtm> Acessado em: 20 janeiro 2016.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
), que fornece indicadores de desempenho financeiro das empresas para o ano fiscal completo, ambas realizadas pelo IBGE. Os dados foram acessados, e os testes estatísticos foram realizados em um laboratório interno do IBGE, conforme exigido pelo instituto, a fim de garantir o sigilo dos dados no nível da empresa. Para fins deste estudo, foram consideradas apenas empresas manufatureiras, com base na classificação da CNAE 2.0 (IBGE 2017___. CONCLA - Comissão Nacional de Classificação, 2017 Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br > Acessado em: 28 março 2017.
http://www.cnae.ibge.gov.br...
), que declararam ter desenvolvido pelo menos uma inovação de produto ou processo no período, ter um projeto de inovação em andamento até o final de 2011 ou ter abandonado ou suspendido algum projeto de inovação no período entre 2009 e 2011, totalizando 2.810 empresas.

3.2. DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

O Quadro 1 apresenta as proxies que refletem os construtos com uma descrição e a fonte de dados a partir de onde estes foram obtidos. Todos os construtos do modelo são reflexivos. Uma questão importante sobre as variáveis de desempenho financeiro é que o desempenho financeiro atual foi calculado pelas variáveis médias de 2010 e 2011, e o desempenho financeiro futuro utilizou as variáveis de 2013. O período de 2013 foi escolhido porque se espera que o desempenho de inovação induza um melhor desempenho financeiro no futuro, o que pode ser percebido apenas alguns anos depois, e 2013 é o ano mais recente sobre o qual pôde-se obter dados de desempenho.

Quadro1
Proxies dos construtos.

3.3. MÉTODO ESTATÍSTICO

Considerando que o banco de dados foi construído por uma mescla de várias pesquisas diferentes, de vários anos diferentes, o viés de método comum não foi considerado um problema. O primeiro passo consistiu em uma análise de fator exploratória (AFE) para reduzir as dimensões de cada construto. Os fatores com autovalor maior que 1 foram utilizados e, deste modo, aplicou-se uma rotação varimax (HAIR et al. 2006Hair, J., Black, W., Babin, B., Anderson, R., and Tatham, R.: 2006. Multivariate data analysis. Pearson Prentice Hall.). Os fatores finais que foram utilizados nas próximas etapas da análise foram calculados por summated-scales. Em seguida, uma análise de fator confirmatória (AFC) para validar o modelo de mensuração foi realizada. Após essa etapa, foi realizada uma modelagem de equações estruturais (MEE) para testar as hipóteses e encontrar as relações entre os construtos. A estimação bayesiana foi escolhida como método de estimativa para executar o MEE. Essa estimativa tem algumas vantagens sobre outras, como a estimação de máxima verossimilhança, como: (1) não é baseada na normalidade do fenômeno; (2) é executada com uma amostra menor; (3) não requer dependência linear; iv) considera o conhecimento prévio, pois exige a entrada de uma distribuição prévia que pode ser a distribuição encontrada em estudos anteriores (KRUSCHKE; AGUINIS; JOO, 2012KRUSCHKE, J. K.; AGUINIS, H.; JOO, H. The time has come: Bayesian methods for data analysis in the organizational sciences. Organizational Research Methods, v. 15, n. 4, p. 722-752, 2012.). Consideraram-se aceitáveis estatísticas de convergência abaixo de 1,1 (GELMAN; CARLIN; STERN, 2013GELMAN, A. Two simple examples for understanding posterior p-values whose distributions are far from uniform. Electronic Journal of Statistics, v. 7, p. 2595-2602, 2013.) e os intervalos de confiança das relações entre os construtos foram de 95%.

A moderação da capacidade absortiva na relação entre alianças estratégicas e desempenho de inovação foi representada na MEE utilizando-se a mean-centering technique proposta por Little, Bovaird e Widaman (2006)LITTLE, T. D.; BOVAIRD, J. A.; WIDAMAN, K. F. On the merits of orthogonalizing powered and product terms: Implications for modeling interactions among latent variables. Structural Equation Modeling, v. 13, n. 4, p. 497-519, 2006.. Seguindo essa técnica, um novo construto moderador foi adicionado ao modelo que também influencia o construto desempenho de inovação. As variáveis desse construto foram formadas multiplicando-se todos os fatores do construto capacidade absortiva pelos fatores de alianças estratégicas e aplicando-se o Z-score. Em seguida, correlacionaram-se os resíduos das variáveis que foram formadas pelo produto de um fator original (por exemplo, todas as variáveis formadas pela multiplicação do primeiro fator de capacidade absortiva devem ter seus resíduos correlacionados) na MEE. A Figura 2 mostra a MEE com todos os fatores os quais refletem os construtos, incluindo o que representa a moderação.

Figura 2
Modelo completo com os resultados da MEE.

4. RESULTADOS E ANÁLISE

Da amostra de 2.810 empresas de manufatura brasileiras que se dedicaram a alguma atividade de inovação entre 2009 e 2010, 1.495 introduziram com sucesso pelo menos uma inovação de produto ou processo, o que representa 53,20% das empresas. Por outro lado, 1.315, ou 46,80% das firmas não introduziram inovação durante esse período de três anos. A Tabela 1 mostra a média e os desvios-padrão das proxies dos construtos para toda a amostra. Da tabela, é possível verificar que 38,50% das empresas introduziram inovação de produto e 26,30% das empresas introduziram inovação de processo. Outra observação interessante que pode ser feita com base na Tabela 1 é que o desempenho médio das empresas em 2010 e 2011 supera o desempenho futuro de 2013. O crescimento do faturamento foi em média de 36,20% em 2010 e 2011 e decaiu para 13,6% em 2013. O crescimento dos funcionários foi de 9,70% em média em 2010 e 2011 e apenas 3,00% em 2013, e o valor agregado aumentou 23,80% em um ano, na média de 2010 e 2011 em comparação com um crescimento de 21,80% em 2013. Embora o crescimento tenha decaído, todos os indicadores de desempenho baseados no crescimento são positivos, o que pode indicar que as empresas manufatureiras ainda estejam se recuperando da crise global de 2008, que atingiu fortemente a indústria brasileira, recuperação essa que se iniciou em 2010 (CUNHA; LELIS; FLIGENSPAN, 2013CUNHA, A. M.; LELIS, M. T. C.; FLIGENSPAN, F. B. Desindustrialização e comércio exterior: evidências recentes para o Brasil. Revista de Economia Política, v. 33, n. 3, p. 463-485, 2013.).

Tabela 1
Médias e desvios padrão das variáveis dos construtos.

O primeiro passo da análise foi executar a AFE para reduzir o número de variáveis que refletiriam os construtos da MEE. A AFE foi aplicada separadamente para cada construto apresentado no Quadro 1, conforme descrito na seção do método, e pôde reduzir com sucesso apenas dois construtos: Desempenho de Inovação (para quatro fatores) e P&D externo - Alianças Estratégicas (para um fator). Os fatores resultantes desses dois construtos como resultado da AFE após a rotação varimax são apresentados na Tabela 2. Somente variáveis com peso 0,7 ou mais em cada fator foram usadas para calcular a variável final e são mostradas na Tabela 2.

Tabela 2
Resultados da AFE.

Para o Desempenho de Inovação, o fator 1 foi formado pela média de IN_IMP_8, IN_IMP_9 e IN_IMP_11, que são variáveis as quais medem o impacto da inovação nos custos (no caso dessas variáveis, custos de produção, custos de mão de obra e custos de energia). Por essa razão, o fator 1 é chamado de Desempenho de Redução de Custo (CR_PERF). O fator 2 foi formado por IN_IMP_3 e IN_IMP_4, que representam o impacto em manter e aumentar a participação da empresa no mercado. Portanto, o fator 2 foi chamado de Desempenho de Mercado (IN_PERF). O fator 3 foi formado pela introdução ou não de inovação de produto (INOVPROD) e pelo grau de inovatividade da inovação de produto (IPROD_DEGREE) e, por esse motivo, foi chamado de Introdução de Inovação de Produto (INTRO_PROD). Fator 4, que foi formado pela introdução ou não de inovação de processo (INOVPROC), foi chamado de Introdução de Inovação de Processos (INTRO_PROC). No caso do construto P&D externo - Alianças estratégicas, a AFE resultou em apenas um fator, que foi formado por AL_CLI, AL_SUP, AL_CONSUL, AL_UNIV, AL_CENTERS, e AL_TEST_INST. Todas essas variáveis formadoras medem a importância de algum tipo de parceiro para a inovação.Por conseguinte, esse fator foi chamado de Alianças Estratégicas (STR_ALL). Todas as outras variáveis dos construtos que não formaram um dos fatores não foram consideradas na MEE. Para os outros construtos (P&D Interno - Capacidade Absortiva, Desempenho Financeiro Atual e Desempenho Financeiro Futuro), utilizaram-se todas as variáveis separadamente na MEE.

O próximo passo da análise foi uma AFC considerando os quatro construtos do modelo que contém mais de uma proxy (como o construto P&D externo - Alianças Estratégicas foi reduzido a uma variável única, não participou da AFC). A AFC foi conduzida utilizando a estimativa bayesiana. Depois de várias execuções e a análise dos modification indexes, a variável CR_PERF foi removida do construto desempenho de inovação e foi corrigida a variância de erro de IN_PERF para 0. Nenhuma outra mudança foi feita no modelo de medição. Os resultados do modelo de medição estão na Tabela 3.

Tabela 3
Resultados da AFC.

Embora todos os standardized regression weights do modelo de medição devam ser todos maiores que 0,7 para garantir a confiabilidade do índice individual, todos os pesos de regressão foram significativos, com o p-valor de 0,05, com exceção de TRAIN_EXP no construto P&D interno - Capacidade Absortiva. Todavia foi decidido mantê-lo para ter um mínimo de três proxies para cada construto. O único construto com o nível mínimo de variância média extraída - AVE, que deveria ser 0,5, e de confiabilidade composta - CC, a qual deveria ser 0,7, foi o Desempenho de Inovação. Todos os outros estavam abaixo desses níveis. Entretanto, alguns autores consideram que o AVE é um critério muito conservador para validade convergente e o pesquisador pode decidir que o construto tem validade convergente mesmo com mais de 50% da variância explicada por erro (MALHOTRA; DASH, 2011MALHOTRA, N. K.; DASH, S. Marketing Research: An Applied Approach. London: Pearson Publishing, 2011.). Considerando isso, o Desempenho Financeiro Futuro é quase aceitável e decidimos não alterar os outros construtos para manter três variáveis em cada um deles.

A verificação da validade discriminante foi bem-sucedida em discriminar os construtos entre si, e os AVEs dos construtos foram muito maiores do que todas as correlações quadradas estimadas entre os construtos. Para validade nomológica, esperava-se haver covariâncias significativas, mas baixas entre os construtos. Covariâncias são significativas para p <0,05 e baixas entre P&D Interno - Capacidade Absortiva e Desempenho Financeiro Atual (0,045), entre P&D Interno - Capacidade Absortiva e Desempenho da Inovação (0,134) e entre o Desempenho da Inovação e o Desempenho Financeiro Atual (0,047). As covariâncias entre o Desempenho Financeiro Futuro e os outros três construtos não foram significativas. Isso pode indicar um problema específico com a validade nomológica do construto Desempenho Financeiro Futuro. No entanto, a AFC validou o construto, que apresentou validade discriminante e convergente aceitável. Além disso, os resultados da MEE com esse construto apresentaram uma relação significativa entre este e o construto Desempenho da Inovação, conforme demonstrado abaixo. Por essas razões, decidiu-se avançar sem mudanças adicionais no modelo de medição.

A etapa seguinte da análise foi o teste do modelo causal com MEE utilizando-se da estimação bayesiana. Os resultados da análise estão resumidos na Tabela 4. A Figura 2 mostra o modelo completo, os coeficientes padronizados e os termos de erro. O modelo apresenta um quarto construto, P&D Ext x CA, representando a relação de moderação da capacidade absortiva, conforme explicado anteriormente. A estatística preditiva posterior do modelo foi de 0,56, o que pode ser considerado um bom ajuste, pois está próximo de 0,5 (GELMAN, 2013GELMAN, A. Two simple examples for understanding posterior p-values whose distributions are far from uniform. Electronic Journal of Statistics, v. 7, p. 2595-2602, 2013.).

Tabela 4
Resultados da MEE.

Examinamos os standard regression weights das relações na Tabela 4 para analisar as hipóteses. A primeira hipótese sugeriu que quanto maior o nível de P&D externo de uma empresa de manufatura brasileira, principalmente acessado por meio de alianças estratégicas, maior o seu desempenho inovador. Essa hipótese (H1) foi suportada, com um coeficiente positivo e significativo (p <0,05) de 0,105. A inovação aberta ocorrendo principalmente através de alianças estratégicas nas empresas manufatureiras brasileiras é corroborada pelo fato de que o construto P&D Externo foi reduzido a uma variável formada somente pelas proxies representativas da importância das alianças com diversos tipos de parceiros (clientes, fornecedores, consultores, universidades, centros de pesquisa e institutos de teste). As proxies que representam puramente a aquisição de conhecimento externo ou P&D foram excluídas do modelo pela AFE. Todos os tipos de parceiros têm um peso semelhante no fator que representou o P&D externo, e isso indicou que as empresas que usam alianças estratégicas para inovação aberta usam todos esses tipos de parceiros e os consideram igualmente importantes.

A hipótese 2 foi rejeitada na análise. O coeficiente entre os construtos P&D Interno - Capacidade Absortiva e Desempenho de Inovação é positivo (0,004), mas não é significativo para p <0,05. No modelo desta pesquisa, esse construto foi representado pela intensidade de P&D interno, despesas de treinamento e escolaridade de empregados. No entanto, despesas de treinamento não refletiu significativamente o construto. Altos investimentos em P&D interno são custosos para as empresas e são mais intensamente feitos por empresas de indústrias de alta tecnologia, as quais estão mais perto da fronteira tecnológica. No caso do Brasil, as empresas manufatureiras concentram-se principalmente nas indústrias de baixa tecnologia, e as de indústrias de alta tecnologia não estão suficientemente próximas da fronteira tecnológica, de modo que sua pesquisa e desenvolvimento internos possam gerar inovação de alto desempenho. Essas empresas ainda estão em processo de acumulação de capacitação tecnológica, no qual é importante aprender com parceiros mais desenvolvidos tecnologicamente. Entretanto, níveis mais altos de P&D interno, ou capacidade absortiva, podem ser importantes para potencializar os efeitos das alianças estratégicas sobre o desempenho de inovação, conforme proposto pela hipótese 3. A análise desta pesquisa corroborou este fato, já que H3 é confirmada para p <0,05 com um coeficiente de 0,993. É interessante observar que o único fator da capacidade absortiva que teve um efeito moderador significativo com as alianças estratégicas no modelo foi o nível de escolaridade dos empregados. Isso significa que, para as empresas manufatureiras brasileiras, é importante ter uma equipe bem escolarizada para trabalhar em atividades de inovação aberta, de a fim de eles serem mais qualificados para avaliar oportunidades, identificar e absorver conhecimento externo para gerar inovação. O nível de intensidade da P&D interno ainda não permitiu o acúmulo suficiente de recursos para melhorar a capacidade absortiva dessas firmas.

Esperava-se encontrar uma relação positiva entre o desempenho de inovação e o desempenho financeiro futuro, conforme indicado pela hipótese 4, no entanto encontramos uma relação negativa e significativa (-0,897 com p <0,05), rejeitando H4. Embora a relação entre o desempenho de inovação e o desempenho financeiro tenha sido consistentemente encontrada na academia, é necessário algum tempo entre a introdução da inovação e a verificação dos resultados econômicos dela. Neste estudo, considerou-se a inovação introduzida entre 2009 e 2011, e os indicadores de desempenho financeiro medidos foram de 2013. Esse intervalo de tempo de dois anos não foi suficiente para que as inovações se traduzissem em melhoria de desempenho, considerando indicadores como o crescimento de receita, crescimento de funcionários ou crescimento de valor agregado. Mas foi o suficiente para refletir o aumento nos custos e a diminuição das receitas causados pelo redirecionamento de recursos de marketing e vendas para atividades de inovação (como o P&D interno), e pela gestão da colaboração (FAEMS et al., 2010FAEMS, D; DE VISSER, M.; ANDRIES, P.; VAN LOOY, B. Technology Alliance Portfolios and Financial Performance: Value-Enhancing and Cost-Increasing Effects of Open Innovation. Journal of Product Innovation Management, v. 27, n. 6, p. 785-796, 2010.).

O efeito do desempenho financeiro atual no desempenho de inovação, o qual indicaria que as empresas de sucesso inovam mais, não foi verificado (coeficiente de 0,001, não significativo para p <0,05, indicando a rejeição de H5a), sugerindo que as empresas manufatureiras brasileiras que ainda não são bem-sucedidas financeiramente podem ter sucesso na inovação se acumularem capacidade absortiva suficiente e balancearem suas alianças estratégicas. A maior importância da escolaridade dos funcionários em comparação com a intensidade de P&D interno como dimensão da capacidade absortiva ajuda a alcançar essa igualdade de oportunidades, já que a primeira exige menos dinheiro do que a última para ser melhorada. Também não foi encontrado um efeito significativo entre o desempenho financeiro atual e o desempenho financeiro futuro (coeficiente de 0,259, não significativo para p <0,05, indicando a rejeição de H5b). Isso indica que as empresas estão se alternando na liderança da indústria no tempo, com novos entrantes frequentemente superando os incumbentes. Isso pode ser um efeito das inovações introduzidas anteriormente a 2009 e reforça o intervalo de tempo entre a introdução de inovações e melhorias no desempenho financeiro.

5. CONCLUSÃO

Este artigo investigou o papel do P&D interno e externo no desempenho de inovação das empresas manufatureiras brasileiras, bem como o efeito do desempenho de inovação no desempenho financeiro futuro delas. A análise de uma amostra de 2.810 empresas de manufatura brasileiras que realizaram atividades de inovação (com sucesso ou não) de 2009 a 2011 da pesquisa PINTEC 2011 nos permitiu chegar a algumas conclusões interessantes.

Os principais objetivos do estudo foram dois. Primeiro, pretendia entender como as diferentes fontes de P&D, a saber, internas e externas, influenciam o desempenho de inovação, sendo desempenho de inovação a introdução bem-sucedida da inovação pelas empresas e seus impactos nos seus processos e mercados. Tal objetivo foi alcançado. Pudemos evidenciar que, nas empresas de manufatura brasileiras, o P&D externo, principalmente de alianças estratégicas, teve uma influência positiva no desempenho de inovação, como a teoria previu. Investimentos em P&D interno, como intensidade de P&D e nível de escolaridade dos funcionários, por outro lado, não afetaram diretamente o desempenho de inovação. No entanto, aumentou o efeito positivo das alianças estratégicas no desempenho de inovação, principalmente a proxy nível de escolaridade dos funcionários. O suporte desta hipótese está de acordo com a teoria da capacidade absortiva. No entanto, no caso da indústria de manufatura brasileira, a proxy de capacidade absortiva mais efetiva no momento é a que necessita de menos investimentos monetários entre as três proxies, nível de escolaridade dos empregados, que é um fator importante, mas por si só não pôde garantir um aumento do desempenho de inovação. Assim, pode-se concluir que o investimento contínuo em todas as dimensões do P&D interno deve ser feito, pois o nível de capacitação tecnológica acumulado pelas empresas brasileiras ainda é baixo. Se alcançarem a fronteira tecnológica, esse acúmulo de P&D interno tenderá a influenciar mais o efeito das alianças estratégicas sobre os resultados da inovação (mediante um aumento da capacidade absortiva), bem como afetar diretamente a inovação.

O segundo objetivo foi verificar o efeito do desempenho de inovação no desempenho financeiro futuro das empresas. Não foi possível verificar com sucesso um impacto positivo conforme previsto. Pelo contrário, o efeito foi negativo. O tempo de defasagem entre os indicadores de desempenho da inovação e os indicadores de desempenho financeiro futuros foi de apenas dois anos (2011 a 2013) e não foi suficiente para refletir o efeito de novos produtos ou serviços no desempenho financeiro. No entanto, foi interessante constatar que o desempenho financeiro no curto prazo teve um decréscimo provocado pela inovação introduzida devido aos custos de gestão das alianças estratégicas e pelo redirecionamento de recursos de marketing e vendas para atividades de inovação, como P&D interno.

Uma descoberta interessante é que a inovação de produto teve uma incidência maior do que a inovação de processo (38,50% vs. 26,30%) e novos produtos são responsáveis por, em média, 10% do volume de negócios das empresas da amostra desta pesquisa. Essa maior incidência de inovação de produto pode ter surgido do ponto de vista das empresas brasileiras e do governo de que a inovação de produto é mais nobre e mais eficaz para melhorar o desempenho financeiro do que a inovação de processo, e isso pode ter causado um maior nível de financiamento público para o primeiro tipo de inovação. Isso pode ter motivado empresas de manufatura a fazer menos esforço na geração de inovação de processo, que geralmente é responsável por melhorar o processo de produção, que reduz os custos e pode refletir mais rápido no desempenho financeiro do que a inovação de produtos, a qual depende dos esforços de marketing para introduzir o novo produto no mercado e melhorar a participação de mercado e as receitas da empresa. Essa pode ser uma das razões pelas quais não conseguimos identificar uma relação positiva entre o desempenho da inovação e o desempenho financeiro futuro com curta a defasagem tempo disponível.

É possível apontar algumas limitações neste estudo. A primeira limitação é que foi necessário fazer concessões sobre a validade interna dos construtos por causa do baixo nível de alguns indicadores de validade. Outra limitação é que se trabalhou com empresas manufatureiras brasileiras, e isso pode tornar os resultados específicos ao país e ao setor. A última limitação que podemos identificar é que o banco de dados da PINTEC possui algumas questões qualitativas baseadas em sentimentos e experiências dos entrevistados, o que pode influenciar a análise.

Independentemente dessas limitações, este trabalho apresenta uma contribuição valiosa para entender a relação entre alianças estratégicas, capacidade absortiva, desempenho de inovação e desempenho financeiro das empresas manufatureiras brasileiras. Como implicações para os profissionais, identificou-se neste estudo que as indústrias brasileiras deveriam investir mais em P&D interno, em conjunto com alianças estratégicas, para melhorar sua capacidade absortiva; e focar mais na inovação de processos do que hoje em dia. Essas duas estratégias devem ser foco de programas governamentais que hoje estão mais focados na inovação de produto. Como estudos futuros, sugerimos a realização de análises de empresas manufatureiras em países mais desenvolvidos, q os quais estão em diferentes estágios inovativos em relação ao Brasil. Empresas manufatureiras brasileiras podem ser comparadas às da Europa ou dos EUA, por exemplo, para tentar identificar lições que podem ser aprendidas pelas organizações brasileiras. Outra análise possível é testar o modelo com empresas de serviços, que são menos estudadas na literatura e possuem um processo de inovação diferente.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    18 Out 2017
  • Revisado
    06 Fev 2018
  • Aceito
    01 Mar 2018
  • Publicado
    24 Jul 2018
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