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A Relação entre Satisfação e Características Convencionais e Alternativas das Organizações

RESUMO

Neste estudo quantitativo, por meio da Análise de Correspondência Múltipla, exploramos a existência de associação estatisticamente significativa entre as características organizacionais convencionais e alternativas e a atribuição da satisfação ou insatisfação no trabalho. O estudo contou com 172 respondentes participantes de uma survey online. Os resultados indicam que todas as características de organizações convencionais, em maior ou menor nível, associaram-se à percepção de insatisfação, enquanto características de organizações alternativas, da mesma forma, associaram-se à satisfação. Quatro dimensões de comparação entre modos organizacionais convencionais e alternativos se destacaram quanto à contribuição e relevância, a saber: i) orientação técnica (eficiência versus convivencialidade), ii) orientação econômica (crescimento versus suficiência), iii) orientação comercial (mercado versus comunidade) e, iv) orientação interorganizacional (competição versus cooperação). Os resultados, especificamente, apontam que a orientação técnica para a eficiência produtiva, assim como a orientação comercial para o mercado estão, em nível forte, associadas à insatisfação, enquanto que a orientação interorganizacional cooperativa está fortemente associada à satisfação. A investigação lança luz para o melhor entendimento sobre modos organizacionais que se contrapõem à lógica convencional dominante.

Palavras-Chave:
Satisfação nas organizações de trabalho; Características convencionais e alternativas das organizações

ABSTRACT

In this quantitative study, through Multiple Correspondence Analysis, we explored the existence of a statistically significant association between conventional and alternative organizational characteristics and the attribution of satisfaction or dissatisfaction at work. The study had 172 respondents participating in an online survey. The results indicate that all characteristics of conventional organizations, to a greater or lesser extent, were associated with the perception of dissatisfaction, whereas characteristics of alternative organizations, in the same way, were associated with satisfaction. Four dimensions of comparison between conventional and alternative organizational modes stood out in terms of contribution and relevance, namely: i) technical orientation (efficiency versus conviviality); ii) economic orientation (growth versus sufficiency); iii) commercial orientation (market versus community); and iv) inter-organizational orientation competition vers(us cooperation). The results, specifically, show that the technical orientation toward productive efficiency, as well as the commercial orientation toward the market, is, at a strong level, associated with dissatisfaction, while the cooperative inter-organizational orientation is strongly associated with satisfaction. The investigation sheds light on a better understanding of organizational modes that oppose the dominant conventional logic.

Keywords:
Satisfaction in work organizations; Conventional and alternative characteristics of organizations

1. INTRODUÇÃO

As modernas organizações de trabalho têm sido recorrentemente apontadas como ambientes produtores de sofrimento, insegurança psicológica, adoecimento e patologias mentais (Dejours, 2012Dejours, C. (2012). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In J-F. Chanlat (Org.), O indivíduo na organização: dimensões esquecidas (pp. 150-173). Atlas.), sentimento de falta de sentido no trabalho (Graeber, 2018Graeber, D. (2018). Bullshit jobs: a theory. Simon & Schuster.), violências (Faria & Meneghetti, 2007Faria, J. H. de, & Meneghetti, F. K. (2007). A instituição da violência nas relações de trabalho. In J. H. de Faria (coord.), Análise crítica das teorias e práticas organizacionais (pp. 278-299). Atlas. ), diversos tipos de assédio moral (Freitas, 2001Freitas, M. (2001). Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de Empresas, 41(2), 8-19.https://doi.org/10.1590/S0034-75902001000200002
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; Silva et al., 2018Silva, L. P., Castro, M. A. R., & Dos-Santos, M. G. (2018). Influência da Cultura Organizacional Mediada pelo Assédio Moral na Satisfação no Trabalho.Revista de Administração Contemporânea, 22(2), 249-270. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2018170176
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), o que resulta em sentimentos de insatisfação (International Stress Management Association - ISMA BR, 2011ISMA BR- International Stress Management Association no Brasil. (2011). Seja feliz no trabalho.http://ismabr.blogspot.com/2011/10/seja-feliz-no-trabalho.html
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).

As denúncias da precarização das condições de trabalho (Antunes, 2018Antunes, R. (2018). O privilégio da servidão: O novo proletariado de serviço na era digital. Boitempo Editorial.), aliadas ao crescente questionamento da legitimidade das ideias vinculadas às características de organizações convencionais, face a suas inúmeras contradições, potencializaram, nos últimos anos, o interesse por organizações alternativas e suas características, tanto no Brasil como no exterior (Costa et al., 2018Costa, P. A., Seifert, R. E., Meira, F. B., & Hocayen-da-Silva, A. J. (2018). Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(13), 477-495.; Cruz et al., 2017Cruz, L. B., Alves, M. A., & Delbridge, R. (2017). Next steps in organizing alternatives to capitalism: Toward a relational research agenda. M@n@gement, 20(4), 322-335. https://doi.org/10.3917/mana.204.0322
https://doi.org/10.3917/mana.204.0322...
; Phillips & Jeanes, 2018Phillips, M., & Jeanes, E. (2018). What are the alternatives? Organizing for a socially and ecologically sustainable world. Ephemera: Theory & Politics in Organization, 18(4), 695-708. http://www.ephemerajournal.org/sites/default/files/pdfs/issue/Alternative%20organising.pdf#page=8
http://www.ephemerajournal.org/sites/def...
; Parker et al., 2007Parker, M., Fournier, V., & Reedy, P. (2007). The dictionary of alternatives: Utopianism and organization. Zed Books.).

As organizações convencionais, em geral, são retratadas como formas de dominação caracterizadas por uma lógica racional instrumental orientadas para a máxima eficiência técnica, e por isso orientam os modos de ser, agir e pensar das pessoas (Ramos, 1989Ramos, A. G. (1989). A nova ciência das organizações. Fundação Getúlio Vargas.).

As organizações alternativas se contrapõem às convencionais, não se submetendo às suas premissas (Costa et al., 2018Costa, P. A., Seifert, R. E., Meira, F. B., & Hocayen-da-Silva, A. J. (2018). Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(13), 477-495.; Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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; Barcellos et al., 2014aBarcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H. L, & Salles, H. K. (2014a). A Teoria Política do discurso como abordagem para o estudo das organizações de resistência: reflexões sobre o caso do Circuito Fora do Eixo. Organizações & Sociedade, 21(70), 405-424. https://doi.org/10.1590/S1984-92302014000300004
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, 2017Barcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H., & Salles, H. K. (2017). Reposicionando conceitos: a organização fora dos eixos. Revista de Administração de Empresas, 51(1), 10-21. https://doi.org/10.1590/S0034-759020170102
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; Misoczky, 2010Misoczky, M. C. (2010). Das práticas não-gerenciais de organizar à organização para a práxis da libertação. In M. Misoczky, R. Flores & J. Moraes (org.), Organização e práxis libertadora (pp. 13-57). Dacasa Editora.; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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; Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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).

Reconhecemos que ainda é incipiente nosso conhecimento sobre a realidade do trabalho em espaços organizacionais alternativos ou não alinhados com a lógica de trabalho convencional. Especificamente, intriga-nos saber se percepções de satisfação no trabalho podem ou não estar relacionadas com características organizacionais convencionais ou alternativas.

Investigações sobre satisfação no trabalho (SAT) têm longa tradição na área de administração (Almeida et al., 2018Almeida, D. M., Lopes, L. F. D., Costa, V. M. F., & Santos, R. C. T. D. (2018). Policiais Militares do Estado do RS: Relação entre Satisfação no Trabalho e Estresse Ocupacional. Administração Pública e Gestão Social, 10(1), 55-65. http://doi.org/10.21118/apgs.v10i1.1366
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; Silva et al., 2018Silva, L. P., Castro, M. A. R., & Dos-Santos, M. G. (2018). Influência da Cultura Organizacional Mediada pelo Assédio Moral na Satisfação no Trabalho.Revista de Administração Contemporânea, 22(2), 249-270. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2018170176
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). Entretanto, não identificamos nenhum estudo que tenha se debruçado em investigar comparativamente a associação entre características tipicamente atribuídas a organizações convencionais e alternativas, e a percepção de satisfação entre trabalhadores.

Diante disso, o presente estudo busca explorar a existência de associação estatisticamente significativa entre características organizacionais convencionais e alternativas, com a percepção de satisfação e/ou insatisfação dos trabalhadores. Metodologicamente, estimamos essas associações via Análise de Correspondência Múltipla.

A pesquisa traz importantes contribuições para o avanço das investigações na área dos estudos organizacionais. Em primeiro lugar, permite reconhecer associações, entre a percepção de satisfação e/ou insatisfação nas organizações de trabalho e características organizacionais convencionais e alternativas, com intuito de inferir acerca de caminhos possíveis diante dos problemas nos ambientes de trabalho.

Segundo, este estudo explora quatro dimensões de comparação entre os dois tipos organizacionais, a saber: i) orientação técnica (eficiência versus convivencialidade) ii) orientação econômica (crescimento versus suficiência), iii) orientação comercial (mercado versus comunidade) e, iv) orientação interorganizacional (competição versus cooperação). Cada uma delas é operacionalizada de forma a permitir o reconhecimento de características organizacionais convencionais e alternativas. Os resultados alcançados corroboram a contribuição e relevância dessas dimensões na caracterização de modos organizacionais convencionais e alternativos.

Ademais, esta investigação lança luz para o melhor entendimento sobre modos organizacionais que se contrapõem à lógica convencional dominante. Outrossim, resgata estudos anteriores que buscaram distinguir características organizacionais convencionais e alternativas a fim de compará-las (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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, 1997Serva, M. (1997). Racionalidade substantiva demonstrada na prática administrativa.Revista de Administração de Empresas, 37(2), 18-30. https://doi.org/10.1590/S0034-75901997000200003
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), buscando atualização na literatura recente, e avançando o conhecimento por meio da investigação quantitativa da associação entre as características organizacionais e a percepção satisfação/insatisfação.

2. QUADRO TEÓRICO

2.1. Características convencionais e alternativas das organizações

Os estudos das organizações alternativas, de modo geral, mencionam as organizações convencionais como parâmetro de comparação entre os dois tipos organizacionais. Porém, não há consenso na literatura especializada acerca de definições precisas dos dois modos organizativos (Costa et al., 2018Costa, P. A., Seifert, R. E., Meira, F. B., & Hocayen-da-Silva, A. J. (2018). Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(13), 477-495.). Nesse contexto, buscamos os pontos de concordância da literatura para ser possível prosseguir com nosso estudo.

O modo organizacional dominante é tratado por diferentes nomenclaturas, entre elas: organizações hegemônicas (Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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), convencionais (Vizeu et al., 2015Vizeu, F., Seifert, R.E., & Hocayen-Da-Silva, A. J. (2015). Non-capitalist organizations in Latin America: lessons from the Brazilian Faxinal grassroot community. Cadernos EBAPE. BR, 13(2), 369-389. https://doi.org/10.1590/1679-395116997
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), gerencialistas (Gaulejac, 2007Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Ideias & Letras.), burocráticas (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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), mecanicistas e funcionalistas (Paes de Paula, 2002Paes de Paula, A. P. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
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).

Na literatura específica, essas organizações são identificadas por apresentar as seguintes características: autoridade, hierarquia, controle, centralização das decisões, rigidez, regras formais de padronização (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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; Misoczky et al., 2008Misoczky, M. C., Flores, R. K., & Bohm, S. (2008). A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Organizações & Sociedade, 15(45), 181-194. https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/10958
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; Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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), treinamentos especializados formais, compensação financeira, máxima divisão e especialização do trabalho manual e intelectual (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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), entre outras.

As organizações alternativas (Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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; Meira, 2011Meira, F. B. (2011). Entre modelos e figuras: o problema da transição nas empresas assumidas por trabalhadores. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, 9(2), 301-326. https://periodicos.ufpe.br/revistas/gestaoorg/article/view/21780
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), de forma ampla, se fundamentam na possibilidade de se contrapor ao modo de organizar dominante na atualidade, não se submetendo à sua lógica (Parker & Parker, 2017Parker, S., & Parker, M. (2017). Antagonism, accommodation and agonism in Critical Management Studies: Alternative organizations as allies. Human Relations, 70(11), 1366-1387. https://doi.org/10.1177/0018726717696135
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; Rodgers et al., 2016Rodgers, D. M., Petersen, J., & Sanderson, J. (2016). Commemorating alternative organizations and marginalized spaces: The case of forgotten Finntowns. Organization, 23(1), 90-113. https://doi.org/10.1177/1350508415605110
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; Barcellos et al., 2014aBarcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H. L, & Salles, H. K. (2014a). A Teoria Política do discurso como abordagem para o estudo das organizações de resistência: reflexões sobre o caso do Circuito Fora do Eixo. Organizações & Sociedade, 21(70), 405-424. https://doi.org/10.1590/S1984-92302014000300004
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, 2014bBarcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H.L, & Salles, H. K. (2014b). Práticas organizacionais e o estabelecimento de lógicas de equivalência: o Circuito Fora do Eixo à luz da Teoria Política do discurso. Revista de Administração, 49(4), 684-697. , 2017Barcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H., & Salles, H. K. (2017). Reposicionando conceitos: a organização fora dos eixos. Revista de Administração de Empresas, 51(1), 10-21. https://doi.org/10.1590/S0034-759020170102
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; Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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), constituindo assim possibilidades de libertação, emancipação e transformação social (Misoczky, 2010Misoczky, M. C. (2010). Das práticas não-gerenciais de organizar à organização para a práxis da libertação. In M. Misoczky, R. Flores & J. Moraes (org.), Organização e práxis libertadora (pp. 13-57). Dacasa Editora.).

Há alguns termos usados para identificar esse tipo organizacional, entre eles, organizações: substantivas (Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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), contra-hegemônicas (Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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), não convencionais (Vizeu et al., 2015Vizeu, F., Seifert, R.E., & Hocayen-Da-Silva, A. J. (2015). Non-capitalist organizations in Latin America: lessons from the Brazilian Faxinal grassroot community. Cadernos EBAPE. BR, 13(2), 369-389. https://doi.org/10.1590/1679-395116997
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; Chiesa & Cavedon, 2015Chiesa, C. D., & Cavedon, N. R. (2015). Elementos anarquistas no cotidiano de uma organização contemporânea: o caso da Casa da Cultura Digital de Porto Alegre. Revista Gestão.Org, 13(1), 11-23.) e alternativas (Costa et al., 2018Costa, P. A., Seifert, R. E., Meira, F. B., & Hocayen-da-Silva, A. J. (2018). Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(13), 477-495.).

As organizações alternativas, ainda que sob diferentes denominações, são identificadas pelas seguintes características: horizontalidade, colaboração, cooperação, coletividade, participação nas decisões, conformidade consensual (Misoczky, et al., 2008Misoczky, M. C., Flores, R. K., & Bohm, S. (2008). A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Organizações & Sociedade, 15(45), 181-194. https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/10958
https://periodicos.ufba.br/index.php/rev...
; Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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; Sullivan et al., 2011Sullivan, S., Spicer, A., & Böhm, S. (2011). Becoming global (un)civil society: counter hegemonic struggle and the Indymedia network. Globalizations, 8(5), 707-71. https://doi.org/10.1080/14747731.2011.617571
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; Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
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), comprometimento, realização, propósito, valores não financeiros, igualdade, valores morais e éticos compartilhados, personalização, processos autogestionários, resgate da condição humana (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
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; Misoczky et al., 2008Misoczky, M. C., Flores, R. K., & Bohm, S. (2008). A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Organizações & Sociedade, 15(45), 181-194. https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/10958
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; Barcellos & Dellagnelo, 2013Barcellos, R. M. R., & Dellagnelo, E. H. L. (2013). Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 7(1), 1-16. http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200
http://doi.org/10.12712/rpca.v7i1.200...
), amizades, redes de relacionamento (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
https://doi.org/10.2307/2094585...
; Serva, 1993Serva, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, 33(2), 36-43. https://doi.org/10.1590/S0034-75901993000200005
https://doi.org/10.1590/S0034-7590199300...
), mínima divisão e especialização do trabalho manual e intelectual (Rothschild-Whitt, 1979Rotschild-Whitt, J. (1979). The Collectivist Organization: An Alternative to Rational Bureaucratic Models. American Sociological Review, 44(4), 509-527. https://doi.org/10.2307/2094585
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), entre outras.

Contudo, segundo Paes de Paula (2002Paes de Paula, A. P. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
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), algumas das características que a literatura atribui às organizações alternativas são apropriadas pelas organizações convencionais como instrumento de dominação mais sutil e eficaz. Entre as características mencionadas pela autora estão: cooperação, participação, abertura, confiança, comprometimento, trabalho em equipe, responsabilidades partilhadas, ausência de figura de autoridade e democratização (Paes de Paula, 2002Paes de Paula, A. P. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
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).

Diante desse impasse e no intuito de contribuir com o melhor reconhecimento das diferenças entre organizações convencionais e alternativas, sugerimos a adição de um olhar diferenciado para uma base de comparação que considera características orientadoras da conduta organizacional, dispostas em quatro dimensões analíticas: i) orientação econômica (crescimento versus suficiência); ii) orientação técnica (eficiência produtiva versus convivencialidade); iii) orientação interorganizacional (competição versus cooperação); e iv) orientação comercial (mercado versus comunidade).

Esse olhar é proposto, primeiro, pela provocação gerada pelo argumento de Paes de Paula (2002Paes de Paula, A. P. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
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) acerca da apropriação que as organizações convencionais fazem das características atribuídas pela literatura às organizações alternativas. Em seguida, pelo reconhecimento que a orientação para o crescimento constitui a ideologia dominante nas relações econômicas contemporâneas (Seifert & Vizeu, 2015Seifert, R. E., & Vizeu, F. (2015). Crescimento Organizacional: uma ideologia gerencial? Revista de Administração Contemporânea, 19(1), 127-141. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2015812
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). Em terceiro, pela identificação como o modo convencional de organização se fundamenta numa lógica de organização técnica orientada para a máxima eficiência (Ellul, 1968Ellul, J. (1968).A técnica e o desafio do século. Paz e Terra.). Posteriormente, porque, em nosso entendimento, a orientação comercial e também a interorganizacional não foram questionadas por Paes de Paula (2002Paes de Paula, A. P. (2002). Tragtenberg revisitado: as inexoráveis harmonias administrativas e as burocracias flexíveis. Revista de Administração Pública, 36(1), 127-144. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6431
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), suscitando assim, nosso interesse acerca dessas categorias.

A base de comparação supracitada, disposta em quatro categorias analíticas, fundamenta-se na leitura da bibliografia da área tal como se apresenta a seguir.

O crescimento econômico é aceito como característica universal da condição humana moderna partindo de desejos e ambições ilimitadas (Latouche, 2009Latouche, S. (2009). Pequeno tratado do decrescimento sereno. Martins Fontes.). Essa visão baseia-se nas teorias de Adam Smith (2003Smith, A. (2003). A riqueza das nações. Martins Fontes.) que defendem que a natureza humana é essencialmente econômica e o progresso e as riquezas das nações dependem fundamentalmente de pessoas motivadas a satisfazer suas necessidades pessoais ilimitadas (Seifert & Vizeu, 2015Seifert, R. E., & Vizeu, F. (2015). Crescimento Organizacional: uma ideologia gerencial? Revista de Administração Contemporânea, 19(1), 127-141. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2015812
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). Para Schumacher (1981Schumacher, E. F. (1981). O negócio é ser pequeno: Um estudo de economia que leva em conta as pessoas (4th edn). Zahar.), a ideologia do crescimento define uma idolatria ao gigantismo, e ação organizacional orientada para o crescimento econômico a qualquer custo.

Alternativamente, reconhecendo que essa ideologia traz prejuízos ao meio ambiente e às dimensões humanas, autores críticos ao crescimento apontam para a possibilidade da orientação econômica para outros fins como a suficiência, a prosperidade e o bem viver (Seifert & Vizeu, 2015Seifert, R. E., & Vizeu, F. (2015). Crescimento Organizacional: uma ideologia gerencial? Revista de Administração Contemporânea, 19(1), 127-141. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2015812
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; Raworth, 2017Raworth, K. (2017). Doughnut economics: Seven ways to think like a 21st-century economist. Random House Business Books.; Jackson, 2017Jackson, T. (2017). Prosperity without growth: Foundations for the economy of tomorrow. Routledge.; Adversi & Seifert, 2022Adversi, L. G., & Seifert, R. E. (2022). Limites ao crescimento econômico e à eficiência técnica em organizações alternativas: suficiência e convivencialidade. Cadernos EBAPE.BR, 20(1), 77-88. https://doi.org/10.1590/1679-395120200215
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). Essa alternativa também admite a possibilidade de os empreendedores atribuírem aos seus negócios significados diferentes daqueles alinhados à lógica do crescimento econômico (Seifert & Vizeu, 2015Seifert, R. E., & Vizeu, F. (2015). Crescimento Organizacional: uma ideologia gerencial? Revista de Administração Contemporânea, 19(1), 127-141. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2015812
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; Souza & Seifert, 2018Souza, R. R., & Seifert, R. E. (2018). Understanding the Alternative of Not Growing for Small Mature Business. Management Revue, 29(4), 333-348. https://doi.org/10.5771/0935-9915-2018-4-333
https://doi.org/10.5771/0935-9915-2018-4...
; Adversi & Seifert, 2022Adversi, L. G., & Seifert, R. E. (2022). Limites ao crescimento econômico e à eficiência técnica em organizações alternativas: suficiência e convivencialidade. Cadernos EBAPE.BR, 20(1), 77-88. https://doi.org/10.1590/1679-395120200215
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).

A orientação técnica para a eficiência caracteriza o que Ellul (1968Ellul, J. (1968).A técnica e o desafio do século. Paz e Terra.) chama de Sociedade Técnica, e define a busca incessante de métodos racionalmente capazes de alcançar a máxima eficiência em todas as áreas da vida humana por meio do empenho intencional em dominar e organizar as coisas pela razão, tornar quantitativo o que é qualitativo, e contábil o que é subconsciente (Ellul, 1968Ellul, J. (1968).A técnica e o desafio do século. Paz e Terra.). De acordo com Illich (1976Illich, I. (1976). A Convivencialidade. Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva.), tal orientação manifesta-se principalmente no sistema de produção industrial, orientado à satisfação de necessidades criadas artificialmente, das quais o ser humano torna-se escravo. Para Gaulejac (2007Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Ideias & Letras.), no gerencialismo, a eficiência técnica é o que torna empresas e indivíduos produtivos no modelo empresarial dominante. Ou ainda, como define Weber (1982Weber, M. (1982). Ensaios de sociologia. LTC.), faz do modelo organizacional racional burocrático, a expressão ideal da máxima eficiência técnica.

Em contraposição à orientação técnica definidora do sistema organizacional dominante, Illich (1976Illich, I. (1976). A Convivencialidade. Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva.) aponta a possibilidade da convivencialidade, que propicia ao ser humano a autonomia, equidade e ação criativa na ordem da vida social a partir de seus valores éticos. Essa perspectiva aproxima-se daquela que Gaulejac (2007Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Ideias & Letras.) identifica como existencial. Ou seja, uma orientação organizativa que se estabelece em oposição ao produtivismo técnico eficiente, permitindo assim a organização social por outros registros do mundo vivido, tais como a dos sentimentos, emoções, relações afetivas, amorosas e sociais. A possibilidade empírica da organização para convivencialidade e outros aspectos não definidos pela eficiência técnica tem sido reconhecida e considerada como elemento diferencial de organização em espaços urbanos (Barker, 2017Barker, A. (2017). Mediated conviviality and the urban social order: Reframing the Regulation of Public Space. The British Journal Of Criminology, 57(4), 848-866. https://doi.org/10.1093/bjc/azw029
https://doi.org/10.1093/bjc/azw029...
; Bates, 2018Bates, C. (2018). Conviviality, disability and design in the city. The Sociological Review, 66(5), 984-999. https://doi.org/10.1177/0038026118771291
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), comunidades empreendedoras (Guercini & Ranfagni, 2016Guercini, S., & Ranfagni, S. (2016). Conviviality behavior in entrepreneurial communities and business networks. Journal of Business Research, 69(2), 770-776. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.07.013
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2015.0...
), no desenvolvimento de novos produtos e serviços (Lizarralde & Tyl, 2018Lizarralde, I., & Tyl, B. (2018). A framework for the integration of the conviviality concept in the design process. Journal of Cleaner Production, 197, 1766-1777. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2017.03.108
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), ambientes multiculturais (Zafari et al., 2015Zafari, K., Allison, G., & Demangeot, C. (2015). Practising conviviality: social uses of ethnic cuisine in an Asian multicultural environment. Journal of Consumer Marketing, 32(7), 564-575. https://doi.org/10.1108/JCM-09-2014-1156
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) e organização comunitária (Adversi & Seifert, 2022Adversi, L. G., & Seifert, R. E. (2022). Limites ao crescimento econômico e à eficiência técnica em organizações alternativas: suficiência e convivencialidade. Cadernos EBAPE.BR, 20(1), 77-88. https://doi.org/10.1590/1679-395120200215
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).

A orientação interorganizacional caracteriza as relações de interdependência organizacional e respectivas dinâmicas de cooperação, competição e conflitos (Machado-da-Silva & Coser, 2006Machado-da-Silva, C., & Coser, C. (2006). Rede de relações interorganizacionais no campo organizacional de Videira-SC. Revista de Administração Contemporânea, 10(4), 9-45. https://doi.org/10.1590/S1415-65552006000400002
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). Em outras palavras, informa o modo pelo qual as relações de compartilhamento de recursos e conhecimento são estabelecidas pela organização. Na perspectiva competitiva, a organização orienta-se pela busca de recursos e vantagens exclusivos em relação aos demais atores participantes do seu campo de atuação (Machado-da-Silva & Coser, 2006Machado-da-Silva, C., & Coser, C. (2006). Rede de relações interorganizacionais no campo organizacional de Videira-SC. Revista de Administração Contemporânea, 10(4), 9-45. https://doi.org/10.1590/S1415-65552006000400002
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). Na perspectiva cooperativa, a organização orienta-se por formas de interação colaborativa e união solidária, que permitem ganhos e benefícios mútuos com seus pares (Smith et al., 1995Smith, K. G., Carroll, S. J., & Ashford, S. J. (1995). Intra-and interorganizational cooperation: toward a research agenda. Academy of Management Journal, 38(1), 7-23.; Schneiberg et al., 2008Schneiberg, M., King, M., & Smith, T. (2008). Social movements and organizational form: cooperative alternatives to corporations in the American insurance, dairy, and grain industries. American Sociological Review, 73(4), 635-667. https://doi.org/10.1177/000312240807300406
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).

Finalmente, a orientação comercial para o mercado define a lógica das operações de troca no sistema de capital em que a impessoalidade, imposta pelo mercado, se estabelece em detrimento dos vínculos sociais (Polanyi, 2000Polanyi, K. (2000). A grande transformação: as origens de nossa época. Campus.). Na orientação mercadológica, a impessoalidade, imposta pelo mercado, se estabelece em detrimento dos vínculos sociais. Nas trocas mercantis, criam-se figuras impessoais e descomprometidas: contratante e contratado, consumidor e empresa, Estado e contribuinte (Vizeu, 2009Vizeu, F. (2009). Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações & Sociedade, 16(50), 409-427. https://doi.org/10.1590/S1984-92302009000300001
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).

Em oposição à troca mercantil, apresenta-se a troca-dádiva orientada para o estabelecimento do vínculo social. Ela refere-se às trocas caracterizadas pela doação, definidas pelo dar e receber, e não por meio de compra e venda. Portanto, compreende um ato empreendido sem a garantia de retorno (Mauss, 2001Mauss, M. (2001). Ensaio sobre a dádiva. Edições 70.; Vizeu, 2009Vizeu, F. (2009). Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações & Sociedade, 16(50), 409-427. https://doi.org/10.1590/S1984-92302009000300001
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). Na troca-dádiva, o principal valor considerado não é a utilidade ou o valor do bem trocado em si, mas, sim, o valor do vínculo firmado a partir da troca (Vizeu, 2009Vizeu, F. (2009). Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações & Sociedade, 16(50), 409-427. https://doi.org/10.1590/S1984-92302009000300001
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). Desse modo, ao contrário da relação impessoal que informa a orientação mercadológica, a troca-dádiva constitui sistema de trocas fundamentada no estabelecimento de vínculos e obrigações sociais mútuas de ordem comunitária.

Ao considerar a possibilidade empírica de reconhecer e estabelecer distinções entre características de organização convencional e alternativa, este estudo busca avançar o conhecimento a respeito da associação entre tais características e a percepção de satisfação/insatisfação no trabalho.

2.2. Satisfação no Trabalho

Estudos sobre satisfação no trabalho (SAT) surgiram com foco na explicação das motivações humanas e foram iniciados por autores que se tornaram clássicos, como Maslow (1943Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-396. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/h0054346
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) e Locke (1976Locke, E. A. (1976). The nature and causes of job satisfaction. In M. P. Dun-nete (Ed.), Handbook of industrial and organizational psychology (pp. 1297-1350). Rand McNally College Publishing Company.). São temas frequentes de pesquisa nas áreas de psicologia, administração e disciplinas afins. Numa perspectiva funcionalista, a premissa é que trabalhadores satisfeitos são mais produtivos e, portanto, trazem mais rentabilidade para a empresa.

A busca por melhor entender a relação entre satisfação e características organizacionais é crescente nos estudos organizacionais. Em estudo recente, Arcidiacono et al. (2020Arcidiacono, D., Avola, M., & Palidda, R. (2020). Call centres and job satisfaction in Italy: employment conditions and socio-biographical patterns. International Review of Sociology, 30(1), 118-141. https://doi.org/10.1080/03906701.2020.1724363
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) investigaram a satisfação no trabalho em 21 call centers Italianos. Observaram que a insatisfação é influenciada por características organizacionais (tipo de serviço, tamanho e tipologia organizacional), além das condições de trabalho (contrato, salário e tempo de serviço), e características sociodemográficas dos trabalhadores (gênero, idade, formação educacional). Kjeldsen e Hansen (2018Kjeldsen, A. M., & Hansen, J. R. (2018). Sector differences in the public service motivation-job satisfaction relationship: exploring the role of organizational characteristics.Review of Public Personnel Administration, 38(1), 24-48. https://doi.org/10.1177/0734371X16631605
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), ao buscarem a relação entre motivação e satisfação no trabalho no serviço público, constataram que características organizacionais como burocracia, autoridade hierárquica e ausência de especificidade de objetivos organizacionais apresentam influências negativas na satisfação no trabalho. Além disso, argumentam que o status do setor público ou privado é mais importante para satisfação no trabalho do que outras características organizacionais. You et al. (2016You, S., Kim, A. Y., & Lim, S. A. (2016). Job satisfaction among secondary teachers in Korea. Educational Management Administration & Leadership, 45(2), 284-297. https://doi.org/10.1177/1741143215587311
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) estudaram a relação entre satisfação no trabalho percebida por professores de educação secundária na Coreia do Sul e os traços de personalidade individuais, os estilos de tratamento de conflitos interpessoais e as características organizacionais. Os resultados da pesquisa revelaram que características organizacionais, especificamente, recompensas, apoio do diretor, relacionamentos colegiados e participação na tomada de decisões organizacionais, afetam positivamente a satisfação no trabalho.

Apesar da recorrente preocupação em melhor entender a relação entre satisfação e características organizacionais, não identificamos nenhum estudo que tenha considerado a relação entre SAT e características organizacionais convencionais e alternativas tal como proposta neste estudo. Ao mesmo tempo, reconhecemos que investigar a satisfação no trabalho não é tarefa simples. Como observam Carlotto e Câmara (2008Carlotto, S. M., & Câmara, G. S. (2008). Propriedades psicométricas do questionário de satisfação no trabalho S20/23. Revista de Psicologia da Universidade São Francisco, 13(2), 203-210. https://doi.org/10.1590/S1413-82712008000200007
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, p. 203), a SAT “é um fenômeno complexo e de difícil definição, por se tratar de um estado subjetivo, podendo variar entre sujeitos, de acordo com diferentes circunstâncias, e ao longo do tempo, para uma mesma pessoa”. De acordo com Locke (1976Locke, E. A. (1976). The nature and causes of job satisfaction. In M. P. Dun-nete (Ed.), Handbook of industrial and organizational psychology (pp. 1297-1350). Rand McNally College Publishing Company., p. 1300), a satisfação no trabalho pode ser definida como “um estado emocional agradável ou positivo resultante da avaliação de um posto de trabalho ou experiência de trabalho”. Nesses termos, define quanto os empregados gostam do seu trabalho (Kvist et al., 2014Kvist, T., Voutilainen, A., Mäntynen, R., & Vehviläinen-Julkunen, K. (2014). The relationship between patients’ perceptions of care quality and three factors: nursing staff job satisfaction, organizational characteristics and patient age. BMC Health Services Research, 4(1). https://doi.org/10.1186/1472-6963-14-466
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). Como mencionam Carlotto e Câmara (2008Carlotto, S. M., & Câmara, G. S. (2008). Propriedades psicométricas do questionário de satisfação no trabalho S20/23. Revista de Psicologia da Universidade São Francisco, 13(2), 203-210. https://doi.org/10.1590/S1413-82712008000200007
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, p. 203), engloba o “conjunto de sentimentos favoráveis ou desfavoráveis com os quais os trabalhadores percebem seu trabalho”. Logo, alterações do nível de satisfação de um indivíduo em relação a outro são comuns, mesmo quando desempenhando atividades idênticas (Lima et al., 2015Lima, A. J. L., Zille, L. P., & Soares, M. G. (2015). Um olhar sobre a satisfação no trabalho: estudo em organização multinacional do setor de usinagem no Estado de Minas Gerais. Gestão & Planejamento, 16(3), 310-325. https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/view/3576
https://revistas.unifacs.br/index.php/rg...
; Martinez & Paraguay, 2003Martinez, M. C., & Paraguay, A. I. B. B. (2003). Satisfação e saúde no trabalho - aspectos conceituais e metodológicos. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho da USP, 6, 59-78. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v6i0p59-78
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490....
; Silva et al., 2018Silva, L. P., Castro, M. A. R., & Dos-Santos, M. G. (2018). Influência da Cultura Organizacional Mediada pelo Assédio Moral na Satisfação no Trabalho.Revista de Administração Contemporânea, 22(2), 249-270. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2018170176
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).

Segundo Martins e Santos (2006Martins, F. M. C., & Santos, E. G. (2006). Adaptação e validação de construto da escala de satisfação no trabalho. Revista de Psicologia da Universidade São Francisco, 11(2), 195-205. https://doi.org/10.1590/S1413-82712006000200008
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), as medidas de satisfação no trabalho identificadas na literatura possuem bases conceituais diversas. Em geral, estudos sobre satisfação utilizam escalas de SAT nas quais os dados podem ser obtidos tanto de forma direta, por meio de questionamento aos empregados sobre seus níveis de satisfação, como de forma indireta, com a avaliação de índices de rotatividade, absenteísmo, entre outros. Neste estudo, optou-se pela avaliação da SAT de forma direta.

Há basicamente duas formas para mensurar a satisfação de forma direta. Uma se dá por meio da classificação única global, que relaciona a satisfação a um sentimento unidimensional, medida por um único fator; a segunda se caracteriza por meio da somatória dos aspectos, em que se subdivide a satisfação em dimensões específicas (Spector, 2010Spector, P. E. (2010). Psicologia nas organizações. Saraiva.). Neste estudo, utilizamos como referência a Classificação Única Global de Satisfação (Chiva & Alegre, 2009Chiva, R., & Alegre, J. (2009). Organizational learning capability and job satisfaction: an empirical assessment in the ceramic tile industry. British Journal of Management, 20(3), 323-340. https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008.00586.x
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; Wanous et al., 1997Wanous, J., Reichers, A., & Hudy, M. (1997). Overall job satisfaction: how good are single item measures? Journal of Applied Psychology,82(2), 247-252. https://doi.org/10.1037/0021-9010.82.2.247
https://doi.org/10.1037/0021-9010.82.2.2...
). No caso, o indicador SAT é pontuado de 1 a 10 para obter-se sua classificação, sendo 1 totalmente insatisfeito, e 10 totalmente satisfeito. Chiva e Alegre (2009Chiva, R., & Alegre, J. (2009). Organizational learning capability and job satisfaction: an empirical assessment in the ceramic tile industry. British Journal of Management, 20(3), 323-340. https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008.00586.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008...
, p. 329) argumentam que essa abordagem é adequada para avaliar a satisfação geral do trabalho em relação a outras variáveis de interesse e que, apesar do fato de que o “uso de uma única medida para avaliar a satisfação no trabalho possa ser questionado, empiricamente nenhuma validade ou confiabilidade parece perdida”. Ademais, escalas multidimensionais alternativas, ainda que mais aprimoradas, tendem a ser longas e assim, além de reduzir a taxa de resposta, poderiam desviar excessivamente a atenção do respondente do foco central deste estudo: a relação entre a satisfação e as características organizacionais convencionais e alternativas.

A seguir apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para a investigação empírica orientada para melhor entender a relação entre satisfação e características organizacionais convencionais e alternativas.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Procedimentos de coleta de dados

Os sujeitos investigados neste estudo são os trabalhadores vinculados a algum tipo de organização de trabalho. A coleta de dados foi realizada entre os dias 06 e 18 de janeiro de 2017, por meio de divulgação e envios do link da plataforma de pesquisa “Survey Monkey” em redes sociais, e-mails, aplicativos de troca de mensagem instantânea e contatos dos pesquisadores, solicitando replicação (amostragem snowball), permitindo apenas uma resposta por e-mail registrado. A base de dados contou com 172 respondentes válidos.

Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário online contendo dezenove perguntas distribuídas em três seções. A primeira seção considera variáveis de controle tais como sugeridas por Hackman e Oldham (1975Hackman, J. R., & Oldham, G. R. (1975). Development of the job diagnostic survey. Journal of Applied Psychology, 60(2), 159-170. https://doi.org/10.1037/h0076546
https://doi.org/10.1037/h0076546...
) e inclui: sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade, ramo de atividade da organização, horas semanais trabalhadas e tempo de vínculo do trabalhador com a organização.

A segunda seção verificou a satisfação no ambiente de trabalho (SAT) do respondente. Como referência, utilizamos a Classificação Única Global, tal como também utilizada por Chiva e Alegre (2009Chiva, R., & Alegre, J. (2009). Organizational learning capability and job satisfaction: an empirical assessment in the ceramic tile industry. British Journal of Management, 20(3), 323-340. https://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008.00586.x
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), operacionalizada por questão única e escala gradual não comparativa de diferencial semântico com dez categorias (de 1 a 10), em que 1 (um) corresponde à opção “totalmente insatisfeito”, e 10 corresponde à opção “totalmente satisfeito”.

A terceira seção verificou as características organizacionais convencionais e alternativas, no intuito de estabelecer distinção entre elas, tal como considerado no referencial teórico deste estudo. Onze características foram verificadas e operacionalizadas com base na escala Likert de 10 pontos, em que 1 corresponde às características alternativas e 10, às características convencionais. Todas as perguntas apresentam como possibilidade de respostas uma opção nominal referente àqueles que “não sabem ou não podem responder”. Como se verá adiante, na análise de correspondência, a anotação nessa opção pelo respondente foi tratada como valor omisso.

A Tabela 1 apresenta a operacionalização do instrumento de coleta de dados com base no referencial teórico revisado e indica, respectivamente, as perguntas do questionário, as variáveis consideradas, as opções de resposta e as referências teóricas.

Tabela 1
Representação do instrumento de coleta de dados

3.2. Pré-processamento dos dados e procedimentos de análise

A Figura 1 (mapa de calor) informa, de forma sintetizada, a proporção dos respondentes em cada opção de resposta (de 0 a 10) na escala Likert das variáveis incluídas na análise (P8 a P19). As opções de resposta (0 a 10) são chamadas de classe (Cx). A opção “Não posso/não sei responder” foi alocada, apenas para este gráfico, na classe zero. É possível observar a prevalência das respostas 1 (C1) e 10 (C10) para as diferentes perguntas/variáveis e a aleatoriedade da distribuição para as demais perguntas. No caso específico da pergunta/variável 8 (satisfação/insatisfação), há uma concentração maior a partir da classe 6 (C6) na escala.

Figura 1.
Proporção dos respondentes para cada uma das perguntas

Após essas observações, realizamos o procedimento estatístico de transformar uma variável ordinal em nominal. Assim, dicotomizamos a base de dados pela classe mediana, que representa o ponto de corte entre duas categorias criadas, reduzindo o desequilíbrio de informação em cada grupo. Desse modo, separamos a base de dados em duas categorias em que, para as variáveis organizacionais P9 a P19, em uma categoria se estabelecem as características alternativas, e na outra categoria, as características convencionais. Quanto à variável P8, uma categoria refere-se à satisfação, e a outra, à insatisfação. Esse procedimento reduz o problema geral da resposta gradual (equilíbrio), de forma que se estabeleça, a partir de uma resposta esperada, a tendência de respostas “abaixo da esperada” e “acima da esperada” como padrão de resposta.

Na Tabela 2 é possível identificar o ponto de corte utilizado para gerar as categorias de cada pergunta. É possível observar que, para as perguntas 15 e 18, as categorias com a menor perda de informação foram geradas por pontos de corte em 5. As demais perguntas tiveram menor perda de informação com o ponto de corte no intervalo entre 6 e 7. A Tabela 2 também apresenta a distribuição de frequência em cada categoria.

Tabela 2
Frequência, agrupamento de categorias e ponto de corte

A escala utilizada no estudo tem natureza experimental e foi submetida a dois avaliadores externos com experiência na área de organizações alternativas para aferição da validade de face (Bryman & Bell, 2015Bryman, A., & Bell, E. (2015). Business research methods. Oxford University Press.). A capacidade discriminatória da escala foi validada por meio das estatísticas alfa de Cronbach e correlação ponto-bisserial, comumente utilizadas para validação de questionários.

Na Tabela 2, é possível verificar também o alfa de Cronbach para todos os itens (referência), bem como para o caso da exclusão de cada pergunta. Neste sentido, excluindo-se o item P8 o alfa de Cronbach vai a 0,8628 e assim sucessivamente. O alfa de Cronbach foi de 0,846 e permaneceu superior a 0,8 para todos os cenários, sendo maior que 0.846 apenas no caso da exclusão da pergunta P8, como se observa na Tabela 2. Porém essa variável não foi excluída por ser exatamente de nosso maior interesse.

Quanto aos resultados da significância do nível de associação entre os itens (correlação ponto-bisserial), as maiores associações estão entre a pergunta 8 e as demais perguntas. Desta forma, a única variável que apresenta medida de associação ponto-bisserial elevada (superior a 0,2) é a pergunta de interesse da pesquisa, reforçando a percepção de que o instrumento é útil para analisá-la.

Entretanto, essa estatística não é suficiente para testar a existência de associação significativa entre as variáveis e o grau de satisfação global do respondente (variável P8). Para tanto, realizamos testes Qui-Quadrado para cada par de variáveis (P8 x Pk). As perguntas P12, P13, P14, P17 e P19 não forneceram dados capazes de rejeitar a hipótese nula de associação aleatória em relação à variável P8 a um nível de significância (alfa) de 0,05.

Por fim, a pesquisa analisou os dados por meio da ACM - Análise de Correspondência Múltipla. A ACM é uma técnica estatística de análise multivariada exploratória de dados que permite estipular associações entre mais de duas variáveis categóricas e suas respectivas categorias, bem como permite verificar a intensidade dessas associações. Por tal método, a presente pesquisa analisa conjuntamente a correspondência entre a percepção de satisfação/insatisfação e as características organizacionais convencionais e alternativas.

Essa técnica é fortemente recomendável para estudos que buscam examinar associações entre as categorias (Costa et al., 2013Costa, P. S., Santos, N. C., Cunha, P., Cotter, J., & Sousa, N. (2013). The use of Multiple Correspondence Analysis to explore associations between categories of qualitative variables in healthy ageing. Journal of Aging Research, 2013, 302163. https://doi.org/10.1155/2013/302163
https://doi.org/10.1155/2013/302163...
; Camiz & Gomes, 2016Camiz, S., & Gomes, G. C. (2016) Alternative methods to multiple correspondence analysis in reconstructing the relevant information in a BURT’S table. Revista Pesquisa Operacional, 36(1), 23-44. https://doi.org/10.1590/0101-7438.2016.036.01.0023
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; Fávero & Belfiori, 2017Fávero, L.P., & Belfiori, P. (2017). Manual de análise de dados. Elsevier.). Em uma base de dados com diversas variáveis (perguntas do questionário), em que cada variável tem duas ou mais categorias (opções de respostas), essa técnica permite observar, de forma visual, a associação entre as diversas categorias das diversas variáveis (Costa et al., 2013Costa, P. S., Santos, N. C., Cunha, P., Cotter, J., & Sousa, N. (2013). The use of Multiple Correspondence Analysis to explore associations between categories of qualitative variables in healthy ageing. Journal of Aging Research, 2013, 302163. https://doi.org/10.1155/2013/302163
https://doi.org/10.1155/2013/302163...
; Camiz & Gomes, 2016Camiz, S., & Gomes, G. C. (2016) Alternative methods to multiple correspondence analysis in reconstructing the relevant information in a BURT’S table. Revista Pesquisa Operacional, 36(1), 23-44. https://doi.org/10.1590/0101-7438.2016.036.01.0023
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; Fávero & Belfiori, 2017Fávero, L.P., & Belfiori, P. (2017). Manual de análise de dados. Elsevier.). Assim, o objetivo da técnica não é o de associar os indivíduos ou mesmo as variáveis, o que seria possível pela análise de clusters e análise fatorial por componentes principais respectivamente, mas sim, explorar a forma como as categorias de resposta se associam.

Um aspecto a ser considerado na ACM para seu cálculo refere-se à necessária ausência de variáveis com peso nulo, ou seja, que a relação entre as categorias seja não nula (Camiz & Gomes, 2016Camiz, S., & Gomes, G. C. (2016) Alternative methods to multiple correspondence analysis in reconstructing the relevant information in a BURT’S table. Revista Pesquisa Operacional, 36(1), 23-44. https://doi.org/10.1590/0101-7438.2016.036.01.0023
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). Por esse motivo, algumas relações não foram passíveis de análise. Assim, não aparecem nos gráficos, sendo essa uma limitação da técnica.

A próxima seção apresenta os resultados e análises dos dados da pesquisa.

4. RESULTADOS

Nesta seção, apresentamos os achados da pesquisa, analisando, primeiro, o perfil da amostra. No segundo momento, verificamos a associação entre satisfação e insatisfação e, posteriormente, as associações entre as características organizacionais convencionais e alternativas, com a percepção de satisfação/insatisfação. Em seguida, analisamos o distanciamento, em termos de associação, entre as características opostas (convencionais e alternativas), componentes do par de características de cada uma das onze variáveis. Por último, observamos os níveis de associações entre as características organizacionais e a percepção de satisfação/insatisfação.

A amostra é não probabilística, definida por adesão. Assim, restringe-se a possibilidade de inferência paramétrica nos resultados deste estudo. O perfil detalhado dos respondentes é explicitado na Tabela 3.

Tabela 3
Perfil detalhado dos respondentes

Quanto ao perfil dos respondentes, incluídos na amostra (obtido pelas distribuições univariadas das variáveis de controle), demonstrado na Ta0bela 3, observa-se que houve maior número de respostas de mulheres e também de pessoas com idade entre 24 e 43 anos. Também se evidencia maior número de respondentes bacharelados e pós-graduados. No tocante ao setor de atuação, houve predominância do setor educacional e de serviços. Além disso, a carga horária de trabalho semanal esteve entre 30 e 50 horas. O tempo de trabalho na organização se mostrou bastante pulverizado, com maior predominância entre 2 e 10 anos.

Não foi verificada associação significativa entre percepção de satisfação ou de insatisfação e as características sociodemográficas dos respondentes. Além disso, essas variáveis de controle também não apresentaram associação significativa com as características organizacionais.

A associação entre as características organizacionais (convencionais e alternativas) e a percepção de satisfação/insatisfação pode ser observada no gráfico da Figura 2. A categoria (P8) satisfação localiza-se no quadrante 4 (Q4), enquanto a insatisfação se localiza no quadrante 2 (Q2). O exame da posição desses itens nos diferentes quadrantes da Figura 2 informa que a percepção de satisfação e de insatisfação está em polos diametralmente opostos (Q4 versus Q2), indicando inexistência de sentimentos confusos acerca da percepção de satisfação e/ou insatisfação dos indivíduos.

Figura 2.
Gráfico de associação entre características organizacionais e satisfação/insatisfação.

Além disso, é possível observar na Figura 2 que a percepção de satisfação e todas as características relativas a organizações alternativas estão à direita do eixo das ordenadas, enquanto a percepção de insatisfação e as características relativas a organizações convencionais estão à esquerda. Tal posição em relação ao eixo indica associação entre satisfação e características de organizações alternativas, e insatisfação e características de organizações convencionais.

Os resultados permitem reconhecer relevância, em termos de associação estatística, das variáveis organizacionais utilizadas no estudo, por meio da observação do distanciamento entre as duas características (convencional e alternativa) de cada variável. É possível observar (Figura 2) que todas as características agrupadas do lado esquerdo do gráfico (Q2 e Q3) alinham-se a atributos de organizações convencionais, enquanto todas as características de organizações alternativas, do lado direito (Q1 e Q4), a atributos de organizações alternativas. Assim, os resultados corroboram para o distanciamento significativo, em termos de associação, entre as características opostas (convencional e alternativa), que compõem o par de características de cada uma das onze variáveis organizacionais, tal como operacionalizadas no estudo.

Finalmente, na Tabela 4 é ainda possível reconhecer diferentes níveis de associação (forte, médio ou fraco) entre as características de organizações convencionais e alternativas, e as percepções de insatisfação e satisfação. Esses níveis são representados pela posição de proximidade das características em relação à satisfação (P8) e insatisfação (P9), e seus respectivos gradientes de cor.

Tabela 4
Associações oriundas do exame das distâncias observadas no mapa perceptual ( Figura 2 )

Vale destacar que a orientação interorganizacional (P18) cooperativa apresentou forte associação à satisfação, enquanto a orientação comercial (P19) para o mercado e a orientação técnica (P10) para a eficiência, forte associação à insatisfação. Essas características compõem as variáveis de análise propostas no referencial teórico deste estudo.

A próxima seção discute esses resultados.

5. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

Na Figura 2, observa-se que as características organizacionais explicam 50,7% da variabilidade dos dados. Esse resultado aponta a influência de características organizacionais sobre a percepção da satisfação/insatisfação. Especificamente, a investigação identificou que as características organizacionais convencionais estão associadas à insatisfação ao passo que as características organizacionais alternativas se associam à satisfação.

Esta pesquisa traz relevantes contribuições para o avanço das investigações na área de estudos organizacionais, visto que, até o momento, os estudos de satisfação não se debruçaram em investigar características organizacionais convencionais e alternativas.

Ainda, a investigação constata que os pares de características opostas componentes das variáveis utilizadas neste estudo para caracterizar organizações convencionais e alternativas, apresentaram distanciamento (dissociação) suficiente para serem capazes de serem compreendidas como opostas umas às outras (Figura 2). Assim, nosso estudo sugere que, de acordo com as perspectivas dos entrevistados, não há entendimentos confusos acerca das diferenças entre características convencionais e alternativas das organizações.

Ademais, considerando as argumentações dos estudos críticos das organizações de que as características alternativas são apropriadas pelas organizações convencionais, não constituindo assim real contraposição às premissas dominantes, este estudo explorou variáveis não contempladas por essas críticas. As variáveis são as seguintes: (P10) orientação técnica (eficiência versus convivencialidade), (P19) orientação comercial (mercado versus comunidade), (P18) orientação interorganizacional (competição versus cooperação) e (P9) orientação econômica (crescimento versus suficiência). Ao observar o comportamento dessas variáveis, identificamos resultados notórios quanto aos níveis de associação entre satisfação/insatisfação, conforme Tabela 4. Especialmente (P9) orientação econômica e (P10) orientação técnica corroboram com o estudo de Adversi e Seifert (2022Adversi, L. G., & Seifert, R. E. (2022). Limites ao crescimento econômico e à eficiência técnica em organizações alternativas: suficiência e convivencialidade. Cadernos EBAPE.BR, 20(1), 77-88. https://doi.org/10.1590/1679-395120200215
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), o qual identifica essas variáveis como parâmetro de comparação entre organizações convencionais e alternativas.

Outrossim, ponderamos que, independentemente de as características organizacionais alternativas apresentarem real contraposição às premissas das organizações convencionais, os atributos organizacionais que proporcionam menor insatisfação (e maior satisfação) são importantes de serem observados, dado o cenário que deu origem a este estudo. Identificar as características organizacionais associadas à satisfação/insatisfação permite inferir acerca da relação que tais características exercem sobre os ambientes de trabalho, produtores de sofrimento, insegurança psicológica, adoecimento e patologias mentais, precarização e sentimento de falta de sentido no trabalho.

Ainda, como observado no referencial teórico, as publicações na área sugerem que as organizações alternativas se fundamentam na possibilidade de se contrapor às organizações convencionais e de desafiar o modelo vigente, não se submetendo à sua lógica (Barcellos et al., 2014aBarcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H. L, & Salles, H. K. (2014a). A Teoria Política do discurso como abordagem para o estudo das organizações de resistência: reflexões sobre o caso do Circuito Fora do Eixo. Organizações & Sociedade, 21(70), 405-424. https://doi.org/10.1590/S1984-92302014000300004
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, 2014bBarcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H.L, & Salles, H. K. (2014b). Práticas organizacionais e o estabelecimento de lógicas de equivalência: o Circuito Fora do Eixo à luz da Teoria Política do discurso. Revista de Administração, 49(4), 684-697. , 2017Barcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H., & Salles, H. K. (2017). Reposicionando conceitos: a organização fora dos eixos. Revista de Administração de Empresas, 51(1), 10-21. https://doi.org/10.1590/S0034-759020170102
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). Assim, permitem abrir caminhos de maior emancipação, libertação e transformação social (Misoczky, 2010Misoczky, M. C. (2010). Das práticas não-gerenciais de organizar à organização para a práxis da libertação. In M. Misoczky, R. Flores & J. Moraes (org.), Organização e práxis libertadora (pp. 13-57). Dacasa Editora.). Nesse contexto, nosso estudo sugere que a convivencialidade, como possibilidade alternativa (ou de contraposição) à eficiência técnica, constitui aspecto que merece particular atenção em face de tais objetivos. Da mesma forma ocorre com a orientação comercial para a comunidade, alternativa à orientação exclusivamente mercadológica; à cooperação interorganizacional, alternativa à competitividade e; enfim, a suficiência, alternativa ao crescimento econômico.

Outra contribuição desta investigação aponta para um resultado específico, explicitado na Tabela 4, o qual mostra que a insatisfação está fortemente associada à orientação técnica para a eficiência (P10) assim como também à orientação comercial para o mercado (P19).

A orientação técnica para a eficiência produtiva constitui a principal característica da sociedade moderna (Ellul, 1968Ellul, J. (1968).A técnica e o desafio do século. Paz e Terra.), e essa orientação é determinante do modo convencional de produção (Illich, 1976Illich, I. (1976). A Convivencialidade. Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva.). Para Ellul (1968Ellul, J. (1968).A técnica e o desafio do século. Paz e Terra.), a eficiência técnica é o “best one way”, ou seja, a melhor forma de realizar uma atividade por interferência da razão instrumental. Por isso, a realização das atividades não é espontânea e pode ser entendida como uma forma de perda da liberdade humana, pois submete a ação à racionalização e ao saber fazer. Na contemporaneidade, persegue-se a eficiência técnica objetivando a produção máxima, aumento do consumo (consumismo), maximização do lucro e o crescimento econômico ilimitado.

Assim, cabe considerar possibilidades de orientações alternativas (e/ou complementares), tais como a convivencialidade (Illich, 1976Illich, I. (1976). A Convivencialidade. Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva.). De acordo com Illich (1976Illich, I. (1976). A Convivencialidade. Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva.), em uma sociedade convivencial os cidadãos participam na criação da vida social, e os valores éticos sobrepujam o valor técnico. Assim, não há submissão a técnicos especialistas haja vista que o acesso às ferramentas da comunidade é livre, na condição de não prejudicarem uma idêntica liberdade de acesso aos outros. Nesses termos, a convivencialidade oferece a possibilidade de exercer uma ação mais autônoma e mais criativa, com o auxílio de ferramentas menos controláveis pelos outros.

Análise similar pode ser feita quando se considera a forte associação entre a insatisfação e a orientação comercial mercadológica (P19). Como argumenta Vizeu (2009Vizeu, F. (2009). Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações & Sociedade, 16(50), 409-427. https://doi.org/10.1590/S1984-92302009000300001
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), nas relações exclusivamente mercantis predominam trocas impessoais, descompromissadas de vínculos sociais e fundamentadas na liquidação imediata de obrigações. Diante disso, uma alternativa a ser considerada refere-se à promoção das relações comunitárias com experimentações da troca-dádiva orientada para o estabelecimento do vínculo social (Vizeu, 2009Vizeu, F. (2009). Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações & Sociedade, 16(50), 409-427. https://doi.org/10.1590/S1984-92302009000300001
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).

Já no que diz respeito à satisfação, os resultados apontam forte associação com a orientação interorganizacional (P18) cooperativa. Sullivan et al. (2011Sullivan, S., Spicer, A., & Böhm, S. (2011). Becoming global (un)civil society: counter hegemonic struggle and the Indymedia network. Globalizations, 8(5), 707-71. https://doi.org/10.1080/14747731.2011.617571
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) registraram essa possibilidade ao analisarem o caso da Indimedya, uma organização preocupada em se organizar em uma lógica resistente à competição, hostilidade e antagonismo dominantes no mundo dos negócios e que, alternativamente, procura estabelecer estratégias organizacionais colaborativas.

Lógica similar foi observada por Barcellos et al. (2017Barcellos, R. M. R., Dellagnelo, E. H., & Salles, H. K. (2017). Reposicionando conceitos: a organização fora dos eixos. Revista de Administração de Empresas, 51(1), 10-21. https://doi.org/10.1590/S0034-759020170102
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) ao investigarem a dinâmica organizacional do Circuito Fora do Eixo, um agrupamento de coletivos de produção cultural independente, fundamentado em relações colaborativas e solidárias. Nessa direção, o resultado do nosso estudo sugere que organizações que apresentam tal característica têm trabalhadores mais satisfeitos.

Por fim, a relação entre satisfação/insatisfação e as demais características organizacionais investigadas apresentou nível de associação médio e fraco. Apesar desses resultados serem significativos, julgamos conveniente manter precaução quanto a inferências específicas a respeito dessas variáveis.

5.1. Limites e sugestões para futuros estudos

Quanto às limitações do estudo, reconhecemos que o procedimento amostral delineado por adesão não permite inferências para a população e fica sujeito aos possíveis vieses amostrais, que podem ter influenciado respostas ao questionário. Vale ressaltar, porém, como observa Freitas et al. (2000Freitas, H., Oliveira, M., Saccol, A. Z., & Moscarola, J. (2000). O método de pesquisa survey. RAUSP Management Journal, 35(3), 105-112., p. 106): “nenhuma amostra é perfeita; o que pode variar é o grau de erro ou viés”. Por isso, sugerimos a replicação deste estudo para levantamento de novas amostras.

Outra limitação refere-se ao instrumento de coleta de dados, especificamente às questões concernentes às características de organizações convencionais e alternativas. A escala quantitativa foi desenvolvida de forma exploratória exclusivamente para este estudo, visto que não foram encontrados instrumentos de mensuração desse tipo, anteriores a esta pesquisa. Assim, conforme observado nos procedimentos metodológicos, recorremos à verificação da validade de face com pesquisadores na área.

Além disso, as restrições de tempo e recursos não permitiram verificar possibilidades de interpretações divergentes entre os respondentes. Estudos futuros que venham a utilizar abordagem similar deverão, além de testar empiricamente a validade das mensurações, oferecer explicações minuciosas acerca das características organizacionais, a fim de minimizar a divergência de interpretações por parte dos respondentes.

Reconhecemos também que as subjetividades envolvidas, principalmente em relação à avaliação da satisfação no trabalho, não podem ser capturadas em toda a sua complexidade por uma abordagem de pesquisa quantitativa. Em vista disso, é prudente admitir tal limitação e sugerir que estudos futuros façam avanços na direção de aprofundar qualitativamente investigações sobre satisfação em organizações convencionais e alternativas.

Com base nos resultados apresentados aqui, sugerimos ainda que estudos futuros se dediquem a aprofundar e reconhecer características distintivas entre organizações convencionais e alternativas, com particular ênfase às variáveis de orientação técnica, comercial e interorganizacional. Por último, consideramos complementar que estudos posteriores de SAT ampliem as investigações iniciadas aqui a respeito de sua associação com características organizacionais convencionais e alternativas.

Agradecimentos

Aos respondentes da pesquisa.

Aos revisores da Brazilian Business Review pelas contribuições ao texto.

REFERENCES

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  • Contribuições de Autoria

    RES: orientação da pesquisa e da construção do artigo, revisão, participação na escrita, coordenação do projeto e financiamento. RAS: aplicação da metodologia, condução da análise dos resultados e participação na escrita. LGA: participação na pesquisa e na escrita, estruturação das informações e edição.
  • Financiamento

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES/DS (processo nº 1614729) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (processo nº 433438/2018-5).
  • Conformidade com Padrões Éticos

    Os autores declaram conformidade com Padrões Éticos.

Editado por

EDITOR-CHEFE

EDITOR ASSOCIADO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2023

Histórico

  • Recebido
    27 Jul 2021
  • Revisado
    21 Jun 2022
  • Aceito
    10 Jul 2022
  • Publicado
    15 Ago 2023
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