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Agora são elas: a presença das mulheres no público de museus de ciência do Rio de Janeiro

Now it's their time: the presence of women in the public of science museums in Rio de Janeiro

Ahora lo son: la presencia de mujeres en el público de los museos de ciencia de Rio de Janeiro

Resumo:

A participação na vida sociocultural nas cidades abrange as práticas da tríade museus-lazer-turismo. Esse artigo aborda o público espontâneo que visita museus de ciência no Rio de Janeiro e analisa aspectos da participação das mulheres nesses locais. A pesquisa está ancorada nos estudos de públicos realizados nos espaços museológicos, bem como procura adensar as discussões a partir da perspectiva do lazer. Os dados foram obtidos por meio do questionário de Perfil-Opinião do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia, na última edição realizada em 2017. Participaram dez museus de ciência, e foi realizada uma amostragem probabilística. Os dados relativos aos 4.606 respondentes foram sistematizados e tratados estatisticamente. Os resultados expressam o potencial de atratividade dos espaços museais, nos quais foi observada a prevalência do “turista cidadão”, que mora e usufrui da cidade, frente ao “turista padrão”. A predominância da presença de mulheres nos museus de ciência investigados, acompanhada principalmente por amigos/as, foi constatada. No entanto, não é possível afirmar o seu protagonismo na definição da agenda cultural. Nota-se a ampliação do papel dessas instituições como espaços de lazer e aprendizado e a permanência de lacunas de políticas públicas para tornar esses espaços mais inclusivos e consolidar o hábito de visita a museus.

Palavras-chave:
museus de ciência; estudos de público; museus e mulheres; lazer cultural; divulgação científica

Abstract:

Participation in cities’ sociocultural life encompasses the practices related to the museum-leisure-tourism triad. This article addresses the spontaneous public that visits science museums in Rio de Janeiro and analyzes aspects of female attendance in these places. This research stems from visitors’ studies carried out in science museums and seeks to deepen the discussions from the perspective of leisure. Data analyzed here were obtained in the 2017 edition of the Profile-Opinion questionnaire of the Observatory of Science and Technology Museums and Centers Ten science museums participated, and a probabilistic sampling was performed. The data from 4,606 respondents were systematized and treated statistically. The results express the potential for attractiveness of science museums, in which the prevalence of the “citizen tourist”, who lives and enjoys the city, compared to the “standard tourist” was observed. The results revealed the predominance of female visitors in the science museums investigated, accompanied mainly by friends. However, it was not possible to affirm their protagonism in defining the family’s cultural agenda. It was noted the expansion of the role of science museums as places for leisure and learning and the persistence of gaps in public policies dedicated to make these institutions more inclusive and to consolidate the habit of visiting museums.

Keywords:
science museums; visitors studies; museums and gender; leisure and culture; science communication

Resumem:

La participación en la vida sociocultural de las ciudades la tríada museo-ocio-turismo. Este artículo se dirige al público espontáneo que visita los museos de ciencia de Río de Janeiro e analiza aspectos de la participación femenina en esos lugares. La investigación se ancla en estudios de público realizados en espacios museísticos, además de buscar profundizar las discusiones desde la perspectiva del ocio. Los datos se obtuvieron a través del cuestionario Perfil-Opinión del Observatorio de Museos y Centros de Ciencia y Tecnología, en la última edición celebrada en 2017. Participaron diez museos de ciencias, e se realizó un muestreo probabilístico. Los datos relativos a los 4.606 encuestados fueron sistematizados y tratados estadísticamente. Los análisis expresan el potencial de atractivo de los espacios museísticos, en los que se observó el predominio del “turista ciudadano” que vive y disfruta de la ciudad, frente al “turista estándar”. El predominio de la presencia femenina en los museos de ciencia investigados, acompañada principalmente de amiga/os, fue encontrado. Sin embargo, no es posible afirmar su protagonismo en la definición de la agenda cultural. Se nota la ampliación del papel de estas instituciones como espacios de ocio y aprendizaje y la persistencia de vacíos en las políticas públicas para hacer estos espacios más inclusivos y consolidar el hábito de visitar museos.

Palabras-clave:
museos de ciencias; estudios de público; museos y género; ocio y cultura; divulgación científica

1 Introdução

Os museus são atualmente reconhecidos como instituições que, para além de sua função social e cultural de preservação do patrimônio material e imaterial, também se apresentam como locais de lazer, deleite e encantamento. São ainda espaços de educação e comunicação pública da ciência com desdobramentos para a formação dos indivíduos, incluindo-se ações orientadas para a melhoria da qualidade de vida das populações. Cada vez mais, é necessário ir além das funções tradicionais dos museus de preservar, pesquisar e expor para legitimar o seu papel na sociedade. As demandas de responsabilidade social se intensificaram e têm levado os museus a esclarecerem suas contribuições para a sociedade, buscando alcançar diferentes setores e incorporando pautas relevantes das populações. Investimentos em temas ambientais e questões que envolvem controvérsias sociocientíficas são abordagens que os museus estão utilizando com potencial para instigar os processos de alfabetização científica e construção da cidadania ( COLOMBO JUNIOR; MARANDINO, 2020COLOMBO JUNIOR, P. D.; MARANDINO, M. Museus de ciências e controvérsias sociocientíficas: reflexões necessárias. Journal of Science Communication - América Latina, Trieste, v. 3, n. 1, 2020. ; McGHIE; MANDER; MINNS, 2020MCGHIE, H.; MANDER, S.; MINNS, A. The Time Machine: challenging perceptions of time and place to enhance climate change engagement through museums. Museum & Society, Leicester, v. 18, n. 2, p. 183-197, jul. 2020.; NAVAS-IANNINI; PEDRETTI, 2017NAVAS-IANNINI, A. M.; PEDRETTI, E. Preventing Youth pregnancy: dialogue and deliberation in a science museum exhibit. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, New York, v. 17, n. 4, p. 271-287, 2017. ). A participação ativa dos cidadãos, por meio de reflexões e debates que afetam o cotidiano e o futuro da humanidade, pode gerar sentimentos de pertencimento ao incluir as dimensões sociais e culturais nesse processo.

A prática de visitação a museus não depende somente de interesse ou vontade pessoal, é algo suscetível à influência de vários fatores, notadamente os socioculturais e econômicos. É possível encontrar uma extensa literatura sobre o tema em estudos de público internacionais ( OBSERVATÓRIO IBERO-AMERICANO DE MUSEUS, 2018OBSERVATÓRIO IBERO-AMERICANO DE MUSEUS. Sistema de coleta de dados de público de museus do Observatório Ibero-americano de Museus. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 2018. ; BIALOGORSKI; RECA, 2017BIALOGORSKI, M.; RECA, M. M. (comp.). Museos y visitantes: ensayos sobre estudios de público en Argentina. Buenos Aires: ICOM Argentina, 2017. ; MUÑOZ-ARÉYZAGA, 2017MUÑOZ-ARÉYZAGA, E. Desarrollo de estudios de públicos de museos en México: una visión introductoria. La Colmena, Toluca, n. 94, p. 67-83, 2017. ; FALK; DIERKING, 2013FALK, J. H.; DIERKING, L. D. The museum experience revisited. Walnut Creek: Left Coast, 2013.) e em um conjunto de referências nacionais em crescente expansão, abrangendo pesquisas com abordagem não apenas qualitativa, mas também quantitativa ( MANO et al., 2022MANO, S. et al. Museus de ciência e seus visitantes no início do século XXI: estudo longitudinal da visitação espontânea de cinco instituições da cidade do Rio de Janeiro. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 30, p. 1-48, 2022.; COSTA et al., 2021COSTA, A. F. et al. Pessoas com deficiência em museus de ciência: perfil e opinião dos visitantes espontâneos. Interfaces Científicas: Humanas e Sociais, Aracaju, v. 9, n. 1, p. 55-72, 2021. ; CAZELLI et al., 2019CAZELLI, S. et al. Do observatório de museus e centros culturais ao observatório de museus e centros de ciência e tecnologia: caminhos percorridos. In: COSTA, A. F. et al. (org.). A colaboração entre museus: ações educativas, pesquisa e produção de conhecimento. Rio de Janeiro: Museus Castro Maya, 2019. p. 43-61. ; MANO et al., 2017MANO, S. et al. Museus de ciência e seus visitantes: estudo longitudinal 2005, 2009, 2013. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2017.; KÖPTCKE; CAZELLI; LIMA, 2008KÖPTCKE, L. S.; CAZELLI, S.; LIMA, J. M. Museus e seus visitantes:relatório de pesquisa perfil-opinião 2005. Brasília, DF: Gráfica e Editora Brasil, 2008. ).

Estudos acerca de visitas escolares ou em família em espaços museológicos, sobre o público potencial, presença de mulheres nesses locais, expectativa dos visitantes de museus, entre outros tópicos, estão relatados na literatura e continuam a ser desenvolvidos e aperfeiçoados ( FALK, 2021FALK, J. H. The role of emotions in museum-going. In: MAZZANTI, P.; SANI, M. (ed.). Emotions and learning in museums. Berlin: NEMO - Network of European Museum Organizations, 2021, p. 55-65. ; MANO et al., 2021MANO, S. et al. Interesses e discursos sobre a ciência: a expectativa da população que não frequenta museus de ciência. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 4, p. 413-437, out./dez. 2021. ; BEVILAQUA et al., 2020BEVILAQUA, D. V. et al. Museu da Vida e seus públicos: reflexões sobre a zona de influência e o papel social de um museu de ciência. Em Questão, Porto Alegre, v. 26, n. 3, p. 276-297, set. 2020. ; JONCHERY; VAN PRAËT, 2014JONCHERY, A.; VAN PRAËT, M. Ir com a família ao museu: otimizar as negociações. In: EIDELMAN, J.; ROUSTAN, M.; GOLDSTEIN, B. (org.). O Lugar do público. São Paulo: Iluminuras, Itaú Cultural, 2014. p. 161-176.; STUDART, 2009STUDART, D. C. O público de famílias em museus de ciência. In: MARANDINO, M. ; ALMEIDA, A. M.; VALENTE, M. E. (org.). Museu: lugar do público. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2009. p. 95-120.; KÖPTCKE et al., 2008KÖPTCKE, L. S.; CAZELLI, S.; LIMA, J. M. Museus e seus visitantes:relatório de pesquisa perfil-opinião 2005. Brasília, DF: Gráfica e Editora Brasil, 2008. ). No entanto, a análise da visita a museus na perspectiva do lazer, os impactos decorrentes para a gestão da instituição e o aporte que essa prática pode trazer ao visitante são aspectos pouco explorados no contexto dos museus de ciência ( SCALFI et al., 2022SCALFI, G. et al. Analysing family conversations and interactions during visits to Parque das Aves (Foz do Iguaçu, Brazil) from children’s perspective, Leisure Studies, Oxon, v. 41, n. 5, 2022. ; ZHANG; LIU, 2021ZHANG, Y.; LIU, H. Understanding visitors’leisure benefits and heritage meaning-making: a case study of Liangzhu Culture Museum. Leisure Studies, Oxon, v. 40, n. 1, p. 872-887, 2021.; SILVA; SILVA, 2020SILVA, A. C. S.; SILVA, C. S. A inclusão social de gênero em ações de divulgação científica de museus de ciências. Revista Educação e Linguagens, Campo Mourão, v. 9, n.18, p. 223-239, 2020.).

O lazer, o turismo e os museus estão imbricados no processo de apropriação da cidade e podem ser espaços de (re)interpretação e de novas leituras do mundo, de educação, de formação pessoal, de criação, de cidadania e de participação social ( MORETTONI, 2018MORETTONI, M. M. Museus, lazer e turismo cidadão: um diálogo interdisciplinar. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 80-94, jan./abr. 2018.). Por outro lado, essa tríade também pode apontar desigualdades, em virtude de sua distribuição espacial não equânime no tecido urbano e o baixo capital cultural e econômico de uma parcela da população, que não se vê representada e nem se sente pertencente a esses espaços.

A publicação Museu em Números ( INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2011INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM). Museus em números. Brasília: Instituto Brasileiro de Museus, 2011.), que apresenta os resultados sistematizados de questionário aplicado a 1.500 instituições brasileiras, permite observar aspectos dessa distribuição desigual e a prevalência das regiões sul e sudeste que juntas agregam cerca de 67% das instituições em seu território. A partir de recorte regional, Cazelli (2010CAZELLI, S. Jovens, escolas e museus: os efeitos dos diferentes capitais. In: RIBEIRO, L. C. Q. et al (org.). Desigualdades urbanas, desigualdades escolares: a metrópole do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Letra Capital: Observatório das Metrópoles, 2010. p. 175-216.) investigou a oferta de equipamentos culturais na cidade do Rio de Janeiro e constatou a concentração de bibliotecas, cinemas, teatros, museus e outras instâncias de cultura nos centros urbanos, ampliando o distanciamento sociocultural existente entre moradores da Zona Sul e os da Zona Norte e Oeste. As desigualdades socioespaciais também foram objeto de reflexão da investigação de Resinentti (2022RESINENTTI, P. Relações entre educação, distribuição dos aparelhos culturais e políticas públicas de acesso: o que podemos dizer sobre o Rio de Janeiro? In: CARVALHO, C. et al (org.). Museu, Educação e Infância. Curitiba: CRV, 2022. p. 77-98.), na qual buscou analisar a formação cultural de estudantes da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro e constatou a má distribuição dos equipamentos culturais nesse município e o decorrente esforço de grupos sociais para alcançar o direito ao acesso à cultura.

Em sua investigação dos anos 1980 sobre o porquê das pessoas escolherem não visitar espaços museais, realizada no Toledo Museum of Arts, Marilyn Hood (1983HOOD, M. Staying Away: why people choose not to visit museums. Museum News, Columbus, v. 6, n. 4, p. 50-57, 1983. ) identificou seis razões que influenciam as pessoas nas suas decisões sobre seu lazer. As razões apontadas foram: (1) estar com outras pessoas, (2) fazer algo proveitoso, (3) sentir-se à vontade, (4) vivenciar novas experiências, (5) oportunidades de aprendizagem, e (6) participar ativamente de atividades. Os resultados mostraram que os “não visitantes” (40%) não incluem museus nas suas opções de lazer e usam o tempo livre para estar com outras pessoas, participar ativamente de alguma atividade e relaxar. Os “visitantes ocasionais” (46%), visitam museus uma ou duas vezes ao ano, e apresentam motivações para uso do tempo livre similares às do público não participante. As conclusões do estudo apontam que se o museu deseja atingir esses segmentos, precisa ir ao encontro das diferentes necessidades de lazer desses grupos ( HOOD, 1983HOOD, M. Staying Away: why people choose not to visit museums. Museum News, Columbus, v. 6, n. 4, p. 50-57, 1983. ).

No presente artigo, analisamos o público espontâneo que visita museus de ciência, localizados no Rio de Janeiro, problematizando o protagonismo das mulheres, tendo como ponto de partida a abordagem da tríade museus-lazer-turismo. Algumas questões se colocam: (i) o contexto social da visita; (ii) a participação das mulheres nas atividades de lazer e turismo educativo-cultural, individual e familiar; (iii) o desenvolvimento de hábitos culturais; e (iv) a ampliação do capital científico. Serão apresentados os resultados sobre a presença e o perfil-opinião das mulheres em dez museus de ciência da região metropolitana do Rio de Janeiro, obtidos a partir da última rodada da pesquisa do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia (OMCC&T), realizada em 2017.

2 Quadro teórico

No desenvolvimento deste artigo, consideramos o conceito de lazer que é discutido no Dicionário Crítico do Lazer:

Em síntese, entendo o lazer como uma dimensão da cultura constituída por meio da vivência lúdica de manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relações dialéticas com a sociedade, os deveres e as obrigações, especialmente com o trabalho produtivo ( GOMES, 2004GOMES, C. L. Lazer - Concepções. In: GOMES, C. L. (org.). Dicionário crítico do lazer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2004. p. 119-125. , p. 125).

A interface museu e lazer, como espaço de fruição, entretenimento e aprendizagem, visitado por variados públicos, vem despertando o interesse de pesquisadores. Recentemente, essa conexão foi objeto de estudos acadêmicos, que tratam do diálogo entre museu e sociedade, contextualizado no campo do lazer. Segundo Soutto Mayor e Isayama (2017ISAYAMA, H. F.; STOPPA, E. A. Introdução. In: STOPPA, E. A.; ISAYAMA; H. F., (org.). Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. p. 3-18.), é possível organizar o interesse em lazer em sete categorias: ócio, turístico, físico-esportivo, artístico, social, manual e intelectual. Os autores incluem “museus, pinacotecas e bibliotecas” na categoria “lazer intelectual”. A literatura nacional e internacional específica do campo indica os museus como espaços de lazer cultural, ou intelectual, locais que proporcionam um conjunto de experiências de livre escolha, vivenciado no tempo livre e acessado espontaneamente, a partir de motivação intrínseca. Assim, museus são bons lugares para satisfazer necessidades de lazer e interesses pessoais em arte, história ou ciência ( FALK, 2021FALK, J. H. The role of emotions in museum-going. In: MAZZANTI, P.; SANI, M. (ed.). Emotions and learning in museums. Berlin: NEMO - Network of European Museum Organizations, 2021, p. 55-65. ).

Um estudo quantitativo, desenvolvido com a participação de oito universidades, buscou entender os motivos que levaram os brasileiros a fazer determinadas escolhas em momentos de lazer e as dificuldades que se impõem à realização dessas práticas desejadas. Os 2.400 participantes do estudo, selecionados por sorteio, eram 49,38% do sexo masculino e 50,63% do feminino e residentes de municípios de todas as regiões do país. Os resultados revelaram que os homens praticavam, marcadamente, o lazer físico-esportivo (64%), enquanto as mulheres optaram pelo lazer social (70,9%). O lazer intelectual era opção de apenas 1,7% dos homens e 4,7% das mulheres indicaram praticá-lo efetivamente ( ISAYAMA; STOPPA, 2017ISAYAMA, H. F.; STOPPA, E. A. Introdução. In: STOPPA, E. A.; ISAYAMA; H. F., (org.). Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. p. 3-18.; SOUTTO MAYOR; ISAYAMA, 2017SOUTTO MAYOR, S. T.; ISAYAMA, H. F. O lazer do brasileiro: sexo, estado civil e escolaridade. In: STOPPA, E. A.; ISAYAMA; H. F. (org.). Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. p. 19-36.).

Quando questionados acerca do que gostariam de fazer no tempo livre, mas que efetivamente não fazem, apenas 1% de homens e mulheres indicou desejo de lazer intelectual, que contempla a visitação a museus. Segundo os entrevistados, a falta de tempo e de recursos financeiros justificam a não realização das práticas de lazer desejadas ( SOUTTO MAYOR; ISAYAMA, 2017SOUTTO MAYOR, S. T.; ISAYAMA, H. F. O lazer do brasileiro: sexo, estado civil e escolaridade. In: STOPPA, E. A.; ISAYAMA; H. F. (org.). Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas. Campinas, SP: Autores Associados, 2017. p. 19-36.). De acordo com Bourdieu e Darbel em seu clássico livro da década de 1960: L´amour de l´art (1969BOURDIEU, P.; DARBEL, A. L’amour de l’art, les musées d’art européens et leur public. Paris: Éditions de Minuit, 1969. ), a gratuidade dos espaços culturais não garante o acesso, visto que a visita implica outros custos como transporte e alimentação. O acesso, que pode ser facilitado por meio da ampliação do capital cultural, capacidade do visitante de compreender, dialogar e de interagir com os acervos presentes nas exposições, pode ser adquirido, por intermédio da escola, família e outros. A democratização do acesso a museus só será efetiva quando os indivíduos tiverem plena capacidade de escolha e entendimento desses espaços como opção de lazer.

O estudo de Macedo (2020MACEDO, L. S. L. Lazer e aprendizagem: interseções a partir de visitas familiares a museus universitários de ciências. 2020. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-gradução Interdisciplinar em Estudos do Lazer, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.) e Macedo e Oliveira ( 2022MACEDO, L. S. L.; OLIVEIRA, A. P. Museus para quem? interações entre perfil de público, lazer e turismo. Licere, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 315-342, mar. 2022.) foca na tríade “museus, lazer e aprendizagem” e foi desenvolvido no Espaço do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas - PUC-Minas, museus universitários de ciências, situados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. A amostra de 342 entrevistados, igualmente divididos entre os museus, revelou a prevalência de mulheres, com alta escolaridade, renda acima da média nacional, entre sete e quinze salários mínimos mensais, entre 34 e 50 anos, e que percebem o museu como um espaço de lazer e aprendizagem. A pesquisa aponta ainda que as principais motivações para o lazer intelectual das famílias foram as crianças, o conteúdo específico dos dois museus pesquisados e a perspectiva da aquisição do conhecimento, o que indica a valorização da relação entre lazer e aprendizagem. Durante o estudo, foi observado que diversas participantes estavam acompanhadas de homens, porém eram elas que se prontificaram a responder os formulários, o que pode corroborar a ideia do protagonismo das mulheres nas decisões relativas ao lazer das famílias integrantes da pesquisa.

Os museus e centros de ciência têm papel importante no despertar de talentos de crianças e adolescentes, encorajando a equidade de gênero nas ciências ( DIAMOND, 1994DIAMOND, J. Sex differences in science museums: a review. Curator, Hoboken, v. 1, n. 37, p. 17-24, 1994.). De acordo com o estudo, uma forma de atrair o interesse das meninas por ciência é dar visibilidade à vida e ao trabalho das cientistas mulheres, bem como design de exposições que não tenham vieses de gênero, ou seja, que possam interessar igualmente meninas e meninos. Já é possível ver ações desse tipo em diversos museus ( SILVA, 2020SILVA, A. C. S. Ações de divulgação científica na abordagem do gênero feminino em museus de ciências: um estudo sobre o “Dia das Meninas no MAST” e o “Meninas com Ciência”. 2020. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2020.). Embora existam discussões que relacionam gênero e ciência ( LOPES, 2006LOPES, M. M. Sobre convenções em torno de argumento de autoridade. Cadernos Pagu, Campinas, v. 27, p. 35-67, jul./dez. 2006.) e gênero na museologia ( BRULON, 2019BRULON, B. Museus, mulheres e gênero: olhares sobre o passado para possibilidades para possibilidades do presente. Cadernos Pagu, Campinas, v. 55, p. 1-28, 2019.), o mesmo não ocorre com os estudos de público, sobretudo os quantitativos. Ressaltamos que vários desses estudos se referem à invisibilidade das mulheres.

Conforme Portela, Brito e Monteiro (2018PORTELA, E. P.; BRITO, C. M. D.; MONTEIRO, C. F. As instituições museológicas e as práticas de lazer. Licere, Belo Horizonte, v. 21, n. 4, p. 184-217, dez. 2018. ), os museus em diversas cidades do mundo vêm se transformando em opções de lazer. No entanto, se revelam como uma escolha mais viável para a classe média e média alta e ainda pouco comum entre as classes mais populares. Segundo os autores, a indústria de lazer vem investindo nesses espaços, dando a eles um aspecto dinâmico, interativo e turístico. Contudo, a presença de pessoas com renda familiar média de até três Salários Mínimos (SM), é predominante nos museus estudados pelo OMCC&T, que é o universo da pesquisa apresentada neste artigo.

No Brasil, a produção científica acerca do lazer tem início na década de 1970, impulsionada pela visita do sociólogo francês J. Dumazedier ao país em seminários promovidos por universidades e outras instituições nacionais associadas à cultura ( GOMES, 2008GOMES, C. M. Dumazedier e os estudos do lazer no Brasil: breve trajetória histórica. In: SEMINÁRIO LAZER EM DEBATE, 9., 2008, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: USP, 2008. Não paginado.). No Rio de Janeiro, em particular, o público espontâneo de museus e centros de ciência e suas práticas culturais de lazer vêm sendo estudados sistematicamente por meio do OMCC&T.

Outra forma de lazer é o turismo. Segundo Corrêa e Cazelli (2011CORRÊA, M. F. N.; CAZELLI, S. Em busca da experiência turística no Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte. Revista Museologia e Patrimônio, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 27-50, 2011. , p. 29), “os museus são uma rica fonte de experiência para o chamado turismo cultural, uma vez que disponibilizam aos agentes turísticos um patrimônio cultural e natural organizado para o desfrute dos clientes, os turistas”. Importa sublinhar que a literatura do campo do turismo caracteriza o turista como: “turista padrão” e “turista cidadão”.

O primeiro é aquele que vem de outras cidades, passeia curiosamente pelos locais turísticos de acordo com seu interesse, munido de câmera fotográfica, vivenciando esses momentos “por trás das lentes”, ao mesmo tempo que percorre o circuito turístico de “visitação obrigatória”. Já o “turista cidadão” é o morador que participa de sua cidade por meio de experiências de lazer e culturais, tornando-se turista no momento em que experimenta e vivência interações afetivas ao conhecer sua própria cidade ( MORETTONI, 2018MORETTONI, M. M. Museus, lazer e turismo cidadão: um diálogo interdisciplinar. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 80-94, jan./abr. 2018.).

As cidades como ponto de convergência essencial oferecem em seus processos de ocupação, oportunidades de inclusão social e formação de cidadania. Essas oportunidades ocorrem, em geral, associadas a movimentos culturais na música, dança, esportes, artes e tradições populares. Todavia, é pouco comum ver a ciência tida como uma forma de cultura, sendo usada para a promoção de inclusão social. De acordo com Langevien-Joliot ( 2014LANGEVIEN-JOLIOT, H. Refonder les rapports de la science et de la société, un objectif majeur. In: WIEVIORKA, M. (org.). La science en question(s). Les Entretiens d´Auxerre, 2014. p. 185-197. , p. 193), “inscrever a cultura científica na cultura geral é um meio de emancipação e desenvolvimento de todos. É uma necessidade reduzir o fosso de incompreensão que existe entre a ciência e a sociedade”. Nesse sentido, os museus de ciência por sua característica interdisciplinar possuem papel importante na inclusão social e científica.

O OMCC&T vem há mais de uma década realizando um estudo longitudinal sobre o público espontâneo de museus e centros de ciência e tecnologia do Rio de Janeiro que integram a sua rede. As coletas iniciadas a partir da pesquisa Perfil-Opinião de 2005, realizada pelo Observatório de Museus e Centros Culturais (OMCC) 1 10 A rede OMCC consolidou sua existência com a primeira rodada da pesquisa Perfil-Opinião em 2005, incluindo além dos museus de ciência outras instituições culturais. Extinto em 2012, foi transformado em OMCC&T, que manteve o foco de suas ações em dois campos de interesse: o museal e o da divulgação e popularização da ciência. , investigou entre outros aspectos, o perfil sociocultural, modalidades de visita e a presença feminina nos museus participantes da pesquisa. Essa pesquisa, realizada in loco, reuniu 3.407 questionários respondidos e mostra que em média a presença feminina na visitação aos museus participantes era prevalente, correspondendo a 54% dos visitantes. Em alguns casos, como no Museu da Vida, a proporção chegava a 75% e na Casa de Rui Barbosa, alcançava 66%. A exceção foi o Museu Aeroespacial, que registrou um público feminino de 38% dos seus visitantes ( KÖPTCKE et al., 2008KÖPTCKE, L. S. et al. A presença feminina nos museus: perfil sociocultural e modalidades de visita. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 32., 2008, Caxambu-MG. Anais [...]. Caxambu, MG: ANPOCS, 2008. p. 1-27.). Poderíamos dizer que está ocorrendo nesses museus a feminização das práticas culturais, como observado por Donnat (2005DONNAT, O. La feminization des pratiques culturelles. Développement Culturel, Paris, n. 147, juin, 2005.), na França, no início do século XXI?

A pesquisa “Cultura nas Capitais” realizada por Leiva (2018LEIVA, João . Cultura nas capitais: como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. Rio de Janeiro: 175 Street, 2018. ), em regiões de grande circulação de pessoas em 12 capitais do Brasil, sobre os hábitos culturais, ouviu 10.630 entrevistas por meio de um questionário de 55 perguntas sobre a relação dos moradores jovens, acima de 12 anos, e adultos dessas regiões com as atividades culturais e de lazer apresentadas. Os dados nos fornecem um panorama nacional sobre o consumo da cultura, ou seja, seus hábitos culturais.

De modo geral, as mulheres declaram mais interesse pelas atividades culturais que os homens, entretanto, são eles, que de fato, mais efetivam a prática cultural. O resultado parece ter relação com o papel atribuído à mulher, o preconceito e a desigualdade de gênero. A responsabilidade pela casa e filhos pode implicar menos tempo livre para atividades culturais, enquanto as diferenças salariais reduzem a frequência a atividades como teatro, cinema e shows de música. Na perspectiva da escolaridade, comparando homens e mulheres, as diferenças de acesso caem conforme aumenta a escolaridade, entretanto não desaparecem. Aparentemente, o casamento parece exercer pouca influência sobre o consumo de cultura de homens e mulheres, a diferença é pequena. Isso não se verifica quando o casal tem filhos, especialmente menores de doze anos. Se tornar mãe tem maior impacto sobre o acesso a atividades culturais do que ser pai. Enquanto 60% das mulheres declararam desejo de irem a museus e exposições, nos doze meses anteriores à pesquisa, 29%, de fato, realizaram essa prática, ao passo que para os homens esses percentuais são 52% e 33%, respectivamente ( LEIVA, 2018LEIVA, João . Cultura nas capitais: como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. Rio de Janeiro: 175 Street, 2018. ).

Os dados referentes ao município do Rio de Janeiro indicam algumas tendências diferentes da média nacional. Homens, jovens, com nível superior são mais presentes nas atividades culturais cariocas. Sessenta e sete por cento das mulheres declararam ter interesse em “museus e exposições”, no entanto, o acesso só foi efetivado por 36% delas, já para os homens esses percentuais mudam para 57% e 38%, respectivamente ( JLEIVA CULTURA & ESPORTE, 2015JLEIVA CULTURA & ESPORTE. Seminário Perfil Cultural dos Cariocas. Rio de Janeiro: Jleiva Cultura & Esporte, 2015. ).

3 Metodologia

O presente estudo consiste na análise dos dados da rodada de 2017 da pesquisa Perfil-Opinião do OMCC&T, da qual participaram dez museus de ciência, totalizando uma amostra de 4.606 respondentes. A amostra, definida por abordagem probabilística, seleção sistemática (intervalo de cinco em cinco visitantes e início aleatório) para museus de grande público, ou censitária, para os com visitação de menor escala, foi calculada com base na média anual de visitantes de cada museu, considerando uma margem de erro de 5%.

O desenho da pesquisa, esquematizado na Figura 1, reúne o período e forma de coleta de dados, os sujeitos do estudo, a estrutura do instrumento e sua forma de aplicação, bem como o método de análise. O questionário é composto por 28 perguntas fechadas e uma aberta, organizadas em quatro blocos temáticos 2 20 As perguntas acerca de sexo e cor/raça seguem o protocolo usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). .

O mapa central apresenta a localização dos dez museus, distribuídos na cidade e na região metropolitana. Neste estudo, optamos por utilizar o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) ( RIBEIRO; RIBEIRO, 2016RIBEIRO, L. C. Q.; RIBEIRO, M. G. (org.). IBEU municipal: Índice de Bem-Estar Urbano dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles, 2016. ) por entendermos que os seus indicadores conseguem apresentar, com o grau de precisão que buscamos, as diferenças entre as condições urbanas nos bairros da região metropolitana do Rio de Janeiro.

Os resultados da pesquisa foram arredondados para facilitar a leitura. Em alguns casos, devido a esse processo, é possível que o somatório seja diferente de cem por cento. Variações entre as frequências totais e os percentuais em tabelas de cruzamento de variáveis podem acontecer devido a ocorrências de não resposta.

O Conselho Nacional de Saúde ( 2016CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 510/2016, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Brasília: Conselho Nacional de Saúde, 2016. Disponível em: Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf . Acesso em: 13 dez. 2022.
https://conselho.saude.gov.br/resolucoes...
, p. 1), em seu artigo primeiro, parágrafo único, inciso I, instrui que “não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/Conep pesquisas de opinião pública com participantes não identificados”. Portanto, para o presente estudo, não foi necessária submissão ao Comitê de Ética.

Figura 1 -
Infográfico com o desenho da pesquisa e caracterização do público participante, discriminado por museu

4 Resultados e discussão

Esta seção apresenta os resultados da pesquisa e discute os achados ancorados no principal referencial teórico proposto, isto é, a prática de lazer cultural de visitação espontânea a museus e centros de ciência pela perspectiva feminina. Entende-se que o termo feminino, no presente artigo, corresponde à categoria mulheres, que é a predominante para o gênero em questão.

O público de nove dos dez museus analisados é composto majoritariamente por mulheres; a exceção foi o Museu Naval, onde a audiência masculina é ligeiramente maior, compreendendo 52% dos respondentes. Dentre os museus, o Museu Ciência e Vida e o Museu da Vida foram os que apresentaram as maiores frequências de mulheres entre os visitantes respondentes, 75% e 71% respectivamente, seguidos do Espaço Ciência Viva com 68%. A frequência total do público de mulheres nos museus foi de 62%. Então, o universo da pesquisa, um subconjunto da amostra inicial, é formado por 2.856 mulheres respondentes.

A maioria das visitantes dos nove museus era brasileira (99%) e proveniente da cidade do Rio de Janeiro (67%) e de municípios adjacentes, como Niterói e Duque de Caxias, principalmente. Apenas três instituições se desviaram do padrão. O Museu Ciência e Vida registrou 88% de suas visitantes vindas de Duque de Caxias ou de outras cidades da Baixada Fluminense. O Jardim Botânico é um famoso ponto turístico da cidade do Rio de Janeiro e teve 64% dos respondentes oriundos de fora do Rio de Janeiro, e o Museu do Meio Ambiente, que fica localizado dentro dele, registrou 53% de visitantes também de fora do município. Esse achado está em consonância com o entendimento de “turista padrão”, aquele que não mora na cidade onde o museu está situado. Por outro lado, o “turista cidadão”, prevalente nos outros museus, é aquele que mora ou usufrui da cidade, integrando os fluxos de ideias, comportamentos variados e culturas próprias. Essa capacidade de movimentação transforma os moradores em turistas, que nessa mobilidade, se apoderam de forma mais efetiva dos espaços e situações, em um novo exercício de cidadania ( MORETTONI, 2018MORETTONI, M. M. Museus, lazer e turismo cidadão: um diálogo interdisciplinar. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 80-94, jan./abr. 2018.).

A faixa etária predominante das visitantes foi a de 30 a 39 anos (24%), embora o contingente de alguns museus tenha apresentado variações significativas em relação a esse padrão geral. O Museu Ciência e Vida se destaca, apresentando o público adolescente entre 15 e 19 anos como o mais frequente (67%), seguido pelo Museu de Astronomia, cuja participação de jovens mulheres (22%), nesse estrato, é comparável a da faixa etária predominante (22%). Outro padrão notável é a redução da frequência desse público com o aumento da faixa etária, sendo que a presença de mulheres, acima de 60 anos, foi pouco mais frequente nos museus localizados em áreas de maior poder aquisitivo, tais como o Planetário e o Museu do Meio Ambiente, ambos com 8%.

Os resultados revelaram um público de mulheres com alto nível de escolaridade, sendo que o somatório das que declararam possuir de ensino superior incompleto até pós-graduação foi de 66%. Porém, esse padrão predominou em algumas instituições como o Planetário, onde 67% do público de mulheres possuía ensino superior completo, sendo que deste total 41% tinha pós-graduação. A exceção desse perfil foi o Museu Ciência e Vida, cujo público em sua vasta maioria declarou possuir ensino médio incompleto (55%) ou completo (16%), o que é coerente com a faixa etária predominante das visitantes desse museu e nos permite assumir que ele seja composto por estudantes do ensino médio.

Os achados mostram que as mulheres visitantes se declararam predominantemente brancas (52%), seguidas de pardas (32%) e pretas (12%) - totalizando 44% -, amarelas (3%) e por último indígenas (1%). Porém, a diversidade étnico-racial da composição desse grupo variou entre os museus. Dentre eles, podemos destacar o Museu Ciência e Vida, com 61% de pretas e pardas, o Museu da Vida e o Museu Naval que apresentaram uma proporção maior de mulheres pretas e pardas nos seus públicos, 53%. Observa-se o equilíbrio entre as visitantes brancas (47%) e as pretas e pardas (49%) no Museu de Astronomia 3 30 Essa diferença está dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 5%. . Para esse último, essa constatação indica que houve um processo de inclusão em relação à questão étnico-racial.

A maioria das visitantes afirmou exercer atividade remunerada (61%), exceto por aquelas do Museu Ciência e Vida (71%), que pela faixa etária predominante, provavelmente, são estudantes em sua maioria. Quanto à remuneração declarada, no geral, as respondentes com renda média (três a dez SM) e alta (acima de dez SM) somaram 52%, superando por uma pequena margem as de baixa renda (um a três SM). Porém, a distribuição entre os museus, individualmente, apresentou algumas variações. O Museu Ciência e Vida, Museu Nacional, Museu Naval e Museu da Vida foram os que apresentaram uma maioria de visitantes de baixa renda, correspondendo, respectivamente, a 84%, 65%, 57% e 54% do público de mulheres participantes da pesquisa.

Conhecer os antecedentes e circunstâncias da visita fornece elementos para aperfeiçoar os espaços, indo ao encontro das demandas dos diferentes públicos dos museus. O hábito de visitar espaços museológicos como lazer cultural está materializado junto a determinadas frações da população. Entretanto, os visitantes de primeira vez ainda são a maioria dos respondentes. No que diz respeito às mulheres, verificamos que 63% estavam realizando a experiência pela primeira vez. Esse mesmo percentual foi obtido para os participantes homens da pesquisa Perfil-Opinião OMCC&T, rodada 2017 (n=1.737, total de respondentes dessa questão). Ao examinar o público de mulheres em cada museu, notamos que a variação está entre 40% no Museu Nacional, um baixo percentual, provavelmente, por ser o museu mais antigo do Brasil, e 78%, 76%, 74% no Museu do Meio Ambiente, Museu Naval e Museu da Vida, respectivamente. Por outro lado, o Museu Ciência e Vida, o Museu Aeroespacial e o Planetário apresentam um percentual de mulheres visitantes de primeira vez um pouco abaixo da taxa geral, mas ainda a maioria: 57%, 55% e 54%, na devida ordem.

Apesar da maioria das mulheres ser visitante de primeira vez, 59% afirmaram já conhecer a existência do museu há mais de um ano, enquanto 26% conheciam há menos de um ano e 15% tomaram conhecimento apenas no dia da visita. Esses resultados estão bastante próximos dos obtidos para os homens, que foram de 62%, 22% e 16%, respectivamente.

No que concerne ao intervalo temporal da última visita ao museu, constatamos que 36% das mulheres o fizeram em um prazo inferior a um ano, contra 34%, considerando os homens. No caso das visitas mais espaçadas temporalmente, “entre um e dois anos” e “acima de dois anos”, o resultado encontrado foi 19% e 45% para elas e 21% e 46% para eles, respectivamente.

No que diz respeito às possíveis fontes de informação sobre os museus, os diálogos, as conversas e as trocas com familiares, amigos e professores, ou seja, o tradicional “boca a boca” foi predominante. Essa fonte para o público de mulheres correspondeu a 60% e foi menos frequente para os homens, 54%.

A presença da internet - que compreende redes/mídias sociais, site do museu ou da instituição e sites de busca ou notícias - como fonte de informação sobre os museus, vem crescendo de forma significativa nas últimas décadas, passando de 4% em 2005 para 23% em 2017 ( MANO et al., 2022MANO, S. et al. Museus de ciência e seus visitantes no início do século XXI: estudo longitudinal da visitação espontânea de cinco instituições da cidade do Rio de Janeiro. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 30, p. 1-48, 2022.). A popularização do acesso à internet, bem como o advento das redes/mídias sociais justificam esse crescimento em igual medida para o público de mulheres e para os homens, 33%. A opção “oportunidade” - passando em frente e visitando outros museus - foi selecionada por 26% das mulheres e 35% dos homens; “mídia tradicional” - televisão, jornais e revistas, panfletos, cartazes, outdoors, guia turístico, rádio e sinalização de rua - foi a escolha de 21% delas e 29% deles; “outras fontes” foi a alternativa do mesmo quantitativo, 10%, independente do sexo.

Entre as motivações para visitar o espaço museal, “conhecer o museu” ainda é a opção mais frequente para todos os participantes da pesquisa Perfil-Opinião 2017 do OMCC&T, 54%. A maioria dos respondentes optou por essa justificativa para visitá-lo, fato que não surpreende, visto o grande número de ofertas culturais na cidade do Rio de Janeiro, especialmente no que diz respeito aos museus e centros de ciência e tecnologia. Não há nenhuma variação marcante associada às mulheres, 53%, dentro da margem de erro do estudo. Entretanto, rever o museu ou complementar uma visita anterior motivou mais eles, 25%, do que elas, 11%. As demais razões para a visitação apresentaram pequenas variações dentro da margem de erro: “divertir-se”, “interesse pelos assuntos da exposição”, “alargar horizontes”, “trazer os filhos”, “pesquisar ou estudar algum tema”, interesse pelos assuntos da exposição”, participar de atividades/assistir algum espetáculo”, “acompanhar amigos/as ou outras pessoas”, “entrada gratuita” e “acompanhar familiares”.

A variável “contexto social da visita” engloba “com quem está visitando” e o “tamanho do grupo”. A visitação a esses espaços de cultura científica se dá preferencialmente em grupo de duas a cinco pessoas, 48%, considerando apenas as mulheres e 46% para os homens. Embora as diferenças de percentual, em alguns casos, sejam iguais ou menores que a margem de erro, nota-se que elas tendem a visitar o museu em grupos maiores: “sozinha”, 5% para elas e 10% para eles; “com uma pessoa”, 26% e 31%; “com seis a 10 pessoas”, 11% e 7%; e “com mais de 10 pessoas, 10% e 7% respectivamente.

A composição varia de forma significativa quando analisamos as mulheres, que realizam essa prática cultural acompanhadas de amigos/as, 30%, enquanto apenas 21% dos homens declararam visitar museus com seus amigos/as. Ao examinar os dados referentes aos homens, constata-se que a companhia de cônjuge, companheiro/a ou namorado/a é prevalente, 45%. Em contrapartida, 27% delas afirmam visitar o museu acompanhadas de seu cônjuge. No que tange à companhia de um ou mais filhos, os resultados não apresentam variação significativa, 25% e 26% para mulheres e homens, respectivamente.

Ainda quanto às características do grupo, o estudo permite identificar a presença de menores de 15 anos em sua composição. A faixa etária predominante foi de sete a dez anos, para os grupos liderados por mulheres, enquanto os homens estavam acompanhados por adolescentes de 11 a 14 anos. O tempo de permanência em visita independe do sexo da liderança do grupo: 34% dos entrevistados disseram que realizaram a visita entre uma e duas horas, enquanto 33% das mulheres e 31% dos homens levaram mais de duas horas conhecendo o espaço, diferença dentro da margem de erro.

Em relação ao bloco temático “conhecendo sua opinião sobre o museu”, observamos que mulheres e a amostra total concordam com relação às variáveis “grau de satisfação”, “intenção de retorno” e “avaliação dos serviços”, qualificando-os positivamente nesses fatores ( MANO et al., 2022MANO, S. et al. Museus de ciência e seus visitantes no início do século XXI: estudo longitudinal da visitação espontânea de cinco instituições da cidade do Rio de Janeiro. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 30, p. 1-48, 2022.). A grande maioria, tanto de mulheres quanto de homens, sentiu-se satisfeita/o ou muito satisfeita/o com a visita realizada ao museu, 91% para ambos. Mesmo assim, uma pequena parte dos respondentes, 9%, declarou insatisfação.

A presente investigação nos permitiu conhecer mais informações sobre os hábitos de visitas a museus e centros culturais. Conforme já apontado anteriormente, considerando todas as mulheres e homens pesquisados, fica evidente que elas estão mais presentes nessas instituições, 62%, do que eles, 38%. Analisando tanto o público de mulheres, quanto o de homens, constatamos que 71% realizaram visita a outros museus ou centros culturais, nos doze meses anteriores à pesquisa. Desses, 79% visitaram os espaços museais “de duas a mais de três vezes”, no mesmo intervalo de tempo. Esses achados divergem dos resultados encontrados por Leiva (2018LEIVA, João . Cultura nas capitais: como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. Rio de Janeiro: 175 Street, 2018. ), que afirma que embora as mulheres declarem maior interesse pelas atividades culturais são os homens que mais as efetivam. Cabe destacar que enquanto a pesquisa “Cultura nas Capitais” foi realizada na rua, em local de grande fluxo de pessoas, o presente estudo se deu in loco, ou seja, nos próprios museus, participantes da rede OMCC&T, durante a prática espontânea de visita.

Embora esses resultados mostrem que houve aumento da presença de mulheres nos museus de ciência investigados, não podemos dizer que ocorre o mesmo processo de feminização nesses espaços museais, conforme se deu na França, no início deste século, como apontado por Donnat (2005DONNAT, O. La feminization des pratiques culturelles. Développement Culturel, Paris, n. 147, juin, 2005.). É fato que, nas últimas décadas, no Brasil, o número de mulheres com nível superior cresceu significativamente. Desse modo, poderíamos atribuir esse processo a tal crescimento, uma vez que os museus de ciência são frequentados majoritariamente por público com nível superior, segundo ratificado pelos resultados desta pesquisa.

Os fatores que dificultam as visitas variam em importância segundo o grupo analisado: enquanto para elas, “falta de divulgação”, 43%; “violência urbana”, 29%; “custo do ingresso”, 26%; e para eles, 45%, 25% e 20%, respectivamente. Esses percentuais mostram que os homens são menos sensíveis às questões financeiras e de segurança. Ainda que haja relatos na literatura acerca da vulnerabilidade das mulheres, que apontam que as cidades não são ambientes seguros para elas, e que estas não conseguem se apropriar do espaço urbano do mesmo jeito que os homens ( FIUZA, 2015FIUZA, M. Cultura, substantivo… masculino? PrimaPagina, São Paulo, 07 ago. 2015. Ilustrada. ), os resultados não indicam que elas reconhecem a violência urbana como o fator mais limitante para a visita.

5 Considerações finais

No panorama do Rio de Janeiro, temos alguns exemplos de nova centralidade urbana. É o caso dos museus inseridos em processos de transformação do espaço urbano - o Museu do Amanhã, museu de ciência com o uso extensivo de tecnologias digitais, juntamente com o Museu de Arte do Rio - que compõem o novo complexo cultural na região do Pier Mauá. Esse novo centro vem acrescentar outros elementos à paisagem cultural da cidade, que até então contava com o conjunto de espaços de ciência e tecnologia do bairro imperial de São Cristóvão: o Museu de Astronomia, o Museu Nacional e o Museu da Vida, formando um complexo científico-cultural.

A proximidade territorial entre essas instituições advém do processo de fundação e desenvolvimento da cidade, que a partir de meados do século XIX, deu prioridade à região, focando em investimentos e ações vinculadas à ciência e à cultura. Já na Baixada Fluminense, o Museu Ciência e Vida passa a integrar o complexo cultural concebido pelo célebre arquiteto Oscar Niemeyer, a Biblioteca Leonel Brizola e o Teatro Raul Cortez, locais de grande fluxo de pessoas e de festas populares.

Como os achados da pesquisa mostram, a visitação aos museus investigados é tipicamente brasileira, da cidade do Rio de Janeiro e dos municípios de Niterói e Duque de Caxias, ou seja, há prevalência do “turista cidadão”, que mora e usufrui da cidade, frente ao “turista padrão”. Os espaços museais são extremamente relevantes para o lazer e turismo por sua atratividade, com potencial de gerar novas centralidades e mobilizar grandes fluxos de pessoas.

Os resultados evidenciam a maior presença de mulheres nessa prática de lazer, de visita a museus e centros culturais. Ou seja, ao entrarmos em um museu, a probabilidade de encontrarmos mulheres realizando visitas é maior do que homens na mesma atividade. Esse achado contraria aqueles encontrados no estudo “Cultura nas Capitais” que aponta a presença masculina como prevalente nos museus, embora as mulheres se declarem mais interessadas por esses espaços. No que concerne à composição dos grupos de visitantes, os achados também destoam da pesquisa acima citada. Enquanto os homens visitam os museus em companhia de cônjuge, companheiro/a ou namorado/a, na presente pesquisa as mulheres realizam essa prática cultural acompanhadas principalmente por amigos/as. Entretanto, o número de integrantes do grupo não varia, em ambos os casos é formado por dois a cinco indivíduos.

Se, por um lado, uma maior presença de mulheres pôde ser observada, não é possível afirmar o seu protagonismo na definição da agenda cultural da família. Essa posição parece ser compartilhada com os homens em igualdade. Pesquisas futuras mais específicas são necessárias para aprofundar esses conhecimentos. De qualquer forma, as visitas a museus de ciência têm grande potencial para ampliar o capital científico e cultural das pessoas.

O processo de feminização dos museus, ocorrido na França, conforme descrito por Donnat em seu estudo de 2005DONNAT, O. La feminization des pratiques culturelles. Développement Culturel, Paris, n. 147, juin, 2005., foi impactado não apenas pela elevada escolarização das mulheres, mas também pela política pública de oportunizar o trabalho em tempo parcial para aquelas com filhos, além de políticas sociais, culturais e de segurança. Dessa forma, ao cotejar as duas sociedades, brasileira e francesa, fica perceptível que há uma diferença significativa entre o tempo livre e sua possibilidade de uso no lazer e turismo cultural.

Embora as instituições museais tenham tido papel significativo como espaços de lazer, cultura e aprendizado, lacunas para tornar esses locais mais inclusivos e consolidar o hábito de visita a museus ainda persistem. Além disso, políticas públicas que pudessem vir a oferecer maior disponibilidade de tempo para as mulheres, teriam implicações na ampliação e aperfeiçoamento do capital científico-cultural, tanto pessoal quanto familiar, em decorrência da ida a museus, teatros, eventos de música, leitura de livros, dentre outras práticas culturais. No entanto, novos estudos são necessários para aprofundar conhecimentos e basear essas ações, mas isso é tema para futuros artigos.

Agradecimentos

Agradecemos aos museus participantes da pesquisa e ao José Sérgio Damico, pesquisador do Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus (Museu da Vida/Sistema Educacional Brasileiro (COC)/ Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)) e do Observatório de Museus e Centros de Ciência & Tecnologia (OMCC&T).

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  • 10
    A rede OMCC consolidou sua existência com a primeira rodada da pesquisa Perfil-Opinião em 2005, incluindo além dos museus de ciência outras instituições culturais. Extinto em 2012, foi transformado em OMCC&T, que manteve o foco de suas ações em dois campos de interesse: o museal e o da divulgação e popularização da ciência.
  • 20
    As perguntas acerca de sexo e cor/raça seguem o protocolo usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
  • 30
    Essa diferença está dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 5%.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    17 Jun 2022
  • Aceito
    27 Out 2022
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