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Análise da força muscular expiratória e respiração espontânea de indivíduos em ventilação mecânica: estudo transversal

El análisis de la fuerza muscular espiratoria y la respiración espontánea de los individuos en ventilación mecánica: el estudio transversal

RESUMO

Os músculos da expiração têm funções em todo o ciclo respiratório, mas não são frequentemente avaliados no desmame da ventilação mecânica. Assim, revisões e consensos não mencionam a pressão expiratória máxima (PEmáx) e o treino expiratório. Objetivou-se investigar a relação da força muscular expiratória com a respiração espontânea de indivíduos ventilados mecanicamente. Trata-se de um estudo transversal com participantes de 18 a 79 anos de idade. Foram formados os grupos PEmáx satisfatória (GPES) e PEmáx baixa (GPEB) conforme o ponto de corte de 55cmH2O e comparados a parâmetros de desmame. O GPES (n=9) teve desempenho superior ao do GPEB (n=21) no índice de respiração rápida e superficial (IRRS) (40,6±17,6rpm/L e 75,3±44,1rpm/L, respectivamente; p=0,022) e na frequência respiratória (f) (19,1±6,2rpm e 26,1±9,4rpm; p=0,044). A prevalência de PEmáx satisfatória foi pequena, observada no tamanho dos grupos. Além disso, embora a PEmáx percentual do valor predito tenha sido menor no GPEB, como esperado (67,2±15,4% vs. 45,8±14,7%; p=0,001), a pressão inspiratória máxima percentual não diferiu significantemente (82,4±21,8% vs. 67,8±18,4%; p=0,077). A PEmáx se correlacionou moderadamente com o IRRS (r=-0,406; p=0,026) e com a f (r=-0,426; p=0,017). Conclui-se que a PEmáx≥55cmH2O esteve associada à melhores valores no IRRS e na f, e que a redução da força muscular expiratória foi mais prevalente e severa que a da força muscular inspiratória.

Descritores
Músculos Abdominais; Debilidade Muscular; Desmame do Respirador; Modalidades de Fisioterapia; Cuidados Críticos

RESUMEN

Los músculos de la espiración tienen funciones en todo el ciclo respiratorio, sin embargo, no son frecuentemente evaluados en el desmame de la ventilación mecánica. Así, revisiones y consensos no mencionan la tensión espiratoria máxima (PEmáx) y el entreno espiratorio. Se ha objetivado investigar la relación de la fuerza muscular espiratoria con la respiración espontánea de los individuos ventilados mecánicamente. Se trata de un estudio transversal con participantes de 18 a 79 años de edad. Han sido hechos los grupos PEmáx satisfactoria (GPES) y PEmáx baja (GPEB) de acuerdo con el punto de corte de 55cmH2O y han sido comparados a parámetros de destete. El GPES (n=9) ha tenido el desempeño superior al del GPEB (n=21) en el índice de respiración rápida y superficial (IRRS) (40,6±17,6rpm/L y 75,3±44,1rpm/L, respectivamente; p=0,022) y en la frecuencia respiratoria (f) (19,1±6,2rpm y 26,1±9,4rpm; p=0,044). La prevalencia de PEmáx satisfactoria ha sido pequeña, ha sido observada en el tamaño de los grupos. Además de eso, aunque la PEmáx porcentual del valor predicho haya sido menor en el GPEB, como ha sido esperado (67,2±15,4% vs. 45,8±14,7%; p=0,001), la presión inspiratoria máxima porcentual no ha diferido significantemente (82,4±21,8% vs. 67,8±18,4%; p=0,077). La PEmáx se ha correlacionado moderadamente con el IRRS (r=-0,406; p=0,026) y con la f (r=-0,426; p=0,017). Se concluye que la PEmáx≥55cmH2O ha estado asociada a los mejores valores en el IRRS y en la f, y que la reducción de la fuerza muscular espiratoria ha sido más prevalente y severa que la de la fuerza muscular inspiratoria.

Palabras clave
Músculos Abdominales; Debilidad Muscular; Desconexión del Ventilador; Modalidades de Fisioterapia; Cuidados Críticos

ABSTRACT

The expiratory muscles have functions throughout the respiratory cycle, but they are not often evaluated in the weaning from mechanical ventilation. Thus, reviews and consensus do not mention the maximal expiratory pressure (MEP) and the expiratory training. The aim of this study was to investigate the relationship of expiratory muscle strength with the spontaneous breathing of individuals on mechanical ventilation. This is a cross-sectional study with participants aged between 18 and 79 years. The groups satisfactory MEP (SMEPG) and low MEP (LMEPG) were formed according to the cut-off point of 55 cmH2O and compared to weaning parameters. The SMEPG (n=9) had better performance than LMEPG (n=21) in the rapid shallow breathing index (RSBI) (40.6±17.6 bpm/L and 75.3±44.1 bpm/L, respectively; p=0.022) and in the respiratory rate (RR) (19.1±6.2 bpm and 26.1±9.4 bpm; p=0.044). Prevalence of satisfactory MEP was low, as observed in the size of groups. In addition, although the MEP percentage of the predicted value was lower in LMEPG, as expected (67.2±15.4% vs. 45.8±14.7%; p=0.001), the percentage for maximal inspiratory pressure was not significantly different (82.4±21.8% vs. 67.8±18.4%; p=0.077). The MEP was moderately correlated with the RSBI (r=−0.406; p=0.026) and with the RR (r=−0.426; p=0.017). It was concluded that MEP≥55 cmH2O was associated with better values in RSBI and RR and that the reduction of expiratory muscle strength was more prevalent and severe than that of inspiratory muscle strength.

Keywords
Abdominal Muscles; Muscle Weakness; Ventilator Weaning; Physical Therapy Modalities; Critical Care

INTRODUÇÃO

Os músculos abdominais (MA) são os principais responsáveis pela expiração forçada11. Abe T, Kusuhara N, Yoshimura N, Tomita T, Easton PA. Differential respiratory activity of four abdominal muscles in humans. J Appl Physiol. 1996;80(4):1379-89. doi: 10.1152/jappl.1996.80.4.1379
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, possuindo ainda outras funções respiratórias. Na inspiração, a tensão de repouso dos MA limita a expansão visceral, permitindo ao diafragma elevar a pressão intra-abdominal, a qual é transmitida para a zona de aposição, e ampliando assim o diâmetro torácico. Além disso, o tônus abdominal contribui na manutenção da capacidade residual funcional (CRF) e da forma de cúpula do diafragma, que é essencial no desempenho deste22. Reid WD, Dechman G. Considerations when testing and training the respiratory muscles. Phys Ther. 1995;75(11):971-82. doi: 10.1093/ptj/75.11.971
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.

O músculo transverso do abdômen (MTA) se interdigita com o diafragma nas seis últimas costelas e, com outras estruturas passivas e contráteis, estabiliza o gradil costal33. Kim E, Lee H. The effects of deep abdominal muscle strengthening exercises on respiratory function and lumbar stability. J Phys Ther Sci. 2013;25(6):663-5. doi: 10.1589/jpts.25.663
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), (44. Silva KM, Sayers BM, Sears TA, Stagg DT. The changes in configuration of the rib cage and abdomen during breathing in the anaesthetized cat. J Physiol. 1977;266(2):499-521. doi: 10.1113/jphysiol.1977.sp011779
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. O MTA contrai ao fim da expiração tranquila e reduz o volume pulmonar abaixo da CRF, causando súbito alongamento diafragmático que facilita a inspiração subsequente. Os MA podem sustentar a ventilação ao manter a expiração ativa compensando sobrecarga nos músculos inspiratórios55. Gollee H, Hunt KJ, Fraser MH, McLean AN. Abdominal stimulation for respiratory support in tetraplegia: a tutorial review. J Automatic Contr. 2008;18(2):85-92. doi: 10.2298/JAC0802085G
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), (66. Cuello AF, Aquim EL, Cuello GA. Músculos ventilatórios: biomotores da ventilação: avaliação e tratamento. São Paulo: Andreoli; 2013..

A fadiga dos MA reduz a tolerância ao exercício e o fortalecimento aumenta o volume pulmonar e a estabilidade do tronco77. Taylor BJ, Romer LM. Effect of expiratory muscle fatigue on exercise tolerance and locomotor muscle fatigue in healthy humans. J Appl Physiol. 2008;104(5):1442-51. doi: 10.1152/japplphysiol.00428.2007
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), (44. Silva KM, Sayers BM, Sears TA, Stagg DT. The changes in configuration of the rib cage and abdomen during breathing in the anaesthetized cat. J Physiol. 1977;266(2):499-521. doi: 10.1113/jphysiol.1977.sp011779
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. A inibição muscular causada por cirurgia abdominal torna a tosse pouco eficaz e favorece o acúmulo de secreção nas vias aéreas88. Suárez AA, Pessolano FA, Monteiro SG, Ferreyra G, Capria ME, Mesa L, et al. Peak flow and peak cough flow in the evaluation of expiratory muscle weakness and bulbar impairment in patients with neuromuscular disease. Am J Phys Med Rehabil. 2002;81(7):506-11. doi: 10.1097/00002060-200207000-00007
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. No estudo de McCaughey et al. (99. McCaughey EJ, Berry HR, McLean AN, Allan DB, Gollee H. Abdominal functional electrical stimulation to assist ventilator weaning in acute tetraplegia: a cohort study. PLoS One. 2015;10(6):e0128589. doi: 10.1371/journal.pone.0128589
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, a eletroestimulação dos MA em tetraplégicos melhorou a função pulmonar e reduziu o tempo de desmame da ventilação mecânica (DVM).

A falha no DVM tem como uma das principais causas a fraqueza muscular respiratória1010. Boles JM, Bion J, Cannors A, Herridge M, Marsh B, Melot C, et al. Weaning from mechanical ventilation. Eur Respir J. 2007;29:1033-56. doi: 10.1183/09031936.00010206
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)- (1212. Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica. São Paulo: AMIB, SBPT; 2013., comumente avaliada pelas pressões inspiratória máxima (PImáx) e expiratória máxima (PEmáx) (1313. American Thoracic Society, European Respiratory Society. ATS/ERS statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4):518-624. doi: 10.1164/rccm.166.4.518
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, mas há poucos estudos abordando a função dos músculos da expiração no desmame, cujo foco em geral está nos inspiratórios, particularmente o diafragma1414. Caruso P, Carnieli DS, Kagohara KH, Anciães A, Segarra JS, Deheinzelin D. Trend of maximal inspiratory pressure in mechanically ventilated patients: predictors. Clinics. 2008;63(1):33-8. doi: 10.1590/S1807-59322008000100007
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)- (1616. Condessa RL, Brauner JS, Saul AL, Baptista M, Silva ACT, Vieira SRR. Inspiratory muscle training did not accelerate weaning from mechanical ventilation but did improve tidal volume and maximal respiratory pressures: a randomised trial. J Physiother. 2013;59(2):101-7. doi: 10.1016/S1836-9553(13)70162-0
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. Assim, revisões e diretrizes não mencionam a PEmáx e o treino muscular expiratório1010. Boles JM, Bion J, Cannors A, Herridge M, Marsh B, Melot C, et al. Weaning from mechanical ventilation. Eur Respir J. 2007;29:1033-56. doi: 10.1183/09031936.00010206
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), (1212. Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes brasileiras de ventilação mecânica. São Paulo: AMIB, SBPT; 2013.), (1717. Nemer SN, Barbas CSV. Parâmetros preditivos para o desmame da ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2011;37(5):669-79. doi: 10.1590/S1806-37132011000500016
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. Em contrapartida, recentemente a PEmáx, o índice de respiração rápida e superficial (IRRS) e o teste de patência das vias aéreas foram os únicos preditores independentes de sucesso em 6583 extubações endotraqueais1818. Lai CC, Chen CM, Chiang SR, Liu WL, Weng SF, Sung MI, et al. Establishing predictors for successfully planned endotracheal extubation. Medicine (Baltimore). 2016;95(41):e4852. doi: 10.1097/MD.0000000000004852
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.

Diante do exposto, este estudo objetivou investigar a relação da força muscular expiratória com a respiração espontânea de indivíduos em ventilação mecânica invasiva (VMI).

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal com amostra por conveniência realizado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) geral do Hospital Getúlio Vargas, PE/Brasil. Foi usado o cálculo amostral a partir de uma população finita e de tamanho conhecido. Com uma média de 64 admissões em 60 dias (duração da coleta de dados)., a metade do valor (32 indivíduos) foi considerada a população, deduzindo-se perdas e exclusões conforme dados setoriais. Admitindo-se proporção de 50%, confiabilidade de 95% e erro de 5%, o cálculo resultou em n=30. Todos os indivíduos já internados ou admitidos no período foram avaliados para inclusão. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CAAE 60149516.5.0000.5192). O consentimento informado foi obtido dos pacientes ou parentes.

Os critérios de inclusão foram, por se tratar de uma UTI geral, qualquer descompensação clínica de origem não traumática em curso com insuficiência respiratória aguda, idade ≥18 e ≤79 anos e período >48 horas em VMI. Os critérios de exclusão foram: insuficiência cardíaca descompensada, lesão aguda craniana ou torácica, intolerância ao modo ventilatório Pressão de Suporte (PSV), frequência respiratória (f) ≥35irpm, SpO2 <90% com pressão positiva ao final da expiração (PEEP) >5cmH2O ou FiO2 ≥0,5, frequência cardíaca ≥140bpm ou pressão arterial sistólica ≥180 ou ≤901919. Duan J, Liu J, Xiao M, Yang X, Wu J, Zhou L. Voluntary is better than involuntary cough peak flow for predicting re-intubation after scheduled extubation in cooperative subjects. Respir Care. 2014;59(11):1643-51. doi: 10.4187/respcare.03045
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.

Foram formados os grupos PEmáx satisfatória (GPES) e PEmáx baixa (GPEB), comparados quanto aos parâmetros PEmáx e PImáx (percentuais dos valores preditos2020. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests II: maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32(6):719-27. doi: 10.1590/S0100-879X1999000600007
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), IRRS, volume minuto (VM), f, volume corrente absoluto (VCA) e relativo (VCR), e capacidade vital absoluta (CVA) e relativa (CVR). A PEmáx, a PImáx e o IRRS foram considerados satisfatórios se ≥55cmH2O, <-40cmH2O e <68rpm/L, respectivamente2020. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests II: maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32(6):719-27. doi: 10.1590/S0100-879X1999000600007
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.

A caracterização dos grupos foi determinada pelas variáveis: idade, sexo, tipo de via aérea artificial (VAA), tempo de hospitalização (T-Hosp), tempo na UTI (T-UTI), tempo em VMI (T-VMI), sepse, comorbidades e pós-operatório de cirurgia abdominal e de outras cirurgias.

Dois fisioterapeutas cegos quanto à alocação foram treinados em funções preestabelecidas. Os procedimentos foram precedidos de posicionamento dos indivíduos em semidecúbito de 30 a 45°, ajuste da pressão de cuff em 30cmH2O2121. Hamilton VA, Grap MJ. The role of the endotracheal tube cuff in microaspiration. Heart Lung. 2012;41(2):167-72. doi: 10.1016/j.hrtlng.2011.09.001
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e aspiração das vias aéreas. O protocolo começou com um teste de respiração espontânea (PEEP=5cmH2O e pressão de suporte=7cmH2O) intercalado com desconexão do ventilador para avaliação respiratória.

As mensurações das pressões respiratórias duraram 40 a 60 segundos, baseando-se subjetivamente no conforto dos participantes (adaptado de Guimarães et al. (2222. Guimarães FS, Alves FF, Constantino SS, Dias CM, Menezes SLS. Maximal inspiratory pressure evaluation among non-cooperative critical patients: comparison between two methods. Rev Bras Fisioter (São Carlos). 2007;11(3):233-8. doi: 10.1590/S1413-35552007000300010
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) e só foram repetidas se julgadas necessárias. Na PEmáx, foi acoplado à VAA um manovacuômetro (Comercial médica-SP/Brasil, +/-120cmH2O) com válvula unidirecional que permitia apenas a inspiração para realização da manobra de Valsalva: esforço expiratório máximo em capacidade pulmonar total (CPT) com VAA oclusa. O inverso foi feito na PImáx (manobra de Muller): esforço inspiratório máximo em volume residual (VR) (1313. American Thoracic Society, European Respiratory Society. ATS/ERS statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4):518-624. doi: 10.1164/rccm.166.4.518
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), (2323. Truwit JD, Marini JJ. Validation of a technique to assess maximal inspiratory pressure in poorly cooperative patients. Chest. 1992;102(4):1216-9. doi: 10.1378/chest.102.4.1216
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.

Um ventilômetro (AINCA-EUA, modelo 00-295) registrou o VM, que foi dividido pela f obtendo-se o VCA médio em mL, cuja divisão pelo peso predito gerou o VCR. O IRRS foi obtido pela divisão da f pelo VCA em litros2424. Yang KL, Tobin MJ. A prospective study of indexes predicting the outcome of trials of weaning from mechanical ventilation. N Engl J Med. 1991;324(21):1445-50. doi: 10.1056/NEJM199105233242101
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. Já a capacidade vital (CV) foi estimada pela adaptação do método de Marini et al. (2525. Marini JJ, Rodriguez RM, Lamb VJ. Involuntary breath-stacking: an alternative method for vital capacity estimation in poorly cooperative subjects. Am Rev Respir Dis. 1986;134(4):694-8. doi: 10.1164/arrd.1986.134.4.694
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com o arranjo de duas válvulas unidirecionais, um tubo ‘T’ e um ventilômetro (Figura 1). Ocluía-se manualmente a válvula inspiratória e o paciente exalava até chegar ao VR. Em seguida ocluía-se apenas a válvula expiratória e os volumes de consecutivos esforços inspiratórios se somavam até cessar alteração no ventilômetro, indicando que a CPT havia sido alcançada. O valor gerado foi a CVA (CVR=CVA/peso predito).

Figura 1
Instrumento de exame da capacidade vital

A altura estimada foi o dobro da distância do centro da fúrcula esternal à extremidade do dedo médio, estando o membro superior em extensão de cotovelo e 90° de abdução de ombro2626. Bjelica D, Popovic S, Kezunovic M, Petkovic J, Jurak G, Grasgruber P. Body height and its estimation utilising arm span measurements in Montenegrin adults. Anthropol Notebooks. 2012;18(2):69-83.. As equações do peso predito foram: homens: 50+0,91 (altura-152,4); mulheres: 45,5+0,91 (altura-152,4) (2727. Acute Respiratory Distress Syndrome Network. Ventilation with lower tidal volumes as compared with traditional tidal volumes for acute lung injury and the acute respiratory distress syndrome. N Engl J Med. 2000;342(18):1301-8. doi: 10.1056/NEJM200005043421801
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.

Os dados foram armazenados no software Epi-info 7.2. O software SPSS 20.0 foi usado na análise descritiva (média, desvio padrão, mediana, percentil 25% e 75% e intervalo de confiança de 95%). Na avaliação da normalidade dos dados foi utilizado o Teste de Shapiro-Wilk. A análise da heterogeneidade entre os grupos foi obtida pelo Teste t de Student para duas amostras independentes (paramétrico) ou pelo teste de Mann-Whitney (não-paramétrico). As tabelas de contingência foram avaliadas pelo teste exato de Fisher. Correlações foram estabelecidas pelo coeficiente de Pearson (paramétrico) ou de Spearman (não paramétrico). As associações foram significantes quando p<0,05.

RESULTADOS

Das 68 admissões do período da coleta (incluindo aqueles já internados no início), ocorreram 8 exclusões por intolerância ao modo PSV e outros 30 não foram incluídos por: ausência de VAA (12), extubação em <48 horas (10) e idade >79 anos (8). Assim, foram incluídos 30 indivíduos: 9 (30%) alocados no GPES e 21 (70%) no GPEB, conforme o ponto de corte de 55cmH2O na PEmáx.

Como esperado, a PEmáx percentual (%PEmáx) do GPES foi maior que a do GPEB (p=0,001), mas não houve diferença na PImáx percentual (%PImáx) (0,077). Na subanálise intragrupo, a %PEmáx foi menor que a %PImáx no GPEB (p<0,0001), o que não ocorreu no GPES (p=0,145). Apenas um indivíduo, em toda a amostra, apresentou PImáx insatisfatória (<40cmH2O).

O GPES teve desempenho superior ao do GPEB no IRRS (p=0,022) e na f (p=0,044). A diferença favorecendo o GPES no VCA (p=0,044) não se manteve no VCR (0,312), o que similarmente ocorreu com a CVA (p=0,035) e a CVR (p=0,227). O VM não diferiu entre os grupos (p=0,586). A Tabela 1 contém a estatística descritiva e analítica dos dados quantitativos.

Tabela 1
Dados descritivos das variáveis quantitativas e resultado das comparações conforme Teste t de Student ou de Mann-Whitney

A %PEmáx apresentou moderada correlação com o IRRS (r=-0,406; p=0,026), a f (r=-0,426; p=0,017), o T-VMI (r=-0,408; p=0,025) e o T-UTI (r=-0,426); p=0,019). A %PImáx só se correlacionou com a %PEmáx (r=0,676; p<0,001). Quanto aos valores mensurados, sem se considerar o percentual, houve relação da PEmáx (r=0,369; p=0,045) e da PImáx (r=-406; p=0,026) com a CVA, porém tal fenômeno não ocorreu com a CVR; esta se associou ao IRRS (r=-0,640; p<0,001), ao VCR (r=0,673; p<0,001) e à f (r=-0,542; p=0,002).

Houve mais mulheres no GPEB (71,4%) do que no GPES (22,2%, p=0,020). O IRRS satisfatório (<68rpm/L) prevaleceu no GPES (88,89%) em relação ao GPEB (47,62%, p=0,049). Não houve diferença nas demais variáveis categóricas (Tabela 2).

Tabela 2
Dados descritivos das variáveis categóricas e resultados das comparações conforme o Teste Exato de Fisher.

DISCUSSÃO

O GPES teve melhor desempenho no IRRS e na f. Não houve diferença no VCR, na CVR e no VM. A prevalência de PEmáx satisfatória foi baixa, observada no tamanho dos grupos. A PImáx não variou estatisticamente entre os grupos e só um indivíduo teve PImáx insatisfatória. Dentre as correlações observadas, destacam-se as observadas apenas na %PEmáx percentual com o IRRS, a f, o T-VMI e o T-UTI e as correlações da CVR com o IRRS e seus componentes.

A subanálise intragrupo das pressões respiratórias mostra que a %PEmáx foi menor que a %PImáx em ambos os grupos, sendo a diferença significativa no GPEB, sugerindo que a debilidade expiratória foi mais severa que a inspiratória. Este provavelmente é um achado inédito em pacientes críticos. Todavia, alterações da complacência do sistema respiratório são comuns nesta população2828. Jonghe B, Bastuji-Garin S, Durand MC, Malissin I, Rodrigues P, Cerf C, et al. Respiratory weakness is associated with limb weakness and delayed weaning in critical illness. Crit Care Med. 2007;35(9):2007-15. doi: 10.1097/01.ccm.0000281450.01881.d8
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e podem culminar em menor CPT, reduzindo a PEmáx1313. American Thoracic Society, European Respiratory Society. ATS/ERS statement on respiratory muscle testing. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(4):518-624. doi: 10.1164/rccm.166.4.518
https://doi.org/10.1164/rccm.166.4.518...
. Porém, a fraqueza muscular adquirida na UTI (FMA-UTI) pode ter influência no fenômeno2929. Confer J, Wolcott J, Hayes R. Critical illness polyneuromyopathy. Am J Health Syst Pharm. 2012;69(14):1199-205. doi: 10.2146/ajhp110343
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.

Embora o IRRS satisfatório do GPES possa ser atribuído à ação de ambos os grupos musculares, os músculos da expiração podem ter sido determinantes, visto que: eles modulam o controle respiratório protegendo os músculos inspiratórios3030. Sugiura H, Sako S, Oshida Y. Effect of expiratory muscle fatigue on the respiratory response during exercise. J. Phys Ther Sci. 2013;25(11):1491-5. doi: 10.1589/jpts.25.1491
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; os MA facilitam a contração diafragmática22. Reid WD, Dechman G. Considerations when testing and training the respiratory muscles. Phys Ther. 1995;75(11):971-82. doi: 10.1093/ptj/75.11.971
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; a PEmáx adequada pode indicar maior eficácia da tosse, portanto maior permeabilidade das vias aéreas e menor trabalho respiratório88. Suárez AA, Pessolano FA, Monteiro SG, Ferreyra G, Capria ME, Mesa L, et al. Peak flow and peak cough flow in the evaluation of expiratory muscle weakness and bulbar impairment in patients with neuromuscular disease. Am J Phys Med Rehabil. 2002;81(7):506-11. doi: 10.1097/00002060-200207000-00007
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), (3131. Kim J, Davenport P, Sapienza C. Effect of expiratory muscle strength training on elderly cough function. Arch Gerontol Geriatr. 2009;48(3):361-6. doi: 10.1016/j.archger.2008.03.006
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; o GPEB teve PImáx de -59,76±15,60, que é superior ao ponto de corte de -40cmH2O, mas não refletindo em um bom IRRS; apenas a %PEmáx se correlacionou com o IRRS; não há correlação da atividade elétrica do diafragma com a f ou com o IRRS3232. Liu L, Liu H, Yang Y, Huang Y, Liu S, Beck J, et al. Neuroventilatory efficiency and extubation readiness in critically ill patients. Crit Care. 2012;16(4):R143. doi: 10.1186/cc11451
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; e normalmente a negativação inspiratória de -5cmH2O na pressão pleural é suficiente para a inalação de 500ml de ar3333. Schellekens WJ, Van Hees HW, Doorduin J, Roesthuis LH, Scheffer GJ, Van der Hoeven JG, et al. Strategies to optimize respiratory muscle function in ICU patients. Crit Care. 2016;20(1):103. doi: 10.1186/s13054-016-1280-y
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. O IRRS é o índice preditivo mais utilizado no DVM1717. Nemer SN, Barbas CSV. Parâmetros preditivos para o desmame da ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2011;37(5):669-79. doi: 10.1590/S1806-37132011000500016
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, mas o desenho deste estudo limita as interpretações. É necessário um acompanhamento longitudinal para verificar os desfechos no DVM de acordo com a PEmáx.

A semelhança encontrada no VM foi observada em outros estudos1818. Lai CC, Chen CM, Chiang SR, Liu WL, Weng SF, Sung MI, et al. Establishing predictors for successfully planned endotracheal extubation. Medicine (Baltimore). 2016;95(41):e4852. doi: 10.1097/MD.0000000000004852
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), (3030. Sugiura H, Sako S, Oshida Y. Effect of expiratory muscle fatigue on the respiratory response during exercise. J. Phys Ther Sci. 2013;25(11):1491-5. doi: 10.1589/jpts.25.1491
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), (3232. Liu L, Liu H, Yang Y, Huang Y, Liu S, Beck J, et al. Neuroventilatory efficiency and extubation readiness in critically ill patients. Crit Care. 2012;16(4):R143. doi: 10.1186/cc11451
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e pode advir da tolerância da amostra ao modo PSV. Como o VM é produto do VCA pela f, foi encontrada diferença nessas variáveis, que tendem a se modificar inversamente. Assim, o GPES teve f menor por apresentar maior VCA, enquanto o GPEB compensou o baixo VCA aumentando a f. Como a diferença no VCR não foi significante, a maior contribuição veio da f, concordando com Sugiura et al. (3030. Sugiura H, Sako S, Oshida Y. Effect of expiratory muscle fatigue on the respiratory response during exercise. J. Phys Ther Sci. 2013;25(11):1491-5. doi: 10.1589/jpts.25.1491
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, segundo os quais a fadiga expiratória desencadeia o padrão rápido e superficial e, até certo nível de esforço, a alteração no VCA não é significativa.

A CVR não variou estatisticamente entre os grupos, mesmo se correlacionando com o IRRS e seus componentes isoladamente, os quais, excetuando o VCR, mostraram diferença na comparação do GPES com o GPEB, bem como correlação com a %PEmáx. É possível que o uso de válvulas unidirecionais para estimular os indivíduos a exercerem maiores esforços promova maior homogeneidade mesmo entre aqueles com diferença de força, uma vez que o volume de ar é acumulado a cada ciclo respiratório. Os achados também podem resultar da ativação inadequada dos MA11. Abe T, Kusuhara N, Yoshimura N, Tomita T, Easton PA. Differential respiratory activity of four abdominal muscles in humans. J Appl Physiol. 1996;80(4):1379-89. doi: 10.1152/jappl.1996.80.4.1379
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, pois a CV pode aumentar com o treinamento33. Kim E, Lee H. The effects of deep abdominal muscle strengthening exercises on respiratory function and lumbar stability. J Phys Ther Sci. 2013;25(6):663-5. doi: 10.1589/jpts.25.663
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. Outrossim, além de depender da função neuromuscular respiratória, a CV é influenciada pelas propriedades mecânicas do sistema tóraco-pulmonar, ocorrendo semelhanças diante de pressões respiratórias distintas3434. Vassilakopoulos T, Roussos C. Physiology and testing of respiratory muscles. In: Albert R, Spiro S, Jett J, editors. Clinical respiratory medicine. 3rd ed. Mosby Elsevier, Philadelphia: Mosby Elsevier; 2008. p. 135-146.. O método utilizado na CV foi validado2525. Marini JJ, Rodriguez RM, Lamb VJ. Involuntary breath-stacking: an alternative method for vital capacity estimation in poorly cooperative subjects. Am Rev Respir Dis. 1986;134(4):694-8. doi: 10.1164/arrd.1986.134.4.694
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, mas ainda é necessário fazê-lo em indivíduos com VAA. Na validação, os autores encontraram em participantes hígidos e em pneumopatas ambulatoriais, respectivamente, CVA de 4,63L e 3,02L. Os valores neste estudo foram 1,91L (GPES) e 1,44L (GPEB), números aceitáveis devido à necessidade de VMI. Além disso, as correlações observadas indicam que o método produziu dados fidedignos.

Os músculos expiratórios podem ser avaliados dinamicamente através da tosse88. Suárez AA, Pessolano FA, Monteiro SG, Ferreyra G, Capria ME, Mesa L, et al. Peak flow and peak cough flow in the evaluation of expiratory muscle weakness and bulbar impairment in patients with neuromuscular disease. Am J Phys Med Rehabil. 2002;81(7):506-11. doi: 10.1097/00002060-200207000-00007
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. Indivíduos com pico de fluxo expiratório na tosse <60L/min foram cinco vezes mais propensos a ter extubação mal sucedida e 19 vezes mais propensa a morrer no hospital3535. Smina M, Salam A, Khamiees M, Gada P, Amoateng-Adjepong Y, Manthous CA. Cough peak flows and extubation outcomes. Chest. 2003;124(1):262-8. doi: 10.1378/chest.124.1.262
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. Há interesse em índices que prevejam resultados combinados de DVM e extubação3535. Smina M, Salam A, Khamiees M, Gada P, Amoateng-Adjepong Y, Manthous CA. Cough peak flows and extubation outcomes. Chest. 2003;124(1):262-8. doi: 10.1378/chest.124.1.262
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), (1818. Lai CC, Chen CM, Chiang SR, Liu WL, Weng SF, Sung MI, et al. Establishing predictors for successfully planned endotracheal extubation. Medicine (Baltimore). 2016;95(41):e4852. doi: 10.1097/MD.0000000000004852
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. Embora a necessidade de suporte ventilatório e de VAA tenham etiologias diferentes1818. Lai CC, Chen CM, Chiang SR, Liu WL, Weng SF, Sung MI, et al. Establishing predictors for successfully planned endotracheal extubation. Medicine (Baltimore). 2016;95(41):e4852. doi: 10.1097/MD.0000000000004852
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, a função expiratória parece útil na avaliação da descontinuidade de ambas e da debilidade física.

Comprometimentos no diafragma causados pela polineuromiopatia da doença crítica (PNMDC) são considerados vitais no prolongamento da VMI3636. Hermans G, Jonghe B, Bruyninckx F, Van den Berghe G. Clinical review: critical illness polyneuropathy and myopathy. Crit Care. 2008;12(6):238. doi: 10.1186/cc7100
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, mas pouco se sabe sobre o envolvimento dos MA e sua repercussão. A comparação da pressão transdiafragmática em indivíduos com sucesso e insucesso no DVM não evidenciou diferença no estabelecimento de fadiga no diafragma3737. Laghi F, Cattapan SE, Jubran A, Parthasarathy S, Warshawsky P, Choi YSA, et al. Is weaning failure caused by low-frequency fatigue of the diaphragm? Am J Respir Crit Care Med. 2003;167(2):120-7. doi: 10.1164/rccm.200210-1246OC
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. Este estudo não mostra redução significativa da %PImáx entre os grupos, sendo possível que a PNMDC afete primariamente os músculos expiratórios. O mecanismo carece porém de investigação, pois o baixo desempenho dos MA também é visto na lombalgia3838. Hodges PW, Richardson CA. Inefficient muscular stabilization of the lumbar spine associated with low back pain. Spine. 1996;21(22):2640-50. doi: 10.1097/00007632-199611150-00014
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, doença pulmonar obstrutiva crônica3939. Rochester DF, Braun NMT. Determinants of maximal inspiratory pressure in chronic obstructive pulmonary disease. Am Rev Respir Dis. 1985;132(1):42-7. doi: 10.1164/arrd.1985.132.1.42
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, esclerose múltipla4040. Gosselink R, Kovacs L, Ketelaer P, Carton H, Decramer M. Respiratory muscle weakness and respiratory muscle training in severely disabled multiple sclerosis patients. Arch Phys Med Rehabil. 2000;81(6):747-51. doi: 10.1016/S0003-9993(00)90105-9
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e lesão medular4141. Gounden P. Static respiratory pressures in patients with post-traumatic tetraplegia. Spinal Cord. 1997;35(1):43-7. doi: 10.1038/sj.sc.3100336
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.

O diagnóstico da PNMDC requer métodos invasivos, de difícil interpretação e limitados por condições como baixo nível de consciência, edema e neuropatia prévia2929. Confer J, Wolcott J, Hayes R. Critical illness polyneuromyopathy. Am J Health Syst Pharm. 2012;69(14):1199-205. doi: 10.2146/ajhp110343
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. O Medical Research Council Sum Score (MRC-SS) é usado na hipótese diagnóstica por identificar a FMA-UTI, mas também requer cooperação do paciente2929. Confer J, Wolcott J, Hayes R. Critical illness polyneuromyopathy. Am J Health Syst Pharm. 2012;69(14):1199-205. doi: 10.2146/ajhp110343
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), (4242. Zhou C, Wu L, Fenghimg N, Ji W, Wu J, Zhang H. Critical illness polyneuropathy and myopathy: a systematic review. Neural Regen Res. 2014;9(1):101-10. doi: 10.4103/1673-5374.125337
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. Tzanis et al. (4343. Tzanis G, Vasileiadis I, Zervakis D, Karatzanos E, Dimopoulos S, Pitsolis T, et al. Maximum inspiratory pressure, a surrogate parameter for the assessment of ICU-acquired weakness. BMC Anesthesiology. 2011;11:14. doi: 10.1186/1471-2253-11-14
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encontraram correlação entre a PImáx e o MRC-SS, mostrando ser uma alternativa. Houve similarmente correlação entre o MRC-SS e as pressões respiratórias, com maior significância na PEmáx (p<0,0001) em relação à PImáx (p=0,001) (2828. Jonghe B, Bastuji-Garin S, Durand MC, Malissin I, Rodrigues P, Cerf C, et al. Respiratory weakness is associated with limb weakness and delayed weaning in critical illness. Crit Care Med. 2007;35(9):2007-15. doi: 10.1097/01.ccm.0000281450.01881.d8
https://doi.org/10.1097/01.ccm.000028145...
.

A associação entre fraqueza muscular periférica e duração do T-VMI é mediada pela fraqueza respiratória concorrente2828. Jonghe B, Bastuji-Garin S, Durand MC, Malissin I, Rodrigues P, Cerf C, et al. Respiratory weakness is associated with limb weakness and delayed weaning in critical illness. Crit Care Med. 2007;35(9):2007-15. doi: 10.1097/01.ccm.0000281450.01881.d8
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. Na ausência de desvantagem mecânica, a redução da PEmáx pode refletir fraqueza muscular generalizada4444. O'Neill S, McCarthy DS. Postural relief of dyspnoea in severe chronic airflow limitation: relationship to respiratory muscle strength. Thorax. 1983;38(8):595-600. doi: 10.1136/thx.38.8.595.
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. Durante um esforço expiratório máximo a atividade elétrica dos MA é pequena, em comparação à registrada ao se desencostar a cabeça e os ombros de uma superfície estando em decúbito dorsal4545. Campbell EJM, Green JH. The expiratory function of the abdominal muscles in man: an electromyographic study. J Physiol. 1953;120(3):409-18. doi: 10.1113/jphysiol.1953.sp004903
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. Entender a função muscular expiratória no DVM é essencial na abordagem terapêutica.

A correlação existente entre a %PEmáx e a %PImáx gera um questionamento ao consenso atual em terapia intensiva de apenas treinar os músculos inspiratórios. Faz-se necessário comparar os treinos musculares expiratório e inspiratório, isoladamente e combinados, bem como testar outras estratégias. No caso da eletroestimulação neuromuscular, por ser o MTA o músculo mais profundo e o mais atuante na expiração forçada, seguido dos oblíquos e do reto abdominal11. Abe T, Kusuhara N, Yoshimura N, Tomita T, Easton PA. Differential respiratory activity of four abdominal muscles in humans. J Appl Physiol. 1996;80(4):1379-89. doi: 10.1152/jappl.1996.80.4.1379
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, tal base pode guiar a disposição de eletrodos para estimulação neuromuscular efetiva e a monitoração do recrutamento dos MA através de imagens ultrassonográficas4646. Larivière C, Gagnon, D, Oliveira JE Jr., Henry SM, Mecheri H, Dumas JP. Reliability of ultrasound measures of the transversus abdominis: effect of task and transducer position. PM R. 2013;5(2):104-13. doi: 10.1016/j.pmrj.2012.11.002
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. Além disso, movimentos ativos dos membros inferiores podem ter benefícios por serem precedidos de ativação do MTA4747. Hodges PW. Is there a role for transversus abdominis in lumbo-pelvic stability? Man Ther. 1999;4(2):74-86. doi: 10.1054/math.1999.0169
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, além de que o aumento da CV possa ser alcançado fortalecendo os músculos inspiratórios na CPT e os expiratórios no VR4040. Gosselink R, Kovacs L, Ketelaer P, Carton H, Decramer M. Respiratory muscle weakness and respiratory muscle training in severely disabled multiple sclerosis patients. Arch Phys Med Rehabil. 2000;81(6):747-51. doi: 10.1016/S0003-9993(00)90105-9
https://doi.org/10.1016/S0003-9993(00)90...
.

Este estudo apresenta limitações que devem ser consideradas. Houve alta prevalência de mulheres no GPEB que, associada a uma série de mudanças não significativas na idade e em outras variáveis clínicas, pode interferir nos desfechos principais. É necessário que em amostras maiores indivíduos sejam estratificados por sexo e faixa etária para análise da influência da PEmáx nos diferentes grupos. Por fim, excetuando as pressões e os volumes, este estudo não traz novos dados sobre a associação dessas variáveis com outras, como a espessura muscular e a mobilidade diafragmática, o que poderia aprofundar significantemente o conhecimento sobre o papel dos músculos expiratórios e inspiratórios no desmame da ventilação mecânica.

CONCLUSÃO

A PEmáx ≥55cmH2O esteve associada a melhores valores no IRRS e na f. A redução da força muscular expiratória foi mais prevalente e severa que da inspiratória. Não houve participantes com PEmáx normal e PImáx baixa concomitantemente, o que limita as conclusões sobre a função isolada dos músculos expiratórios, mas indica que os inspiratórios são menos atingidos, além dos efeitos do treinamento muscular expiratório precisarem ser investigados no desmame difícil.

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  • Hospital Getúlio Vargas (HGV-UPE) - Recife (PE), Brasil.
  • Fonte de financiamento: Nada a declarar
  • Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE) sob o parecer nº 60149516.5.0000.5192.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2018

Histórico

  • Recebido
    14 Jul 2017
  • Aceito
    03 Abr 2018
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