Insatisfação corporal e procedimentos estéticos em estudantes universitários

Insatisfacción corporal y procedimientos estéticos en estudiantes universitarios

RESUMO

A insatisfação com a imagem corporal ocorre quando o indivíduo deseja que seu corpo seja diferente da forma como o percebe. Os jovens, nesse contexto, tendem a apresentar preocupações com o corpo que podem afetar sua saúde física e psicológica. Este estudo objetivou identificar o grau de insatisfação corporal e possíveis intervenções estéticas feitas por universitários. Trata-se de um estudo observacional e transversal feito a partir de um questionário digital autoaplicável enviado por e-mail. Foram incluídos na pesquisa discentes a partir de 18 anos, regularmente matriculados na Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares (UFJF/GV) entre janeiro e março de 2020. Participaram 299 discentes: 81,6% são do sexo feminino; 68,2% têm renda familiar de até quatro salários mínimos; 34,8% cursavam fisioterapia; 64,5% eram pessoas que desconheciam a Fisioterapia Dermatofuncional; 21,1% eram indivíduos que já haviam realizado algum procedimento estético; e 85,3% relataram vontade de realizar procedimentos estéticos principalmente relacionados à redução da gordura localizada, sendo a falta de dinheiro o principal obstáculo para a realização dos procedimentos desejados. Sobre a insatisfação corporal, avaliada através do Body Shape Questionnaire (BSQ-8), 33,4% dos participantes apresentaram “nenhuma preocupação com a forma” e 14,8%, “acentuada preocupação com a forma”. Foi possível associar insatisfação corporal e a vontade de realizar algum procedimento estético com maior frequência entre os participantes que responderam sim em todas as classificações do BSQ-8. Apesar do baixo grau de insatisfação corporal entre a maioria dos participantes, uma parcela deles apresentou acentuada preocupação com a forma, destacando-se a necessidade de promover ações educativas para evitar impactos negativos na saúde física e mental.

Descritores:
Imagem Corporal; Estudantes; Fisioterapia; Estética

RESUMEN

La insatisfacción con la imagen corporal es un sentimiento que las personas experimentan cuando su cuerpo no cumple con las expectativas percibidas. En este contexto, los jóvenes tienden a preocuparse por su cuerpo, lo cual puede afectar su salud física y psicológica. Este estudio tuvo como objetivo identificar el grado de insatisfacción corporal y las posibles intervenciones estéticas realizadas por estudiantes universitarios. Este es un estudio observacional y transversal, que se basó en un cuestionario digital enviado por correo electrónico. En el estudio se incluyeron a estudiantes de más de 18 años de edad, matriculados regularmente en la Universidad Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares (UFJF/GV), Brasil, entre enero y marzo de 2020. De los 299 estudiantes participantes: el 81,6% son mujeres; el 68,2% tienen renta familiar de hasta cuatro salarios mínimos; el 34,8% estudian fisioterapia; el 64,5% desconocen la fisioterapia dermatofuncional; el 21,1% informó haber sometido a algún procedimiento estético; y el 85,3% refirió estar dispuesto a realizar procedimientos estéticos, principalmente relacionados con la reducción de grasa localizada, pero la falta de dinero era el principal obstáculo para realizarlos. En cuanto a la insatisfacción corporal evaluada por el Body Shape Questionnaire (BSQ-8), el 33,4% de los participantes mostraron “ninguna preocupación por la forma” y el 14,8%, “marcada preocupación por la forma”. La insatisfacción corporal estuvo asociada con mayor frecuencia con la intención de realizar algún procedimiento estético entre los participantes que respondieron a sí a todas las clasificaciones del BSQ-8. A pesar de que la mayoría de los participantes presentaron bajo grado de insatisfacción corporal, parte de ellos mostró una marcada preocupación por la forma, lo que apunta a la necesidad de promover acciones educativas para evitar impactos negativos en la salud física y mental de esta población.

Palabras clave:
Imagem Corporal; Estudiantes; Fisioterapia; Estética

ABSTRACT

Dissatisfaction with body image occurs when the individual wants his body to be different from his own perception. Young people tend to have concerns about the body that can affect their physical and psychological health. The study sought to identify the degree of body dissatisfaction and aesthetic procedures made by students. It is an observational and cross-sectional study that used a self-administered digital questionnaire sent by e-mail. Students aged 18 and over, regularly enrolled at the Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares (UFJF/GV) between January and March 2020 were included. There were 299 participants, 81.6% of whom were female, 68.2% with a family income of up to 4 minimum wages, 34.8% of the physiotherapy course, and 64.5% did not know Dermatofunctional Physical Therapy. 21.1% had already undergone an aesthetic procedure, and 85.3% reported a desire to perform aesthetic procedures. The desired procedures were mainly to reduce localized fat, with lack of money being the main obstacle. Body Shape Questionnaire (BSQ-8) was used to evaluate body dissatisfaction. 33.4% of the participants show no dissatisfaction, and 14.8% reported severe dissatisfaction. There was an association between body dissatisfaction and whether each individual would like to perform an aesthetic procedure, and in all BSQ-8 categories, the answer yes was more frequent. Despite the low degree of body dissatisfaction found, part of the participants showed severe dissatisfaction, highlighting the need to promote educational actions on the idealization of body image, in order to avoid negative impacts on individuals’ physical and mental health.

Keywords:
Body Image; Students; Physiotherapy; Aesthetics

INTRODUÇÃO

A imagem corporal é definida por Slade como “a figura que temos em mente do tamanho e forma dos nossos corpos”¹. Contudo, Hosseini e Padhy² defendem que ela é dinâmica e pode se modificar com a idade, o humor ou até mesmo com a roupa.

Nos últimos anos, houve uma mudança em relação aos padrões de beleza normativos. Frois, Moreira e Stengel³ destacam um aumento considerável da preocupação com a imagem corporal. Dessa maneira, a insatisfação corporal tende a ser cada vez mais recorrente e constante⁴, ou seja, o indivíduo deseja que seu corpo seja diferente da forma como o percebe⁵.

Segundo dados do Censo de 2018 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os procedimentos não cirúrgicos aumentaram consideravelmente entre os anos de 2014 e 2018, enquanto os procedimentos cirúrgicos diminuíram de 82,6% para 50,1%⁶.

Tendo em vista o crescimento das intervenções estéticas não cirúrgicas, fica clara a importância de um profissional capacitado para atuar nessa área. Nesse sentido, a Resolução nº 362, de 20 de maio de 2009, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO)⁷ reconheceu a Fisioterapia Dermatofuncional como especialidade do Fisioterapeuta. No entanto, um estudo recente demonstrou que mais de 70% dos entrevistados não conheciam esta especialidade⁸.

Embora seja notável o crescimento do número de pessoas com insatisfação corporal e das intervenções estéticas não cirúrgicas⁹, há uma limitação na maioria dos estudos sobre a preocupação com o corpo no que se refere aos fatores que levam os indivíduos a essa insatisfação, o que certamente reduz as possibilidades de exploração das disfunções da imagem corporal. Sendo assim, é de extrema importância avaliar esses aspectos e, para isto, os questionários e escalas autoaplicáveis são os instrumentos mais utilizados¹⁰. Destaca-se a aplicação do questionário Body Shape Questionnaire (BSQ-8), comumente utilizado para avaliar preocupações e insatisfação corporal¹¹, pois possui questões específicas relacionadas a imagem, ao corpo e os sentimentos relacionados a ele.

De maneira geral, com a identidade e o corpo em constantes alterações, os jovens constituem um grupo vulnerável às influências socioculturais e tendem a apresentar preocupações com o corpo¹². Considerando que alterações da imagem corporal podem afetar a saúde física e psicológica do indivíduo², este estudo pretende identificar o grau de insatisfação corporal e possíveis intervenções estéticas em estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares (UFJF/GV).

METODOLOGIA

A pesquisa utilizou um formulário digital autoaplicável, através da plataforma Google Forms. Os participantes tiveram acesso à pesquisa através de um e-mail encaminhado diretamente pelos coordenadores de curso, nele continham explicações básicas e um link para participação. Ao visitar o endereço eletrônico indicado, eles leram o termo de consentimento livre e esclarecido. Aqueles que aceitaram participar, ao clicar em “concordo”, foram direcionados para perguntas elaboradas pelas pesquisadoras sobre dados sociodemográficos, procedimentos estéticos já realizados, intenção de realizá-los e razões pelas quais ainda não os realizaram. Além disso, havia perguntas acerca do conhecimento sobre a Fisioterapia Dermatofuncional. Em seguida, responderam às perguntas do BSQ-8. Esse instrumento foi desenvolvido originalmente por Cooper et al.¹³ e validado para brasileiros por Conti, Cordás e Latorre¹⁴. Todas as oito perguntas contêm seis opções de respostas, cada uma delas equivalente a determinada pontuação que varia de 1 a 6. A soma dos pontos de todas as respostas permite avaliar o nível de preocupação com a imagem corporal. Essas pontuações são convertidas em 4 categorias descritivas: “nenhuma preocupação com a forma”, “preocupação leve com a forma”, “preocupação moderada com a forma” e “acentuada preocupação com a forma”. Após responderem ao BSQ-8, a participação na pesquisa foi encerrada.

Os dados coletados foram arquivados e analisados nos programas Microsoft Excel® 2020 e PSPP versão 1.0.1. Foi realizada a análise descritiva das variáveis para caracterizar a população estudada, sendo apresentadas tabelas descritivas com frequência absoluta e porcentagem para as variáveis categóricas. As variáveis categóricas foram analisadas utilizando o teste de qui-quadrado, para verificar se a proporção entre os grupos da amostra estava distribuída de maneira equilibrada. A associação entre as variáveis estudadas foi verificada por meio do teste qui-quadrado de Pearson. Em ambos os testes, foi considerado estatisticamente significativo valor de p<0,05.

RESULTADOS

Participaram da pesquisa 299 estudantes da UFJF/GV, sendo 81,6% do sexo feminino e 68,2% com renda familiar de 1 até 4 salários-mínimos (Tabela 1). Devido a uma falha, a idade de cada participante não foi coletada, entretanto, a média geral das idades de todos os universitários matriculados na UFJF/GV no período do estudo era de 23 anos, com desvio padrão de 5,1 anos.

Tabela 1
Sexo e renda familiar dos participantes

Sexo	N	%	p
Feminino	244	81,6	0,000*
Masculino	55	18,4
Renda familiar**
Até dois salários-mínimos (R$ 2.078,00)	102	34,1	0,000*
De dois a quatro salários-mínimos (R$ 2.079,00 a R$ 4.156,00)	102	34,1
De quatro a dez salários-mínimos (R$ 4.157,00 a R$ 10.390,00)	65	21,7
De dez a vinte salários-mínimos (R$ 10.390,00 a R$ 20.780,00)	28	9,4
Acima de vinte salários-mínimos (acima de R$ 20.780,00)	2	0,7
TOTAL	299	100

• N: número de participantes.
• *p<0,05; **O salário-mínimo em janeiro de 2020 era de R$ 1.039,00.

A maioria dos participantes estava matriculada em cursos da área de saúde (64,9%), sendo que a maior parte cursava a graduação em fisioterapia (34,8%), seguido por farmácia (9,6%), nutrição (8,4%), educação física (7,4%), medicina (2,7%) e odontologia (2,0%). Os outros discentes eram dos cursos da área de ciências sociais aplicadas, com maior número de participantes do curso de direito (22,4%), seguido dos cursos de administração (6,4%), ciências econômicas (4,3%) e ciências contábeis (2,0%). Em relação ao período em que estavam matriculados, foi maior a participação dos alunos dos sextos aos oitavos períodos, totalizando 36,4% dos participantes.

Em relação aos procedimentos estéticos, a maior parte dos discentes relatou nunca ter realizado, entretanto, quando perguntados se gostariam de realizar, a maioria respondeu de maneira positiva. Quanto ao conhecimento dos participantes a respeito da Fisioterapia Dermatofuncional, 64,5% afirmam não conhecer essa área de atuação do fisioterapeuta (Tabela 2).

Tabela 2
Realização de procedimentos estéticos e conhecimento dos estudantes sobre a Fisioterapia Dermatofuncional

Já passou por algum procedimento estético?	N	%	p
Sim	63	21,1	0,000*
Não	236	78,9
Gostaria de realizar algum procedimento estético?
Sim	255	85,3	0,000*
Não	44	14,7
Conhece a Fisioterapia Dermatofuncional?
Sim	106	35,5	0,000*
Não	193	64,5
TOTAL	299	100

• N: número de participantes.
• *p<0,05.

Quando os participantes que responderam de maneira afirmativa à questão “Gostaria de realizar algum procedimento estético?” foram perguntados sobre as finalidades dos procedimentos estéticos que gostariam de realizar, podendo descrever quantos desejassem, foram mais citados os procedimentos para redução de gordura localizada. Além disso, a falta de dinheiro foi relatada como o principal obstáculo para a não realização das intervenções estéticas desejadas (Tabela 3).

Tabela 3
Finalidades e obstáculos para realização dos procedimentos estéticos

Para quais finalidades você gostaria de realizar algum procedimento estético?*	N	%
Diminuição de gordura localizada	135	21,1
Tratamento de estrias	95	14,8
Tratamento de celulite	90	14,1
Redução de manchas na pele	80	12,5
Redução do peso	77	12,0
Preenchimento facial	41	6,4
Outras finalidades	122	19,1
TOTAL	640	100
O que te impede de realizar os procedimentos que deseja?*
Falta de dinheiro	239	49,6
Medo de não obter um bom resultado	84	17,4
Não conhecer um local confiável para realizar	47	9,7
Medo da dor	36	7,5
Falta de tempo	25	5,2
Outros motivos	51	10,6
TOTAL	482	100

• N: número de respostas.
• *Os participantes podiam citar mais de uma resposta nessa questão.

No que diz respeito à aplicação do questionário BSQ-8, 33,4% dos participantes foram classificados na categoria “nenhuma preocupação com a forma” (Tabela 4). Os participantes classificados na categoria “acentuada preocupação com a forma” representavam 14,8% da amostra, sendo que 89,5% eram do sexo feminino e 97,9% relataram ter vontade de realizar procedimentos estéticos. Destes, 31,2% já haviam realizado algum procedimento estético e a renda familiar mais apontada foi “de dois a quatro salários-mínimos” (43,8%). Quando perguntados sobre “o que os impede de realizar os procedimentos estéticos”, a resposta mais citada foi “falta de dinheiro” (89,5%).

Tabela 4
Classificação da insatisfação corporal através do questionário BSQ-8

Classificação BSQ-8	N	%	p
Nenhuma preocupação com a forma	100	33,4	0,000*
Preocupação leve com a forma	77	25,8
Preocupação moderada com a forma	78	26,0
Acentuada preocupação com a forma	44	14,8
TOTAL	299	100

• BSQ-8: Body Shape Questionnaire; N: número de participantes.
• *p<0,05.

Ao avaliar a associação entre a insatisfação corporal, de acordo com a classificação no BSQ-8, e as demais variáveis, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas no que se refere ao sexo (p=0,482), à renda familiar (p=0,354), se já passou ou não por algum procedimento estético (p=0,118), se conhece a Fisioterapia Dermatofuncional (p=0,734) e ao curso no qual estava matriculado (p=0,839), sendo que, para esta última análise, os cursos foram agrupados em duas categorias: cursos da área de saúde e cursos da área de ciências sociais aplicadas. Foi observada diferença estatisticamente significativa no que se refere a associação entre a insatisfação corporal e se gostaria de realizar algum procedimento estético (p=0,002), apresentando maior frequência de participantes que responderam sim a esta pergunta em todas as classificações do BSQ-8 (Tabela 5).

Tabela 5
Associação entre a insatisfação corporal e se gostaria de realizar algum procedimento estético

BSQ-8	Gostaria de realizar algum procedimento estético?		p
	SIM N (%)	NÃO N (%)
Nenhuma preocupação com a forma	76 (25,4)	24 (8,0)	0,002*
Preocupação leve com a forma	65 (21,8)	12 (4,0)
Preocupação moderada com a forma	71 (23,8)	7 (2,3)
Acentuada preocupação com a forma	43 (14,4)	1 (0,3)

• BSQ-8: Body Shape Questionnaire; N: número de participantes.
• *p<0,05.

DISCUSSÃO

O presente estudo investigou o grau de insatisfação corporal e possíveis intervenções feitas por meio de procedimentos estéticos em estudantes universitários, sendo a maioria dos respondentes do sexo feminino. Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al.¹⁵, que também identificaram a prevalência da insatisfação corporal em universitários, com predominância do sexo feminino e idade entre 18 e 23 anos. A maior participação de mulheres nas pesquisas, possivelmente, está relacionada às diferenças comportamentais entre os sexos. Notadamente, isso pode ser atribuído ao comportamento mais colaborativo das mulheres, quando comparadas aos homens¹⁶.

Quanto aos fatores econômicos, as respostas mais selecionadas durante essa pesquisa foram as opções de rendas familiares mais baixas, resultados semelhantes ao do estudo de Costa e Vasconcelos¹⁷, que avaliou os fatores relacionados à insatisfação corporal em universitárias de uma instituição pública em Santa Catarina.

Em relação aos procedimentos estéticos, a maioria dos participantes relatou nunca ter realizado procedimentos estéticos, contudo, grande parte demonstrou interesse neles. No que refere à primeira afirmação, ela pode estar associada à média geral das idades dos universitários matriculados na instituição no período do estudo, classificados como adultos jovens, o que indica menor possibilidade de já terem feito algum procedimento estético. Houve também associação significativa entre todas as categorias da classificação da insatisfação corporal com o desejo de realizar algum procedimento estético, ou seja, a maioria dos participantes demonstrou vontade em realizar procedimentos estéticos, independentemente do grau de insatisfação corporal apresentado no BSQ-8. Segundo Borba e Thives¹⁸, as pessoas associam seu bem-estar a uma condição que pode ser adquirida e vivenciada por meio dos procedimentos estéticos e cirúrgicos. A vaidade e a autoestima relacionam-se diretamente com o desejo de realizar procedimentos estéticos cirúrgicos e não cirúrgicos¹⁹, o que pode ter influenciado a resposta dos participantes. Estes fatos poderiam justificar o interesse nesses procedimentos. No que se refere à área da Fisioterapia Dermatofuncional, a minoria dos estudantes apresentou conhecimento sobre essa área de atuação do fisioterapeuta, demonstrando desconhecimento da importância desse profissional que desempenha papel relevante nos pós-operatórios, além de se destacar na realização de procedimentos estéticos não invasivos, que são cada vez mais procurados devido ao menor custo e a maior facilidade em sua execução²⁰.

Adicionalmente, foi observado que o número de estudantes satisfeitos com a sua imagem corporal foi maior que o de insatisfeitos, representando um fato positivo, tendo em vista que a insatisfação com a imagem corporal pode ter consequências negativas, afetando a saúde física e psicológica do indivíduo².

Os resultados do presente estudo corroboram com os resultados encontrados por Miranda et al.²¹, que utilizaram o BSQ em sua versão original para avaliar universitários na UFJF e observaram que 89,9% deles não apresentavam insatisfação corporal. Recentemente, Cardoso et al.²² avaliaram a prevalência da insatisfação corporal entre universitários da área da saúde e encontraram resultados semelhantes, no que se refere a maior participação das discentes do sexo feminino e baixo índice de insatisfação corporal.

Importante destacar que, apesar do resultado positivo de estudantes satisfeitos com sua imagem corporal, 14,8% dos respondentes apresentaram acentuada preocupação com a forma, o que é alarmante. Alvarenga et al.²³ afirmaram que o padrão de beleza criado pela mídia é restrito e pouco democrático, gerando, principalmente nas mulheres, anseio de se adequar a ele. Embora tenham se passado 10 anos, essa afirmativa ainda se faz relevante, visto que a grande maioria dos participantes insatisfeitos no estudo foram do sexo feminino. Dados semelhantes foram encontrados nos estudos realizados por Ferrari et al.²⁴ e Poltronier et al.⁴, nos quais o índice de insatisfação corporal das mulheres também foi superior ao dos homens.

Por fim, a pesquisa apresentou algumas limitações como o fato de a idade dos respondentes não ter sido coletada e a amostra ter sido relativamente pequena, representando cerca de 10% dos alunos matriculados na UFJF/GV no período do estudo. Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas sobre o tema, especialmente em grupos específicos, como adultos jovens, a fim de desenvolver ações educativas para orientar e auxiliar os estudantes visando prevenir a insatisfação corporal e suas consequências deletérias.

CONCLUSÃO

Os resultados dessa pesquisa demonstraram que o grau de insatisfação corporal entre os discentes da UFJF/GV apresentou-se baixo, sendo a amostra composta prioritariamente pelo sexo feminino e com renda familiar mais baixa. A maioria dos participantes relatou nunca ter realizado procedimentos estéticos, apesar de demonstrarem interesse neles. Os procedimentos relacionados à redução da gordura localizada foram os mais citados, sendo a falta de dinheiro apontada como o principal obstáculo para a não realização das intervenções estéticas desejadas. Além disso, nota-se a falta de conhecimento dos discentes quanto à Fisioterapia Dermatofuncional. Apesar do baixo grau de insatisfação corporal na maioria dos discentes, parte dos participantes apresentou acentuada preocupação com a forma, destacando-se a necessidade de ações educativas e informações sobre a idealização da imagem corporal para que os impactos negativos na saúde física e mental destes indivíduos sejam evitados.

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• ²⁴
  Ferrari EP, Gordia AP, Martins CR, Silva DA, Quadros TM, Petroski EL. Insatisfação com a imagem corporal e relação com o nível de atividade física e estado nutricional em universitários. Motricidade. 2012;8(3):52-8. doi: 10.6063/motricidade.8(3).1156.
  » https://doi.org/10.6063/motricidade.8(3).1156

• 1
  Estudo desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares, Governador Valadares - (MG), Brasil. Apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares. Este trabalho não foi apresentado em nenhum evento científico.
• 2
  Fonte de financiamento: nada a declarar
• 4
  Aprovado pelo Comitê de Ética: n. CAAE 25176719.3.0000.5147.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  11 Mar 2022
• Data do Fascículo
  Oct-Dec 2021

Histórico

• Recebido
  15 Abr 2021
• Aceito
  19 Nov 2021