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Características percebidas do ambiente de moradia e sintomas depressivos em idosos comunitários: um estudo transversal

RESUMO

A elevada prevalência de sintomas depressivos em idosos denota a importância de se investigar os fatores de risco que podem contribuir para esse agravo e, principalmente, que são passíveis de intervenções eficazes, como o ambiente de moradia. No entanto, ainda não está totalmente estabelecida a associação entre as características dos ambientes de moradia e a presença de sintomas depressivos em idosos brasileiros, em especial naqueles que frequentam unidades de Atenção Primária à Saúde (APS). Este estudo teve como objetivo verificar a associação entre a percepção do ambiente de moradia e a presença de sintomas depressivos em idosos comunitários. Tratou-se de um estudo transversal, de base domiciliar e amostra probabilística. Foram incluídos 293 idosos (57,3% mulheres; 54,7% com idades entre 60 e 69 anos) com idade ≥60 anos, comunitários e cadastrados na Atenção Básica municipal de Balneário Arroio do Silva (SC). Os sintomas depressivos foram avaliados por meio da escala de depressão geriátrica e a percepção do ambiente foi obtida por meio do instrumento adaptado neighborhood environment walkability scale. As associações foram testadas pela regressão logística multivariada. Observaram-se associações negativas significativas entre a presença de sintomas depressivos e a presença de estabelecimentos alimentícios (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,98), postos de saúde e centros comunitários (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,96), academias ao ar livre (OR: 0,38; IC95%: 0,20-0,72), academias de ginástica e/ou clubes (OR: 0,42; IC95%: 0,19-0,89), melhor qualidade das calçadas (OR: 0,37; IC95%: 0,19-0,71), presença de sinalização para pedestres (OR: 0,39; IC95%: 0,18-0,84) e segurança para caminhada durante o dia (OR: 0,35; IC95%: 0,16-0,76) e à noite (OR: 0,40; IC95%: 0,19-0,83). Concluiu-se que houve associações inversas entre melhores características percebidas do ambiente e a presença de sintomas depressivos em idosos que residem na comunidade, demonstrando a importância de promover estratégias para melhorar a infraestrutura do bairro e a presença de sintomas depressivos nessa população.

Descritores|
Ambiente Construído; Características da Vizinhança; Depressão; Idoso

ABSTRACT

The high prevalence of depressive symptoms in older adults highlights the importance of investigating risk factors that may contribute to this condition, especially those that are subject to effective interventions, such as the neighborhood environment. However, the association between perceived characteristics of the environment and presence of depressive symptoms in Brazilian older adults, as well as in those who attend Primary Health Care (PHC) units is not yet fully established. This study aimed to verify the association between the perception of the neighborhood and presence of depressive symptoms in community-dwelling older adults. This is a cross-sectional, household-based study with a probabilistic sample. A total of 293 community-dwelling older adults (57.3% women; 54.7% aged 60-69 years) and registered in the municipal Primary Health Care System of Balneário Arroio do Silva/SC were included. Depressive symptoms were assessed using the Geriatric Depression Scale (GDS) and the perception of the environment was obtained using the adapted instrument Neighborhood Environment Walkability Scale (NEWS). Associations were tested by multivariate logistic regression. Significant negative associations were observed between the presence of food establishments (OR: 0.52; 95%CI: 0.28-0.98), health clinics and community centers (OR: 0.52; 95%CI: 0.28-0.96), outdoor gyms (OR: 0.38; 95%CI: 0.20-0.72), fitness centers and/or clubs (OR: 0.42; 95%CI: 0.19-0.89), well-maintained sidewalks (OR: 0.37; 95%CI: 0.19-0.71), pedestrian signals (OR: 0.39; 95%CI: 0.18-0.84), and neighborhood safety for walking during the day (OR: 0.35; 95%CI: 0.16-0.76) and night (OR: 0.40; 95%CI: 0.19-0.83) and the presence of depressive symptoms. It was concluded that there is inverse associations between better perceived characteristics of the environment and the presence of depressive symptoms in community-dwelling older adults, demonstrating the importance of promoting strategies to improve the neighborhood infrastructure and prevent depressive symptoms in this population.

Keywords|
Built Environment; Neighborhood Characteristics; Depression; Aged

RESUMEN

La alta prevalencia de síntomas depresivos en los ancianos apunta la necesidad de investigar los factores de riesgo que pueden contribuir a esta condición y, sobre todo, que son objeto de intervenciones eficaces, como el entorno de vivienda. Sin embargo, todavía no está completamente establecida la asociación entre las características de los entornos de vivienda y la presencia de síntomas depresivos en ancianos brasileños, especialmente en aquellos que frecuentan unidades de Atención Primaria de Salud (APS). Este estudio tuvo como objetivo verificar la asociación entre la percepción del entorno de vivienda y la presencia de síntomas depresivos en ancianos residentes en la comunidad. Este es un estudio transversal, de carácter domiciliar y muestra probabilística. Se incluyeron a 293 ancianos (57,3% mujeres; 54,7% de edades entre 60 y 69 años) de edad ≥60 años, de la comunidad y registrados en la Atención Primaria municipal de Balneário Arroio do Silva (en Santa Catarina, Brasil). Los síntomas depresivos se evaluaron mediante la escala de depresión geriátrica, y la percepción del entorno se obtuvo mediante el instrumento adaptado neighborhood environment walkability scale. Para probar las asociaciones se utilizó la regresión logística multivariada. Se observaron asociaciones negativas significativas entre la presencia de síntomas depresivos y la presencia de establecimientos de comida (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,98), centros de salud y centros comunitarios (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,96), gimnasios al aire libre (OR: 0,38; IC95%: 0,20-0,72), gimnasios y/o clubes (OR: 0,42; IC95%: 0,19-0,89), mejor calidad de aceras (OR: 0,37; IC95%: 0,19-0,71), presencia de señalización peatonal (OR: 0,39; IC95%: 0,18-0,84) y caminar seguro de día (OR: 0,35; IC 95%: 0,16-0,76) y de noche (OR: 0,40; IC95%: 0,19-0,83). Se concluyó que hubo asociaciones inversas entre mejor percepción de las características del entorno y la presencia de síntomas depresivos en ancianos residentes en la comunidad, lo que muestra la importancia de promover estrategias para mejorar la infraestructura del barrio y la presencia de síntomas depresivos en esta población.

Palabras clave|
Entorno Construido; Características del Vecindario; Depresión; Anciano

INTRODUÇÃO

A depressão é uma condição crônica comum entre os idosos11. Mendes-Chiloff CL, Lima MCP, Torres AR, Santos JLF, Duarte YO, Lebrão ML, et al. Sintomas depressivos em idosos do município de São Paulo, Brasil: prevalência e fatores associados (Estudo SABE). Rev Bras Epidemiol. 2019;21(Suppl 2):E180014.SUPL.2. doi: 10.1590/1980-549720180014.SUPL.2.
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e, segundo a quinta edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), é caracterizada por um grau de tristeza muito grave ou persistente que leva à diminuição do interesse ou prazer da pessoa em realizar suas atividades diárias22. American Psychiatric Association. Updates to DSM-5-TR criteria and text. Washington (DC): APA; 2022 [cited 2022 Nov 1]. Available from: https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm/updates-to-dsm/updates-to-dsm-5-tr-criteria-text
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), (33. Wu Q, Feng J, Pan CW. Risk factors for depression in the elderly: an umbrella review of published meta-analyses and systematic reviews. J Affect Disord. 2022;307:37-45. doi: 10.1016/J.JAD.2022.03.062.
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. O DSM-5 estipula nove critérios para depressão, dos quais três devem estar presentes por pelo menos duas semanas, e, também, que um deles seja, obrigatoriamente, humor deprimido ou perda de interesse ou prazer22. American Psychiatric Association. Updates to DSM-5-TR criteria and text. Washington (DC): APA; 2022 [cited 2022 Nov 1]. Available from: https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm/updates-to-dsm/updates-to-dsm-5-tr-criteria-text
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. Estima-se que a prevalência de depressão em idosos em escala global é de 28,4%44. Hu T, Zhao X, Wu M, Li Z, Luo L, Yang C, et al. Prevalence of depression in older adults: a systematic review and meta-analysis. Psychiatry Res. 2022;311:114511. doi: 10.1016/j.psychres.2022.114511.
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e, no Brasil, estima-se que seja 40,3% nos idosos de 60 a 64 anos e 67,0% naqueles com 75 anos ou mais que residem no Sul do país55. Meneguci J, Meneguci CAG, Moreira MM, Pereira KR, Tribess S, Sasaki JE, et al. Prevalência de sintomatologia depressiva em idosos brasileiros: uma revisão sistemática com metanálise. J Bras Psiquiatr. 2019;68(4):221-30. doi: 10.1590/0047-2085000000250.
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. Dentre os principais fatores associados à depressão, destacam-se o declínio cognitivo, a incapacidade funcional, o prejuízo da qualidade de vida, as piores condições socioeconômicas11. Mendes-Chiloff CL, Lima MCP, Torres AR, Santos JLF, Duarte YO, Lebrão ML, et al. Sintomas depressivos em idosos do município de São Paulo, Brasil: prevalência e fatores associados (Estudo SABE). Rev Bras Epidemiol. 2019;21(Suppl 2):E180014.SUPL.2. doi: 10.1590/1980-549720180014.SUPL.2.
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), (66. Hammen C. Risk factors for depression: an autobiographical review. Annu Rev Clin Psychol. 2018;14:1-28. doi: 10.1146/ANNUREV-CLINPSY-050817-084811.
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e, principalmente, as inadequadas características do ambiente de moradia66. Hammen C. Risk factors for depression: an autobiographical review. Annu Rev Clin Psychol. 2018;14:1-28. doi: 10.1146/ANNUREV-CLINPSY-050817-084811.
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)- (1212. Loh VHY, Rachele JN, Brown WJ, Washington S, Turrell G. Neighborhood disadvantage, individual-level socioeconomic position and physical function: a cross-sectional multilevel analysis. Prev Med. 2016;89:112-20. doi: 10.1016/J.YPMED.2016.05.007.
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.

Em revisão sistemática realizada com 73 artigos, observou-se que um bom status socioeconômico, a eficácia coletiva e a segurança em relação ao crime na vizinhança foram negativamente associados à presença de sintomas depressivos em idosos, enquanto os atributos físicos do ambiente mostraram poucas associações77. Barnett A, Zhang CJP, Johnston JM, Cerin E. Relationships between the neighborhood environment and depression in older adults: a systematic review and meta-analysis. Int Psychogeriatr. 2018;30(8):1153-76. doi: 10.1017/S104161021700271X.
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. O ambiente de moradia produz efeitos no bem-estar biopsicossocial88. Rojas-Rueda D, Morales-Zamora E, Alsufyani WA, Herbst CH, AlBalawi SM, Alsukait R, et al. Environmental risk factors and health: an umbrella review of meta-analyses. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(2):704. doi: 10.3390/IJERPH18020704.
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, podendo ser visto como barreira ou facilitador à saúde1313. Cordeiro ES, Biz MCP, editors. Implantando a CIF - o que acontece na prática? Rio de Janeiro: Wak Editora; 2017.. Pressupõe-se que o ambiente na vizinhança desempenhe papel importante no encorajamento dos idosos a se engajarem em comportamentos positivos de saúde99. Pinter-Wollman N, Jelic A, Wells NM. The impact of the built environment on health behaviours and disease transmission in social systems. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 2018;373(1753):20170245. doi: 10.1098/RSTB.2017.0245.
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, como a prática de atividade física1010. Laddu D, Paluch AE, LaMonte MJ. The role of the built environment in promoting movement and physical activity across the lifespan: implications for public health. Prog Cardiovasc Dis. 2021;64:33-40. doi: 10.1016/J.PCAD.2020.12.009.
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), (1414. Whitaker KM, Xiao Q, Gabriel KP, Larsen PG, Jacobs DR Jr, Sidney S, et al. Perceived and objective characteristics of the neighborhood environment are associated with accelerometer-measured sedentary time and physical activity, the CARDIA Study. Prev Med. 2019;123:242-9. doi: 10.1016/J.YPMED.2019.03.039.
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, fazendo com que se mantenham mais ativos e com melhor desempenho físico1414. Whitaker KM, Xiao Q, Gabriel KP, Larsen PG, Jacobs DR Jr, Sidney S, et al. Perceived and objective characteristics of the neighborhood environment are associated with accelerometer-measured sedentary time and physical activity, the CARDIA Study. Prev Med. 2019;123:242-9. doi: 10.1016/J.YPMED.2019.03.039.
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), (1515. Wang Y, Chau CK, Ng WY, Leung TM. A review on the effects of physical built environment attributes on enhancing walking and cycling activity levels within residential neighborhoods. Cities. 2016;50:1-15. doi: 10.1016/J.CITIES.2015.08.004.
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. Além disso, o ambiente com melhor infraestrutura possibilita maior coesão social entre os indivíduos, diminuindo as chances de isolamento e prejuízos à saúde mental1111. Park YS, McMorris BJ, Pruinelli L, Song Y, Kaas MJ, Wyman JF. Use of geographic information systems to explore associations between neighborhood attributes and mental health outcomes in adults: a systematic review. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(16):8597. doi: 10.3390/IJERPH18168597/S1.
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), (1616. Botticello AL, Rohrbach T, Cobbold N. Disability and the built environment: an investigation of community and neighborhood land uses and participation for physically impaired adults. Ann Epidemiol. 2014;24(7):545-50. doi: 10.1016/J.ANNEPIDEM.2014.05.003.
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), (1717. Jokela M. Are neighborhood health associations causal? A 10-year prospective cohort study with repeated measurements. Am J Epidemiol. 2014;180(8):776-84. doi: 10.1093/AJE/KWU233.
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. Tal associação é ainda mais importante na população idosa, já que esta tende a despender maior tempo da rotina diária na comunidade em que vive e a estar mais exposta às influências do bairro, possivelmente devido à aposentadoria e ao maior tempo disponível para as atividades comunitárias1212. Loh VHY, Rachele JN, Brown WJ, Washington S, Turrell G. Neighborhood disadvantage, individual-level socioeconomic position and physical function: a cross-sectional multilevel analysis. Prev Med. 2016;89:112-20. doi: 10.1016/J.YPMED.2016.05.007.
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.

Embora nos últimos anos tenha havido crescente interesse por estudos que abordam a associação entre as condições do ambiente de moradia e os sintomas depressivos em idosos comunitários77. Barnett A, Zhang CJP, Johnston JM, Cerin E. Relationships between the neighborhood environment and depression in older adults: a systematic review and meta-analysis. Int Psychogeriatr. 2018;30(8):1153-76. doi: 10.1017/S104161021700271X.
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, a maioria deles tem sido realizada em países de renda elevada, com características físicas e socioculturais particulares que diferem, por exemplo, das regiões brasileiras e, especialmente, de municípios de pequeno porte. Além disso, a elevada prevalência da depressão nos idosos observada no Sul do país denota a importância de investigar os fatores de risco que podem contribuir para esse agravo e, principalmente, que são passíveis de intervenções eficazes nessa região. Ainda, uma vez que a depressão é uma condição crônica que gera alta sobrecarga de cuidados aos indivíduos acometidos, além de forte impacto monetário no serviço público de saúde, ela representa um grande desafio para os gestores do setor1818. Herrman H, Patel V, Kieling C, Berk M, Buchweitz C, Cuijpers P, et al. Time for united action on depression: a Lancet-world psychiatric association commission. Lancet. 2022;399(10328):957-1022. doi: 10.1016/S0140-6736(21)02141-3.
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.

Desse modo, este estudo teve como objetivo verificar a associação entre as características percebidas do ambiente de moradia e a presença de sintomas depressivos nos idosos que residem na comunidade de um município de pequeno porte no Sul do Brasil.

METODOLOGIA

Delineamento e localização do estudo

Tratou-se de um estudo transversal, realizado com a população idosa do município de Balneário Arroio do Silva (SC), entre setembro de 2018 e setembro de 2019. Foram avaliados os idosos cadastrados no sistema de informação em saúde da Atenção Básica municipal - Sistema de Gestão Estratégica da Saúde (Siges). Todos os participantes forneceram consentimento informado por escrito e o estudo está de acordo com os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinque.

População e amostragem

O cálculo do tamanho da amostra levou em consideração o total de idosos cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município (n=2.833), de acordo com os seguintes parâmetros: prevalência desconhecida para os desfechos de 50%, nível de confiança de 95%, erro amostral de seis pontos percentuais e 20% para perdas esperadas, totalizando 540 idosos elegíveis. A seleção dos idosos foi realizada por um sorteio aleatório, considerando a proporção representativa de idosos cadastrados em cada UBS. Os critérios de inclusão do estudo foram homens e mulheres com ≥60 anos, que residissem no município Balneário Arroio do Silva - selecionados aleatoriamente -, concordassem em participar do estudo e fossem capazes de responder às perguntas prontamente. Foram excluídos os idosos acamados, internados e dependentes que residiam em instituições de longa permanência ou que haviam mudado de endereço residencial.

Variável de exposição

As variáveis de exposição foram as características percebidas do ambiente de moradia, avaliadas por meio do instrumento adaptado da escala internacional neighborhood environment walkability scale (A-NEWS) (1919. Saelens BE, Sallis JF, Black JB, Chen D. Neighborhood-based differences in physical activity: an environment scale evaluation. Am J Public Health. 2003;93(9):1552-8. doi: 10.2105/AJPH.93.9.1552.
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, traduzida2020. Malavasi LM, Duarte MFS, Both J, Reis RS. Escala de mobilidade ativa no ambiente comunitário - News Brasil: retradução e reprodutibilidade. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2007;9(4):339-50. doi: 10.1590/%25x.
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e validada no Brasil2121. Florindo AA, Guimarães VV, Farias JC Jr, Salvador EP, Sá TH, Reis RS, et al. Validação de uma escala de percepção do ambiente para a prática de atividade física em adultos de uma região de baixo nível socioeconômico. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2012;14(6):647-59. doi: 10.5007/1980-0037.2012v14n6p647.
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. Esse instrumento avalia a percepção dos indivíduos em relação a diferentes aspectos do ambiente próximo à sua casa (considerando a distância percorrida a pé de sua residência em até 15 minutos): (1) infraestrutura; (2) ruas e calçadas; (3) tráfego; e (4) segurança geral no bairro. Cada variável investigada foi avaliada de forma dicotomizada: presença ou ausência na vizinhança.

Variável de desfecho

A presença de sintomas depressivos foi a variável de desfecho. Para a avaliação, foi utilizada a escala de depressão geriátrica (GDS - geriatric depression scale), um dos instrumentos mais utilizados para detecção e rastreio de depressão em idosos, oferecendo medidas válidas e confiáveis2222. Paradela EMP, Lourenço RA, Veras RP. Validation of geriatric depression scale in a general outpatient clinic. Rev Saude Publica. 2005;39(6):918-23. doi: 10.1590/S0034-89102005000600008.
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. A GDS é composta por 15 perguntas com respostas simples (sim ou não), sendo que escores somados de 0-5 pontos indicam a ausência de sintomas depressivos e de 6-15 pontos, a presença de sintomas depressivos2323. Almeida OP, Almeida SA. Reliability of the Brazilian version of the Geriatric Depression Scale (GDS) short form. Arq Neuropsiquiatr. 1999;57(2B):421-6. doi: 10.1590/S0004-282X1999000300013.
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.

Variáveis de ajuste

Foram consideradas variáveis de controle: sexo (feminino; masculino) (2424. Salk RH, Hyde JS, Abramson LY. Gender differences in depression in representative national samples: meta-analyses of diagnoses and symptoms. Psychol Bull. 2017;143(8):783-822. doi: 10.1037/BUL0000102.
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; faixa etária (60-69 anos; 70-79 anos; ≥80 anos) (2525. Casey DA. Depression in the elderly: a review and update. Asia Pac Psychiatry. 2012;4(3):160-7. doi: 10.1111/J.1758-5872.2012.00191.X.
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; situação conjugal (casado/com companheiro; divorciado/solteiro; viúvo) (2626. Ruiz MA, Beenackers MA, Doiron D, Gurer A, Sarr A, Sohel N, et al. Gender, marital and educational inequalities in mid- to late-life depressive symptoms: cross-cohort variation and moderation by urbanicity degree. J Epidemiol Comm Health. 2021;75(5):442-9. doi: 10.1136/JECH-2020-214241.
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; cor da pele (branca; parda; outros); escolaridade (0-4 anos; 5-8 anos; ≥9 anos) (2626. Ruiz MA, Beenackers MA, Doiron D, Gurer A, Sarr A, Sohel N, et al. Gender, marital and educational inequalities in mid- to late-life depressive symptoms: cross-cohort variation and moderation by urbanicity degree. J Epidemiol Comm Health. 2021;75(5):442-9. doi: 10.1136/JECH-2020-214241.
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), (2727. Cunha RV, Bastos GAN, del Duca GF. Prevalence of depression and associated factors in a low income community of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(2):346-54. doi: 10.1590/S1415-790X2012000200012.
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; renda mensal em salários mínimos (0<1,5; ≥1,5) (2727. Cunha RV, Bastos GAN, del Duca GF. Prevalence of depression and associated factors in a low income community of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(2):346-54. doi: 10.1590/S1415-790X2012000200012.
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, considerando o valor referente ao ano em que foi realizada a coleta dos dados (R$954,00); tempo de residência no bairro (0-4 anos; 5-9 anos; ≥10 anos) (2828. Roberts H, van Lissa C, Helbich M. Perceived neighbourhood characteristics and depressive symptoms: potential mediators and the moderating role of employment status. Soc Sci Med. 2021;268:113533. doi: 10.1016/J.SOCSCIMED.2020.113533.
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; autopercepção de saúde (muito boa/boa; regular; ruim/muito ruim) (2929. Cândido LM, Vieira LA, Avelar NCP, Danielewicz AL. Perceived characteristics of the built neighborhood environment and negative self-rated health in Brazilian community-dwelling older adults. Exp Aging Res. 2022:1-12. doi: 10.1080/0361073X.2022.2133296.
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; e presença de multimorbidade, sendo caracterizada pela coexistência de duas ou mais doenças crônicas (doença na coluna, artrite/reumatismo, diabetes, hipertensão e osteoporose) (2828. Roberts H, van Lissa C, Helbich M. Perceived neighbourhood characteristics and depressive symptoms: potential mediators and the moderating role of employment status. Soc Sci Med. 2021;268:113533. doi: 10.1016/J.SOCSCIMED.2020.113533.
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.

Análise estatística

As análises foram realizadas no software estatístico STATA, versão 14.0 (Stata Corp, College Station, Texas, EUA). Foram realizadas análises descritivas e apresentados os valores das proporções (%) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Para testar as associações entre as variáveis percebidas do ambiente de moradia e a presença de sintomas depressivos, foram realizadas análises de regressão logística multivariada, estimando-se as razões de chances (OR - odds ratio) brutas e ajustadas, com seus respectivos intervalos de confiança (IC95%).

RESULTADOS

Dentre os 540 idosos elegíveis para a amostra, foram analisados 293 idosos, sendo os demais excluídos pelos seguintes motivos: 24 óbitos, 68 perdas - considerando os critérios de elegibilidade -, 16 idosos acamados ou dependentes, 29 recusas, 95 não localizados em suas residências devido a cadastros incompletos ou mudanças de endereços e 15 que não responderam às questões do GDS - por não saberem ou não quererem informar - (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma do estudo

A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (57,3%), com idade entre 60 e 69 anos (54,7%), casada e/ou vivendo com companheiro (59,3%), que se autodeclaram branca (71,9%), com baixa escolaridade (48,4%) e que recebiam menos de 1,5 salário mínimo por mês (57,2%). Além do mais, a maioria percebia sua saúde como regular (45,4%), tinha multimorbidade (61,4%) e residia no mesmo bairro há mais de 10 anos (59,2%). Maiores detalhes da descrição da amostra estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Descrição da prevalência de sintomas depressivos, de acordo com características sociodemográficas e de saúde, em idosos comunitários residentes em Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, Brasil, 2018-2019

A prevalência de sintomas depressivos foi de 30,0% (IC95%: 25,0-35,5), sendo maior entre mulheres - 34,5% (IC95%: 27,6-42,0) - e na faixa etária de 60 a 69 anos - 31,8% (IC95%: 25,0-39,5). Os idosos que residiam próximos a estabelecimentos alimentícios, postos de saúde e centros comunitários, academias/equipamentos para atividade física ao ar livre e academias de ginástica e/ou clubes tiveram reduzidas as probabilidades de apresentarem sintomas depressivos em, respectivamente, 48,0% (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,98), 48,0% (OR: 0,52; IC95%: 0,28-0,96), 62,0% (OR: 0,38; IC95%: 0,20-0,72) e 58,0% (OR: 0,42; IC95%: 0,19-0,89), quando comparados àqueles que não percebiam residir em locais com tais estabelecimentos (Tabela 2).

Em relação às condições das ruas e calçadas próximas à moradia, os idosos que relataram residir em locais com calçadas bem cuidadas tiveram menor probabilidade - 63,0% (OR: 0,37; IC95%: 0,19-0,71) - de apresentarem sintomas depressivos quando comparados aos que não tinham tais características na rua de moradia. De modo semelhante, aqueles que relataram residir em locais com faixas de pedestres, sinais ou passarelas tiveram reduzidas em 61,0% (OR: 0,39; IC95%: 0,18-0,84) a probabilidade de apresentarem sintomas depressivos quando comparados aos que não tinham tais condições. E, ainda, os idosos que se sentiam seguros para caminhar durante o dia e à noite em locais próximos à sua residência apresentaram menos chances - 65,0% (OR: 0,35; IC95%: 0,16-0,76) e 60,0% (OR: 0,40; IC95%: 0,19-0,83) - de apresentar sintomas depressivos em comparação com os idosos que não percebiam segurança no local de moradia (Tabela 2).

Tabela 2
Análise de regressão logística multivariada entre a percepção do ambiente de moradia e a prevalência de sintomas depressivos em idosos comunitários de Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, Brasil, 2018-2019

DISCUSSÃO

Os principais resultados deste estudo mostraram que a ausência de estabelecimentos alimentícios, postos de saúde, centros comunitários, academias ao ar livre, academias de ginástica e/ou clubes, melhor qualidade das calçadas, presença de sinalização para pedestres e melhor segurança no bairro foi associada à presença de sintomas depressivos.

Com relação às associações observadas, a literatura tem destacado que o ambiente é capaz de atenuar a presença de sintomas depressivos ou, até mesmo, proteger os idosos desse desfecho3030. Helbich M, Hagenauer J, Roberts H. Relative importance of perceived physical and social neighborhood characteristics for depression: a machine learning approach. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2020;55(5):599-610. doi: 10.1007/S00127-019-01808-5.
https://doi.org/10.1007/S00127-019-01808...
, principalmente devido às suas dimensões positivas3131. Pérez E, Braën C, Boyer G, Mercille G, Rehany E, Deslauriers V, et al. Neighbourhood community life and health: a systematic review of reviews. Health Place. 2020;61:102238. doi: 10.1016/J.HEALTHPLACE.2019.102238.
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, tais como a promoção da interação social e o engajamento à prática de atividade física3232. Ivey SL, Kealey M, Kurtovich E, Hunter RH, Prohaska TR, Bayles CM, et al. Neighborhood characteristics and depressive symptoms in an older population. Aging Ment Health. 2015;19(8):713-22. doi: 10.1080/13607863.2014.962006.
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. O acesso fácil à variedade de destinos diários, como estabelecimentos alimentícios, serviços públicos, parques/espaços abertos/instalações recreativas, tem sido cada vez mais reconhecido como determinante para desfechos positivos em saúde, sendo que a ausência desses locais está associada à presença de sintomas depressivos3131. Pérez E, Braën C, Boyer G, Mercille G, Rehany E, Deslauriers V, et al. Neighbourhood community life and health: a systematic review of reviews. Health Place. 2020;61:102238. doi: 10.1016/J.HEALTHPLACE.2019.102238.
https://doi.org/10.1016/J.HEALTHPLACE.20...
), (3333. Wu YT, Prina AM, Jones AP, Barnes LE, Matthews FE, Brayne C. Community environment, cognitive impairment and dementia in later life: results from the Cognitive Function and Ageing Study. Age Ageing. 2015;44(6):1005-11. doi: 10.1093/AGEING/AFV137.
https://doi.org/10.1093/AGEING/AFV137...
)- (3636. Cerin E, Nathan A, van Cauwenberg J, Barnett DW, Barnett A. The neighbourhood physical environment and active travel in older adults: a systematic review and meta-analysis. Int J Behav Nutr Phys Act. 2017;14(1):15. doi: 10.1186/s12966-017-0471-5.
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. Em estudo de coorte realizado no Canadá com 7.114 adultos e idosos, observou-se que a presença de qualquer serviço na vizinhança - loja de alimentos, lanchonete, serviço de saúde e parques - foi significativamente associada à menor probabilidade de episódios depressivos3535. Gariepy G, Thombs BD, Kestens Y, Kaufman JS, Blair A, Schmitz N. The neighbourhood built environment and trajectories of depression symptom episodes in adults: a latent class growth analysis. PLoS One. 2015;10(7):e0133603. doi: 10.1371/JOURNAL.PONE.0133603.
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. Além disso, a maior oferta de destinos diários próximos da residência do idoso também tem sido associada a melhores níveis de atividade física1414. Whitaker KM, Xiao Q, Gabriel KP, Larsen PG, Jacobs DR Jr, Sidney S, et al. Perceived and objective characteristics of the neighborhood environment are associated with accelerometer-measured sedentary time and physical activity, the CARDIA Study. Prev Med. 2019;123:242-9. doi: 10.1016/J.YPMED.2019.03.039.
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e a menores probabilidades deste desenvolver uma limitação física3737. Soma Y, Tsunoda K, Kitano N, Jindo T, Tsuji T, Saghazadeh M, et al. Relationship between built environment attributes and physical function in Japanese community-dwelling older adults. Geriatr Gerontol Int. 2017;17(3):382-90. doi: 10.1111/ggi.12717.
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), (3838. Portegijs E, Keskinen KE, Tsai LT, Rantanen T, Rantakokko M. Physical limitations, walkability, perceived environmental facilitators and physical activity of older adults in Finland. Int J Environ Res Public Health. 2017;14(3):333. doi: 10.3390/IJERPH14030333.
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e ter um declínio cognitivo3333. Wu YT, Prina AM, Jones AP, Barnes LE, Matthews FE, Brayne C. Community environment, cognitive impairment and dementia in later life: results from the Cognitive Function and Ageing Study. Age Ageing. 2015;44(6):1005-11. doi: 10.1093/AGEING/AFV137.
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), (3939. Clarke PJ, Weuve J, Barnes L, Evans DA, Mendes de Leon CF. Cognitive decline and the neighborhood environment. Ann Epidemiol. 2015;25(11):849-54. doi: 10.1016/j.annepidem.2015.07.001.
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. Acredita-se que o ambiente de moradia pode influenciar a saúde mental por meio de múltiplos mecanismos3434. James P, Hart JE, Banay RF, Laden F, Signorello LB. Built environment and depression in low-income African Americans and whites. Am J Prev Med. 2017;52(1):74-84. doi: 10.1016/J.AMEPRE.2016.08.022.
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, sendo que o acesso geral e diversificado aos destinos e serviços favorece o aumento do número de viagens diárias, estimula a locomoção pelo bairro e, consequentemente, aumenta a frequência de atividades sociais e física3434. James P, Hart JE, Banay RF, Laden F, Signorello LB. Built environment and depression in low-income African Americans and whites. Am J Prev Med. 2017;52(1):74-84. doi: 10.1016/J.AMEPRE.2016.08.022.
https://doi.org/10.1016/J.AMEPRE.2016.08...
), (3636. Cerin E, Nathan A, van Cauwenberg J, Barnett DW, Barnett A. The neighbourhood physical environment and active travel in older adults: a systematic review and meta-analysis. Int J Behav Nutr Phys Act. 2017;14(1):15. doi: 10.1186/s12966-017-0471-5.
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.

Em estudo realizado com idosos estadunidenses, verificou-se que aqueles que relataram morar em vizinhanças com presença de lixo e calçadas sujas e/ou desertas tiveram índices mais elevados de sintomas depressivos4040. Remigio-Baker RA, Roux AVD, Szklo M, Crum RM, Leoutsakos JM, Franco M, et al. Physical environment may modify the association between depressive symptoms and change in waist circumference: the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis. Psychosomatics. 2014;55(2):144-54. doi: 10.1016/J.PSYM.2013.10.008.
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. Outros estudos também têm demonstrado associações entre características das calçadas e outros desfechos importantes para a saúde mental, por exemplo, o nível de atividade física. Em outro estudo longitudinal4141. Knell G, Durand CP, Shuval K, Kohl HW 3rd, Salvo D, Olyuomi A, et al. If you build it, will they come? A quasi-experiment of sidewalk improvements and physical activity. Transl J Am Coll Sports Med. 2018;3(9):66-71., observou-se que os indivíduos que moravam perto de calçadas com melhorias tinham 1,6 vezes mais chances de despender maior tempo de caminhada e atividade física no lazer durante a semana do que aqueles que não moravam perto de calçadas de qualidade4141. Knell G, Durand CP, Shuval K, Kohl HW 3rd, Salvo D, Olyuomi A, et al. If you build it, will they come? A quasi-experiment of sidewalk improvements and physical activity. Transl J Am Coll Sports Med. 2018;3(9):66-71.. E, de acordo com uma revisão sistemática4242. Choi J, Lee M, Lee JK, Kang D, Choi JY. Correlates associated with participation in physical activity among adults: a systematic review of reviews and update. BMC Public Health. 2017;17(1):356. doi: 10.1186/S12889-017-4255-2.
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, a presença e a estética das calçadas são determinantes para a prática de atividade física4242. Choi J, Lee M, Lee JK, Kang D, Choi JY. Correlates associated with participation in physical activity among adults: a systematic review of reviews and update. BMC Public Health. 2017;17(1):356. doi: 10.1186/S12889-017-4255-2.
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. Sabe-se que se manter ativo fisicamente desencadeia benefícios biológicos e psicológicos capazes de diminuir o risco de diversas desordens mentais, incluindo o declínio cognitivo, a demência e a depressão4343. Kandola A, Ashdown-Franks G, Hendrikse J, Sabiston CM, Stubbs B. Physical activity and depression: towards understanding the antidepressant mechanisms of physical activity. Neurosci Biobehav Rev. 2019;107:525-39. doi: 10.1016/J.NEUBIOREV.2019.09.040.
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)- (4545. World Health Organization. Comprehensive mental health action plan 2013-2030. Geneva: WHO; 2021 [cited 2022 Nov 4]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031029
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.

As mudanças fisiológicas resultantes da atividade física e que diminuem os sintomas da depressão são, principalmente, o aumento da angiogênese e do fluxo sanguíneo cerebral, que propiciam o aumento da neuroplasticidade - como o fator neurotrófico derivado do cérebro periférico -, a redução de marcadores inflamatórios - como as interleucinas 6 e 18, proteína C reativa, leptina, fibrinogênio e angiotensina II - e do estresse oxidativo, por meio da produção de enzimas antioxidantes, e a regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal4343. Kandola A, Ashdown-Franks G, Hendrikse J, Sabiston CM, Stubbs B. Physical activity and depression: towards understanding the antidepressant mechanisms of physical activity. Neurosci Biobehav Rev. 2019;107:525-39. doi: 10.1016/J.NEUBIOREV.2019.09.040.
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. Já entre as mudanças psicológicas, observa-se melhora na autoestima e sensação de autoeficácia, que são desencadeadas pela liberação de substâncias químicas no organismo, como a endorfina4444. Dinas PC, Koutedakis Y, Flouris AD. Effects of exercise and physical activity on depression. Ir J Med Sci. 2011;180(2):319-25. doi: 10.1007/S11845-010-0633-9.
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. Nesse sentido, tais achados são especialmente importantes por mostrarem que as práticas regulares de atividades físicas, assim como a participação social no ambiente comunitário, estão entre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) elencadas no plano de ações para a promoção de saúde mental4545. World Health Organization. Comprehensive mental health action plan 2013-2030. Geneva: WHO; 2021 [cited 2022 Nov 4]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031029
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.

A presença de faixa de pedestre e sinalizações de trânsito foram associadas a menores chances de sintomas depressivos; em contrapartida, um estudo de coorte4646. Zhang CJP, Barnett A, Sit CHP, Lai P, Johnston JM, Lee RSY, et al. Cross-sectional associations of objectively assessed neighbourhood attributes with depressive symptoms in older adults of an ultra-dense urban environment: the Hong Kong ALECS study. BMJ Open. 2018;8(3):e020480. doi: 10.1136/BMJOPEN-2017-020480.
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observou que a presença de infraestrutura para pedestres foi fator de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos (OR=1,02; p=0,008). Segundo os autores, esta associação pode ser justificada pelo fato de as faixas e passarelas para pedestres serem comumente encontradas em centros urbanos com densas construções, alto volume de tráfego e falta de instalações e serviços públicos para encontros sociais4646. Zhang CJP, Barnett A, Sit CHP, Lai P, Johnston JM, Lee RSY, et al. Cross-sectional associations of objectively assessed neighbourhood attributes with depressive symptoms in older adults of an ultra-dense urban environment: the Hong Kong ALECS study. BMJ Open. 2018;8(3):e020480. doi: 10.1136/BMJOPEN-2017-020480.
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. Cabe ressaltar que essas comparações devem ser interpretadas com cautela, uma vez que as características das populações e os ambientes dos dois estudos são diferentes. Os idosos avaliados neste estudo residem em um município com poucas construções espaciais, sendo que a maior parte das ruas e/ou avenidas não apresentam faixas de pedestres, possivelmente por falta de pavimentação e/ou por serem de difícil acesso aos moradores, o que contribui negativamente para a locomoção segura.

Outro fator importante identificado foi que a sensação de insegurança no bairro pode contribuir para que os idosos apresentem sintomas depressivos. Corroborando nossos achados referentes à segurança e aos sintomas depressivos, o estudo de Wilson-Genderson e Pruchnob4747. Wilson-Genderson M, Pruchno R. Effects of neighborhood violence and perceptions of neighborhood safety on depressive symptoms of older adults. Social Sci Med. 2013;85:43-9. doi: 10.1016/J.SOCSCIMED.2013.02.028.
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apontou que aqueles que percebiam seus bairros como inseguros tiveram níveis mais elevados de sintomas depressivos. Os autores sugerem que a percepção da falta de segurança é indicador de estressores ambientais crônicos que podem levar ao isolamento social e à diminuição da mobilidade e qualidade de vida, aumentando, assim, a probabilidade de sintomas depressivos. Dessa forma, bairros que estimulam sentimentos de segurança e confiança podem melhorar a integração social e ofertar mais oportunidades para relações sociais positivas e solidárias na vizinhança4747. Wilson-Genderson M, Pruchno R. Effects of neighborhood violence and perceptions of neighborhood safety on depressive symptoms of older adults. Social Sci Med. 2013;85:43-9. doi: 10.1016/J.SOCSCIMED.2013.02.028.
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.

Cabe destacar a relevância dos resultados observados, especialmente por evidenciarem a contribuição de fatores que são totalmente passíveis de modificações e capazes de auxiliar no controle ou prevenção de uma das condições crônicas mais prevalentes entre a população idosa. Alguns aspectos do bairro são entendidos como indutores de depressão, enquanto outros, como protetores2828. Roberts H, van Lissa C, Helbich M. Perceived neighbourhood characteristics and depressive symptoms: potential mediators and the moderating role of employment status. Soc Sci Med. 2021;268:113533. doi: 10.1016/J.SOCSCIMED.2020.113533.
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, como é fortemente destacado pela Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), elaborado pela OMS, na qual o ambiente de moradia é aspecto importante a ser considerado na avaliação multidimensional da saúde da pessoa idosa4848. Farias N, Buchalla CM. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(2):187-93. doi: 10.1590/S1415-790X2005000200011.
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), (4949. World Health Organization. International classification of functioning, disability and health. Geneva: WHO; 2001.. Dessa forma, novas estratégias de intervenções ambientais podem prevenir as chances de sintomas depressivos em idosos, como a presença de estabelecimentos alimentícios, postos de saúde e centros comunitários, academias/equipamentos para atividade física ao ar livre, academias de ginástica/musculação e/ou clubes, calçadas bem cuidadas, faixas de pedestres, sinais ou passarelas para pedestres e segurança.

Dentre as limitações observadas neste estudo, consideram-se: as medidas avaliadas de maneira subjetiva que costumam ser influenciadas pelo humor e pela disposição do entrevistado; o delineamento transversal devido ao possível viés de causalidade reversa; os resultados não poderem ser extrapolados para todos os idosos residentes - apesar de ter sido realizado o cálculo representativo dos idosos com acesso ao serviço da Atenção Básica, estes não representam a população idosa total do município.

Os sintomas depressivos se enquadram como problema de saúde pública no Brasil e os idosos acometidos por depressão precisam ser melhor amparados, principalmente em ambientes que podem ser facilmente modificados. Assim, considera-se que os resultados deste estudo poderão auxiliar a evidenciar as necessidades locais da população estudada voltadas ao ambiente de moradia, as quais podem contribuir para a promoção da saúde mental.

CONCLUSÃO

Concluiu-se que ambientes de moradia percebidos como melhores, ou seja, com presença de estabelecimentos alimentícios, postos de saúde e centros comunitários, academias ao ar livre, academias de ginásticas e/ou clubes, calçadas de qualidade, sinalização para pedestres e segurança no bairro, se mostraram associados a menores chances de idosos comunitários apresentarem sintomas depressivos. Portanto, é relevante identificar tais características do ambiente de moradia e intervir, por meio de políticas públicas e planejamentos inovadores, para promover melhor saúde mental nessa população.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Secretaria Municipal de Saúde e aos profissionais que atuam nas Unidades Básicas de Saúde do município Balneário Arroio do Silva por auxiliarem na condução do projeto e facilitar o contato com a população idosa da amostra. Agradecemos também à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa de mestrado concedida à Letícia Martins Cândido.

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  • Aprovado pelo Comitê de Ética: Protocolo nº 87776318.3.0000.0121.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    30 Set 2022
  • Aceito
    27 Jan 2023
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