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Adaptação à distância de próteses auditivas acústicas: a teleaudiologia aplicada na melhoria da condução das Políticas Públicas no Brasil

Resumos

INTRODUÇÃO: O governo brasileiro atualmente credencia cerca de 140 centros especializados para adaptações de aparelhos de amplificação sonora individual via SUS. Adaptações à distância através da internet podem permitir maior eficiência na prestação deste serviço e com maiores chances de aceitação por parte do paciente do SUS. OBJETIVOS: Descrever o caso de adaptação à distância realizado entre duas cidades, com revisão da literatura. MÉTODO: Equipamentos de informática e de tecnologia da informação, programador universal, aparelhos de amplificação sonora individual. ESTUDO DE CASO: Uma fonoaudióloga lotada num centro especializado introduziu a um centro remoto (distância de 200 km) um novo aparelho de amplificação sonora individual e seu programa de adaptação. O centro remoto assistiu a adaptação de dois pacientes em sua clínica, realizando voluntariamente a adaptação do terceiro paciente. Todo o procedimento foi realizado através da internet, contando com recursos de áudio e vídeo em todos os procedimentos. RESULTADOS: Três pacientes foram adaptados à distância. Três fonoaudiólogas receberam treinamento à distância de como adaptar aparelhos auditivos. CONCLUSÃO: Foi possível adaptar AASI à distância, além de prover treinamento e habilitar um centro remoto na adaptação de um novo aparelho de amplificação sonora individual e de seu programa de adaptação. Tal procedimento pode ser útil ao governo na condução de políticas públicas da saúde auditiva.

políticas públicas; auxiliares de audição; telemedicina; internet; desenvolvimento tecnológico; engenharia biomédica


INTRODUCTION: Currently, the Brazilian government has certificated nearly 140 specialized centers in hearing aid fittings through the Brazilian National Health System (SUS). Remote fitting through the Internet can allow a broader and more efficient coverage with a higher likelihood of success for patients covered by the SUS, as they can receive fittings from their own homes instead of going to the few and distant specialized centers. AIM: To describe a case of remote fitting between 2 cities, with revision of the literature. METHOD: Computer gears, a universal interface, and hearing aids were used. Case study: An audiologist located in a specialized center introduced a new hearing aid and its fitting procedure to a remote center (200 km away). The specialized center helped the remote center in fitting a hearing aid in 2 patients, and performed fitting in one of its own patients. The whole process was done through the Internet with audio and video in real time. RESULTS: Three patients were fitted remotely. Three audiologists were remotely trained on how to fit the hearing aids. CONCLUSIONS: Remote fitting of hearing aids is possible through the Internet, as well as further supplying technical training to a remote center about the fitting procedures. Such a technological approach can help the government advance public policies on hearing rehabilitation, as patients can be motivated about maintaining their use of hearing aids with the option to ask for help in the comfort of their own homes.

public policies; hearing aids; telemedicine; internet; technological development; biomedical engineering


ARTIGO ORIGINAL

Adaptação à distância de próteses auditivas acústicas: a teleaudiologia aplicada na melhoria da condução das Políticas Públicas no Brasil

Silvio Pires PenteadoI; Sueli de Lima RamosII; Linamara Rizzo BattistellaIII; Silvio Antonio Monteiro MaroneIV; Ricardo Ferreira BentoV

IDoutor em Ciências. Pesquisador em tempo integral Fundação Otorrinolaringologia

IIDoutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo. Diretora Clínica do Instituto Sul Mineiro de Otorrinolaringologia

IIIDepartamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

IVProfessor Assistente Doutor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

VProfessor Titular do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Ricardo Ferreira Bento Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - 6º Andar - Sala 6167 São Paulo / SP- Brasil E-mail: rbento@gmail.com

RESUMO

INTRODUÇÃO: O governo brasileiro atualmente credencia cerca de 140 centros especializados para adaptações de aparelhos de amplificação sonora individual via SUS. Adaptações à distância através da internet podem permitir maior eficiência na prestação deste serviço e com maiores chances de aceitação por parte do paciente do SUS.

OBJETIVOS: Descrever o caso de adaptação à distância realizado entre duas cidades, com revisão da literatura.

MÉTODO: Equipamentos de informática e de tecnologia da informação, programador universal, aparelhos de amplificação sonora individual.

ESTUDO DE CASO: Uma fonoaudióloga lotada num centro especializado introduziu a um centro remoto (distância de 200 km) um novo aparelho de amplificação sonora individual e seu programa de adaptação. O centro remoto assistiu a adaptação de dois pacientes em sua clínica, realizando voluntariamente a adaptação do terceiro paciente. Todo o procedimento foi realizado através da internet, contando com recursos de áudio e vídeo em todos os procedimentos.

RESULTADOS: Três pacientes foram adaptados à distância. Três fonoaudiólogas receberam treinamento à distância de como adaptar aparelhos auditivos.

CONCLUSÃO: Foi possível adaptar AASI à distância, além de prover treinamento e habilitar um centro remoto na adaptação de um novo aparelho de amplificação sonora individual e de seu programa de adaptação. Tal procedimento pode ser útil ao governo na condução de políticas públicas da saúde auditiva.

Palavras-chave: políticas públicas, auxiliares de audição, telemedicina, internet, desenvolvimento tecnológico, engenharia biomédica.

INTRODUÇÃO

Sullivan e Lugg apud Maheu et al. (1) registram um dos pioneiros casos de Telemedicina ocorrido através de radiocomunicação na Antártica no início do século XX. Outro relato mais contemporâneo narra que após o lançamento do primeiro satélite intercontinental DeBakey executou uma cirurgia de troca de válvula da aorta no Methodist Hospital (Texas, EUA) sendo observado por seus colegas no Geneva University Medical Faculty (Geneva, Suíça) (2), em 1965. Puentes et al. (3) afirmam que a disponibilidade da internet permitiu o rápido desenvolvimento de sítios para a educação especializada de pacientes, fóruns de discussão, publicações on-line e jornais especializados, que permitiram a disseminação da informação entre especialistas e não especialistas. Chorbev e Mihajlov (4) narram que aplicações recentes em Telemedicina incorporam o uso de satélites para conectar áreas de conhecimento em várias regiões do globo de modo rápido, confiável, seguro e com custo razoável para várias áreas da medicina.

Várias são as definições e propósitos de utilização da Telemedicina. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (5) expressam a Telemedicina como "o uso de tecnologia de telecomunicações para o diagnóstico médico, monitoramento e propósitos terapêuticos quando a distância separa os usuários". Tohme et al. (6) registram que a Telemedicina "deve fazer com que pacientes e profissionais da prática da medicina, ainda que localizados em regiões remotas, tenham a possibilidade de acesso primário ou de cuidados de especialistas com aumento na qualidade e com a minimização dos custos". Belardinelli et al. (7) descrevem que a Telemedicina deve "aumentar o acesso das pessoas para um sistema de cuidados médicos de alta qualidade a preços razoáveis" e que "as tecnologias da Telemedicina podem ter um importante papel para a troca de informações médicas em meio a diferentes departamentos e profissionais". Wootton (8) descreve que a Telemedicina "é uma técnica que está em uso em países desenvolvidos, tal quais os EUA e Austrália, para trazer cuidados médicos a áreas remotas e rurais, as quais contam com poucos médicos e profissionais afins".

Pelo prisma da engenharia muitas são as aplicações na Telemedicina como aquelas expressas em Cardiologia (9-11), Cirurgia (12-14), Dermatologia (15-17), Emergência (18-20), Fonoaudiologia (21-24), Ginecologia (26-27), Imunologia (28-29), Neurologia (30-32), Oftalmologia (33-36), Patologia (37-40), Psiquiatria (41-42), Radiologia (43-46), Otorrinolaringologia (47-49), entre outros.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve a perda auditiva como uma epidemia, que em certos países pode alcançar uma incidência de 16% de portadores de perdas auditivas incapacitantes, ou seja, acima de 40 dB em adultos ou de 30 dB no caso de crianças (50). A OMS avalia que a melhor ação na condução de políticas da saúde auditiva relaciona-se com a atividade primária de prevenção (51-52). Todo portador de perda auditiva é um candidato ao uso de prótese auditiva acústica, um dispositivo eletrônico de amplificação seletiva cujo objetivo é minimizar os efeitos da privação auditiva quando não for possível ou indicado o tratamento medicamentoso, tampouco o procedimento cirúrgico (53). Uma prótese auditiva acústica, conhecida como aparelho de amplificação sonora individual (AASI) atende até as perdas auditivas classificadas como severas. Os implantes cocleares são indicados para os casos de disacusias profundas (54-55).

A OMS identifica que por conta de carência em infraestrutura os serviços de reabilitação auditiva em países em desenvolvimento são mais difíceis de serem gerenciados quando comparados com os países desenvolvidos (56). Goulios e Patuzzi (57) relataram em 2008 uma pesquisa que incorporou 78% da população mundial, no qual destacam que o Brasil conta com uma taxa de habitantes por fonoaudiólogo (6.971) superior que a dos EUA (19.603), Austrália (15.178), Suécia (12.055) e Israel (11.208), contudo, inferior a da taxa da Argentina (5.490). Este mesmo índice atinge marcas expressivas no México (258.643), Botsuana (297.500), Rússia (477.487), Índia (1.065.462), Tailândia (1.243.860), Líbia (2.775.500) e Paquistão (21.939.714). Apontam ainda o Brasil com uma taxa de habitantes por otolaringologista (29.745) superior as taxas de países como Costa Rica (55.640), Nicarágua (273.300), Indonésia (362.843) e Camboja (282.880). No entanto, inferior as taxas da Itália (12.761), Dinamarca (15.326), Suécia (16.681) e EUA (24.504). Em alguns países africanos as marcas são impressionantes, tal qual a Nigéria (2.066.817) e Madagascar (3.480.800).

Kokesh et al. (58) destacam que a Telemedicina teve um papel importante na Otologia por permitir acesso mais eficiente nas consultas e em atendimentos pós-operatórios, p. ex. conduta na posição e troca do tubo de timpanotomia junto à população nativa espalhada por áreas remotas do Alaska. Esta população expressou benefícios adicionais por conta da comodidade de atendimento em localidades próximas de seus domicílios, diminuição nos custos de transporte, o que pode sinalizar para melhores índices de receptividade nos tratamentos.

Krumm et al. (59) destacam os efeitos positivos de testes diagnósticos como o de produto distorção de emissão otoacústicas (EOPD), audiometria de tronco cerebral (BERA), emissão otoacústica espontânea (EOA) e audiometria (60) em populações rurais nos EUA. Bloom (61) narra que uma equipe especializada na região de Honolulu em conjunto com clínicas satélites economizou cerca de U$ 25 milhões quando comparados com os custos de atendimento especializado presencial. Em 2003 Givens et al., (62) expressaram os resultados da avaliação da perda auditiva à distância realizada num teste duplo cego com 31 pacientes adultos validados em relação à audiologia presencial, registrando uma variação de limiares de 1,3 dB. No final de 2003 Givens e Elangovan (63) repetiram os testes, no mesmo formato de duplo cego, com 45 pacientes, validados em relação à Audiologia presencial a registrar uma variação de 1,3 dB para a audiometria por condução óssea e 1,2 dB para a audiometria tonal.

Ramos et al. (64) destacam o sucesso da Telemedicina na realização de adaptação de implantes cocleares em cinco indivíduos a concluir que a "programação é viável, segura, de interface simples e de custo/efetividade comprovada". No XIX Congresso da International Federation of Oto-Rhino-Laringological Societes (IFOS) um trabalho do Institute of Physiology and Pathology of Hearing de Varsóvia relatou que 29 pacientes foram atendidos pela Telemedicina daquela equipe, concluindo que "os ajustes em implantes cocleares provaram serem factíveis, seguros, apreciados pelos pacientes e pelos especialistas" e que "economizava custos, tempo de viagem além do conforto de serem atendidos em localidades próximas de suas residências" (65). Zumpano et al. (66) descrevem os trabalhos de Telemedicina com implante coclear realizados entre o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da Universidade de São Paulo (USP) e o Centro Educacional da Audição e Linguagem Ludovico Pavoni (CEAL-LP). A Portaria nº 402 (24 de fevereiro de 2010) do Ministério da Saúde instituiu em âmbito nacional o programa Telessaúde Brasil, estruturado no formato de Telemedicina, tendo como objetivos quantificar, ampliar a resolubilidade e fortalecer as estratégias da saúde da família. O Conselho Federal de Fonoaudiologia publicou a Resolução nº 366 (25 de abril de 2009) que define a Telessaúde como exercício legal em Fonoaudiologia, com o uso de tecnologia da informação (TI) - atividades e soluções com base em recursos de computação e telecomunicações - entre outros, com o objetivo de "prestar assistência, promover educação e realizar pesquisa em Saúde".

Wesendahl (67) empregou recursos tecnológicos propícios de 2003 para descrever adaptações e ajustes finos de próteses auditivas acústicas em ambientes reais e não em ambientes ideais, como o caso de cabines audiométricas e clínicas audiológicas, a destacar que com "o conceito da Telemedicina permite que um fonoaudiólogo altamente experiente esteja presente em áreas remotas sem restrição de tempo e de localização geográfica".

O objetivo desta pesquisa é o de investigar os benefícios da Telemedicina aplicada à adaptação de próteses auditivas digitais com a apresentação de um estudo de caso, a discutir seus benefícios e limitações na sua efetiva aplicação para a condução das políticas públicas no Brasil.

MÉTODO

Para este trabalho definiu-se como Teleaudiologia a prática da adaptação à distância de AASI. O desenvolvimento dos AASI foi realizado no Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo - LIM/32. O desenvolvimento da Teleaudiologia foi realizado no Departamento de Otorrinolaringologia em conjunto com a Fundação Otorrinolaringologia com recursos oriundos destas unidades.

Os pacientes voluntários deste estudo foram devidamente informados sobre os propósitos deste estudo, tendo assinado espontaneamente um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (nº 204/11). Esta pesquisa foi realizada no dia 8 de abril de 2010.

Uma fonoaudióloga ficou lotada nas dependências do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Departamento de Otorrinolaringologia, referenciada como unidade especializada (UE), supervisionado por um otorrinolaringologista. Uma equipe de três fonoaudiólogas sob a supervisão de uma otorrinolaringologista ficou lotada no Instituto Sul Mineiro de Otorrinolaringologia (ISMO), Pouso Alegre, Minas Gerais. Esta unidade passa a ser referenciada como unidade remota (UR). A Figura 1, ilustra de modo simplificado a disposição física destas unidades.


Ambas as unidades fazem parte da rede credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no que em 2011 contava com cerca de 140 unidades (68). Algumas informações dos pacientes voluntários estão descritos na Tabela 1.

Neste estudo foram incluídos pacientes adultos de ambos os sexos, com perdas SNHL de grau moderado a moderadamente severo em pelo menos uma orelha, segundo a classificação proposta por Northern e Downs apud Bento et al., (54), com tempo de privação auditiva menor de três anos e que tenham recebido seus AASI através do SUS (Portaria nº 587).

A escolha do sistema operacional Windows® como plataforma deste desenvolvimento se deve ao fato de que há um grande conjunto de aplicações comerciais disponíveis no mercado brasileiro. Para a transmissão e recepção de áudio e vídeo pela internet foi escolhido o Skype™ por conta de ser um programa gratuito e utilizado universalmente sem relatos de dificuldades na instalação ou sem sua operação. O Anyplace Control - aplicativo para acesso remoto - foi escolhido após ser intensamente utilizada uma versão "trial" de trinta dias e ser entendido como um aplicativo simples de manipular e pelo seu baixo custo de aquisição. A escolha do programa de antivírus recaiu sobre o Avast®, pois é um programa gratuito e de boa reputação no mercado. Todos os aplicativos estão listados na Tabela 2.

Os equipamentos utilizados nesta pesquisa foram adquiridos no mercado nacional, sendo todos listados na Tabela 3.

Foi utilizada neste evento apenas uma unidade do retroauricular modelo Florianópolis, cujas especificações seguem na Tabela 4. Após os testes ele foi recolhido de volta para a UE.

Foi montado um Protocolo de Treinamento à Distância, que possibilitou o treinamento sistematizado quanto ao uso do AASI e do adaptEASY. Informações adicionais sobre os documentos seguem na Tabela 5.

Antes da realização dos testes com pacientes foram executados testes de verificação de conexão de internet entre as duas unidades, a cargo de um dos pesquisadores que se dirigiu à UR. Os testes de conexão contemplaram o Skype®, o Anyplace Control e o adaptEASY, consumindo cerca de 40 minutos. Nestes testes foi detectado certo atraso no recebimento de vídeo da UE, o que não causava confusão, mas que interferia na originalidade proposta pela pesquisa, seja a de se aproximar ao máximo do atendimento presencial. Por conta de que a velocidade de internet da UR ser de 300 Kbps (quilobit por segundo) - considerado baixo para manter áudio, vídeo e programa de adaptação de modo simultâneo - optou-se por desligar provisoriamente o antivírus e o Firewall (software que permite ou nega o acesso a transmissões na rede de computadores, que neste caso faz parte do sistema operacional Windows®) da UR. Como resultado, os aplicativos utilizados durante este evento se tornaram mais rápidos. Para não expor a rede de dados à presença de vírus, foi solicitado que nenhum outro terminal da UR estivesse conectado à internet.

Após estas devidas providências todos os testes com pacientes foram realizados pelas fonoaudiólogas. Inicialmente as unidades se apresentaram utilizando o Skype® para posteriormente revisarem os propósitos da pesquisa. Para o treinamento básico do adaptEASY foi utilizado o Protocolo de Treinamento à Distância (Anexo 1), previamente lido pela UR. Neste Protocolo de Treinamento à Distância foi omitido recursos avançados (p. ex. gerador de som para terapia de zumbido e "Datalogging" - gravação automática do modo do AASI pelo paciente). Justifica-se esta limitação no protocolo por focar o trabalho nos processos de Teleaudiologia, em vez de focar nos recursos do AASI. O treinamento através do protocolo de pesquisa demorou cerca de 30 minutos. A Figura 2 mostra a fonoaudióloga da UE enquanto que na Figura 3 ela aparece na tela do notebook da UR.



Todos os pacientes são usuários de AASI binaurais, mas apenas uma das orelhas foi protetizada. Justifica-se este procedimento por conta de que não havia o objetivo secundário de avaliação de satisfação do AASI. Foi mantido o AASI do paciente na orelha que não estava sendo protetizada. As sessões de adaptação foram individuais.

Todos os pacientes voluntários foram apresentados à fonoaudióloga da UE pelo Skype®, de modo a trazer um elemento humano neste processo informatizado. A primeira paciente voluntária (Tabela 3) é usuária de intracanal, de modo que foi utilizada uma oliva padrão (sem referência) para a adaptação do Florianópolis na orelha esquerda (OE). As fonoaudiólogas da UR introduziram no adaptEASY os dados do paciente, sendo que os ajustes foram executados pela fonoaudióloga da UE, que explicava seus critérios para as fonoaudiólogas da UR. A resposta dinâmica do paciente era repassada diretamente à especialista da UE através do áudio "online" aberto a todos da sala, proveniente do par de caixas acústicas. Esta primeira adaptação demorou cerca de 20 minutos.

O segundo paciente voluntário é usuário de um retroauricular com tecnologia aberta ("Open Fit"), sendo utilizada outra oliva padrão para a adaptação do Florianópolis. Analogamente, os dados do paciente foram alimentados pelas fonoaudiólogas da UR sendo que os ajustes foram executados pela fonoaudióloga da UE com o AASI na orelha direita (OD) do paciente. A interação entre a UE e o paciente ocorreu tal qual descrito no primeiro paciente voluntário. Esta sessão demorou 15 minutos.

O terceiro paciente é usuário de AASI no desenho retroauricular. Foi aproveitado o mesmo molde da OD para a adaptação do modelo de testes Florianópolis. As próprias fonoaudiólogas da UR alimentaram os dados do paciente no sistema e executaram todo o processo de adaptação, sendo remotamente assistidas pela UE. Nenhuma alteração nos ajustes foi proposta pela UE. Esta sessão demorou cerca de 20 minutos.

Ao término de cada sessão os pacientes retornaram ao uso de seus AASI sem que tenha sido executada nenhuma alteração na programação original. Cada um dos pacientes foi dispensado assim que a sua respectiva sessão havia sido encerrada. Após todos estes procedimentos o notebook da UR foi sujeito ao testes de antivírus, onde nada foi detectado. Igualmente a UE foi sujeita a testes para verificar a presença de vírus, onde nada foi detectado.

RESULTADOS

Através de recursos de internet as fonoaudiólogas da UR receberam um treinamento da UE para conhecer as características de um AASI e do adaptEASY. A UE apresentou e discutiu as características e recursos eletroacústicos do AASI junto a UR. As fonoaudiólogas da UR destacaram a simplicidade do programa de adaptação e adaptaram o AASI num dos pacientes voluntários sem a intervenção da UE. Os pacientes interagiram com as fonoaudiólogas da UR e da UE e aprovaram a adaptação à distância, destacando a boa qualidade subjetiva de amplificação do Florianópolis e dos benefícios que uma adaptação à distância pode ajudar no processo de adaptação.

DISCUSSÃO

As subsidiárias (ou importadores) de AASI trazem produtos desenvolvidos em outros países, produtos ajustados por programas de adaptação cada vez mais complexos, os quais demandam por computadores com recursos de máquinas cada vez mais avançados, além de treinamentos contínuos para os fonoaudiólogos. Neste sentido, a Teleaudiologia e a tecnologia da informação pretendem disponibilizar os treinamentos dos centros especializados para quaisquer pontos do Brasil, de modo a garantir a uniformidade dos treinamentos. Outros recursos podem ser adicionados ao adaptEASY, tais como vídeos instrutivos, manuais eletrônicos, teleconferências, entre outros. Tais recursos objetivam promover o treinamento e a capacitação dos profissionais envolvidos (médicos, dentistas, enfermeiros, fonoaudiólogos e agentes comunitários, entre outros).

O desenvolvimento de produtos locais pode trazer soluções que melhor reflitam as expectativas do governo e da sociedade, como por exemplo, o desenvolvimento de AASI concebidos a partir de especificações centradas em objetivos de longo prazo na saúde auditiva. Por exemplo, assim que expira a garantia dos AASI hoje fornecidos ao SUS (importados) os pacientes podem não ter condições de honrar com os consertos de seus AASI, uma vez que passam a ser identificados como clientes de varejo, logo, sujeitos a mesma tabela de preços dos clientes de varejo. Adicionalmente, os programas de adaptação complexos não conseguem uniformidade nas adaptações, pois demandam em conhecimentos específicos definidos por especialistas dos fabricantes internacionais, deste modo, programas de adaptação mais amigáveis e de menor complexidade podem representar maior uniformidade nas adaptações e como consequência, melhores resultados para os pacientes do SUS. Programas de adaptação de menor complexidade demandam por menores investimentos em atualizações de hardware, o que pode ser interessante para o governo com menor dispêndio em recursos para tal fim.

Um dos fatores que podem auxiliar no sucesso da implementação da Teleaudiologia no Brasil reside no fato que o país não possui dificuldades devido a sua infra-estrutura institucional no campo da otorrinolaringologia e da fonoaudiologia, contando com vários centros de excelência nestas áreas da medicina. Para evitar conflitos na política de implementação deve-se preservar a autonomia e a divisão de tarefas no que tange as atividades de otorrinolaringologistas e de fonoaudiólogos.

O governo poderá ampliar o sistema ora proposto de modo a ter o controle de todo o processo de adaptação que inclui dados do paciente (p.ex. idade, grau da perda e etiologia), dados demográficos (p.ex. quantidade de pacientes, densidade de pacientes por médicos/ fonoaudiólogos), custos (p.ex. AASI que mais quebram, tempos de reparo, tipos de quebras mais comuns) - informações estas que o auxilia na melhoria contínua do programa de saúde auditiva no Brasil. O programa da saúde auditiva com base na Teleaudiologia pode ser implementado em conjunto com outras unidades operacionais de abrangência nacional, como as Unidades Básicas de Saúde.

A pouca quantidade dos centros credenciados pelo SUS para a condução das políticas da saúde auditiva em todo o Brasil (cerca de 140) conduz os pacientes - e em muitas vezes seus acompanhantes - ao deslocamento de seus domicílios a estes centros, com prejuízo de suas tarefas seculares (remuneradas ou não), a custearem com despesas com transporte e alimentação, quando por vezes apenas é necessária apenas a realização de ajustes na (re) programação do AASI. Tais situações podem resultar em um incentivo menor para o processo de reabilitação, ainda que os AASI sejam entregues sem custos à população.

Alguns aspectos da implementação tecnológica merecem destaque. O Anyplace Control também permite a troca de mensagens no formato de "chat" entre a UE e a UR, caso haja dificuldades no tocante a restrições na taxa de transmissão entre as unidades. Tal recurso é importante quando não for possível manter o vídeo ou quando houver interrupções sucessivas com prejuízo ao processo de adaptação. Os atrasos observados neste evento são inerentes ao processo de transmissão e recepção à distância por dois motivos:

i. o sistema operacional Windows® não opera em tempo real e gerencia as tarefas com base em interrupções e por prioridade funcional;

ii. as transmissões por internet sempre apresentarão um certo atraso com base na distância a ser coberta pela transmissão/ recepção, independentemente da velocidade de transmissão pela internet.

Para solucionar a primeira restrição bastaria utilizar todos os aplicativos estruturados em sistemas operacionais em tempo real, como o QNX® (QNX Softwares Systems Corp., Ottawa, Ontário, Canadá), o RTLinux (código aberto, software livre), o VxWorks (Wind River Systems Inc., Alameda, Califórnia, EUA), o Windows® CE (Microsoft Corp., Redmont, Washington, EUA), entre outros. Um modo de minimizar os efeitos da segunda restrição diz respeito a utilizar redes de transmissão mais rápidas, idealmente acima de 2 MB.

A plataforma proprietária escolhida (Windows®) pode ser substituída por uma plataforma aberta (p.ex. Linux), de modo a ofertar soluções mais econômicas e que possam ser personalizadas de acordo com as especificações de outros países, seja com base em suas instruções normativas ou por requisitos operacionais. O programador de AASI (neste caso o Hi-Pro) pode ser substituído por um aplicativo a ser descarregado pela internet e instalado no computador do centro credenciado, de modo a diminuir custos de aquisição de equipamentos.

Krumm et al. (60) classificam de dois modos a prática da Telemedicina:

i.) síncrono - quando a comunicação ocorre em tempo real (vídeo interativo, telefone, mensagem instantânea), e

ii.) assíncrono - quando a comunicação ocorre com base no armazenamento e posterior uso (e-mail, fax, secretária eletrônica, "pager", páginas de internet, fóruns de internet, animações). O trabalho pioneiro no Brasil destacado neste relato atende a ambos os modos.

Muitos pontos de atendimento do SUS possuem equipamentos de informática (hardware) que podem estar disponíveis para credenciamento a Teleaudiologia. Neste sentido, deve estar previsto que tais equipamentos devem apresentar interoperabilidade com a plataforma proposta, o que não deve causar dificuldades por conta das relativas baixas troca de dados (p. ex. áudio e vídeo e dados da sessão de ajuste). Localidades remotas que não possuem ou momentaneamente não contam com serviços de internet podem ser assistidas através de atendimento telefônico. Localidades verdadeiramente remotas (p.ex. comunidades indígenas e regiões de fronteira) podem ser assistidas com vídeo institucional, ou mesmo através de documentos impressos.

A mudança do atendimento presencial para o atendimento à distância demanda por treinamento aos envolvidos, pois tanto os otorrinolaringologistas quanto os fonoaudiólogos não devem apresentar resistência à Teleaudiologia. Neste sentido, grupos coordenadores podem montar um plano de implantação em locais de maiores restrições, onde as comunicações verbais não podem ser descartadas.

Assuntos importantes devem ser considerados com a prática da Telemedicina, como capacidades, competências e responsabilidade dos profissionais envolvidos, segurança e privacidade, eficácia, eficiência, aspectos éticos, restrição ao acesso, manipulação de informações do paciente e de todo o sistema, custos, entre outros (69). Duas características adicionais que a Telemedicina deve compor relacionam-se com a estabilidade da rede e da funcionalidade junto quando conjugada com vários sistemas operacionais.

Os trabalhos subsequentes de Teleaudiologia devem comparar os resultados clínicos que seriam obtidos em sessões presenciais em relação com aqueles obtidos à distância, contextualizando e analisando suas diferenças. Os aspectos descritos no parágrafo anterior demandam por testes contínuos com mais centros de pesquisas envolvidos, por conta da pluralidade do tema e das diversas competências demandadas que levem ao melhor entendimento do tema.

CONCLUSÃO

Centrado nas legislações vigentes e com vistas à melhoria das políticas públicas da saúde auditiva no Brasil, foi realizado um trabalho piloto de adaptação à distância de AASI entre duas cidades distantes de 200 km. Concluiu-se que há reais benefícios na implementação da Teleaudiologia no Brasil, apesar de a internet atualmente não estar disponível em todo o território nacional.

torná-lo um produto de referência para as políticas públicas de habilitação ou reabilitava

68. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/servicos_auditiva.pdf , visited on october 12, 2011.

Artigo recebido em 4 de março de 2012.

Artigo aprovado em 8 de maio de 2012.

Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo / SP – Brasil.

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  • Endereço para correspondência:

    Ricardo Ferreira Bento
    Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - 6º Andar - Sala 6167
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Ago 2012
    • Data do Fascículo
      Set 2012

    Histórico

    • Recebido
      04 Mar 2012
    • Aceito
      08 Maio 2012
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