Acessibilidade / Reportar erro

O som do ódio: explorando o uso das letras da música hatecore como estratégia de recrutamento pelo Movimento da Força Branca* * Tradução de Cristiano Chiarello e Claudia Assis.

El sonido del odio: explorando el uso de liricas de música hatecore como estrategia de reclutamiento por el Movimiento de Fuerza Blanca

Resumos

Este estudo utiliza a “Grounded Theory” para examinar o uso de letras de músicas hatecore como uma Comunicação estratégica para difundir ideologia skinhead. Os resultados indicam que as letras retratam as minorias étnicas e religiosas, e os homossexuais como inferiores e subumanos. Os judeus, o governo e os brancos que se opõem à ideologia skinhead são descritos como parte do problema. As letras são usadas para recrutar brancos marginalizados para o movimento, definindo-os como impotentes e perdendo poder enquanto “outros” o ganham. Também os recrutam por meio de mensagens positivas de orgulho racial branco. Como acontece com outros movimentos sociais, os resultados indicam que o poder desempenha um papel central na definição do problema que enfrentam os brancos marginalizados, a causa dos problemas, e as soluções prescritas encontradas nas letras das músicas hatecore.

Comunicação Estratégica; Movimento Social; Música hatecore; Skinheads racistas; Poder


Este estudio utiliza “Grounded Theory” para examinar el uso de liricas de canciones hatecore como estrategia de Comunicación para difundir la ideología skinhead. Los resultados indican que las letras representan las minorías étnicas y religiosas y los homosexuales como seres inferiores y subhumanos. Los judíos, el gobierno y los blancos que se oponen a la ideología skinheadson descritos como parte del problema. Las letras son usadas para reclutar a los blancos marginalizados para el movimiento al definirles como impotentes y perdiendo influencia mientras que “otros” la adquieren. También les reclutan a través de mensajes positivos de orgullo racial blanco. Al igual que con otros movimientos sociales, resultados indican que el poder desempeña un papel central en la definición del problema que enfrentan los blancos privados de sus derechos, la causa y las soluciones prescritas en las liricas de las canciones hatecore.

Comunicación Estratégica; Movimiento Social; Musica hatecore; skinheads racistas; Poder


This study uses grounded theory to examine “hatecore” song lyrics used as a communication strategy to spread skinhead ideology. Results indicate that lyrics portray ethnic and religious minorities, and homosexuals as inferior and subhuman. Jews, the government and whites who oppose skinhead ideology are described as part of the problem. They are also used to recruit disenfranchised whites to the movement by defining them as disempowered and losing influence as “others” gain it as well as through positive messages of white racial pride. As with other social movements, results indicate that power plays a central role in defining the problem facing disenfranchised whites, the cause, and prescribing solutions found in hatecore song lyrics.

Strategic Communications; Social Movement; Hatecore Music; Racist Skinheads; Power


Introdução

e acordo com o Centro de Leis da Pobreza do Sul dos EUA (2010), o extremismo de direita cresceu muito nos últimos anos desencadeando grande número de protestos pelos EUA. O Centro de Leis da Pobreza do Sul dos EUA (SLPC – sigla em inglês) afirma que o aumento na irritação de direita por partes da “América branca” foi causada por “mudanças raciais na demografia da população, dívida pública crescente e uma economia terrível... e um grande numero de iniciativas feitas pela relativamente liberal Administração do governo Obama que é vista como 'socialista' ou mesmo 'fascista'” (SPLC, 2010, p.41). Enquanto estas preocupações crescem e os brancos temem se tornar uma minoria nos EUA, outros temem que a erosão dos privilégios e poderes brancos criem um meio ambiente onde os movimentos racistas ganham força ao mesmo tempo em que o Poder Branco Institucionalizado desaparece (BECKER; JIPSON; KATZ, 2001BECKER, P. J.; JIPSON, A. J.; KATZ, R. A timelines of the racialist movement in the United States: A teaching tool. Journal of Criminal Justice Education, v.2, n. 12, p.427-453, 2001. ), levando um incrível numero de brancos a se juntarem a organizações racistas por verem sua posição dominante na sociedade desvanecer-se. Até o ano 2011, grupos racistas de direita alcançaram a maior ascensão de todos os tempos chegando a 1018 grupos nos EUA (SPLC, 2013).

Um grupo extremista que tem crescido muito são os skinheads(“Cabeças raspadas”, em inglês). Os skinheads racistas são um grupo transitório frequentemente muito difícil de se encontrar, mas de acordo com o SPLC, em 2007, existiam 90 grupos skinheads operando em 26 estados dos EUA, sendo que em 2006 existiam 78 (2008). Em 2008, o SPLC informou que o número teria aumentado novamente para 98 (2009). Em 2009, o SPLC informou que este número tinha mais uma vez aumentado para 122 grupos operando em 33 estados (2010), e um número de pessoas tinham sido “presas em uma suposta trama para assassinar o primeiro presidente negro da nação” (2010, p.42).

Grupos skinhead são tipicamente formados de jovens brancos, do sexo masculino, interligados pela cultura musical white power (“Poder Branco”, em inglês), pela violência e o ódio pelas minorias e homossexuais (BLEE, 1998BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ). Campanhas de recrutamento de grupos skinheads frequentemente ocorrem nos festivais de música white power, onde grande número de jovens brancos se reúne para escutar música hatecore (Resistance, 2009). A música hatecore nestes shows atrai “jovens com tendências rebeldes”, fazendo destes shows uma estratégia de recrutamento valiosa (BOSTDORFF, 2004BOSTDORFF, D. M. The Internet rhetoric of the Ku Klux Klan: A case study in Web site community building run amok. Communication Studies, v. 55, n. 2, p.340-361, 2004. , p.354).

Indivíduos que se envolvem com grupos de brancos extremistas como os do Movimento Skinhead frequentemente o fazem em resposta aos esforços em promover tolerância e diversidade as custas do privilégio dos brancos (SCHAFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. ). Blazak (2001, p.998)BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ainda diz que isto ocorre porque a sociedade corrige o “desequilíbrio de poder que dá privilégio a certas categorias, nas quais homens brancos, heteros, se sentem ameaçados. Ninguém gosta de perder privilégios de poder”. Além da degradação da dominância branca na sociedade, conflitos econômicos, políticos e sociais podem também levar a um aumento em atividades racistas. Competições por poder e emprego e ameaças a cultura levam à crescente hostilidade e nos EUA, historicamente, esta situação tem levado a um aumento de participação ao movimento racista (MALLOT; CARROL-MIRANDA, 2003MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003. ). Bostdorff acrescenta que uma pesquisa recente descobriu que “hoje em dia, muitos homens, especialmente brancos, heterosexuais, da classe trabalhadora, sentem uma grande impotência” e uma “sensação de estar sendo encurralados”, por causa de “mudanças sociais tal como a larga aceitação do casamento inter-racial, religiões não Cristãs e homossexualidade”, o que os leva a sentir uma necessidade de unir-se a organizações como os skinheads (2004, p.350).

Este estudo é baseado em uma pesquisa prévia de Martinez e Selepak (2013)MARTINEZ, B. A.; SELEPAK, A. Power and violence in Angry Aryan song lyrics: A racist skinhead communication strategy to recruit and shape a collective identity in the white power movement. Comunicação & Sociedade, v. 35, n. 1, p.153-180, 2013. que examinou a letra de uma canção skinhead do grupo hatecore The Angry Aryans. O estudo feito por Martinez e Selepak (2013)MARTINEZ, B. A.; SELEPAK, A. Power and violence in Angry Aryan song lyrics: A racist skinhead communication strategy to recruit and shape a collective identity in the white power movement. Comunicação & Sociedade, v. 35, n. 1, p.153-180, 2013. investigou até que ponto a canção da banda The Angry Aryans reforça as ideias da superioridade branca, recruta novos membros para o Movimento Skinhead, promove a violência e examina a percepção do destino do seu movimento pelos skinheads. O estudo atual é construído nessa pesquisa por meio de uma análise das letras das canções skinheads dos álbuns hatecore mais vendidos no website de musica racista, Resistance Records.

Revisão literária

Os skinheadscomeçaram como um movimento social no Reino Unido no final dos anos 60 como uma resposta às condições econômicas, exploração trabalhista e a cultura hippie (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. e MALLOT; CARROL-MIRANDA, 2003MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003. ). De acordo com EYERMAN (2002)EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. , os skinheads emergiram como parte do cenário da música punk inglesa, que começou na época da reação dos políticos, conservacionistas contra o então movimento social liberal e uma crise econômica no Reino Unido. No final dos anos 70, a música rock racista no Reino Unido se uniu aos partidos políticos de extrema direita e uma força para formar um amplo movimento da força branca.

O Movimento Skinhead idealizou comunidades da classe trabalhadora e se opôs a “decadência moral e a comercialização da cultura dominante” (EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. , p.456). Cabeças raspadas e comportamento agressivo se tornou o símbolo skinhead contra o movimento hippie, o qual era percebido como não contribuinte a sociedade (EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ; HAENFLER, 2004HAENFLER, R. Rethinking subcultural resistance: Core values of the Straight Edge Movement. Journal of Contemporary Ethnography, v. 33, n. 4, p.406-436, 2004. ). Os skinheads adotaram o uniforme da classe trabalhadora com “botinas, cabelos curtinhos, jeans, camisas simples e suspensórios” (HAENFLER, 2004HAENFLER, R. Rethinking subcultural resistance: Core values of the Straight Edge Movement. Journal of Contemporary Ethnography, v. 33, n. 4, p.406-436, 2004. , p.411). Para grupos racistas como o dos skinheads, música, roupas, estilo, ritual e performance são essenciais para o recrutamento de novos membros e manter o compromisso dos membros atuais (BLEE, 2007BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ). De acordo com Haenfler, estes refletem a reação do movimento pela cultura dominante (2004). Estas características culturais e o comportamento coletivo criam um senso de comunidade necessária para convencer membros e possíveis membros que suas ideias são válidas, permitindo criar um movimento de sucesso (BLEE, 2007BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ).

Nos Estados Unidos, os skinheads e a sua música apareceram como uma reação ao cenário musical punk, mas não foi até meados dos anos 80 quando eles começaram a ser recrutados por organizações racistas incluindo a WAR, “White Aryan Resistance” (“Resistência Branca Ariana”, tradução livre) fundada por Tom Metzger em 1983 (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ; BECKER et al. 2001BECKER, P. J.; JIPSON, A. J.; KATZ, R. A timelines of the racialist movement in the United States: A teaching tool. Journal of Criminal Justice Education, v.2, n. 12, p.427-453, 2001. ). No final dos anos 80, centenas de atos de violência foram atribuídos a grupos skinheads (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ). Apesar de os skinheads usarem de violência e intimidação para tirar o poder dos seus oponentes e induzir medo nos seus inimigos (BLEE, 1998BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ), eles também se envolviam em várias outras atividades e táticas para combater o que eles percebiam como uma cultura corrupta na qual os brancos estavam sendo oprimidos.

Skinheads mantêm grupos relativamente pequenos e, portanto, a sua maioria está envolvida em atividades de recrutamento. Membros distribuem panfletos nas escolas locais e clubes de rock, e encenam confrontos violentos em shows para aumentar visibilidade (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ). Música e shows white power se tornaram uma ferramenta poderosa dentro do Movimento Skinhead para recrutar e projetar o poder do grupo a outros.

Movimento Social Skinhead

Movimentos sociais e ações coletivas ocorrem quando grupos percebem desigualdade e injustiça direcionada a eles, impedindo-os de ter acesso a recursos, motivando-os a confrontar aqueles responsáveis, frequentemente com raiva (VAN ZOMEREN et al., 2008VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008. ). De acordo com Whitsel, pesquisadores usam teorias de movimentos sociais pós Segunda Guerra Mundial como hipóteses da causa de grupos fascistas e movimentos extremistas (2001, p.97). As causas de movimentos extremistas incluem “a alienação social de um grupo das ordens sociais circunstantes”, deslocamento de status no qual a “percepção de desapropriação leva a um ativismo extremista” e o “declínio do ciclo econômico do país” (WHITSEL, 2001WHITSEL, B. Ideological mutation and millennial belief in the American Neo-Nazi Movement. Studies in Conflict and Terrorism, v. 24, p.89-106, 2001. , p.97).

Blee argumenta que, hoje em dia, todas as pesquisas sobre movimentos sociais focam em grupos com uma agenda progressiva ou um desejo de avançar a igualdade social (2007). Organizações extremistas, como uma forma de movimento social, entretanto, avançam uma agenda não progressiva e são frequentemente negligenciados dentro das pesquisas do movimento social. Apesar disso, movimentos sociais extremistas tiveram um tremendo impacto na historia, e de acordo com Becker et al., movimentos racistas brancos “foram e continuam sendo forças sociais ativas na sociedade americana” (2001, p.428).

No movimento skinhead, membros visualizam a si mesmos como soldados na guerra racista (MALLOT; CARROL-MIRANDA, 2003MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003. ). Dentro do Movimento Skinhead, violência é uma estratégia política e racial, usada como uma dramática moldura organizada para ação (BLEE, 1998BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ). A ideologia skinhead norte-americana é baseada na supremacia branca e na crença em uma guerra racista inevitável nos Estados Unidos, na qual terminará com uma nação toda branca (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ; BLEE, 1998BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ; WHITSEL, 2001WHITSEL, B. Ideological mutation and millennial belief in the American Neo-Nazi Movement. Studies in Conflict and Terrorism, v. 24, p.89-106, 2001. ). Para alcançar esta meta, os skinheads acreditam que a América, ou pelo menos parte dela para uma nação toda branca, deve ser purificada etnicamente de todos os inimigos incluindo os não-brancos e os brancos traidores (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ). Brancos traidores não apoiam um Estado todo branco ou o qual casam e tem filhos fora da sua raça.

Para acelerar a polarização racial dos EUA, os skinheads acreditam que a violência e ataques terroristas contra minorias e representantes do governo são essenciais para começar uma guerra racista (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ). Para isso acontecer, os skinheads frequentemente promovem violência e protestam usando o slogan “RaHoWa” ou Guerra Racial Sagrada (do inglês “Racial Holy War”) (ARENA; ARRIOG, 2005ARENA, M. P.; ARRIGO, B. A. Social psychology, terrorism, and identity: A preliminary re-examination of theory, culture, self, and society. Behavioral Sciences and the Law, v. 23, p.485-506, 2005. , p.492). Como argumentado por Adams e Roscigno, “Organizações neo-nazistas geralmente desconfiam do governo”, e “por meio desta deslegitimação do governo, um chamado para revolução e a criação de uma nova, e presumidamente “melhor”, estrutura governamental se torna o alvo central e o foco da ação” (2005, p.771). Os skinheads são ensinados que “os EUA são manipulados pelos interesses de judeus estrangeiros coletivamente conhecidos como o Governo de Ocupação Sionista (ZOG, do inglês “Zionist Occupation Movement”) (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. , p.989)”. O ZOG também é descrito como “um suposto governo Americano controlado por Israel” (LEVIN, 2002LEVIN, B. Cyberhate: A legal and historical analysis of Extremists' use of computer networks in America. American Behavioral Scientist, v. 45. n. 6, p.958-988, 2002. , p.962), e “dominação e controle dos EUA por uma elite judia, especialmente por meio da mídia em massa como noticias e entretenimento” (DUFFY, 2003, p.297DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. ). Os skinheads também se posicionam contra questões culturais como o aborto e o multiculturalismo. O multiculturalismo é ameaçador para o Movimento Skinhead “porque promove uma noção de igualdade por meio de fronteiras culturais e raciais” (ADAMS; ROSCIGNO, 2005ADAMS, J.; ROSCIGNO, V. J. White supremacists, oppositional culture and the World Wide Web. Social Forces, v. 84, n. 2, p.759-778, 2005. , p.770).

Aqueles atraídos pelo Movimento Skinhead frequentemente guardam rancor de uma sociedade volúvel que é percebida como contra os brancos (BLASAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ). Os skinheads compõem um “duplo padrão racista” no qual os brancos são “obrigados a se sentirem culpados e com ódio” por amarem o seu próprio povo e cultura” (DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. , p.296). Sentimentos de raiva por oportunidades perdidas ou bloqueadas, ou ser vitimado ou marginalizado pela sociedade, junto com um sistema econômico injusto leva ao comportamento anti-social no qual crime e violência são vistos como uma ação corretiva contra injustiças percebidas (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ; DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. ; VAN ZOMEREN et al., 2008VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008. ). Mas junto com esta hostilidade e raiva, grupos racistas também infundem em seus membros um sentimento de orgulho e poder (BLEE, 2007BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998. ).

O papel do 'Poder'

Poder, como é definido por Melkote e Steeves (2001)MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment. 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001. , é um tipo de controle sobre relacionamentos significantes. Estes relacionamentos aparecem em quatro formatos, “poder sobre (poder controlador); poder para (gerando novas possibilidades sem dominação); poder com (poder coletivo, poder criado por um processo de grupo); e poder interior (força espiritual que inspira e energiza outros)” (MELKOTE; STEEVES, 2001MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment. 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001. , p.36). Deste modo, capacitação é a “construção e exercício de poder para mudanças sociais” e é definida pelo processo no qual indivíduos e organizações ganham o controle das condições sociais e econômicas, participação nas comunidades e controle das suas próprias histórias e contos (MELKOTE; STEEVES, 2001MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment. 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001. , p.37). Melkote e Steeves ainda dizem que, a capacitação de um grupo vem por meio de uma organização viável, com a qual você alcança o poder, mobilização política, aumento de consciência, e a habilidade de educar outros quanto aos problemas e desigualdades na sociedade (2001, p.201).

Movimentos sociais enraizados em capacitação de grupos e a realização de um objetivo de grupo, criam um quadro de interpretação e interesses de outros (MARABLE, 1993MARABLE, M. Beyond racial identity politics: Towards a liberation theory for multicultural democracy. Race & Class, v. 35, n. 1, p.113-130, 1993. ). Quando segmentos da população deixam de acreditar no governo e o sistema econômico consegue aliviar o sofrimento, se sentindo alienados e desprivilegiados, e recusam participar da cultura dominante da sociedade, os movimentos sociais começam (MALOTT; CARROLL-MIRANDA, 2003MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003. , além de SCHAFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. , VAN ZOMEREN; POSTMES; SPEARS, 2008VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008. ). Indivíduos se envolvem em ações coletivas e movimentos sociais quando acreditam que irão realizar seus objetivos e influenciar a sociedade a reparar as desvantagens percebidas e a opressão dentro da sociedade (VAN ZOMEREN et al., 2008VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008. ).

Organizações buscando poder, entretanto, têm capacidade limitada de se comunicar com membros e possíveis membros, por uma mídia controlada pelo governo e por corporações (MELKOTE; STEEVES, 2001MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment. 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001. ). Movimentos sociais, porém, devem usar tecnologias novas e alternativas, canais de mídia, e formas de Comunicação como a internet, arte e música (ADAMS; ROSCIGNO, 2005ADAMS, J.; ROSCIGNO, V. J. White supremacists, oppositional culture and the World Wide Web. Social Forces, v. 84, n. 2, p.759-778, 2005. , além de DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. e EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ). Corte e Edwards argumentam que enquanto música, arte e filme são dados “uma condição secundária analiticamente comparada a uma produção de um movimento social e político mais palpável como protestos”, eles têm papel importante em cultivar uma identidade coletiva e construir movimentos sociais (2008, p.5).

A música do Movimento Skinhead

A música skinheads é uma combinação de ska, punk e hard rock, alta e agressiva (EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ). Entretanto, sob a teoria de representação, a música pode “contrariar a imagem negativa retratada na cultura popular dominante” (EYERMAN, 2002, p.445EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ). Música é um dispositivo de enquadramento pelo meio do qual os ideais de movimento podem ser expressados, ao mesmo tempo em que as músicas e letras agem como um meio efetivo para propagar as crenças do movimento (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. ). A música é pessoal e coletiva e mexe com a emoção da audiência tendo “o potencial de penetrar nas vidas mais profundamente e firmemente”, assim como “as letras podem ser memorizadas e cantadas” individualmente ou coletivamente em shows (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. , p.9). A música white power pode então plantar uma ideia de superioridade branca e inferioridade racial na mente daqueles que a escutam e influenciar futuras interações violentas com aqueles que são alvos nas mensagens e letras (DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. , SCHAFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. ).

EYERMAN argumenta que a música é central para poder passar a mensagem, recrutar e criar uma identidade coletiva para os skinheads (2002). Indivíduos participam da ideologia do grupo escutando a música ao vivo ou escutando anonimamente pela internet (EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ). A música skinheads se torna o primeiro passo em direção a um maior contato e um empenho maior no envolvimento, e com este estilo de cantar em grupo, gritar e participar ativamente, a música skinhead cria um elo emocional entre o individual e o grupo (EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ).

Dentro do Movimento Skinhead, o contato face a face é importante para se criar uma experiência coletiva, a qual pode ser alcançada por meio de performances ao vivo da música white power (SCHAFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. ). Nos shows skinheads, os lideres skinheads apresentam declarações racistas e ideologias das crenças do grupo antes, depois e entre apresentações de artistas (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. e EYERMAN, 2002EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002. ). A música e a performance atraem jovens que talvez não estejam ainda abertos a ideologia racista mas se dessensibilizam a ela por participarem de eventos ao vivo, incluindo escutar a discursos políticos, recitar letras e participar das teatralidades que podem levar alguns a aceitarem melhor as mensagens racistas declaradas (SCHAFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. ).

De acordo com Schafer, “o desejo de alcançar uma audiência mais jovem e levantar uma renda adicional foi o ímpeto por trás da decisão de comprar a Resistance Records pela Aliança Nacional no inverno de 1999-2000. A Resistance Records (...) se especializa em vender música white power via Internet” (2002, p.78). Em 2009, existiam 24 websites que vendiam música white power incluindo a Resintance Records localizada na web no resistance.com (The Southern Poverty Law Center, 2010). Na primavera de 2009, o website Resistance oferecia quase 800 álbuns de musicas hatecore (Resistance, 2009). De acordo com Zhou et al. (2005)ZHOU, Y.; REID, E.; QIN, J.; CHEN, H.; LAI, G. US domestic extremist groups on the web: Link and content analysis. IEEE Intelligent Systems, September-October, 2005. p.44-51. , em 2001, a Resistance Records estimou ter feito aproximadamente um milhão de dólares em renda. Corte e Edwards (2008)CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. argumentam que o lucro das vendas das músicas white power e hatecore fornece a grupos extremistas um fluxo de renda para ir em busca de atividades de grupo mais tradicionais.

Para investigar como a música hatecore reforça os esforços de recrutar brancos para o Movimento Skinhead e reforça os valores dos skinhead, as perguntas da pesquisa a seguir foram exploradas neste estudo:

  • PP1: Como são retratadas as minorias nas letras das musicas hatecore?

  • PP2: Até que ponto as letras da música hatecore promovem a violência contra outros?

  • PP3: Quem são descritos como uma ameaça aos brancos e ao movimento nas letras das canções hatecore?

  • PP4: Como os brancos são encorajados a se juntarem ao Movimento Skinhead?

  • PP5: O que é visto como resultado final se o Movimento Skinhead falhar?

  • PP6: Como o poder é manifestado nas letras de canções hatecore?

Método

Neste estudo, a música skinhead, especificamente letras de música hatecore, são examinadas por causa do seu amplo uso como estratégia de Comunicação para recrutar e doutrinar ouvintes com a retórica da supremacia branca. Além disso, canções skinhead são examinadas pela sua ampla disponibilidade na internet incluindo no you Tube.

Um total de 128 canções foram examinadas neste estudo. Nos exemplos estão incluídas canções de álbuns relacionadas na lista das dez musicas hatecore mais tocadas entre setembro 2009 e janeiro 2010 do website da Resistance Records.

Em geral, encontrar letras para músicas de artistas dominantes não é difícil. Uma busca por uma música na internet geralmente leva múltiplos websites onde as letras podem ser encontradas. Mas não é a mesma verdade para a música white power. Citando como exemplo, nem as homepages do Angry Arians ou da Resistance Records incluem letras, mas somente capas de álbuns ou amostras em MP3 (Resistance, 2009). Ao invés disso, letras para as canções dos álbuns Racially Motivated Violence e Too White For You, da banda Angry Aryan, foram encontradas no site dos skinheads sérvios “Blood And Honour” (Serbian Blood and Honour, n.d.). Encontrar as letras dos 11 álbuns relacionados exigiu uma busca extensa na internet resultando no uso de múltiplos websites.

Enquanto estes álbuns representam os dez mais vendidos no website da Resistance Records no gênero hatecore, eles também disponibilizam acervo geográfico variado de bandas. A Angry Aryans são de Detroit, Michigan; a Blue Eyed Devils é de Delaware; a Teardown é da Filadelfia, Pensilvânia; e a Force Fed Hate é de Haddam, Connecticut. Além do mais, enquanto a Nordic Thunder, a Those Opposed e a The Insurgent são todas bandas de hatecore norte-americanas, a Hate Society é uma banda de hatecore da Alemanha que canta sobre o white power e o Movimento Skinhead na Alemanha e no resto do mundo. Nenhuma destas bandas podem ser encontradas em uma gravadora de nome, e como Corte e Edwards (2008)CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. argumentam, não fazer parte de uma gravadora de nome demonstra a sua oposição e resistência ao sistema.

Análise

O gênero hatecore foi a unidade de análise deste estudo. As unidades de observações foram cada canção individual. A abordagem de teoria fundamentada em dados de Lincoln e Guba (1985)LINCOLN, Y. S. Emerging criteria for quality in qualitative and interpretive research. Qualitative Inquiry, v. 1, n. 3, p.275-290, 1995. foi usada para unificar, categorizar e analisar as letras das canções. A teoria fundamentada em dados forneceu um quadro para identificar temas emergentes nas letras das canções e para falar de questões centrais neste estudo (LINCOLN; GUBA, p.208LINCOLN, Y. S. Emerging criteria for quality in qualitative and interpretive research. Qualitative Inquiry, v. 1, n. 3, p.275-290, 1995. ). A teoria fundamentada em dados não depende de esquemas prévios para análise. Ao contrário, a teoria fundamentada em dados sugere que somente por meio de um processo guiado por costume e reflexão, os temas emergentes poderão ser identificados após certo nível de saturação é alcançado (LINCOLN; GUBA, 1985LINCOLN, Y. S. Emerging criteria for quality in qualitative and interpretive research. Qualitative Inquiry, v. 1, n. 3, p.275-290, 1995. ). As letras foram então examinadas por temas relevantes antes de serem analisadas e então desmembradas em mensagens individuais e codificadas por questões de pesquisa. Um método similar foi usado por Martinez e Selepak (2013)MARTINEZ, B. A.; SELEPAK, A. Power and violence in Angry Aryan song lyrics: A racist skinhead communication strategy to recruit and shape a collective identity in the white power movement. Comunicação & Sociedade, v. 35, n. 1, p.153-180, 2013. em um estudo das letras skinhead da banda Angry Aryans.

Resultados

Os resultados da PP1 podem ser resumidos na música Mud Man, da banda Angry Aryans. “mande embora os gooks (estrangeiro de origem vietnamita, Filipina ou Koreana), deportem os negros, removam os parasitas das nossas costas”. Quando minorias eram especialmente mencionadas, letras hatecore eram preenchidas de ódio, calúnias raciais e definia as minorias usando estereótipos. Na canção I Hate You, a banda Blue Eyed Devils canta sobre negros, “Que merda você tem feito desde que foi libertado da forca – Nada e não tem desculpa. Não consegue se manter, a ajuda do governo é seu suporte – E você ainda pergunta porque te odeio tanto assim”.

Os negros não são a única minoria descrita com estereótipos raciais negativos. Na canção Occupation, da banda Blue Eyed Devils, há referências a judeus como “uma doença contagiosa em toda a terra pela qual passaram”. Na canção Islam (Religião Das Vagabundas), a banda Angry Aryans se refere ao profeta Muhammad como um “engraxate” e terminam a música atacando muçulmanos e homossexuais.

Muitas das letras também têm como alvo aqueles que são transferidos a trabalho para os EUA ou contratados. Na canção Decline, da banda Force Fed Hate, eles se referem a imigrantes ilegais do México como “parasitas”. Na canção It's In The Air, da Force Fed Hate, imigrantes ilegais são chamados de “Força trabalhista de merda, do sul da fronteira” e também declaram que já existe um demasiado número de imigrantes que não estão assimilando a cultura branca norte-americana.

Os resultados da PP2 mostram que os brancos são encorajados a machucar fisicamente “outros”. Esta ira violenta é evidente na canção Back to the Good Ol' Days, da banda Insurgents, que canta “vocês estão fora de controle, negros” e continuam, “Chicotear vocês com toda a extensão de uma corda. Bater em vocês com uma tábua,” e ainda acrescenta no final, “Hora de morrer negro”.

Na canção Take Part of It, a banda alemã, Hate Society canta “É hora de levantar e matar a besta vermelha”, em referência a comunistas, mas também declara uma “Guerra santa racial” contra “imigrantes,” “estrangeiros,” e “mentiras sionistas”, e duas vezes na canção canta “Todos judeus são postos nos trens e levados para o leste!”, o qual é uma referencia aos campos de concentração na Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Na canção Burning Cross, a Hate Society canta: “Agora nos livramos de vocês – Nós matamos todos negros agora! vocês não enxergam o nosso crucifixo queimando? Nós matamos todos turcos agora!”.

A Hate Society demonstra um desejo de violência para com todos não-brancos na Alemanha na letra da canção One Day que inclui, “Escória imigrante, matá-los é tão divertido!” A canção What's Left da Force Fed Hate, reitera o ponto que os inimigos dos skinheads são inúmeros, cantando, “o baralho está empilhado” (sic) mas com a resposta que “Quando palavras perdem a sua força você fala com o seu punho”. Além disso, contém letras de encorajamento para outros skinheads para “Se preparar para a guerra,” acrescentando: “Não pensem que não matarei para sobreviver,” e “O animal ataca quando encurralado”.

As letras mais brutais são reservadas para os brancos traidores. Os Skinheads Contra o Preconceito Racial, conhecidos como SHARPs (da sigla em inglês Skinheads Against Racial Prejudice), são discriminados pela banda Angry Aryans na canção Self Hate Suicide na qual eles cantam “Negros pensam que vocês são nazistas e batem em vocês”, acrescentando: “As regras para ser um sharpskin (skinheads membro da SHARP) é esta. Denuncie a sua herança, como o saco do judeu que você puxa. Destrua sua própria raça e honre a lama. A canção Fence Sitter, da banda Nordic Thunder, também chama os SHARPs dizendo que outros “Te chamam de racista, você corre e se esconde. Respeita negros e vangloria judeus”.

As mulheres brancas que têm um relacionamento inter-racial também são alvo do peso da ira por serem “traidoras brancas”. A canção Extinction, da banda Teardown, fala de brancos que se misturam dizendo que eles estão “reproduzindo a nossa extinção” e como resposta incita o seu público: “Persigam os, matem a todos”. Uma das canções mais violentas pela sua letra incitando a violência contra os traidores de raça branca é Nigger Loving Whore, da Angry Aryans, com a letra “Soco inglês detona, destrói a cara dela”, e continua: “Sua afeição por um negro me deixa louco. Vou pegar um taco de baseball, enterrar na sua cabeça fodida”.

Resultados para a PP3 mostram que judeus e o “Governo Ocupacional Sionista” são a causa subjacente da violência dos negros, drogas, homossexualidade e opressão branca. Na canção Faggots (Give Rainbows a Bad Name), a Angry Aryans canta: “Homossexualidade é patrocinada pelos judeus”. A canção Committed Revolutionary, da Angry Aryans, fala sobre a Ocupação Sionista, acrescentando: “A escória judaica sionista ira se assegurar que você nunca seja libertado”. Na canção Still Just a Nigger, da Angry Aryans, negros são descritos como sendo “Os lacaios dos Judeus”.

Judeus são vistos como patrocinadores de uma conspiração contra os brancos, e uma mídia e governo controlados por judeus (ZOG) como o inimigo do movimento skinhead. Na canção F.b.i. a Blue Eyed Devils canta que o F.B.I. é a “polícia secreta de um estado Sionista” e quer “destruir a nossa causa”. Na canção Tear It Down a Blue Eyed Devils canta “É uma Guerra contra o governo, a legislação causou muitos danos. Destrua a constituição, jogue fora a declaração de direitos”. A banda Force Fed também conspira contra a mídia e “os mesmos valores pelos quais eu estou em Guerra” da sociedade, dizendo que “A mídia é uma ferramenta, para a lavagem cerebral de otários – acontece nas ruas, nas suas igrejas e escolas”. Na canção Classless, a Blue Eyed Devils também prega a violência contra o sistema de justiça criminal, cantando na canção Imprisoned, “Eu vou cortar o pescoço sujo de todos os juízes encontrados. Eu vou pegar suas cortes sujas e explodi-las”.

Os resultados da PP4 mostram que as letras skinheads hatecore tentam persuadir os brancos que juntam-se ao Movimento Skinhead é do interesse deles. Frequentemente, letras agem como uma fonte de promoção da força pessoal, defendendo que os skinheads lutam pela sua liberdade. A canção White Victory da Blue Eyed Devils, diz na letra “O poder para salvar nossa raça está inteiramente em nossas mãos”. Em Rise, a Blue Eyed Devil canta “Resista à pressão, das cinzas renasceremos, para matar, as suas mentiras”. A canção White Minority, da Angry Aryans, explica para os brancos que eles precisam apoiar a sua raça e ter “Orgulho Branco”. A Nordic Thunder canta na canção Fence Sitter“Quando você irá levantar-se e se tornar homem? Temos que continuar lutando para salvar a nossa terra. você tem que parar de se esconder atrás da sua culpa. E pegue de volta o país que você construiu”.

Um tema adicional e proeminente em muitas das canções é o encorajamento para os brancos para agirem como vigilantes solitários contra os inimigos dos brancos. A canção Retribution, da Blue Eyed Devils, contém na letra “Eu lutarei para sempre, mesmo sozinho!” A canção Fucked, também da Blue Eyed Devils, tem na letra “ Ocultado e camuflado entre aqueles a quem me oponho. Consagrando minha arma com o sangue do inimigo”. Em Rise, a Blue Eyed Devils canta “Um exército de um homem só, grudo na minha arma”. Na canção From Within, a Teardown canta “Acerte seu coração, um tiro mortal. Um lobo na pele de um cordeiro, irá destruir suas mentiras”.

A resposta para a PP5 é claramente expressada em Extinction Is Forever da Angry Aryans com a letra “Extinção é para sempre, isto é garantia da natureza. Nós unificaremos nossas massas ou nos tornaremos memória”. Muitas das canções examinadas expressam o que poderiam ser consideradas crenças niilistas de que os EUA e os brancos seriam condenados. Estas visões do fim da raça branca podem ser encontradas em numerosas canções frequentemente culpando a provável extinção branca como o alvo das minorias, judeus e o governo. A canção Violence, da Blue Eyed Devils, insinua que o governo e o “sistema” são opressores, que “A planejada extinção branca é o crime deles”. A canção conclui que a única maneira de prevenir o governo de destruir os brancos e a cultura branca é “Atacar o opressor, apagar qualquer dúvida. Desabafe suas frustrações, é hora de atacar”. A ideia de uma sociedade em declínio, e de brancos na América, é adicionalmente articulada na canção Strikeback, da Force Fed Hate, na qual eles cantam “O que gerações de nossas famílias levaram para construir – Daqui a 20 anos estará morto”.

Enquanto muitas das canções contêm visões niilistas da extinção da raça branca se os brancos não se juntarem ao Movimento Skinhead, outras letras promovem a visão de terras puramente branca. Em Onward We March, a Force Fed Hate canta “Eu sei que seremos preservados – Para a minha raça um novo nascer está próximo. Livre da sujeira – Livre das doenças, Livre da tensão social – De mar para mar brilhante”. Na canção Swastica Flies Again, da Hate Society, a banda canta “A hora chegou e será o nosso sonho de liberdade – Um novo mundo onde a suástica voa novamente!” PP6 será debatida na próxima seção.

Discussão

O conceito de poder fornece uma heurística útil para interpretar como a música hatecore revela a complexidade destas letras. Elas articulam que os skinheads são uma população poderosa, mas ainda assim em uma posição de opressão. A música em geral é uma lente potente para se ter uma visão de movimentos sociais, porque como EYERMAN argumenta, “O cantor e a canção substituíram o agitador e o discursante demagógico que caracterizava movimentos anteriores” (2002, p.452).

Em muitos aspectos, todos movimentos sociais são baseados em medo e poder, o medo de perder poder ou o medo associado em ser impotente para sempre. O Movimento Skinhead se alimenta das duas formas de medo. A música hatecore incessantemente expressa as crenças que os brancos estão perdendo o poder na sociedade; que como qualquer recurso, existe uma quantidade limitada de poder disponível; se uma pessoa ou grupo ganha outro grupo tem que perder (MARABLE, 1993 e MELKOTE; STEVES, 2001MARABLE, M. Beyond racial identity politics: Towards a liberation theory for multicultural democracy. Race & Class, v. 35, n. 1, p.113-130, 1993. ), e as letras hatecore articulam a noção de que o que é bom para as minorias não pode ser bom para os brancos (DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. ). Corte e Edwards (2008)CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. argumentam que enquanto as musicas white power e hatecore focam em ostentar o ódio dos imigrantes, judeus, e minorias geralmente mais cedo; a música foi ostensiva desde os anos 90 “para o amor próprio e defesa coletiva (sic) da raça branca” (2008, p.6). Eles ainda sugerem que letras explicitamente racistas no começo da música white power e hatecore “provaram uma estratégia contraproducente para recrutar grande número e tipos de jovens, assim como politicamente influenciaram a opinião pública” (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. , p.10).

A música hatecore demonstra esforços para promover a consciência de grupo por meio das letras de canções que centram na experiência coletiva de brancos oprimidos (DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. ). Relações de poder retratam a supremacia branca como ambos oprimidos assim como um grupo de opressão. Isto é mais evidente nas letras que apoiam a dimensão de “repressão” (MELKOTE; STEEVES, 2001MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment. 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001. ). As letras de música hatecore descrevem como os brancos estão sendo controlados diretamente por uma suposta conspiração judaica e do Governo Ocupacional Sionista (ZOG) e, indiretamente, por meio da perda de empregos e oportunidades para as minorias assim como a falta de segurança e estabilidade na sociedade. Sua resposta para esta ameaça é de exercer controle sobre todos que não forem skinheadspor meio da violência, segregação, e de fazer a América voltar ao seu estado de dominância branca. O poder, neste caso, é a força trabalhando para e contra os skinheads.

Os skinheads querem sua própria terra (ARENA; ARRIGO, 2005, p.492ARENA, M. P.; ARRIGO, B. A. Social psychology, terrorism, and identity: A preliminary re-examination of theory, culture, self, and society. Behavioral Sciences and the Law, v. 23, p.485-506, 2005. ). O desejo de uma nação toda branca é refletido no “poder da abordagem”, no qual os skinheads buscam o separatismo das minorias. Este poder excludente dá aos skinheads a habilidade de auto determinação em uma nação desprovida de qualquer minoria (BLAZAK, 2001BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001. ; BLEE, 1998BLEE, K. M. Ethnographies of the far right. Journal of Contemporary Ethnography, v. 36, n. 2, p.119-128, 2007. ; WHITSELl, 2001WHITSEL, B. Ideological mutation and millennial belief in the American Neo-Nazi Movement. Studies in Conflict and Terrorism, v. 24, p.89-106, 2001. ). Para alcançar este “poder com” como uma estrutura organizacional, eles têm que convencer mais brancos a juntar-se ao movimento, assim como convencer membros espalhados pelo globo a ver-se como um movimento coletivo, ou se nada mais funcionar, entrar em guerra como lobos solitários agindo dentro do movimento para alcançar seus objetivos. A música skinhead, com as suas letras de “Orgulho Branco”, faz uma ponte entre divisões geográficas e serve como estratégia de Comunicação para alcançar este fim. Assim como o Movimento dos Direitos Civis tinha um tema religioso “We Shall Overcome”, o Movimento Skinhead tem o grito de batalha “Let's Start a Racial War” para motivar os membros a agir. Existem alguns apelos mais fortes do que o encontrado na mensagem da canção “We Shall Overcome,” com suas crenças primordiais de “predestinação e a inevitabilidade que as pessoas escolhidas por Deus irão triunfar” na “restauração e estabelecimento de um mundo justo e adequado” (DUFFY, 2003DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003. , p.309).

Apesar da agenda não progressiva do Movimento Skinhead, ele compartilha fatores semelhantes a movimentos convencionais progressivos sociais. Se é uma interpretação ou real, geralmente falando, movimentos sociais geralmente defendem aliviar o sofrimento e capacitar os grupos desprivilegiados na sociedade. Entretanto, “Ao contrário dos movimentos sociais liberais que são frequentemente louvados como uma iniciativa progressiva em resposta a uma variedade de injustiças sociais, movimentos sociais conservadores são normalmente considerados exercícios motivados irracionalmente pela intolerância” (ADAMS;ROSCIGNO, 2005ADAMS, J.; ROSCIGNO, V. J. White supremacists, oppositional culture and the World Wide Web. Social Forces, v. 84, n. 2, p.759-778, 2005. , p.761). A música hatecore fornece estratégias de Comunicação, em forma de temas líricos, que servem como um catalisador que ajuda a estimular indivíduos brancos em volta de alvos e desafios comuns assim formando um movimento social (MALLOT; CARROL-MIRANDA, 2003MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003. , além de SCHFER, 2002SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002. e VAN ZOMEREN, POSTMES; SPEAR, 2008VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008. ). Cortes e Edwards (2008, p.10)CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. seguem dizendo que a musica white power e hatecore reformulou o Movimento Skinhead, que “defende uma raça pronta para guerra, que se ama e tem orgulho, ativamente em busca dos legítimos alvos de auto defesa (sic) e auto preservação” e são vitimas de um “Padrão duplo imposto por um multiculturalismo correto”. A música, então, se torna uma estratégia para combater

o que é percebido como opressão e para capacitar skinheads.

Conclusão & pesquisa futura

As letras encontradas na música hatecore controlam o ressentimento de alguns brancos a respeito de uma sociedade mutante, multiétnica, mais aberta que é religiosamente, sexualmente e racialmente tolerante. As letras das músicas oferecem minorias, o governo, liberais, os judeus e os traidores brancos como uma válvula de escape para a sua violência.

O Movimento White Power é atualmente dividido e espalhado em organizações diferentes através do país. Até mesmo os skinheads racistas são separados em 36 organizações diferentes em vários pontos dos EUA (SOUTHERN POVERTY LAW CENTER, 2010Rage on the right: The year in hate and extremism. The Southern Poverty Law Center, n. 137, 2010. p.40-63, Intelligence Report.). A música white power perece ser o elo dos skinheads e outros envolvidos no Movimento White Power. A música permite que membros de grupos diferentes se unam, deixem suas diferenças organizacionais de lado e cantem recitem as mensagens encontradas nas letras das músicas.

Pesquisas futuras deverão examinar as letras das músicas de outros gêneros white power para avaliar a consistência com estes resultados. Os efeitos da exposição à música hatecore também deverão ser estudados usando outras metodologias de projetos experimentais. A presença de mensagens hatecore em outras mídias tal como blogs e websites também deverá ser explorada. A unidade de observação em estudos futuros também pode ser expandida com a inclusão de outras estratégias de Comunicação e discurso skinheads como shows de música, discursos, eventos públicos, publicações impressas, mídia social e materiais de Publicidade.

Nos Estados Unidos, a música white power e hatecorecontinuam sendo legais sob a Primeira Emenda e os produtores de shows e da música hatecore “Enfatizam a rebeldia e a significância da preservação da raça branca” (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. , p.12). A cada dia existem mais evidencias que os skinheads estão implementando promessas de violência em suas canções e estão se tornando os soldados da força bruta do Movimento White Power. A música white power e hatecore ajudou o Movimento Skinhead a adotar aspectos de identidade política forjados durante a Era dos Direitos Civis “para enquadrar-se como um grupo aguerrido, perseguido em risco de extinção” (CORTE; EDWARDS, 2008CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008. , p.17). Simplesmente escutando hatecore e internalizando as letras e mensagens dentro da música, os skinheads têm a habilidade de se auto capacitar e também ao Movimento Skinhead, se intitulando guerreiros sagrados que lutam contra a extinção de sua raça, repetindo a mensagem da banda Angry Aryans “Extinção é Para Sempre”.

  • *
    Tradução de Cristiano Chiarello e Claudia Assis.

Referências

  • ADAMS, J.; ROSCIGNO, V. J. White supremacists, oppositional culture and the World Wide Web. Social Forces, v. 84, n. 2, p.759-778, 2005.
  • ARENA, M. P.; ARRIGO, B. A. Social psychology, terrorism, and identity: A preliminary re-examination of theory, culture, self, and society. Behavioral Sciences and the Law, v. 23, p.485-506, 2005.
  • BECKER, P. J.; JIPSON, A. J.; KATZ, R. A timelines of the racialist movement in the United States: A teaching tool. Journal of Criminal Justice Education, v.2, n. 12, p.427-453, 2001.
  • BLAZAK, R. White boys to terrorist men: Target recruitment of Nazi Skinheads. The American Behavioral Scientist, v. 6, n. 44, p.982-1000, 2001.
  • BLEE, K. M. White-knuckle research: Emotional dynamics in fieldwork with racist activists. Qualitative Sociology, v. 4, n. 21, p.381-399, 1998.
  • BLEE, K. M. Ethnographies of the far right. Journal of Contemporary Ethnography, v. 36, n 2, p.119-128, 2007.
  • BOSTDORFF, D. M. The Internet rhetoric of the Ku Klux Klan: A case study in Web site community building run amok. Communication Studies, v. 55, n. 2, p.340-361, 2004.
  • CORTE, U.; EDWARDS, B. White Power music and the mobilization of racist social movements. Music & Arts in Action, v. 1, n. 1, p.4-20, 2008.
  • DUFFY, M. E. Web of hate: A fantasy theme analysis of the rhetorical vision of Hate Groups online. Journal of Communication Inquiry, v. 27, n.3, p.291-312, 2003.
  • EYERMAN, R. Music in movement: Cultural politics and old and new social movements. Qualitative Sociology, v. 25, n. 3, p.443-458, 2002.
  • HAENFLER, R. Rethinking subcultural resistance: Core values of the Straight Edge Movement. Journal of Contemporary Ethnography, v. 33, n. 4, p.406-436, 2004.
  • LEVIN, B. Cyberhate: A legal and historical analysis of Extremists' use of computer networks in America. American Behavioral Scientist, v. 45. n. 6, p.958-988, 2002.
  • LINCOLN, Y. S. Emerging criteria for quality in qualitative and interpretive research. Qualitative Inquiry, v. 1, n. 3, p.275-290, 1995.
  • LINCOLN, Y. S.; GUBA, E. G. Naturalistic inquiry Beverly Hills, California: Sage Publications, 1985.
  • MALOTT, C.; CARROLL-MIRANDA, J. Punkore scenes as Revolutionary Street pedagogy. Journal for Critical Education Policy Studies, v. 1, n. 2, 2003.
  • MARABLE, M. Beyond racial identity politics: Towards a liberation theory for multicultural democracy. Race & Class, v. 35, n. 1, p.113-130, 1993.
  • MARTINEZ, B. A.; SELEPAK, A. Power and violence in Angry Aryan song lyrics: A racist skinhead communication strategy to recruit and shape a collective identity in the white power movement. Comunicação & Sociedade, v. 35, n. 1, p.153-180, 2013.
  • MELKOTE, S. R.; STEEVES, H. L. Communication for development in the third world: Theories and practice for empowerment 2 ed.. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2001.
  • SCHAFER, J. A. Spinning the web of hate: Web-based hate propaganda by extremist organizations. Journal of Criminal Justice and Popular Culture, v. 2, n. 9, 2002.
  • VAN ZOMEREN, M.; POSTMES, T.; SPEARS, R. Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of the three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, v. 134, n. 4, p.504-535, 2008.
  • WHITSEL, B. Ideological mutation and millennial belief in the American Neo-Nazi Movement. Studies in Conflict and Terrorism, v. 24, p.89-106, 2001.
  • ZHOU, Y.; REID, E.; QIN, J.; CHEN, H.; LAI, G. US domestic extremist groups on the web: Link and content analysis. IEEE Intelligent Systems, September-October, 2005. p.44-51.
  • CATALOGUE HATECORE. Resistance Records Web Site, (20-?). Disponível em: <http://resistance.com/catalog/index.php?cPath=32_59&osCsid=f5745b9824d523e7da5babdb8e373325>. Acesso em: set., 2009.
    » http://resistance.com/catalog/index.php?cPath=32_59&osCsid=f5745b9824d523e7da5babdb8e373325
  • MAIN. Serbian Blood and Honour, [20-?]. Disponível em: <http://bhserbia. org/main.htm>. Acesso em: Abr., 2009.
    » Disponível em: <http://bhserbia. org/main.htm>
  • The year in hate and extremism. The Southern Poverty Law Center, 153, Intelligence Report. Disponível em: <http://www.splcenter.org/get-informed/ intelligence-report/browse-all-issues/2014/spring/The-year-in-Hate-and-Extremism>. Acesso em: fev. 2013.
    » http://www.splcenter.org/get-informed/intelligence-report/browse-all-issues/2014/spring/The-year-in-Hate-and-Extremism
  • Reportagens The year in hate. The Southern Poverty Law Center, n. 129, p.51-69, 2008. Intelligence Report.
  • The year in hate. The Southern Poverty Law Center, n. 133, p.49-69, 2009. Intelligence Report.
  • Rage on the right: The year in hate and extremism. The Southern Poverty Law Center, n. 137, 2010. p.40-63, Intelligence Report.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2014
  • Aceito
    19 Ago 2014
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) Rua Joaquim Antunes, 705, 05415-012 São Paulo-SP Brasil, Tel. 55 11 2574-8477 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: intercom@usp.br