Acessibilidade / Reportar erro

ACHADOS HEMATOLÓGICOS EM SANGUE E MEDULA ÓSSEA DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR Ehrlichia spp. E Anaplasma spp.

HEMATOLOGICAL OBSERVATIONS IN THE BLOOD AND BONE MARROW OF DOGS NATURALLY INFECTED BY Ehrlichia spp. AND Anaplasma spp.

Resumo

Objetivou-se analisar os achados hematológicos em sangue periférico e medula óssea em cães infectados por Ehrlichia spp. e Anaplasma spp.. Avaliaram-se 44 cães com suspeita clínica de hemoparasitose, de diferentes raças, idades e de ambos os sexos, submetidos ao exame sorológico pelo SNAP Test, a análises hematológicas e mielograma. Dos 44 cães avaliados, 63,6% (28/44) foram sorologicamente reagentes, sendo 57,1% (16/28) positivos para Ehrlichia spp., 21,4% (6/28) para Anaplasma spp. e 21,4% (6/28) de coinfectados. A trombocitopenia foi a alteração hematológica mais frequente em cães positivos para Ehrlichia spp., presente em 93,7% (15/16) (p=0,015) dos animais, enquanto a anemia macrocítica e hipocrômica prevaleceu em 66,7% (4/6) (p=0,010) dos animais infectados por Anaplasma spp.. Ao mielograma, 62,5% (10/16) (p=0,005) dos animais positivos para Ehrlichia spp. apresentaram hipoplasia medular e 75,0% (12/16) (p=0,044) diminuição do índice mieloide:eritroide (M:E). Nos animais positivos para Anaplasma spp., destacou-se a hiperplasia da série eritroide em 50,0% (3/6) (p=0,022) dos cães. Não houve associação significativa em nenhuma das análises com o grupo coinfecção (p>0,05). Os resultados obtidos neste estudo permitem inferir que o somatório de métodos laboratoriais é essencial na caracterização das hemoparasitoses em cães, agregando valor e permitindo uma efetiva consolidação do diagnóstico relacionado a essas doenças.

Palavras-chave:
análises clínicas; hemoparasitoses; imunodiagnóstico; mielograma

Abstract

This study aimed to analyze the hematological and cytomorphological findings in the peripheral blood and bone marrow of dogs infected with Ehrlichia spp. and Anaplasma spp. Forty-four dogs with clinically suspected hemoparasitosis, belonging to different breeds, ages, and both sexes, underwent serological examination by SNAP Assay, hematological analysis, and myelogram. Among them, 63.6% (28/44) tested serologically positive; among the serologically positive dogs, 57.1% (16/28) tested positive for Ehrlichia spp., 21.4% (6/28) for Anaplasma spp., and 21.4% (6/28) were coinfected. Thrombocytopenia was the most frequent hematologic alteration in dogs positive for Ehrlichia spp., present in 93.7% (15/16) (p=0.015) of the infected animals, while macrocytic and hypochromic anemia were observed in 66.7% (4/6) (p=0.010) of the animals infected with Anaplasma spp. In the myelogram, 62.5% (10/16, p=0.005) and 75.0% (12/16, p=0,044) of the animals positive for Ehrlichia spp. presented with bone marrow hypoplasia and decrease in the myeloid: erythroid (M:E) ratio, respectively. Hyperplasia of the erythroid series was observed in 50.0% (3/6) (p=0.022) of the animals positive for Anaplasma spp. No significant association was observed between the hematological alterations and the coinfection group (p >0.05). On the basis of these hematological observations, it can be inferred that the aforementioned laboratory examinations could be employed for the characterization and confirmative diagnosis of hemoparasitosis in dogs.

Key words:
hematological analysis; hemoparasitosis; immunodiagnostic; myelogram

Introdução

As hemoparasitoses consistem em um complexo de enfermidades ocasionadas por agentes que se disseminam na corrente sanguínea, sendo capazes de lesionar ou alterar a função das células sanguíneas, constituindo um crescente problema na rotina da clínica médica de pequenos animais, pois expressam sinais clínicos inespecíficos que limitam o diagnóstico preciso, minimizando assim as possibilidades de recuperação do paciente(11 Urquhart GM, Armour J, Duncan JL. Parasitologia Veterinária. 2nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 273p. Portuguese.,22 Labarthe N, Pereira MC, Barbarini O, Mckee W, Coimbra CA, Hoskins J. Serologic prevalence of Dirofilaria immitis, Ehrlichia canis and Borrelia burgdoferi infections in Brazil. Veterinary Therapeutics. 2003; 4(1):67- 75.).

Em cães, destacam-se a Erliquiose Monocítica e a Trombocitopenia Cíclica, causadas respectivamente pelos agentes intracelulares obrigatórios Ehrlichia canis e Anaplasma platys, que representam duas das mais frequentes hemoparasitoses em cães, com aproximadamente 5,47% de coinfecção, considerando os dois agentes(33 Silva JN, Almeida ABPF, Boa Sorte, EC, Freitas AG, Santos LGF, Aguiar DM, Sousa VRF. Soroprevalência de anticorpos anti-Ehrlichia canis em cães de Cuiabá, Mato Grosso. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2010; 19(2):108-111. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01902008. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01902008...
).

Os achados clínicos e hematológicos são inespecíficos em ambas as infecções e relacionam-se a fases da doença, consistindo em: letargia, anorexia, mucosas pálidas, linfadenomegalia, anemia, leucopenia e trombocitopenia(44 Harrus S, Alleman AR, Bark H, Mahan SM, Waner T. Comparison of three enzyme-linked immunosorbant assays with the indirect immunofluorescent antibody test for the diagnosis of canine infection with Ehrlichia canis. Veterinary Microbiology. 2002; 86:361-368. https://doi.org/10.1016/S0378-1135(02)00022-6.
https://doi.org/10.1016/S0378-1135(02)00...
,55 Shipov A, Klement E, Reuveni-Tager L, Waner T, Harrus S. Prognostic indicators for canine monocytic ehrlichiosis. Veterinary Parasitology. 2008; 153(1-2):131-138. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2008.01.009
https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2008.01...
), sendo estas últimas informações essenciais ao profissional para solicitação de exames mais específicos, como a avaliação de medula óssea.

A medula óssea é um tecido semissólido, localizada em espaço restrito nos ossos longos e chatos, cuja principal função consiste na hematopoiese(66 Grindem CB, Neel JA, Juopperi TA. Cytology of bone marrow. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2002; 32:1313-1374.,77 Müller DCM, Pippi NL, Basso PC, Olsson DC, Santos Junior EB, Guerra ACO. Técnicas e sítios de coleta de medula óssea em cães e gatos. Ciência Rural. 2009; 39(7):2243-2251. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009005000153. Portuguese.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009...
). Por ser um tecido multifuncional, as amostras obtidas de aspirados de medula óssea possibilitam a realização de exames diversos, tais como mielograma, citometria de fluxo, imunohistoquímica e, ainda, a citogenética convencional(88 Bain BJ. Bone marrow aspiration. Journal of Clinical Pathology. 2001; 54(9):657-663.). O mielograma, por sua vez, consiste em valiosa ferramenta de caráter investigativo, tendo em vista fomentar o diagnóstico de boa parte das doenças hematológicas, desde desordens primárias a neoplásicas(66 Grindem CB, Neel JA, Juopperi TA. Cytology of bone marrow. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2002; 32:1313-1374.).

A aquisição infecções por hemoparasitos, favorece a clínica médica e permite a condução de prognósticos e tratamentos mais adequados, assegurando uma melhor qualidade de vida, maior sobrevida e redução potencial de sofrimentos desnecessários aos animais acometidosde conhecimentos sobre as alterações em medula óssea, associando-as a achados hematológicos e sorológicos nas.

Deste modo, objetivou-se com este estudo analisar os achados hematológicos em sangue periférico e citomorfológicos de medula óssea em cães infectados por Ehrlichia spp. e Anaplasma spp..

Material e métodos

A pesquisa em questão foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Licença nº 037/2016) e foi executada respeitando-se as medidas de proteção e minimização de desconfortos e riscos previsíveis aos animais, assim como os dados gerados e os materiais obtidos dos animais foram preservados e apenas os tutores que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido participaram da pesquisa.

Foram avaliados 44 cães, machos e fêmeas, de raças e idades variadas, com suspeita clínica de hemoparasitose, procedentes do município de Recife e Região Metropolitana do estado de Pernambuco, atendidos em clínica veterinária particular. Todos os animais suspeitos foram inicialmente submetidos ao exame clínico e à coleta de sangue para a realização de análise sorológica e análise hematológica e a obtenção de amostra de medula óssea para a realização do mielograma.

Após a análise sorológica, os animais foram divididos em grupos: Grupo E (sorologia positiva para Ehrlichia spp.); Grupo A (sorologia positiva para Anaplasma spp.); Grupo C (animais coinfectados − sorologia positiva para Ehrlichia spp. + Anaplasma spp) e Grupo Controle (CT) (animais não reagentes a nenhuma das doenças detectáveis pelo kit utilizado).

Amostras sanguíneas dos animais foram obtidas a partir da venopunção da jugular, sendo 2mL de sangue total acondicionados em tubos de coleta a vácuo contendo EDTA/K3 (Vacuette®, Greiner BioOne, SP, Brasil) para a realização das análises sorológicas e hematológicas.

A análise sorológica foi realizada empregando-se o kit SNAP 4Dx Plus® (IDEXX Laboratories, Inc., Westbrook, ME, USA), conforme recomendações do fabricante. O SNAP 4Dx Plus® consiste em teste de triagem baseado no princípio da imunoabsorção enzimática (ELISA) e analisa simultaneamente a presença de anticorpos anti Dirofilaria immitis, B. burgdorferi, A. phagocytophilum, Anaplasma platys, Ehrlichia canis e Ehrlichia ewingii. Entretanto, tendo em vista o objetivo proposto neste estudo, apenas os animais reagentes para Ehrlichia spp. e Anaplasma spp., ou coinfectados, foram analisados.

Considerou-se como resultado positivo qualquer surgimento de cor nos poços indicando a presença de anticorpos anti- A. phagocytophilum e/ou A. platys e/ou do anticorpo anti- E. canis e/ou E. ewingii na amostra. Resultados negativos foram observados com surgimento de cor apenas no ponto de controle positivo.

Após a realização da análise sorológica, as amostras foram refrigeradas e processadas em até 24 horas após a coleta, a fim de assegurar a qualidade do exame. Os parâmetros considerados na pesquisa foram obtidos pelo analisador hematológico automático Sysmex pocH-100iV Diff™ (Sysmex Corporation, Kobe, Japão), sendo eles: HEM (hemácias), HGB (hemoglobina), VCM (volume corpuscular médio), CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média), HCT (hematócrito), CTL (contagem total de leucócitos) e PLT (plaquetas), sendo este último parâmetro conferido por meio de esfregaços sanguíneos corados pela técnica de panótico rápido, bem como a pesquisa do hemoparasito. A leitura das lâminas foi realizada por um único observador em microscopia óptica convencional.

As amostras procedentes de medula óssea foram obtidas pela técnica de punção aspirativa, utilizando-se agulha hipodérmica descartável 40 x 16. A colheita das amostras foi realizada a partir da punção esternal, segundo Grindem et al.(99 Grindem CB, Tyler RD, Cowell RD. A Medula Óssea. In: Cowell RL, Tyler RD, Meinkoth JH, DeNicola D B. Diagnóstico Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3ª Ed. São Paulo: MedVet; 2009. p. 423-451. Portuguese. Portuguese.), e processadas de acordo com Raskin e Messick(1010 Raskin, RE, Messick JB . Bone marrow cytologic and histologic biopsies: indications, technique, and evaluation. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2012; 42(1):23-42. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.10.001
https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.10.0...
), sendo utilizado o panótico rápido para coloração.

A avaliação citomorfológica da medula óssea foi realizada a partir do esfregaço de espículas medulares, obtidos pela técnica de compressão, em microscopia óptica convencional por um único observador, sendo os parâmetros avaliados de acordo com o preconizado por Grindem et al.(99 Grindem CB, Tyler RD, Cowell RD. A Medula Óssea. In: Cowell RL, Tyler RD, Meinkoth JH, DeNicola D B. Diagnóstico Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3ª Ed. São Paulo: MedVet; 2009. p. 423-451. Portuguese. Portuguese.).

Inicialmente as amostras de medula óssea foram avaliadas quanto ao aspecto qualitativo em menor aumento (10x, 20x e 40x), a celularidade foi estimada considerando-se a proporção de células versus gordura presentes nas espículas e a idade do animal. Para cães jovens (até 3 anos), a medula óssea foi considerada normal quando a amostra apresentou 75% de celularidade; para cães adultos (3,1 a 8 anos), 50% de celularidade, e, para cães idosos (acima de 8 anos), 25% de celularidade. A medula foi considerada aplásica quando composta por menos de 10% de células(99 Grindem CB, Tyler RD, Cowell RD. A Medula Óssea. In: Cowell RL, Tyler RD, Meinkoth JH, DeNicola D B. Diagnóstico Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3ª Ed. São Paulo: MedVet; 2009. p. 423-451. Portuguese. Portuguese.).

Megacariócitos foram avaliados quanto a frequência, maturidade e morfologia. A frequência foi estimada avaliando-se cinco campos em objetiva de 10x. A série megacariocítica foi considerada normal quando 5 a 9 megacariócitos foram encontrados por campo, aumentada quando 10 ou mais megacariócitos foram observados por campo e diminuída quando menos de cinco megacariócitos foram observados por campo(99 Grindem CB, Tyler RD, Cowell RD. A Medula Óssea. In: Cowell RL, Tyler RD, Meinkoth JH, DeNicola D B. Diagnóstico Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3ª Ed. São Paulo: MedVet; 2009. p. 423-451. Portuguese. Portuguese.).

Em maior aumento, utilizando objetiva 100x (imersão), estimou-se o índice mieloide-eritroide (M:E). A relação M:E foi considerada normal quando se enquadrou entre 0,5 - 2,5(66 Grindem CB, Neel JA, Juopperi TA. Cytology of bone marrow. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2002; 32:1313-1374.).

Os dados foram expressos em suas frequências relativas e absolutas e medidas de tendência central (média, desvio-padrão e mediana). Inicialmente, realizou-se uma análise de associação por meio do teste de Qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, quando o primeiro não exequível, utilizando-se os resultados obtidos na sorologia para erliquiose/anaplasmose (reagente ou não reagente)(1111 Thrusfield MV. Epidemiologia Veterinária. 2nd ed. São Paulo: Roca, 2004. 556p. Portuguese). Para a comparação dos dados do eritrograma, leucograma e mielograma, os valores obtidos tiveram sua distribuição avaliada (normalidade) pelo teste de Shapiro-Wilk. As variáveis que apresentaram distribuição normal e que apresentaram seus valores expressos em porcentagem (HT%) foram submetidas à transformação numérica, utilizando-se a metodologia do Arcoseno. Para a comparação dos valores obtidos no eritrograma em cada grupo, os resultados obtidos em cada parâmetro foram submetidos à análise de variância (teste F) e ao teste de Tukey para avaliação de diferenças entre grupos. Em relação ao leucograma e ao mielograma, os resultados obtidos foram submetidos aos testes não paramétricos de Kruskal-Wallis e U de Mann-Withney(1212 Sampaio IBM. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia; 1998. 221p. Portuguese.). O programa IBM SPSS Statistics 23.0 foi utilizado para a execução dos cálculos estatísticos e o nível de significância adotado foi de 5,0%.

Resultados

Dos 44 cães com suspeita de hemoparasitose, 28 (63,6%) foram reagentes ao diagnóstico sorológico. Destes, 57,1% (16/28) apresentaram anticorpos anti-Ehrlichia spp., 21,4% (6/28) anticorpos anti-Anaplasma spp. e, em 21,4% (6/28) dos animais, foram detectados anticorpos para ambos os agentes.

A trombocitopenia foi a alteração hematológica mais frequente em cães positivos para Ehrlichia spp., presente em 93,7% (15/16) (p=0,015) dos animais, enquanto a anemia macrocítica e hipocrômica prevaleceu em 66,7% (4/6) (p=0,010) dos animais infectados por Anaplasma spp.. Não foi evidenciada a presença de mórulas na pesquisa de hemoparasitos realizada em lâminas.

Quanto ao mielograma, nos animais reagentes à Ehrlichia spp., detectou-se, em relação à celularidade, a presença de hipoplasia de medula óssea em 62,5% (10/16) (p=0,005) e diminuição do índice M:E em 75,0% (12/16) (p=0,044) dos cães. Nos animais reagentes à Anaplasma spp., evidenciou-se que a hiperplasia da série eritroide foi o achado mais frequente, sendo observado em 50,0% (3/6) (p=0,022) dos cães.

Em relação ao grupo de coinfectados (Ehrlichia spp. + Anaplasma spp.), nenhum dos parâmetros hematológicos avaliados em sangue e medula óssea apresentou associação significativa com a infecção para ambos os agentes (p>0,05).

A comparação entre grupos e parâmetros obtidos no eritrograma, contagem plaquetária, leucograma e mielograma encontra-se disposta nas Tabelas 1, 2 e 3 respectivamente.

Tabela 1
Comparação entre os resultados obtidos no eritrograma e no plaquetograma por grupos de animais avaliados
Tabela 2
Comparação dos resultados obtidos no leucograma por grupos de animais avaliados
Tabela 3
Comparação dos resultados obtidos mielograma por grupos de animais avaliados

No eritrograma, o grupo A apresentou as menores concentrações de CHCM (g/dL) em relação aos demais grupos. Por sua vez, no plaquetograma, as menores concentrações de plaquetas totais foram observadas no grupo E (Tabela 1).

Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os grupos em relação aos parâmetros avaliados no leucograma (Tabela 2).

Ao se comparar os resultados do mielograma por grupos, observou-se uma menor concentração da série mieloide, com consequente diminuição do índice M:E nos animais do grupo E. A série linfoide mostrou-se elevada nos grupos E e C quando comparados aos demais grupos (Tabela 3).

Discussão

Em relação à resposta sorológica dos cães diante dos agentes, obteve-se neste estudo maior frequência de animais reagentes para Ehrlichia spp. (57,1%) em relação à Anaplasma spp. (21,4%), divergindo dos achados de Ribeiro et al.(1313 Ribeiro CM, Matos AC, Azzolini T, Bones ER, Wasnieski EA, Richini-Pereira VB, Lucheis SB, Vidotto O. Molecular epidemiology of Anaplasma platys, Ehrlichia canis and Babesia vogeli in stray dogs in Paraná, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2017; 37(2):129-136. http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017000200006
http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017...
), que analisaram 182 cães procedentes de Pato Branco ̶ PR e obtiveram 32,9% (60/182) de animais positivos para A. platys e todos negativos para E. canis, com base na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), assim como dos resultados obtidos por Witter et al.(1414 Witter R, Vecchi SN, Pacheco TA, Melo ALT, Borsa A, Sinkoc AL, Mendonça AJ, Aguiar DM. Prevalência da erliquiose monocítica canina e anaplasmose trombocítica em cães suspeitos de hemoparasitose em Cuiabá, Mato Grosso. Semina: Ciências Agrárias. 2013; 34(6):3811-3822. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013v34n6Supl2p3811. Portuguese
http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013...
), que, utilizando a técnica de PCR associada à Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), obtiveram 23,3% e 9,1% de animais reagentes para E. canis e A. platys, respectivamente, com base em análise realizada em 77 cães em Cuiabá − MT, além de 5,2% de coinfecção.

Ramos et al.(1515 Ramos CAN, Ramos RAN, Araújo FR, Guedes Jr, DS, Souza, IIF, Ono TM, Vieira AS, Pimentel DS, Rosas EO, Faustino MAG, Alves LC . Comparação de nested-pCR com o diagnóstico direto na detecção de Ehrichia canis e Anaplasma platys em cães. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinaria. 2009; 81:58-62. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011. Portuguese
http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011...
) obtiveram índice de coinfecção entre E. canis e A. platys pela nested-PCR em 32% dos 100 animais analisados, procedentes de rotina hospitalar e suspeitos clinicamente de hemoparasitose, diferentemente do observado neste estudo, em que 21,2% dos cães analisados apresentaram sorologia positiva para ambos os agentes.

A divergência encontrada entre este estudo e os realizados por Ribeiro et al.(1313 Ribeiro CM, Matos AC, Azzolini T, Bones ER, Wasnieski EA, Richini-Pereira VB, Lucheis SB, Vidotto O. Molecular epidemiology of Anaplasma platys, Ehrlichia canis and Babesia vogeli in stray dogs in Paraná, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2017; 37(2):129-136. http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017000200006
http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017...
), Witter et al.(1414 Witter R, Vecchi SN, Pacheco TA, Melo ALT, Borsa A, Sinkoc AL, Mendonça AJ, Aguiar DM. Prevalência da erliquiose monocítica canina e anaplasmose trombocítica em cães suspeitos de hemoparasitose em Cuiabá, Mato Grosso. Semina: Ciências Agrárias. 2013; 34(6):3811-3822. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013v34n6Supl2p3811. Portuguese
http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013...
) e Ramos et al.(1515 Ramos CAN, Ramos RAN, Araújo FR, Guedes Jr, DS, Souza, IIF, Ono TM, Vieira AS, Pimentel DS, Rosas EO, Faustino MAG, Alves LC . Comparação de nested-pCR com o diagnóstico direto na detecção de Ehrichia canis e Anaplasma platys em cães. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinaria. 2009; 81:58-62. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011. Portuguese
http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011...
) pode ser explicada principalmente pelo número e pelas características dos animais amostrados, uma vez que, neste estudo, todos eram clinicamente suspeitos, fase clínica da doença, sendo frequente a detecção de altos índices de animais soropositivos nas fases subclínicas e crônica(1616 Vieira, RFC, Biondo AW, Guimarães AMS, Santos AP, Santos RP, Dutra LH, Diniz PPVP, Morais HA, Messick JB, Labruna MB, Vidotto O. (2011). Ehrlichiosis in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2011; 20(1):1-12. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-29612011000100002
http://dx.doi.org/10.1590/S1984-29612011...
), além de diferenças nas técnicas utilizadas para diagnóstico, uma vez que os autores supracitados empregaram métodos moleculares, diferentemente do teste utilizado neste estudo, baseado em ELISA.

Além de fatores inerentes a amostragem, fase clínica da infecção e técnica empregada, há de se considerar, conforme ressaltado por Ribeiro et al.(1313 Ribeiro CM, Matos AC, Azzolini T, Bones ER, Wasnieski EA, Richini-Pereira VB, Lucheis SB, Vidotto O. Molecular epidemiology of Anaplasma platys, Ehrlichia canis and Babesia vogeli in stray dogs in Paraná, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2017; 37(2):129-136. http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017000200006
http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017...
), a diversidade genética do principal vetor transmissor, o Rhipicephalus sanguineus, que, conforme Moraes-Filho et al.(1717 Moraes-Filho J, Marcili A, Nieri-Bastos FA, Richtzenhain LJ, Labruna MB. Genetic analysis of ticks belonging to the Rhipicephalus sanguineus group in Latin America. Acta Tropica. 2011; 117(1):51-55. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2010.09.006
https://doi.org/10.1016/j.actatropica.20...
), se divide em populações distintas com alta e baixa competência vetorial, a depender da distribuição epidemiológica do vetor.

Alterações laboratoriais nas infecções por hemoparasitos são frequentes, no entanto, mostram-se extremamente inconstantes e inespecíficas(1818 Moreira SM, Machado R, Passos LF. Detecção de Ehrlichia canis em aspirados de medula óssea de cães experimentalmente infectados. Ciência Rural. 2005; 35(4):958-960. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005000400038. Portuguese
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005...
,1919 Harvey JW. Anaplasma platys infection (Thrombocytotropic Anaplasmosis). In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Saunders Elsevier; 2012. p 256-258. English.). Os animais deste estudo com infecção por E. canis apresentaram uma evidente trombocitopenia (65,2%). Albernaz et al.(2020 Albernaz AP, Miranda FJB, Melo Jr OA, Machado JA, Fajardo HV. Erliquiose canina em Campo dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Animal Brasileira. 2007; 8(4): 799-806. Portuguese) descreveram a ocorrência de trombocitopenia em 76,7% dos animais. Achados de trombocitopenia em cães infectados por E. canis estão em concordância com outros estudos no Brasil (2121 Dagnone AS, Morais HSA, Vidotto MC, Jojima FS, Vidotto O. Ehrlichiosis in anemic, thrombocytopenic, or tick-infested dogs from a hospital population in south Brazil. Veterinary Parasitology. 2003; 117(4):285-290. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.001
https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10...
,2222 Bulla C, Takahira RK, Araújo Jr JP, Trinca LA, Lopes RS, Wiedmeyer CE. The relationship between the degree of thrombocytopenia and infection with Ehrlichia canis in an endemic area. Veterinary Research. 2004; 35:141-146. https://doi.org/10.1051/vetres:2003038
https://doi.org/10.1051/vetres:2003038...
,2323 Nakaghi ACH, Machado RZ, Costa MC. Canine ehrlichiosis: clinical, hematological, serological and molecular aspects. Ciência Rural. 2008; 38(3):766-770. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782008000300027.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782008...
,2424 Ueno TEH, Aguiar DM, Pacheco RC, Richtzenhain LJ, Ribeiro MG, Paes AC, Megid J, Labruna MB. Ehrlichia canis em cães atendidos no hospital veterinário de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2009; 18(3):57-61. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01803010. Portuguese
http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01803010...
). Os resultados confirmaram a trombocitopenia como a alteração hematológica mais comum nas infecções por E. canis.

De acordo com Bulla et al.(2222 Bulla C, Takahira RK, Araújo Jr JP, Trinca LA, Lopes RS, Wiedmeyer CE. The relationship between the degree of thrombocytopenia and infection with Ehrlichia canis in an endemic area. Veterinary Research. 2004; 35:141-146. https://doi.org/10.1051/vetres:2003038
https://doi.org/10.1051/vetres:2003038...
), pode-se atribuir a trombocitopenia na erliquiose canina a fatores relacionados a deficiência imunológica, consumo elevado de plaqueta ou diminuição da sua meia vida, bem como ao sequestro pelo sistema mononuclear fagocitário e ainda ao aumento nas concentrações do fator inibidor da migração plaquetária. Sousa(2525 Sousa VRF, Bomfim TCB, Almeida ABPF, Barros LA, Sales KG, Justino CHS, Dalcin L. Coinfecção por Anaplasma platys e Ehrlichia canis em cães diagnosticada pela PCR. Acta Scientiae Veterinariae. 2009; 37(3): 281-283. Portuguese), por sua vez, ressalta também que o aparecimento da trombocitopenia em animais com erliquiose é promovido pela hipoplasia megacariocítica resultante de processos imunológicos. Essa hipoplasia megacariocítica foi constatada no grupo E deste estudo, entretanto, não apresentou diferença estatística em relação aos demais grupos.

A relação da trombocitopenia com animais infectados por Anaplasma spp. não foi verificada neste estudo, entretanto, de acordo com Harvey(1919 Harvey JW. Anaplasma platys infection (Thrombocytotropic Anaplasmosis). In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Saunders Elsevier; 2012. p 256-258. English.), considerando-se a fase da infecção em que o animal se encontra, a trombocitopenia pode estar ausente em cães infectados com A. platys, sendo, portanto, um parâmetro inconstante em face de seu comportamento cíclico.

No grupo E, a anemia normocítica normocrômica foi detectada em 68,7% (11/16). Esse valor não foi significativo estatisticamente, porém, consiste em achado condizente com os estudos de Castro et al.(2626 Castro MB, Machado RZ, Aquino LPCT, Alessi AC, Costa MT. Experimental acute canine monocytic ehrlichiosis: clinicopathological and immunopathological findings. Veterinary Parasitology. 2004; 119:73-86. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.012
https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10...
) e Albernaz et al.(2020 Albernaz AP, Miranda FJB, Melo Jr OA, Machado JA, Fajardo HV. Erliquiose canina em Campo dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Animal Brasileira. 2007; 8(4): 799-806. Portuguese).

A anemia macrocítica e hipocrômica consistiu na alteração hematológica mais frequente no grupo A., sendo evidenciada em 66,7% dos animais. Esse tipo de anemia é regenerativa durante remissão à perda de sangue ou hemólise aguda. De acordo com Dawson et al.(2727 Dawson JE, Anderson BE, Fishbein DB, Sanchez JL, Goldsmith CS, Wilson KH, Duntley CW. Isolation and Characterization of an Ehrlichia sp. from a patient diagnosed with human Ehrlichiosis. Journal of Clinical Microbiology. 1991; 29(12):2741-2745.) e Harvey(1919 Harvey JW. Anaplasma platys infection (Thrombocytotropic Anaplasmosis). In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Saunders Elsevier; 2012. p 256-258. English.), os achados hematológicos mais frequentes relacionados com a infecção por Anaplasma platys em cães consistem em anemia moderada, leucopenia temporária e valores plaquetários oscilantes, entretanto, no que se refere à anemia, comumente a associam à forma arregenerativa, exceção ao estudo de Costa(2828 Costa MP. Avaliação Hematológica de Sangue e Medula Óssea e Bioquímica Sérica de Cães Infectados Naturalmente por Hemoparasitos. 2014. 83f. Dissertação - Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/SMOC9MVGFN/disserta__o_mariana_de_p_dua_costa.pdf?sequence=1. Portuguese
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dsp...
), que analisou sete cães infectados por A. platys. Destes, três animais apresentaram anemia classificada como macrocítica hipocrômica, de forma similar a este estudo.

Em relação ao leucograma, não houve associação entre os parâmetros avaliados por grupo, bem como não houve diferença estatística entre os grupos analisados. Para todos os grupos, os valores encontraram-se na faixa de normalidade. A variação de resultados obtidos no leucograma é comumente relatada na literatura(2929 Moreira SM, Bastos CV, Araújo RB, Santos M, Passos LMF. Retrospective study (1998-2001) on canine ehrlichiosis in Belo Horizonte, MG, Brazil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2003; 55(2):141-147. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352003000200003. Portuguese
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352003...
,2020 Albernaz AP, Miranda FJB, Melo Jr OA, Machado JA, Fajardo HV. Erliquiose canina em Campo dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Animal Brasileira. 2007; 8(4): 799-806. Portuguese). A ausência de alterações leucocitárias pode ocorrer até a quarta semana de infecção, no caso de animais infectados por E. canis, quando, em decorrência da supressão medular, evidencia-se um quadro de leucopenia(2626 Castro MB, Machado RZ, Aquino LPCT, Alessi AC, Costa MT. Experimental acute canine monocytic ehrlichiosis: clinicopathological and immunopathological findings. Veterinary Parasitology. 2004; 119:73-86. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.012
https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10...
). Além da fase clínica da doença, destacam-se também a patogenicidade do agente, a condição imunológica do animal e a presença de infecções concomitantes.

A coinfecção não demonstrou interferir nos parâmetros hematológicos averiguados. Considerando que os agentes etiológicos alteram os índices de forma antagônica de acordo com a fase da infecção, sugere-se que houve um balanceamento entre diminuição e aumento dos mesmos parâmetros. No estudo realizado por Costa(2828 Costa MP. Avaliação Hematológica de Sangue e Medula Óssea e Bioquímica Sérica de Cães Infectados Naturalmente por Hemoparasitos. 2014. 83f. Dissertação - Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/SMOC9MVGFN/disserta__o_mariana_de_p_dua_costa.pdf?sequence=1. Portuguese
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dsp...
), o grupo que apresentava coinfecção não demonstrou agravamento nas alterações do eritrograma, mas apresentou valores médios superiores aos daqueles animais infectados somente por E. canis, ou somente por A. platys, concordando com informações descritas na literatura(1919 Harvey JW. Anaplasma platys infection (Thrombocytotropic Anaplasmosis). In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Saunders Elsevier; 2012. p 256-258. English.).

Em contraponto a este estudo, Gaunt et al.(3030 Gaunt SD, Beall MJ, Stillman BA, Lorentzen L, Diniz PPVP, Chandrashekar R, Breitschwerdt EB. Experimental infection and co-infection of dogs with Anaplasma platys and Ehrlichia canis: hematologic, serologic and molecular findings. Parasites & Vectors. 2010; 3:33. https://doi.org/10.1186/1756-3305-3-33.
https://doi.org/10.1186/1756-3305-3-33...
) evidenciaram em animais experimentalmente coinfectados por A. platys e E. canis a presença de trombocitopenia severa e anemia associada a infecção persistente e ressaltaram a importância de que sejam considerados outros agentes patogênicos, conhecidos ou não, veiculados por carrapatos que podem determinar alterações hematológicas significativas.

Quanto ao mielograma, na comparação dos resultados por grupos, o grupo E apresentou menor concentração da série mieloide, com consequente diminuição do índice M:E e aumento na série linfoide. O grupo A apresentou discreta diminuição da série linfoide e, no grupo C, de forma semelhante ao grupo E, observou-se o aumento na série linfoide.

A diminuição do índice M:E observado neste estudo para o grupo E pode indicar o aumento na população de hemácias (hiperplasia eritroide) e/ou diminuição nos precursores granulocíticos (hipoplasia mieloide). Acredita-se que a diminuição da relação M:E encontrada neste estudo decorra de uma hipoplasia do compartimento mieloide, tendo em vista que os casos de depleção, depressão e aplasia dessa série são alterações mais graves de hipoplasia, ou seja, ao somar as diferentes alterações que indicam diminuição da série mielocítica da medula óssea, tem-se mais casos de redução mieloide. Esses achados diferem de Moreira et al.(1818 Moreira SM, Machado R, Passos LF. Detecção de Ehrlichia canis em aspirados de medula óssea de cães experimentalmente infectados. Ciência Rural. 2005; 35(4):958-960. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005000400038. Portuguese
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005...
), que observaram aumento na relação M:E em cães infectados por E. canis.

O aumento da série linfoide, para os grupos E e C, constatado neste estudo, denota o caráter de resposta imunológica que ocorre nos casos de erliquiose. De acordo com Kallick(3131 Kallick CA. Ehrlichia and bone marrow cells: could ehrlichial infection explain the unsuspected etiology of some diseases of the immune system? Medical Hypotheses. 2011; 77(3):374-379. https://doi.org/10.1016/j.mehy.2011.05.019
https://doi.org/10.1016/j.mehy.2011.05.0...
), sugere-se que haja uma estreita relação entre o sistema imune do hospedeiro e a patogenia da erliquiose canina, haja vista que a E. canis atua diretamente nas células precursoras da medula óssea.

O grupo A apresentou hipercelularidade na série eritroide da medula óssea, entretanto, esse achado não foi estatisticamente significativo (p=0,327), quando comparado aos demais grupos. Porém, é um indicador da resposta regenerativa da anemia macrocítica e hipocrômica detectada pelos índices hematimétricos nos animais desse grupo. Apesar de o aumento da série eritroide não ser estatisticamente significativo, justificaria a diminuição da relação M:E (p=0,038) observada neste grupo, quando comparado aos demais, discordando de De Tomassi et al.(3232 De Tommasi AS, Baneth G, Breitschwerdt EB, Dantas-Torres F, Otranto D, de Caprariis D. Anaplasma platys in bone marrow megakaryocytes of young dogs. Journal of Clinical Microbiology. 2014; 52: 2231-2234. http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00395-14
http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00395-14...
), que classificaram dentro da normalidade essa relação em animais positivos a A. platys pela técnica de PCR. Porém, os autores avaliaram apenas dois animais.

A série mieloide, bem como a relação M:E do grupo controle, apresentou maiores proporções quando comparada aos demais grupos avaliados. Isso não significa que esses parâmetros estão elevados, porém, indica a normalidade esperada para a condição de negatividade, apesar da suspeita clínica, enquanto os grupos positivados demonstraram os mesmos valores diminuídos.

Com base na técnica utilizada, considerou-se que o SNAP 4DX Plus® demonstrou resultados satisfatórios na triagem de animais com suspeita clínica de hemoparasitos, quando associado aos resultados hematológicos. A escolha desse método foi fundamentada na necessidade de uma técnica que apresentasse resultados rápidos, otimizando o diagnóstico nas clínicas veterinárias e de fácil interpretação para a detecção de anticorpos no soro, em detrimento de outras técnicas que demandam laboratório equipado, mão de obra especializada e ainda minimizam as limitações relacionadas à subjetividade do observador. Convém ainda ressaltar que o teste não diferencia as espécies de erliquia (ewingii ou canis) e anaplasma (phagocytophilum ou platys), porém, mesmo considerando que as espécies de E. canis e A. platys sejam frequentemente relatadas no Brasil, em relação às outras, optou-se por destacar apenas o gênero.

Em estudo realizado por Stillman et al.(3333 Stillman BA, Monn M, Liu J, Thatcher B, Foster P, Andrews B, Little S, Eberts M, Breitschwerdt E, Beall M, Chandrashekar R. Performance of a commercially available in-clinic ELISA for detection of antibodies against Anaplasma phagocytophilum, Anaplasma platys, Borrelia burgdorferi, Ehrlichia canis, and Ehrlichia ewingii and Dirofilaria immitis antigen in dogs. Journal of American Veterinary Medical Association. 2014; 245:80-86. https://doi.org/10.2460/javma.245.1.80
https://doi.org/10.2460/javma.245.1.80...
), o teste apresentou no geral valores acima de 89,0% de sensibilidade e especificidade para todos os agentes detectáveis pela técnica. Ressalta-se que A. phagocytophilum é intimamente relacionado ao A. platys, apontando deste modo a possibilidade da existência de reação cruzada(3434 Chandrashekar R, Mainville CA, Beall MJ, O'Connor T, Eberts MD, Alleman AR, Gaunt SD, Breitschwerdt EB. Performance of a commercially available in-clinic ELISA for the detection of antibodies against Anaplasma phagocytophilum, Ehrlichia canis, and Borrelia burgdorferi and Dirofilaria immitis antigen in dogs. American Journal of Veterinary Research. 2010; 71(12):1443-50. https://doi.org/10.2460/ajvr.71.12.1443
https://doi.org/10.2460/ajvr.71.12.1443...
). Do mesmo modo, é importante destacar que o teste negativo não é indicativo da ausência do micro-organismo. Alguns fatores, tais como a produção tardia de anticorpos em decorrência da fase da infecção e a inabilidade imunológica do animal em produzir anticorpos suficientemente detectáveis, podem acarretar resultados falso-negativos(3535 Suksawat J, Xuejie Y, Hancock SI, Hegarty BC, Nilkumhang P, Breitschwerdt EB. Serologic and molecular evidence of coinfection with multiple vector borne pathogens in dogs from Thailand. Journal of Veterinary Internal Medicine. 2001; 15(5):453-462. https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2001.tb01574.x
https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2001...
).

Conclusões

Os resultados obtidos neste estudo permitem inferir que a avaliação sorológica associada a métodos laboratoriais que permitam caracterização do estágio da infecção é essencial na caracterização das hemoparasitoses em cães, agregando valor e permitindo uma efetiva consolidação do diagnóstico relacionado a essas enfermidades. A disponibilidade de testes sorológicos rápidos permite ao médico veterinário a instituição da terapêutica mais adequada em tempo hábil.

Agradecimentos

À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e à Fauna Consultório Veterinário por todo o apoio no desenvolvimento deste trabalho.

Referências

  • 1
    Urquhart GM, Armour J, Duncan JL. Parasitologia Veterinária. 2nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 273p. Portuguese.
  • 2
    Labarthe N, Pereira MC, Barbarini O, Mckee W, Coimbra CA, Hoskins J. Serologic prevalence of Dirofilaria immitis, Ehrlichia canis and Borrelia burgdoferi infections in Brazil. Veterinary Therapeutics. 2003; 4(1):67- 75.
  • 3
    Silva JN, Almeida ABPF, Boa Sorte, EC, Freitas AG, Santos LGF, Aguiar DM, Sousa VRF. Soroprevalência de anticorpos anti-Ehrlichia canis em cães de Cuiabá, Mato Grosso. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2010; 19(2):108-111. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01902008 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01902008
  • 4
    Harrus S, Alleman AR, Bark H, Mahan SM, Waner T. Comparison of three enzyme-linked immunosorbant assays with the indirect immunofluorescent antibody test for the diagnosis of canine infection with Ehrlichia canis Veterinary Microbiology. 2002; 86:361-368. https://doi.org/10.1016/S0378-1135(02)00022-6
    » https://doi.org/10.1016/S0378-1135(02)00022-6
  • 5
    Shipov A, Klement E, Reuveni-Tager L, Waner T, Harrus S. Prognostic indicators for canine monocytic ehrlichiosis. Veterinary Parasitology. 2008; 153(1-2):131-138. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2008.01.009
    » https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2008.01.009
  • 6
    Grindem CB, Neel JA, Juopperi TA. Cytology of bone marrow. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2002; 32:1313-1374.
  • 7
    Müller DCM, Pippi NL, Basso PC, Olsson DC, Santos Junior EB, Guerra ACO. Técnicas e sítios de coleta de medula óssea em cães e gatos. Ciência Rural. 2009; 39(7):2243-2251. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009005000153 Portuguese.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009005000153
  • 8
    Bain BJ. Bone marrow aspiration. Journal of Clinical Pathology. 2001; 54(9):657-663.
  • 9
    Grindem CB, Tyler RD, Cowell RD. A Medula Óssea. In: Cowell RL, Tyler RD, Meinkoth JH, DeNicola D B. Diagnóstico Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3ª Ed. São Paulo: MedVet; 2009. p. 423-451. Portuguese. Portuguese.
  • 10
    Raskin, RE, Messick JB . Bone marrow cytologic and histologic biopsies: indications, technique, and evaluation. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 2012; 42(1):23-42. https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.10.001
    » https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2011.10.001
  • 11
    Thrusfield MV. Epidemiologia Veterinária. 2nd ed. São Paulo: Roca, 2004. 556p. Portuguese
  • 12
    Sampaio IBM. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia; 1998. 221p. Portuguese.
  • 13
    Ribeiro CM, Matos AC, Azzolini T, Bones ER, Wasnieski EA, Richini-Pereira VB, Lucheis SB, Vidotto O. Molecular epidemiology of Anaplasma platys, Ehrlichia canis and Babesia vogeli in stray dogs in Paraná, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2017; 37(2):129-136. http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017000200006
    » http://dx.doi.org/10.1590/s0100-736x2017000200006
  • 14
    Witter R, Vecchi SN, Pacheco TA, Melo ALT, Borsa A, Sinkoc AL, Mendonça AJ, Aguiar DM. Prevalência da erliquiose monocítica canina e anaplasmose trombocítica em cães suspeitos de hemoparasitose em Cuiabá, Mato Grosso. Semina: Ciências Agrárias. 2013; 34(6):3811-3822. http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013v34n6Supl2p3811 Portuguese
    » http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2013v34n6Supl2p3811
  • 15
    Ramos CAN, Ramos RAN, Araújo FR, Guedes Jr, DS, Souza, IIF, Ono TM, Vieira AS, Pimentel DS, Rosas EO, Faustino MAG, Alves LC . Comparação de nested-pCR com o diagnóstico direto na detecção de Ehrichia canis e Anaplasma platys em cães. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinaria. 2009; 81:58-62. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011 Portuguese
    » http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1011
  • 16
    Vieira, RFC, Biondo AW, Guimarães AMS, Santos AP, Santos RP, Dutra LH, Diniz PPVP, Morais HA, Messick JB, Labruna MB, Vidotto O. (2011). Ehrlichiosis in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2011; 20(1):1-12. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-29612011000100002
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1984-29612011000100002
  • 17
    Moraes-Filho J, Marcili A, Nieri-Bastos FA, Richtzenhain LJ, Labruna MB. Genetic analysis of ticks belonging to the Rhipicephalus sanguineus group in Latin America. Acta Tropica. 2011; 117(1):51-55. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2010.09.006
    » https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2010.09.006
  • 18
    Moreira SM, Machado R, Passos LF. Detecção de Ehrlichia canis em aspirados de medula óssea de cães experimentalmente infectados. Ciência Rural. 2005; 35(4):958-960. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005000400038 Portuguese
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782005000400038
  • 19
    Harvey JW. Anaplasma platys infection (Thrombocytotropic Anaplasmosis). In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St. Louis: Saunders Elsevier; 2012. p 256-258. English.
  • 20
    Albernaz AP, Miranda FJB, Melo Jr OA, Machado JA, Fajardo HV. Erliquiose canina em Campo dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil. Ciência Animal Brasileira. 2007; 8(4): 799-806. Portuguese
  • 21
    Dagnone AS, Morais HSA, Vidotto MC, Jojima FS, Vidotto O. Ehrlichiosis in anemic, thrombocytopenic, or tick-infested dogs from a hospital population in south Brazil. Veterinary Parasitology. 2003; 117(4):285-290. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.001
    » https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.001
  • 22
    Bulla C, Takahira RK, Araújo Jr JP, Trinca LA, Lopes RS, Wiedmeyer CE. The relationship between the degree of thrombocytopenia and infection with Ehrlichia canis in an endemic area. Veterinary Research. 2004; 35:141-146. https://doi.org/10.1051/vetres:2003038
    » https://doi.org/10.1051/vetres:2003038
  • 23
    Nakaghi ACH, Machado RZ, Costa MC. Canine ehrlichiosis: clinical, hematological, serological and molecular aspects. Ciência Rural. 2008; 38(3):766-770. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782008000300027
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782008000300027
  • 24
    Ueno TEH, Aguiar DM, Pacheco RC, Richtzenhain LJ, Ribeiro MG, Paes AC, Megid J, Labruna MB. Ehrlichia canis em cães atendidos no hospital veterinário de Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. 2009; 18(3):57-61. http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01803010 Portuguese
    » http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.01803010
  • 25
    Sousa VRF, Bomfim TCB, Almeida ABPF, Barros LA, Sales KG, Justino CHS, Dalcin L. Coinfecção por Anaplasma platys e Ehrlichia canis em cães diagnosticada pela PCR. Acta Scientiae Veterinariae. 2009; 37(3): 281-283. Portuguese
  • 26
    Castro MB, Machado RZ, Aquino LPCT, Alessi AC, Costa MT. Experimental acute canine monocytic ehrlichiosis: clinicopathological and immunopathological findings. Veterinary Parasitology. 2004; 119:73-86. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.012
    » https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2003.10.012
  • 27
    Dawson JE, Anderson BE, Fishbein DB, Sanchez JL, Goldsmith CS, Wilson KH, Duntley CW. Isolation and Characterization of an Ehrlichia sp. from a patient diagnosed with human Ehrlichiosis. Journal of Clinical Microbiology. 1991; 29(12):2741-2745.
  • 28
    Costa MP. Avaliação Hematológica de Sangue e Medula Óssea e Bioquímica Sérica de Cães Infectados Naturalmente por Hemoparasitos. 2014. 83f. Dissertação - Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/SMOC9MVGFN/disserta__o_mariana_de_p_dua_costa.pdf?sequence=1 Portuguese
    » http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/SMOC9MVGFN/disserta__o_mariana_de_p_dua_costa.pdf?sequence=1
  • 29
    Moreira SM, Bastos CV, Araújo RB, Santos M, Passos LMF. Retrospective study (1998-2001) on canine ehrlichiosis in Belo Horizonte, MG, Brazil. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2003; 55(2):141-147. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352003000200003 Portuguese
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352003000200003
  • 30
    Gaunt SD, Beall MJ, Stillman BA, Lorentzen L, Diniz PPVP, Chandrashekar R, Breitschwerdt EB. Experimental infection and co-infection of dogs with Anaplasma platys and Ehrlichia canis: hematologic, serologic and molecular findings. Parasites & Vectors. 2010; 3:33. https://doi.org/10.1186/1756-3305-3-33
    » https://doi.org/10.1186/1756-3305-3-33
  • 31
    Kallick CA. Ehrlichia and bone marrow cells: could ehrlichial infection explain the unsuspected etiology of some diseases of the immune system? Medical Hypotheses. 2011; 77(3):374-379. https://doi.org/10.1016/j.mehy.2011.05.019
    » https://doi.org/10.1016/j.mehy.2011.05.019
  • 32
    De Tommasi AS, Baneth G, Breitschwerdt EB, Dantas-Torres F, Otranto D, de Caprariis D. Anaplasma platys in bone marrow megakaryocytes of young dogs. Journal of Clinical Microbiology. 2014; 52: 2231-2234. http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00395-14
    » http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00395-14
  • 33
    Stillman BA, Monn M, Liu J, Thatcher B, Foster P, Andrews B, Little S, Eberts M, Breitschwerdt E, Beall M, Chandrashekar R. Performance of a commercially available in-clinic ELISA for detection of antibodies against Anaplasma phagocytophilum, Anaplasma platys, Borrelia burgdorferi, Ehrlichia canis, and Ehrlichia ewingii and Dirofilaria immitis antigen in dogs. Journal of American Veterinary Medical Association. 2014; 245:80-86. https://doi.org/10.2460/javma.245.1.80
    » https://doi.org/10.2460/javma.245.1.80
  • 34
    Chandrashekar R, Mainville CA, Beall MJ, O'Connor T, Eberts MD, Alleman AR, Gaunt SD, Breitschwerdt EB. Performance of a commercially available in-clinic ELISA for the detection of antibodies against Anaplasma phagocytophilum, Ehrlichia canis, and Borrelia burgdorferi and Dirofilaria immitis antigen in dogs. American Journal of Veterinary Research. 2010; 71(12):1443-50. https://doi.org/10.2460/ajvr.71.12.1443
    » https://doi.org/10.2460/ajvr.71.12.1443
  • 35
    Suksawat J, Xuejie Y, Hancock SI, Hegarty BC, Nilkumhang P, Breitschwerdt EB. Serologic and molecular evidence of coinfection with multiple vector borne pathogens in dogs from Thailand. Journal of Veterinary Internal Medicine. 2001; 15(5):453-462. https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2001.tb01574.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1939-1676.2001.tb01574.x

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2017
  • Aceito
    25 Maio 2018
Universidade Federal de Goiás Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, Campus II, Caixa Postal 131, CEP: 74001-970, Tel.: (55 62) 3521-1568, Fax: (55 62) 3521-1566 - Goiânia - GO - Brazil
E-mail: revistacab@gmail.com