Acessibilidade / Reportar erro

Enfermidades neurológicas de origem viral em bovinos no estado de Pernambuco, Brasil: estudo clínico e anatomopatológico

Resumo

Os estudos relacionados as doenças neurológicas assumem grande importância na Medicina Veterinária, particularmente os que envolvem animais de produção como os bovinos, em virtude da grande importância sanitária e de saúde pública. Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo descrever a frequência de ocorrência dos principais achados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos dos bovinos diagnosticados com doenças neurológicas de origem viral. Realizou-se a triagem no livro de registro geral dos pacientes com enfermidades que cursaram com sintomatologia neurológica e que foram diagnosticados através de exame anatomopatológico e/ou complementares com enfermidades de origem viral, os quais deram entrada (vivos ou mortos) na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. As informações obtidas foram inseridas em um banco de dados elaborado no programa de computador Microsoft Excel 2010® distribuídas em dados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos. Os achados clínicos das enfermidades neurológicas de etiologia viral foram muito variados e inespecíficos, sendo os achados anatomopatológicos, aliados aos métodos laboratoriais, de importância fundamental para o estabelecimento do diagnóstico. A elevada frequência dos casos de raiva neste estudo demonstra a importância sanitária desta enfermidade para a pecuária bovina, como também para a saúde pública. Ressalta-se a importância da inclusão da febre catarral maligna e da meningoencefalite herpética no diagnóstico diferencial das doenças neurológicas na região, assim como a adoção de medidas sanitárias.

Palavras-chave
achados clínicos; raiva; meningoencefalite herpética; febre catarral maligna; achados anatomopatológicos

Abstract

Studies related to neurological diseases are of great importance in Veterinary Medicine, particularly those involving production animals, such as cattle, due to their wide sanitary and public health significance. Therefore, the current study aims to describe the frequency of occurrence of the main clinical, laboratory, and anatomopathological findings of cattle diagnosed with neurological diseases of viral origin. Screening was performed in the general register of patients diagnosed through anatomopathological and/or complementary examination with illnesses of viral origin, admitted (live or dead) to the Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE from January 2009 to December 2019. The information recovered was entered in a database created in the computer program Microsoft Excel 2010®, distributed into clinical, laboratory, and anatomopathological data. The clinical findings on neurological diseases of viral etiology were very varied and non-specific, and the anatomopathological findings, together with laboratory methods, were of fundamental importance for the establishment of the diagnosis. The high frequency of rabies cases in this study demonstrates the importance of this disease for cattle rearing, as well as for Public Health. We emphasize the importance of including malignant catarrhal fever and herpes meningoencephalitis in the differential diagnosis of neurological diseases in the region, as well as the adoption of sanitary measures.

Keywords:
clinical findings; rabies; herpes meningoencephalitis; malignant bluetongue; anatomopathological findings

1. Introdução

Os estudos relacionados às doenças neurológicas assumem grande importância na Medicina Veterinária, particularmente os que envolvem animais de produção como os bovinos, em virtude da grande importância sanitária e de saúde pública (11 Wuthrich D, Boujon CL, Truchet L, Selimovic-Hamza S, Oevermann A, Bouzalas IG, Bruggmann R, Seuberlich T. Exploring the virome of cattle with non-suppurative encephalitis of unknown etiology by metagenomics. Virology. 2016;493:22-30. (https://doi.org/10.1016/j.virol.2016.03.009).
https://doi.org/10.1016/j.virol.2016.03....
,22 Hierweger MM, Werder S, Seuberlich T. Parainfluenza Virus 5 Infection in Neurological Disease and Encephalitis of Cattle. International Journal of Molecular Sciences. 2020;21(2): 1-19. (doi: 10.3390/ijms21020498).
https://doi.org/10.3390/ijms21020498)...
). O surgimento da encefalopatia espongiforme bovina, em meados da década de 80, e a sua posterior associação com a variante da doença humana de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), realçou a importância socioeconômica e sanitária das doenças do sistema nervoso central nessa espécie animal, exigindo aprimoramento do diagnóstico diferencial (33 Barros CSL, Driemeier D, Dutra IS, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Coleção Vallée, São Paulo, 2006. 207p.). As doenças neurológicas são responsáveis por expressivas perdas econômicas à pecuária brasileira, apresentado grande relevância no cenário agropecuário pela frequência com que ocorrem, muitas vezes sob a forma de surtos, em muitos casos apresentando baixa morbidade, contudo determinando altos índices de letalidade nos animais acometidos (33 Barros CSL, Driemeier D, Dutra IS, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Coleção Vallée, São Paulo, 2006. 207p.,44 Sanches AWD, Langohr IM, Stigger AL, Barros CSL. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2000;20(3):113-118. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2000000300005).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200000...
,55 Ribas NLKS, Carvalho RI, Santos AC, Valençoela RA, Gouveia AF, Castro MB, Mori AE, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Mato Grosso do Sul: 1082 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(10):1183-1194. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013001000003).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201300...
).

Nos últimos anos, estudos retrospectivos das enfermidades que acometem o sistema nervoso dos bovinos vêm sendo realizado em diversas regiões do país, porém, apesar da importância do diagnóstico, uma parcela significativa dos casos permanece não elucidada, carecendo do diagnóstico etiológico, representando preocupação constante para a saúde humana e animal (66 Theil D, Fatzer R, Schiller I, Caplazi P, Zurbriggen A, Vandevelde M. Neuropathological and aetiological studies of sporadic non-suppurative meningoencephalomyelitis of cattle. The Veterinary Record. 1998;143(9):244-249. (https://doi.org/10.1136/vr.143.9.244).
https://doi.org/10.1136/vr.143.9.244...
,77 Sánchez M, Clark EG, Wobeser GA, Janzen ED, Philibert HA. A retrospective study of non-suppurative encephalitis in beef cattle from Western Canada, Canadian Veterinary Journal. 2013;54(12):1127-1132. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3831384/pdf/cvj_12_1127.pdf.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/article...
). As infecções de origem viral assumem significativa importância, particularmente, em maior destaque, as associadas ao vírus da raiva e ao herpesvírus bovino tipo 5 (BoHV-5) (44 Sanches AWD, Langohr IM, Stigger AL, Barros CSL. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2000;20(3):113-118. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2000000300005).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200000...
,55 Ribas NLKS, Carvalho RI, Santos AC, Valençoela RA, Gouveia AF, Castro MB, Mori AE, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Mato Grosso do Sul: 1082 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(10):1183-1194. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013001000003).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201300...
,88 Riet-Correa F, Schild AL, Fernandes CG. Enfermidades do sistema nervoso dos ruminantes no Sul do Rio Grande do Sul. Ciência Rural. 1998;28(2):341-348. (https://doi.org/10.1590/S0103-84781998000200028).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478199800...
,99 Reis MC, Costa JN, Peixoto APC, Figueiredo LJC, Menezes, R. V.; Ferreira, M. M.; Sá, J. E. U. Aspectos clínicos e epidemiológicos da raiva bovina apresentados na casuística da Clínica de Bovinos (Oliveira dos Campinhos, Santo Amaro, Bahia), Universidade Federal da Bahia, durante o período de janeiro de 1990 a dezembro de 1999. Revista Brasileira Saúde Produção Animal [Internet]. 2003;4(1):12-17. Disponível em: https://academic.naver.com/article.naver?doc_id=437684339.
https://academic.naver.com/article.naver...
,1010 Lemos RAA, Rech RR, Guimarães EB, Kadri A, Dutra IS. Febre catarral maligna em bovinos do Mato Grosso de Sul e de São Paulo. Ciência Rural. 2005;35(4):932-934. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782005000400030).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200500...
,1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
,1212 Barros, C.S.L. Neuropatias Bovinas Emergentes. Ciência Animal Brasileira, [S. l.], v. 1, 2009. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/7667. Acesso em: 14 jan. 2022.
https://www.revistas.ufg.br/vet/article/...
,1313 Galiza GJN, Silva MLCR, Dantas AFM, Simões SVD, Riet-Correa F. Doenças do sistema nervoso de bovinos no semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(3):267-276. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ...
,1414 Terra JP, Blume GR, Rabelo RE, Medeiros JT, Rocha CGN, Chagas IN, Aguiar MDS, Sant’ana FJFD. Neurological diseases of cattle in the state of Goiás, Brazil (2010-2017). Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(9):1752-1760. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5768).
https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-57...
,1515 Queiroz GR, Oliveira RAM, Flaiban KKMC, Di Santis GW, Bracarense APFRL, Headley SA, Alfieri AA, Lisbôa JAN. Diagnóstico diferencial das doenças neurológicas dos bovinos no estado do Paraná. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(7):1264-1277. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5429).
https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-54...
). A raiva é a doença do sistema nervoso central mais relevante em bovinos no Brasil (1616 Borges AS, Lisbôa, J.N, Braga PRC, Leite, RO, Queiroz GR. Doenças Neurológicas Dos Ruminantes No Brasil: Exame E Diagnóstico Diferencial. Revista Brasileira de Buiatria - Clínica Médica, Volume 1, Número 3, p. 63-99. 2021.). No país estima-se a perda anual de bovinos por raiva seja de aproximadamente 17 milhões de dólares ou aproximadamente 850.000 cabeças (1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
). Estima-se que a raiva bovina na América Latina cause prejuízos anuais de centenas de milhões de dólares, provocados pela morte de milhares de cabeças, além dos gastos indiretos que podem ocorrer com a vacinação de milhões de bovinos e inúmeros tratamentos pós-exposição de pessoas que mantiveram contato com animais suspeitos (1717 BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Controle da raiva dos herbívoros: manual técnico 2009 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. - Brasília: Mapa/ACS, 2009.124p.).

A ampliação das informações referentes a estas enfermidades, bem como outras viroses que envolvem o sistema nervoso dos bovinos são de grande valia para adoção de medidas que visem a higidez do rebanho bovino. O objetivo deste estudo foi descrever a frequência de ocorrência dos principais achados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos dos bovinos diagnosticados com doenças neurológicas de origem viral.

2. Material e métodos

O estudo foi realizado na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE. Inicialmente realizou-se a triagem no livro de registro geral dos pacientes diagnosticados com enfermidades que cursaram com sintomatologia neurológica que foram diagnosticados através de exame anatomopatológico e/ou complementares com enfermidades de origem viral, os quais deram entrada (vivos ou mortos) na instituição no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2019. Posteriormente foram resgatados os prontuários clínicos e os livros de registro dos exames post mortem. As informações obtidas foram inseridas em um banco de dados elaborado no programa de computador Microsoft Excel 2010® distribuídos em dados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos.

Como procedimento de rotina clínica os animais foram submetidos ao exame clínico no momento da baixa hospitalar, de acordo com as orientações de Dirksen et al. (1818 Dirksen G, Gründer HD, Stöber M. Rosenberger: Exame clínico dos Bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993. 419p.). Os exames hematológicos (hemograma e determinação da concentração plasmática de proteína total e fibrinogênio) foram realizados conforme descrito por Harvey (1919 Harvey J W. Hematology procedures. In: Harvey JW. Veterinary hematology. A diagnostic guide and color atlas. St. Louis: Elsevier; 2012. 368p.). Os animais que vieram à óbito foram submetidos ao exame anatomopatológico (2020 King JM, Roth-Johnson L, Dodd DC, Newsom ME. The Necropsy Book: A guide for veterinary students, residents, clinicians, pathologists, and biological researchers. 7 ed. Ithaca: Cornell University. 2013. 259p.).

Por se tratar de enfermidades neurológicas, a intervenção terapêutica foi instituída quando da possibilidade de regressão da doença e indicação clínica. Conforme a evolução e a gravidade dos sinais clínicos os animais eram monitorados clinicamente, desde que não atingissem situações de sofrimento terminal, quando então era indicada a eutanásia (2121 Conselho Federal de Medicina Veterinária. Guia Brasileiro de Boas Práticas em Eutanásia em Animais - Conceitos e Procedimentos Recomendados. Conselho Federal de Medicina Veterinária, Brasília-DF, 2013. Disponível em: https://www.cfmv.gov.br/guia-brasileiro-de-boas-praticas-para-a-eutanasia-em-animais/comunicacao/publicacoes/#1. Portuguese.
https://www.cfmv.gov.br/guia-brasileiro-...
). Fragmentos teciduais dos órgãos das cavidades torácica a abdominal, sistema nervoso central, linfonodos e pele foram colhidos, fixados em formol tamponado a 10% e realizado o exame histopatológico (2222 Luna L G. Manual of histologic staining methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3 ed. New York: McGraw-Hill Book; 1968. 258p.), empregando a coloração Hematoxilina e Eosina (HE).

Todos os animais submetidos à necropsia que apresentaram manifestações neurológicas foram testados para raiva. Fragmentos do cérebro (córtex e hipocampo), cerebelo, e medula espinhal foram encaminhados congelados para a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro) para realização da imunofluorescência direta (IFD) e a prova biológica em camundongos (2323 Dean DJ, Abelseth MK, Atanasiu P. Fluorescent Antibody Test. In: Meslin, F.X.; Kaplan, M.M.; Koprowski, H. Laboratory Techniques in Rabies. 4 ed. World Health Organization, Geneva; 1996. p.88-95.). A confirmação do diagnóstico de meningoencefalite por BoHV-5 ou por BoHV-1 baseou-se nos resultados sugestivos do exame histopatológico e na confirmação da presença do DNA viral no sistema nervoso por meio da reação da polimerase em cadeia (PCR) (2424 Claus MP, Alfieri AF, Médici KC, Lunardi M, Alfieri AA. Bovine herpesvirus 5 detection by virus isolation in cell culture and multiplex-pcr in central nervous system from cattle with neurological disease in brazilian herds. Brazilian Journal of Microbiology. 2007;38(3):485-490. (https://doi.org/10.1590/S1517-83822007000300019).
https://doi.org/10.1590/S1517-8382200700...
). Foram submetidos à PCR tanto amostras conservadas em parafina quanto congeladas, conforme descrito por Silva (2525 Silva, B.P. Identificação e caracterização molecular do Bovine alphaherpesvirus 1 e Bovine alphaherpesvirus 5 em bovinos no estado de Pernambuco. 2021. 121p. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, 2021.). O diagnóstico de febre catarral maligna foi realizado com base nos achados clínicos epidemiológicos e anatomopatológicos. Para a análise dos dados foi empregado o modelo estatístico descritivo, observando-se a distribuição das variáveis por meio das frequências relativa e absoluta para cada enfermidade (2626 Thrusfield M. Epidemiologia Veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, 2005. 610p.).

3. Resultados e discussão

Durante o período estudado de onze anos foram atendidos um total de 6.103 bovinos, dos quais 604 (10,1%) foram diagnosticados com doenças neurológicas. Desses 604, 21,5% (n=130) apresentavam etiologia viral, sendo diagnosticados 101 (77,7%) casos de raiva, 19 (14,6%) casos de febre catarral maligna e 10 (7,7%) casos de meningoencefalite herpética.

3.1 Raiva

Os bovinos acometidos apresentavam quadro clínico predominantemente paralítico, relacionado às lesões da medula, tronco encefálico e cerebelo, aliado aos sinais associados a lesões cerebrais (Tabela 1). Tais achados também foram relatados por outros autores (99 Reis MC, Costa JN, Peixoto APC, Figueiredo LJC, Menezes, R. V.; Ferreira, M. M.; Sá, J. E. U. Aspectos clínicos e epidemiológicos da raiva bovina apresentados na casuística da Clínica de Bovinos (Oliveira dos Campinhos, Santo Amaro, Bahia), Universidade Federal da Bahia, durante o período de janeiro de 1990 a dezembro de 1999. Revista Brasileira Saúde Produção Animal [Internet]. 2003;4(1):12-17. Disponível em: https://academic.naver.com/article.naver?doc_id=437684339.
https://academic.naver.com/article.naver...
,1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
,1313 Galiza GJN, Silva MLCR, Dantas AFM, Simões SVD, Riet-Correa F. Doenças do sistema nervoso de bovinos no semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(3):267-276. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ...
,1414 Terra JP, Blume GR, Rabelo RE, Medeiros JT, Rocha CGN, Chagas IN, Aguiar MDS, Sant’ana FJFD. Neurological diseases of cattle in the state of Goiás, Brazil (2010-2017). Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(9):1752-1760. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5768).
https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-57...
,2727 Radostits OM, Gay CC, Hinchcliff KW, Constable PD. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10th ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2007. 2156p.,2828 Langhor IM, Irigoyen LF, Lemos RAA, Barros CSL. Aspectos epidemiológicos e clínicos e distribuição das lesões histológicas no encéfalo de bovinos com raiva. Ciência Rural. 2003. 33(1):125-131. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782003000100020).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200300...
,2929 Rissi DR, Pierezan F, Oliveira-Filho JC, Lucena RB, Carmo PMS, Barros CSL. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(11):958-967. Disponível em: https://www.readcube.com/articles/10.1590/S0100-736X2010001100010?tab=summary.
https://www.readcube.com/articles/10.159...
,3030 Marcolongo-Pereira C, Sallis ESV, Grecco FB, Raffi MB, Soares MP, Schild AL. Raiva em bovinos na Região Sul do Rio Grande do Sul: epidemiologia e diagnóstico imuno-histoquímico. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2011;31(4):331-335. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2011000400010).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201100...
). Todavia, sabe-se que a variação destes achados clínicos, bem como a progressão do vírus, varia em função da proximidade entre o local da inoculação e o encéfalo, da concentração do vírus no inóculo, patogenicidade da cepa viral e estado imune do animal (3131 Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.).

Tabela 1
Frequência de ocorrência dos achados clínicos observados nos bovinos diagnosticados com raiva (n=84) no período de 2009 a 2019 na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE.

Quanto aos achados hematológicos, os animais diagnosticados com raiva apresentaram alteração somente no leucograma, no qual evidenciou-se leucocitose por neutrofilia com discreto desvio para esquerda regenerativo. Achado também citado por Constable (3131 Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.). Elevações nas contagens dos leucócitos também foram observadas em pacientes humanos acometidos por raiva (3232 BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Tratamento da Raiva Humana no Brasil. Distrito Federal: Ministério da Saúde, 40 p., 2011.,3333 Alknawy M, Mohammed I, Ulla SN, Aboud AA. First confirmed case of human rabies in Saudi Arabia. IDCases. 2018;12:29-31.). O aumento da contagem dos neutrófilos nos processos inflamatórios de origem viral foi relatado por Tornquist; Rigas (3434 Tornquist SJ, Rigas J. Interpretation of ruminant leukocyte responses. In: Weiss DJ, Wardrop, KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6th ed. Ames:Wiley-Blackwell; 2010, p.307-313.); Webb; Latimer (3535 Webb Jl, Latimer Ks, Leukocytes. In: Duncan and Prasse’s Veterinary Laboratory Medicine: Clinical Pathology, 5ed. Chichester: Latimer; 2011. p.45-82.). Segundo Wood e Queiro-Rocha (3636 Wood D, Quiroz-Rocha GF. Normal hematology of cattle. In: Weiss DJ, Wardrop KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6th ed. Ames:Wiley-Blackwell; 2010, p.829-835) danos teciduais, mediante liberação de fatores próinflamatórios, particularmente as citocinas, desencadeiam o recrutamento de leucócitos do compartimento marginal da medula óssea para o circulante, seguida de migração para o tecido lesado, com a finalidade de combater o processo inflamatório e/ou infeccioso. Ressalta-se que a rápida demanda de neutrófilos esgota a reserva de segmentados armazenados e estimula a produção e liberação de células jovens.

Dentre os achados macroscópicos chama-se atenção para a hiperemia das leptomeninges, presente em 27% (27/101) dos animais, também relatado por Barros et al. (33 Barros CSL, Driemeier D, Dutra IS, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Coleção Vallée, São Paulo, 2006. 207p.), Rissi et al. (2929 Rissi DR, Pierezan F, Oliveira-Filho JC, Lucena RB, Carmo PMS, Barros CSL. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(11):958-967. Disponível em: https://www.readcube.com/articles/10.1590/S0100-736X2010001100010?tab=summary.
https://www.readcube.com/articles/10.159...
), Braga et al. (3737 Braga JFV, Souza FAL, Franklin FLAA, Beserra EEA, Barreto FM, Araújo Neto JC, Costa FAL, Silva SMMS. Surto de raiva em bovinos no estado do Piauí, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica. 2013;7(2):176-179.) e Ecco et al. (3838 Ecco R, Viott AM, Graça DL, Alessi AC. Sistema Nervoso. In: Santos RL, Alessi AC. Patologia veterinária, 2. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2017. p.487-572.). Outro achado que chama atenção é a repleção da vesícula urinária observado em 50% dos animais. Lima et al. (1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
) relataram anteriormente a dilatação da vesícula urinária em apenas 16% dos bovinos diagnosticados com raiva. Este número reduzido de achados macroscópicos concorda com Constable, (3131 Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.), Jones, Hunt e King (3939 Jones TC, Hunt RD, King N.W. Patologia Veterinária. 6 ed. São Paulo: Manole; 2000. 1415p.), que afirmam que as lesões são limitadas ao sistema nervoso central e apenas detectadas no exame histopatológico.

Os achados histopatológicos caracterizavam-se por infiltrado inflamatório mononuclear, constituído predominantemente por linfócitos, plasmócitos e raros macrófagos, dispostos nos espaços perivasculares do encéfalo e leptomeninges (meningoencefalite não supurativa), fig. 02. Foram observados corpúsculos de inclusão viral eosinofílicos no citoplasma de neurônios, por vezes múltiplas inclusões variando de 1-10µm de diâmetro. Achados adicionais menos frequentes incluíam microgliose focal ou difusa, cromatólise neuronal, necrose neuronal e neuroniofagia. Em alguns casos foi observado também mielite e ganglioneurite linfoplasmocitária. Neste estudo 97% dos casos foram positivos na imunofluorescência direta (IFD) e no exame histopatológico, quando esse foi realizado. Como previamente observado em outros trabalhos sobre raiva em herbívoros (1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
), as alterações inflamatórias e os característicos corpúsculos de Negri podem estar presentes em todo o sistema nervoso, mas em bovinos costumam ser mais frequentes no cerebelo (1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
). A frequência do aparecimento dos corpúsculos de Negri é inversamente proporcional ao grau de inflamação e não estão presentes em até 30% dos casos de raiva, pois certas cepas do vírus não produzem corpúsculos de inclusão (1111 Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
, 3131 Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.). Ainda, segundo Langohr et al. (2828 Langhor IM, Irigoyen LF, Lemos RAA, Barros CSL. Aspectos epidemiológicos e clínicos e distribuição das lesões histológicas no encéfalo de bovinos com raiva. Ciência Rural. 2003. 33(1):125-131. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782003000100020).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200300...
) a não visualização deles em alguns casos de raiva pode estar diretamente associado ao tempo de sobrevida do animal após a infecção, ou seja, quanto mais longo o curso clínico, maior a probabilidade de detecção dos corpúsculos.

Figura 2
Doenças neurológicas virais em bovinos diagnosticadas na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE. A) Raiva: Cerebelo. Infiltrado inflamatório mononuclear no espaço perivascular e leptomeninges. HE. Obj. 25x. B) Raiva: Cerebelo. Corpúsculos de inclusão viral eosinofílicos no citoplasma de neurônios de Purkinje. HE. Obj. 40x. C) Febre catarral maligna. rete mirabile carotídea. Infiltrado inflamatório mononuclear associado a degeneração hialina na parede de arteríolas (vasculite necrosante). HE. Obj. 25x. D) Febre catarral maligna. Cérebro, córtex temporal. Acentuado infiltrado inflamatório mononuclear no espaço perivascular. HE. Obj. 40x. E) Meningoencefalite herpética. Córtex frontal, substância cinzenta. Infiltrado inflamatório mononuclear perivascular e células Gitter no neurópilo adjacente (malacia). HE. Obj. 40x. F) Meningoencefalite herpética. Córtex frontal, substância cinzenta. Corpúsculo de inclusão viral intranuclear eosinofílico em astrócito. HE. Obj. 40x.

3.2 Febre Catarral Maligna (FCM)

A FCM foi a segunda enfermidade mais frequente dentre as de etiologia viral. Relatos de Silva et al. (4040 Silva JA, Moreira EC, Haddad JPA, Modena CM, Tubaldini MAS. Distribuição temporal e espacial da raiva bovina em Minas Gerais, 1976 a 1997. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2001.53(3). (https://doi.org/10.1590/S0102-09352001000300001).
https://doi.org/10.1590/S0102-0935200100...
), Souza et al. (4343 Rech RR, Schild AL, Driemeier D, Garmatz SL, Oliveira FN, Riet-Correa F, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: epidemiologia, sinais clínicos e patologia. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(2):97-105. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000200006).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
) e Macêdo et al. (4242 Macêdo JTSA, Riet-Correa F, Simões SVD, Dantas AFM, Nobre VMT. Febre catarral maligna em bovinos na Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):277-281. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700004).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200700...
), demonstram que a FCM é endêmica no Nordeste. Neste estudo, as manifestações mais comuns estão distribuídas na Tabela 2, conforme citados também em trabalhos anteriores (1010 Lemos RAA, Rech RR, Guimarães EB, Kadri A, Dutra IS. Febre catarral maligna em bovinos do Mato Grosso de Sul e de São Paulo. Ciência Rural. 2005;35(4):932-934. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782005000400030).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200500...
,4242 Macêdo JTSA, Riet-Correa F, Simões SVD, Dantas AFM, Nobre VMT. Febre catarral maligna em bovinos na Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):277-281. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700004).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200700...
,4343 Rech RR, Schild AL, Driemeier D, Garmatz SL, Oliveira FN, Riet-Correa F, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: epidemiologia, sinais clínicos e patologia. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(2):97-105. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000200006).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
,4444 Mendonça FS, Dória RGS, Schein FB, Freitas SH, Nakazato L, Boabaid FM, Paula DAJ, Dutra V, Colodel EM. Febre catarral maligna em bovinos no estado de Mato Grosso. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2008;28(3):155-160. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxcmZDRd5dyjHCbT/?lang=pt#.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxc...
,4545 Preliasco M, Easton MC, Paullier C, Rivero R, Moraes DFS, Godoy I, Dutra V, Nakazato L. Diagnóstico de febre catarral maligna em bovinos do Uruguai. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(1):52-56. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013000100010).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201300...
,4646 Galvão A, Galvão CF, Caldas AS, Santos AM, D’avila MS, Cid GC, Nogueira VA, Peixoto TC. Febre catarral maligna em bovino no estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 2016;38(1):108-114. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/335128235_Febre_catarral_maligna_em_bovino_no_estado_do_Rio_de_Janeiro_-Relato_de_caso.
https://www.researchgate.net/publication...
,4747 Silva TV, Paulino L R, Afonso J AB, Mendonça CL, Costa NA, Silva NAA, Souto RJC, Coutinho LT, Souza JCA, Cajueiro JFP. Achados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos em bovinos com febre catarral maligna. Revista Acadêmica Ciência Animal. 2017;15(2):397 - 398. (DOI: 10.7213/cienciaanimal.v15iSuppl 2.17523).
https://doi.org/10.7213/cienciaanimal.v1...
). Os sinais clínicos foram mais evidentes em animais que sobrevivem por mais tempo (4848 Spickler A R. 2016. Febre Catarral Maligna. Traduzido e adaptado a situação Brasil por Mendes RE, Schwertz CI e Perosa FF. 2019. Disponível em: http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/factsheetspt.php?lang=pt.
http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo...
).

Tabela 2
Frequência de ocorrência dos achados clínicos observados nos bovinos diagnosticados com FCM (n=17) no período de 2009 a 2019 na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE.

Nos animais acometidos por FCM, no momento da baixa hospitalar não foi verificado alterações nos valores médios do eritrograma assim como na leucometria total, encontrando-se os valores situados dentro da normalidade para a espécie (4949 Taylor J. A. Leucocyte responses in ruminants. In. Feldman BF, Zinkl JG, Jain NC. Schalm´s veterinary hematology. 5 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2010. p.391-404.). No entanto, observa-se no leucograma valores médios da relação neutrófilo:linfócito: de 1:1 e não 1:2 como geralmente é observado em bovinos adultos. Estes achados diferem da leucopenia devido a agranulocitose citada nessa enfermidade por Constable, (3131 Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.) e da leucocitose por neutrofilia relatada por Mendonça et al. (4444 Mendonça FS, Dória RGS, Schein FB, Freitas SH, Nakazato L, Boabaid FM, Paula DAJ, Dutra V, Colodel EM. Febre catarral maligna em bovinos no estado de Mato Grosso. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2008;28(3):155-160. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxcmZDRd5dyjHCbT/?lang=pt#.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxc...
). Adicionalmente, nos casos de FCM o aumento no valor médio da concentração do fibrinogênio plasmático sem observação de leucocitose corrobora com Taylor (4949 Taylor J. A. Leucocyte responses in ruminants. In. Feldman BF, Zinkl JG, Jain NC. Schalm´s veterinary hematology. 5 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2010. p.391-404.), que relataram a aferição desta proteína como o melhor indicador de doença inflamatória nos bovinos. Segundo Eckersall (5050 Eckersall PD. Recent advances and future prospects for the use of acute phase proteins as markers of disease in animals. Revue de Médicine Vétérinaire. 2000;151(7):577-584. (https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.455.3961&rep=rep1&type=pdf).
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/do...
) e O´Mahony et al. (5151 O´Mahony MCO, Healy AM, Harte D, Walshe KG, Torgerson PR, Doherty ML. Milk amyloid A: Correlation with cellular indices of mammary inflammation in cows with normal and raised serum amyloid A. Research in Veterinary Science. 2006:80(2):155-161. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16083930/.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16083930...
), as concentrações circulantes das proteínas de fase aguda estão relacionadas à gravidade da disfunção orgânica e, portanto, sua quantificação propicia, prontamente, um meio de avaliar a presença e a extensão do processo inflamatório. Desta forma, a resposta do fibrinogênio, provavelmente, decorre da intensa reação inflamatória, resultante da vasculite generalizada, que representa um severo processo inflamatório nos casos de FCM.

Os achados de necropsia incluíram material fibrino-necrótico nas mucosas do trato respiratório (06/19), hiperemia dos vasos dos telencéfalos (05/19), traqueíte (03/19) fig. 01, hiperemia dos vasos das leptomeninges (04/19), edema das pregas do abomaso e do mesentério (01/19), hepatomegalia (04/19), edema de pulmão (04/19), ruminite/abomasite/reticulite (02/19), petéquias e sufusões cardíacas (3/19), e hipópio (5/19), também encontrados em outros trabalhos (4343 Rech RR, Schild AL, Driemeier D, Garmatz SL, Oliveira FN, Riet-Correa F, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: epidemiologia, sinais clínicos e patologia. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(2):97-105. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000200006).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200500...
,4545 Preliasco M, Easton MC, Paullier C, Rivero R, Moraes DFS, Godoy I, Dutra V, Nakazato L. Diagnóstico de febre catarral maligna em bovinos do Uruguai. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(1):52-56. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013000100010).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201300...
,4646 Galvão A, Galvão CF, Caldas AS, Santos AM, D’avila MS, Cid GC, Nogueira VA, Peixoto TC. Febre catarral maligna em bovino no estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 2016;38(1):108-114. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/335128235_Febre_catarral_maligna_em_bovino_no_estado_do_Rio_de_Janeiro_-Relato_de_caso.
https://www.researchgate.net/publication...
,5252 Peixoto TC, Cunha VAF, Silva DN, Farias SS, Madureira KM. Febre Catarral Maligna em bovino no estado da Bahia. Enciclopédia Biosfera. 2015;11(21):1092-1101. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/1831.
https://conhecer.org.br/ojs/index.php/bi...
, 5353 Silva Filho GB, Chaves HAS, Aires LD, Nakazato L, Colodel EM, Freitas SH, Dória RGS, Evêncio Neto E, Mendonça FS. Febre catarral maligna em bovinos no Agreste de Pernambuco, Medicina Veterinária (UFRPE). 2017;11(3):192-196. (https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1793).
https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1793...
). Nos casos reportados em Goiás por Terra et al. (1414 Terra JP, Blume GR, Rabelo RE, Medeiros JT, Rocha CGN, Chagas IN, Aguiar MDS, Sant’ana FJFD. Neurological diseases of cattle in the state of Goiás, Brazil (2010-2017). Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(9):1752-1760. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5768).
https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-57...
), não havia achados macroscópicos significativos.

Figura 1
Doenças neurológicas virais em bovinos diagnosticadas na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE. A) Raiva: Animal em decúbito com movimentos de pedalagem B) Raiva: Distensão da vesícula urinária. C) Febre catarral maligna: Erosões/ulcerações na região da glote e epiglote. D) Febre catarral maligna: Erosões na língua. E) Meningoencefalite herpética: Reflexo do esfíncter anal ausente. F) Meningoencefalite herpética: Sensibilidade da face reduzida.

Os achados histopatológicos no sistema nervoso caracterizavam-se por infiltrado inflamatório mononuclear, composto por linfócitos, plasmócitos e macrófagos, e degeneração hialina das paredes das arteríolas (vasculite necrosante), particularmente as de pequeno calibre presentes na rete mirabile carotídea, fig. 02. O infiltrado inflamatório por vezes se estendia aos espaços perivasculares e leptomeninges. As lesões vasculares foram observadas também em arteríolas presentes em outros tecidos, como rins, fígado, linfonodos e túnica mucosa do trato alimentar, respiratório, urinário e genital, quase sempre associadas à ulceração do epitélio suprajacente. A visualização de vasculite multissistêmica, acúmulos de células inflamatórias mononucleares em vários tecidos e necrose dos epitélios de revestimento contribui fortemente para o estabelecimento do diagnóstico histopatológico da FCM (5454 Garmatz SL, Irigoyen LF, Rech RR, Brown CC, Zhang J, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: transmissão experimental para bovinos e caracterização do agente etiológico. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2004;24(2):93-106. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000200009).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200400...
) como descrito nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo por Lemos et al. (1010 Lemos RAA, Rech RR, Guimarães EB, Kadri A, Dutra IS. Febre catarral maligna em bovinos do Mato Grosso de Sul e de São Paulo. Ciência Rural. 2005;35(4):932-934. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782005000400030).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200500...
), na Paraíba por Macêdo et al. (4242 Macêdo JTSA, Riet-Correa F, Simões SVD, Dantas AFM, Nobre VMT. Febre catarral maligna em bovinos na Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):277-281. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700004).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200700...
), no Rio de Janeiro por Galvão et al. (4646 Galvão A, Galvão CF, Caldas AS, Santos AM, D’avila MS, Cid GC, Nogueira VA, Peixoto TC. Febre catarral maligna em bovino no estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 2016;38(1):108-114. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/335128235_Febre_catarral_maligna_em_bovino_no_estado_do_Rio_de_Janeiro_-Relato_de_caso.
https://www.researchgate.net/publication...
), no Espírito Santo por Carmo et al. (5555 Carmo PMS, Oliveira KD, Barioni G, Oliveira-Filho JC, Souza TD. Malignant catarrhal fever in a calf in Espírito Santo State, Brazil: report of the first case. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, 2011;4(1):44-46. Disponível em: https://bjvp.org.br/wp-content/uploads/2015/07/V.4-N.1-08-20881_2011_3_16_5_37.pdf.
https://bjvp.org.br/wp-content/uploads/2...
), na Bahia por Peixoto et al. (5252 Peixoto TC, Cunha VAF, Silva DN, Farias SS, Madureira KM. Febre Catarral Maligna em bovino no estado da Bahia. Enciclopédia Biosfera. 2015;11(21):1092-1101. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/1831.
https://conhecer.org.br/ojs/index.php/bi...
).

3.3 Meningoencefalite por herpesvírus

Neste levantamento, entre as enfermidades de etiologia viral, a meningoencefalite por herpesvírus apresentou frequência de 7,7% (10/604), sendo inferior à raiva e à FCM, assim como relatado em outras regiões no semiárido nordestino (1313 Galiza GJN, Silva MLCR, Dantas AFM, Simões SVD, Riet-Correa F. Doenças do sistema nervoso de bovinos no semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(3):267-276. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ...
). Este resultado difere dos diversos estudos retrospectivos das doenças que acometem o sistema nervoso central que vêm sendo realizados em diversas regiões do Brasil nos últimos anos, nos quais as maiores ocorrências são atribuídas predominantemente à raiva seguida da meningoencefalite por herpesvírus. Possivelmente, a baixa ocorrência possa estar relacionada à dificuldade do diagnóstico, uma vez que necessita do recurso laboratorial, a exemplo da Reação em Cadeia da Polimerase ou imunohistoquímica.

Os sinais clínicos observados são apresentados na tabela 3. Estes achados foram similares aos descritos por outros autores em casos da doença (55 Ribas NLKS, Carvalho RI, Santos AC, Valençoela RA, Gouveia AF, Castro MB, Mori AE, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Mato Grosso do Sul: 1082 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(10):1183-1194. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013001000003).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X201300...
,1313 Galiza GJN, Silva MLCR, Dantas AFM, Simões SVD, Riet-Correa F. Doenças do sistema nervoso de bovinos no semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(3):267-276. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ...
,5656 Colodel EM, Nakazato L, Weiblen R, Mello RM, Silva RRP, Souza MA, Oliveira Filho JÁ, Caron L. Meningoencefalite necrosante em bovinos causada por herpesvírus bovino no estado de Mato Groso do Sul, Brasil. Ciência Rural. 2002;32(2):293-298. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782002000200018).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200200...
,5757 Rissi DR, Oliveira FN, Rech RR, Pierezan F, Lemos RAA, Barros CSL. Epidemiologia, sinais clínicos e distribuição das lesões encefálicas em bovinos afetados por meningoencefalite por herpesvírus bovino-5. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2006;26(2):123-132. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2006000200010).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200600...
,5858 Riet-Correa G, Duarte MD, Barbosa JD, Oliveira CMC, Cerqueira VD, Brito MF, Riet-Correa F. Meningoencefalite e polioencefalomalacia causada por Herpesvírus bovino-5 no Estado do Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2006;26(1):44-46. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/6mDLxnV8NCf9xKZKtdSzY4w/?format=pdf⟨=pt.
https://www.scielo.br/j/pvb/a/6mDLxnV8NC...
,5959 Oliveira JS, Albuquerque RF, Aguiar-Filho CR, De Arruda LP, Colodel EM, Rocha BP, Mendonça FS. Meningoencefalite necrosante em bovinos associada ao herpesvírus bovino-5 em Pernambuco-Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. 2014;42(1):1-5. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2890/289039188006.pdf.
https://www.redalyc.org/pdf/2890/2890391...
). Estes sinais, assim como a intensidade deles, variaram entre os animais e ao longo da evolução. Em infecção experimental, alguns animais não exibiram manifestações clínicas, entretanto o exame histopatológico confirmou que todos os bezerros estudados exibiram processo inflamatório encefálico, indicando que a encefalite causada pelo BoHV-5 pode, eventualmente, ser branda e assintomática (6060 Isernhagen A.J., Cosenza M., Costa M.C.C., Médici K.C., Balarin M.R.S., Bracarense A.P.F.R.L., Alfieri A.A. & Lisbôa J.A.N. 2011. Asymtomatic encephalitis in calves experimentally infected with bovine herpesvirus-5. Can. Vet. J. 52(12):1312-1318. PMid:22654135.).

Tabela 3
Frequência de ocorrência dos achados clínicos observados nos bovinos diagnosticados com meningoencefalite herpética (n=09) no período de 2009 a 2019 na Clínica de Bovinos de Garanhuns-UFRPE.

Os animais diagnosticados com meningoencefalite herpética apresentaram leucocitose por neutrofilia com discreto desvio para esquerda regenerativo e valores de fibrinogênio plasmático e o eritrograma situados na faixa de normalidade. Resultados compatíveis com a tendência à leucocitose acompanhada por elevação dos neutrófilos segmentados e teores normais de fibrinogênio plasmático foram relatados por Lisbôa et al.(6161 Lisbôa JAN, Isernhagen AJ, Borges AS, Amorim RM, Balarin MRS, Lunardi M, Alfieri AA. Hematological and Cerebrospinal Fluid Changes in Cattle Naturally and Experimentally Infected with the Bovine Herpesvirus 5. Brazilian Archives of Biology and Technology. 2009;52:69-76. (https://doi.org/10.1590/S1516-89132009000700010).
https://doi.org/10.1590/S1516-8913200900...
). Nestes casos, a elevação do número de neutrófilos circulantes é decorrente do estímulo causado pelos fatores estressantes que desencadeiam a meningoencefalite (6262 Rissi DR, Rech RR, Flores EF, Kommer SGD, Barros CSL. Meningoencefalite por herpesvírus bovino-5. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):251-260. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700001).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200700...
).

Na maioria dos casos observados neste estudo, os achados de necropsia não se demonstraram proeminentes, conforme descrito por Rissi et al. (57), Oliveira et al. (59). Quando presentes, tais achados consistiam em áreas amareladas e amolecidas multifocais nos córtices telencefálicos, característicos de malácia da substância cinzenta do encéfalo, e hiperemia dos vasos das leptomeninges (63).

Os achados histopatológicos caracterizavam-se por infiltrado inflamatório mononuclear constituído por linfócitos, plasmócitos e macrófagos nos espaços perivasculares e estendendo-se ao neurópilo e leptomeninges adjacentes. Na substância cinzenta, observaram-se corpos celulares neuronais retraídos, hipereosinofílicos e com núcleo picnótico (necrose laminar cortical), por vezes associados a neuroniofagia, gliose, vasculite, edema e áreas multifocais de vacuolização e malácia, permeadas por células Gitter. Foram visualizados ainda ocasionais astrócitos e neurônios com corpúsculos intranucleares de inclusão viral eosinofílicos (fig. 2). Os casos de meningoencefalite herpética apresentam as áreas de malácia como principal achado histopatológico (5656 Colodel EM, Nakazato L, Weiblen R, Mello RM, Silva RRP, Souza MA, Oliveira Filho JÁ, Caron L. Meningoencefalite necrosante em bovinos causada por herpesvírus bovino no estado de Mato Groso do Sul, Brasil. Ciência Rural. 2002;32(2):293-298. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782002000200018).
https://doi.org/10.1590/S0103-8478200200...
,6363 Perez SE, Bretschneider G, Leunda MR, Osório FA, Flores EF, Odeón AC. Primary infection, latency, and reactivation of Bovine Herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology. 2002;39(4):437-444. (https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437).
https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437...
,6464 Elias F, Schild AL, Riet-Correa F. Meningoencefalite e encefalomalacia por herpesvírus bovino-5: distribuição das lesões no sistema nervoso central de bovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2004;24(3):123-131. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000300003).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200400...
), mais frequentemente localizadas no córtex frontal, embora outras regiões possam ser afetadas (6464 Elias F, Schild AL, Riet-Correa F. Meningoencefalite e encefalomalacia por herpesvírus bovino-5: distribuição das lesões no sistema nervoso central de bovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2004;24(3):123-131. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000300003).
https://doi.org/10.1590/S0100-736X200400...
). Provavelmente, isto está relacionado com a habitual via de acesso do vírus ao sistema nervoso através dos nervos olfatórios (6363 Perez SE, Bretschneider G, Leunda MR, Osório FA, Flores EF, Odeón AC. Primary infection, latency, and reactivation of Bovine Herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology. 2002;39(4):437-444. (https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437).
https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437...
).

Animais que desenvolveram simultaneamente polioencefalomalacia e menigoencefalite por herpesvírus apresentaram lesões de malácia mais pronunciadas, corroborando com David et al. (6565 David N., Hübner S.O., Riet-Correa F., Halfen D. & Lemos R.A.A. 2007. Reactivation of latent bovine herpesvirus type 5 in cattle with polioencephalomalacia induced by ammonium sulphate. Pesq. Vet. Bras. 27:435-441.). Embora a lesão característica da meningoencefalite não supurativa seja atribuída ao BoHV5, a mesma lesão também pode estar presente em alguns casos de infecção pelo BoHV1 devido ao seu tropismo pelo sistema nervoso central, bem como casos de raiva e febre catarral maligna (033 Barros CSL, Driemeier D, Dutra IS, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Coleção Vallée, São Paulo, 2006. 207p.). Portanto, é necessário confirmar a infecção por meio de técnicas diagnósticas que permitam a distinção não apenas entre as diferentes afecções neurológicas, como também entre os tipos 1 e 5 de alfa-herpesvírus bovino. A distribuição de enfermidades de origem neurológica pode variar devido às particularidades regionais de cada local onde ocorra. Por esta razão se faz necessária a identificação dos agentes de circulação regional a fim de que as devidas ações estratégicas possam ser conduzidas para minimizar as perdas (1515 Queiroz GR, Oliveira RAM, Flaiban KKMC, Di Santis GW, Bracarense APFRL, Headley SA, Alfieri AA, Lisbôa JAN. Diagnóstico diferencial das doenças neurológicas dos bovinos no estado do Paraná. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(7):1264-1277. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5429).
https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-54...
).

4. Conclusões

Os achados clínicos das enfermidades neurológicas de etiologia viral são muito variados e inespecíficos, sendo os achados anatomopatológicos, aliados aos métodos laboratoriais de importância fundamental para o estabelecimento do diagnóstico. A elevada frequência dos casos de raiva neste estudo demonstra a importância sanitária desta enfermidade para a pecuária bovina, como também para a saúde pública, por se tratar de uma zoonose letal para ambas as espécies, sendo vital a adoção de medidas sanitárias preventivas na região. Ressalta-se a importância da inclusão da febre catarral maligna e da meningoencefalite herpética no diagnóstico diferencial das doenças neurológicas na região, assim como a adoção de medidas sanitárias.

References

  • 1
    Wuthrich D, Boujon CL, Truchet L, Selimovic-Hamza S, Oevermann A, Bouzalas IG, Bruggmann R, Seuberlich T. Exploring the virome of cattle with non-suppurative encephalitis of unknown etiology by metagenomics. Virology. 2016;493:22-30. (https://doi.org/10.1016/j.virol.2016.03.009).
    » https://doi.org/10.1016/j.virol.2016.03.009
  • 2
    Hierweger MM, Werder S, Seuberlich T. Parainfluenza Virus 5 Infection in Neurological Disease and Encephalitis of Cattle. International Journal of Molecular Sciences. 2020;21(2): 1-19. (doi: 10.3390/ijms21020498).
    » https://doi.org/10.3390/ijms21020498)
  • 3
    Barros CSL, Driemeier D, Dutra IS, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Coleção Vallée, São Paulo, 2006. 207p.
  • 4
    Sanches AWD, Langohr IM, Stigger AL, Barros CSL. Doenças do sistema nervoso central em bovinos no sul do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2000;20(3):113-118. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2000000300005).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2000000300005
  • 5
    Ribas NLKS, Carvalho RI, Santos AC, Valençoela RA, Gouveia AF, Castro MB, Mori AE, Lemos RAA. Doenças do sistema nervoso de bovinos no Mato Grosso do Sul: 1082 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(10):1183-1194. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013001000003).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013001000003
  • 6
    Theil D, Fatzer R, Schiller I, Caplazi P, Zurbriggen A, Vandevelde M. Neuropathological and aetiological studies of sporadic non-suppurative meningoencephalomyelitis of cattle. The Veterinary Record. 1998;143(9):244-249. (https://doi.org/10.1136/vr.143.9.244).
    » https://doi.org/10.1136/vr.143.9.244
  • 7
    Sánchez M, Clark EG, Wobeser GA, Janzen ED, Philibert HA. A retrospective study of non-suppurative encephalitis in beef cattle from Western Canada, Canadian Veterinary Journal. 2013;54(12):1127-1132. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3831384/pdf/cvj_12_1127.pdf
    » https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3831384/pdf/cvj_12_1127.pdf
  • 8
    Riet-Correa F, Schild AL, Fernandes CG. Enfermidades do sistema nervoso dos ruminantes no Sul do Rio Grande do Sul. Ciência Rural. 1998;28(2):341-348. (https://doi.org/10.1590/S0103-84781998000200028).
    » https://doi.org/10.1590/S0103-84781998000200028
  • 9
    Reis MC, Costa JN, Peixoto APC, Figueiredo LJC, Menezes, R. V.; Ferreira, M. M.; Sá, J. E. U. Aspectos clínicos e epidemiológicos da raiva bovina apresentados na casuística da Clínica de Bovinos (Oliveira dos Campinhos, Santo Amaro, Bahia), Universidade Federal da Bahia, durante o período de janeiro de 1990 a dezembro de 1999. Revista Brasileira Saúde Produção Animal [Internet]. 2003;4(1):12-17. Disponível em: https://academic.naver.com/article.naver?doc_id=437684339
    » https://academic.naver.com/article.naver?doc_id=437684339
  • 10
    Lemos RAA, Rech RR, Guimarães EB, Kadri A, Dutra IS. Febre catarral maligna em bovinos do Mato Grosso de Sul e de São Paulo. Ciência Rural. 2005;35(4):932-934. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782005000400030).
    » https://doi.org/10.1590/S0103-84782005000400030
  • 11
    Lima EF, Riet-Correa F, Castro RS, Gomes AAB, Lima FS. Sinais clínicos, distribuição das lesões no sistema nervoso e epidemiologia da raiva em herbívoros na região Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(4):250-264. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000400011
  • 12
    Barros, C.S.L. Neuropatias Bovinas Emergentes. Ciência Animal Brasileira, [S. l.], v. 1, 2009. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/7667 Acesso em: 14 jan. 2022.
    » https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/7667
  • 13
    Galiza GJN, Silva MLCR, Dantas AFM, Simões SVD, Riet-Correa F. Doenças do sistema nervoso de bovinos no semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(3):267-276. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf
    » https://www.scielo.br/j/pvb/a/Sp7yJkQgTJ55XLpBqp7JdzH/?lang=pt&format=pdf
  • 14
    Terra JP, Blume GR, Rabelo RE, Medeiros JT, Rocha CGN, Chagas IN, Aguiar MDS, Sant’ana FJFD. Neurological diseases of cattle in the state of Goiás, Brazil (2010-2017). Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(9):1752-1760. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5768).
    » https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5768
  • 15
    Queiroz GR, Oliveira RAM, Flaiban KKMC, Di Santis GW, Bracarense APFRL, Headley SA, Alfieri AA, Lisbôa JAN. Diagnóstico diferencial das doenças neurológicas dos bovinos no estado do Paraná. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2018;38(7):1264-1277. (https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5429).
    » https://doi.org/10.1590/1678-5150-PVB-5429
  • 16
    Borges AS, Lisbôa, J.N, Braga PRC, Leite, RO, Queiroz GR. Doenças Neurológicas Dos Ruminantes No Brasil: Exame E Diagnóstico Diferencial. Revista Brasileira de Buiatria - Clínica Médica, Volume 1, Número 3, p. 63-99. 2021.
  • 17
    BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Controle da raiva dos herbívoros: manual técnico 2009 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. - Brasília: Mapa/ACS, 2009.124p.
  • 18
    Dirksen G, Gründer HD, Stöber M. Rosenberger: Exame clínico dos Bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993. 419p.
  • 19
    Harvey J W. Hematology procedures. In: Harvey JW. Veterinary hematology. A diagnostic guide and color atlas. St. Louis: Elsevier; 2012. 368p.
  • 20
    King JM, Roth-Johnson L, Dodd DC, Newsom ME. The Necropsy Book: A guide for veterinary students, residents, clinicians, pathologists, and biological researchers. 7 ed. Ithaca: Cornell University. 2013. 259p.
  • 21
    Conselho Federal de Medicina Veterinária. Guia Brasileiro de Boas Práticas em Eutanásia em Animais - Conceitos e Procedimentos Recomendados. Conselho Federal de Medicina Veterinária, Brasília-DF, 2013. Disponível em: https://www.cfmv.gov.br/guia-brasileiro-de-boas-praticas-para-a-eutanasia-em-animais/comunicacao/publicacoes/#1 Portuguese.
    » https://www.cfmv.gov.br/guia-brasileiro-de-boas-praticas-para-a-eutanasia-em-animais/comunicacao/publicacoes/#1
  • 22
    Luna L G. Manual of histologic staining methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3 ed. New York: McGraw-Hill Book; 1968. 258p.
  • 23
    Dean DJ, Abelseth MK, Atanasiu P. Fluorescent Antibody Test. In: Meslin, F.X.; Kaplan, M.M.; Koprowski, H. Laboratory Techniques in Rabies. 4 ed. World Health Organization, Geneva; 1996. p.88-95.
  • 24
    Claus MP, Alfieri AF, Médici KC, Lunardi M, Alfieri AA. Bovine herpesvirus 5 detection by virus isolation in cell culture and multiplex-pcr in central nervous system from cattle with neurological disease in brazilian herds. Brazilian Journal of Microbiology. 2007;38(3):485-490. (https://doi.org/10.1590/S1517-83822007000300019).
    » https://doi.org/10.1590/S1517-83822007000300019
  • 25
    Silva, B.P. Identificação e caracterização molecular do Bovine alphaherpesvirus 1 e Bovine alphaherpesvirus 5 em bovinos no estado de Pernambuco. 2021. 121p. Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, 2021.
  • 26
    Thrusfield M. Epidemiologia Veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, 2005. 610p.
  • 27
    Radostits OM, Gay CC, Hinchcliff KW, Constable PD. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10th ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2007. 2156p.
  • 28
    Langhor IM, Irigoyen LF, Lemos RAA, Barros CSL. Aspectos epidemiológicos e clínicos e distribuição das lesões histológicas no encéfalo de bovinos com raiva. Ciência Rural. 2003. 33(1):125-131. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782003000100020).
    » https://doi.org/10.1590/S0103-84782003000100020
  • 29
    Rissi DR, Pierezan F, Oliveira-Filho JC, Lucena RB, Carmo PMS, Barros CSL. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira [Internet]. 2010;30(11):958-967. Disponível em: https://www.readcube.com/articles/10.1590/S0100-736X2010001100010?tab=summary
    » https://www.readcube.com/articles/10.1590/S0100-736X2010001100010?tab=summary
  • 30
    Marcolongo-Pereira C, Sallis ESV, Grecco FB, Raffi MB, Soares MP, Schild AL. Raiva em bovinos na Região Sul do Rio Grande do Sul: epidemiologia e diagnóstico imuno-histoquímico. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2011;31(4):331-335. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2011000400010).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2011000400010
  • 31
    Constable PD, Hinchcliff KW, Done SH, Grunberg W. Veterinary medicine. A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats.11 ed. St. Louis: Elsevier, 2017. 2308p.
  • 32
    BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Tratamento da Raiva Humana no Brasil. Distrito Federal: Ministério da Saúde, 40 p., 2011.
  • 33
    Alknawy M, Mohammed I, Ulla SN, Aboud AA. First confirmed case of human rabies in Saudi Arabia. IDCases. 2018;12:29-31.
  • 34
    Tornquist SJ, Rigas J. Interpretation of ruminant leukocyte responses. In: Weiss DJ, Wardrop, KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6th ed. Ames:Wiley-Blackwell; 2010, p.307-313.
  • 35
    Webb Jl, Latimer Ks, Leukocytes. In: Duncan and Prasse’s Veterinary Laboratory Medicine: Clinical Pathology, 5ed. Chichester: Latimer; 2011. p.45-82.
  • 36
    Wood D, Quiroz-Rocha GF. Normal hematology of cattle. In: Weiss DJ, Wardrop KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6th ed. Ames:Wiley-Blackwell; 2010, p.829-835
  • 37
    Braga JFV, Souza FAL, Franklin FLAA, Beserra EEA, Barreto FM, Araújo Neto JC, Costa FAL, Silva SMMS. Surto de raiva em bovinos no estado do Piauí, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica. 2013;7(2):176-179.
  • 38
    Ecco R, Viott AM, Graça DL, Alessi AC. Sistema Nervoso. In: Santos RL, Alessi AC. Patologia veterinária, 2. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2017. p.487-572.
  • 39
    Jones TC, Hunt RD, King N.W. Patologia Veterinária. 6 ed. São Paulo: Manole; 2000. 1415p.
  • 40
    Silva JA, Moreira EC, Haddad JPA, Modena CM, Tubaldini MAS. Distribuição temporal e espacial da raiva bovina em Minas Gerais, 1976 a 1997. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2001.53(3). (https://doi.org/10.1590/S0102-09352001000300001).
    » https://doi.org/10.1590/S0102-09352001000300001
  • 41
    Souza VF, Melo SV, Esteves PA, Schmidt CSR, Gonçalves DA, Schaefer R, Silva TC, Almeida RS, Vicentini F, Franco AC, Oliveira EA, Spilki FR, Weiblen R, Flores EF, Lemos RA, Alfieri AA, Pituco EM, Roehe PM. Caracterização de herpesvírus bovinos tipos 1 (BHV-1) e 5 (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2002;22(1):13-18. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2002000100004).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2002000100004
  • 42
    Macêdo JTSA, Riet-Correa F, Simões SVD, Dantas AFM, Nobre VMT. Febre catarral maligna em bovinos na Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):277-281. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700004).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700004
  • 43
    Rech RR, Schild AL, Driemeier D, Garmatz SL, Oliveira FN, Riet-Correa F, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: epidemiologia, sinais clínicos e patologia. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2005;25(2):97-105. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000200006).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2005000200006
  • 44
    Mendonça FS, Dória RGS, Schein FB, Freitas SH, Nakazato L, Boabaid FM, Paula DAJ, Dutra V, Colodel EM. Febre catarral maligna em bovinos no estado de Mato Grosso. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2008;28(3):155-160. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxcmZDRd5dyjHCbT/?lang=pt#.
    » https://www.scielo.br/j/pvb/a/sGgyrShqxcmZDRd5dyjHCbT/?lang=pt
  • 45
    Preliasco M, Easton MC, Paullier C, Rivero R, Moraes DFS, Godoy I, Dutra V, Nakazato L. Diagnóstico de febre catarral maligna em bovinos do Uruguai. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2013;33(1):52-56. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013000100010).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2013000100010
  • 46
    Galvão A, Galvão CF, Caldas AS, Santos AM, D’avila MS, Cid GC, Nogueira VA, Peixoto TC. Febre catarral maligna em bovino no estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. 2016;38(1):108-114. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/335128235_Febre_catarral_maligna_em_bovino_no_estado_do_Rio_de_Janeiro_-Relato_de_caso
    » https://www.researchgate.net/publication/335128235_Febre_catarral_maligna_em_bovino_no_estado_do_Rio_de_Janeiro_-Relato_de_caso
  • 47
    Silva TV, Paulino L R, Afonso J AB, Mendonça CL, Costa NA, Silva NAA, Souto RJC, Coutinho LT, Souza JCA, Cajueiro JFP. Achados clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos em bovinos com febre catarral maligna. Revista Acadêmica Ciência Animal. 2017;15(2):397 - 398. (DOI: 10.7213/cienciaanimal.v15iSuppl 2.17523).
    » https://doi.org/10.7213/cienciaanimal.v15iSuppl 2.17523
  • 48
    Spickler A R. 2016. Febre Catarral Maligna. Traduzido e adaptado a situação Brasil por Mendes RE, Schwertz CI e Perosa FF. 2019. Disponível em: http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/factsheetspt.php?lang=pt
    » http://www.cfsph.iastate.edu/DiseaseInfo/factsheetspt.php?lang=pt
  • 49
    Taylor J. A. Leucocyte responses in ruminants. In. Feldman BF, Zinkl JG, Jain NC. Schalm´s veterinary hematology. 5 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2010. p.391-404.
  • 50
    Eckersall PD. Recent advances and future prospects for the use of acute phase proteins as markers of disease in animals. Revue de Médicine Vétérinaire. 2000;151(7):577-584. (https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.455.3961&rep=rep1&type=pdf).
    » https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.455.3961&rep=rep1&type=pdf
  • 51
    O´Mahony MCO, Healy AM, Harte D, Walshe KG, Torgerson PR, Doherty ML. Milk amyloid A: Correlation with cellular indices of mammary inflammation in cows with normal and raised serum amyloid A. Research in Veterinary Science. 2006:80(2):155-161. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16083930/
    » https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16083930/
  • 52
    Peixoto TC, Cunha VAF, Silva DN, Farias SS, Madureira KM. Febre Catarral Maligna em bovino no estado da Bahia. Enciclopédia Biosfera. 2015;11(21):1092-1101. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/1831
    » https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/1831
  • 53
    Silva Filho GB, Chaves HAS, Aires LD, Nakazato L, Colodel EM, Freitas SH, Dória RGS, Evêncio Neto E, Mendonça FS. Febre catarral maligna em bovinos no Agreste de Pernambuco, Medicina Veterinária (UFRPE). 2017;11(3):192-196. (https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1793).
    » https://doi.org/10.26605/medvet-n3-1793
  • 54
    Garmatz SL, Irigoyen LF, Rech RR, Brown CC, Zhang J, Barros CSL. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: transmissão experimental para bovinos e caracterização do agente etiológico. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2004;24(2):93-106. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000200009).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000200009
  • 55
    Carmo PMS, Oliveira KD, Barioni G, Oliveira-Filho JC, Souza TD. Malignant catarrhal fever in a calf in Espírito Santo State, Brazil: report of the first case. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, 2011;4(1):44-46. Disponível em: https://bjvp.org.br/wp-content/uploads/2015/07/V.4-N.1-08-20881_2011_3_16_5_37.pdf
    » https://bjvp.org.br/wp-content/uploads/2015/07/V.4-N.1-08-20881_2011_3_16_5_37.pdf
  • 56
    Colodel EM, Nakazato L, Weiblen R, Mello RM, Silva RRP, Souza MA, Oliveira Filho JÁ, Caron L. Meningoencefalite necrosante em bovinos causada por herpesvírus bovino no estado de Mato Groso do Sul, Brasil. Ciência Rural. 2002;32(2):293-298. (https://doi.org/10.1590/S0103-84782002000200018).
    » https://doi.org/10.1590/S0103-84782002000200018
  • 57
    Rissi DR, Oliveira FN, Rech RR, Pierezan F, Lemos RAA, Barros CSL. Epidemiologia, sinais clínicos e distribuição das lesões encefálicas em bovinos afetados por meningoencefalite por herpesvírus bovino-5. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2006;26(2):123-132. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2006000200010).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2006000200010
  • 58
    Riet-Correa G, Duarte MD, Barbosa JD, Oliveira CMC, Cerqueira VD, Brito MF, Riet-Correa F. Meningoencefalite e polioencefalomalacia causada por Herpesvírus bovino-5 no Estado do Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2006;26(1):44-46. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/6mDLxnV8NCf9xKZKtdSzY4w/?format=pdf⟨=pt
    » https://www.scielo.br/j/pvb/a/6mDLxnV8NCf9xKZKtdSzY4w/?format=pdf⟨=pt
  • 59
    Oliveira JS, Albuquerque RF, Aguiar-Filho CR, De Arruda LP, Colodel EM, Rocha BP, Mendonça FS. Meningoencefalite necrosante em bovinos associada ao herpesvírus bovino-5 em Pernambuco-Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. 2014;42(1):1-5. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2890/289039188006.pdf
    » https://www.redalyc.org/pdf/2890/289039188006.pdf
  • 60
    Isernhagen A.J., Cosenza M., Costa M.C.C., Médici K.C., Balarin M.R.S., Bracarense A.P.F.R.L., Alfieri A.A. & Lisbôa J.A.N. 2011. Asymtomatic encephalitis in calves experimentally infected with bovine herpesvirus-5. Can. Vet. J. 52(12):1312-1318. PMid:22654135.
  • 61
    Lisbôa JAN, Isernhagen AJ, Borges AS, Amorim RM, Balarin MRS, Lunardi M, Alfieri AA. Hematological and Cerebrospinal Fluid Changes in Cattle Naturally and Experimentally Infected with the Bovine Herpesvirus 5. Brazilian Archives of Biology and Technology. 2009;52:69-76. (https://doi.org/10.1590/S1516-89132009000700010).
    » https://doi.org/10.1590/S1516-89132009000700010
  • 62
    Rissi DR, Rech RR, Flores EF, Kommer SGD, Barros CSL. Meningoencefalite por herpesvírus bovino-5. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2007;27(7):251-260. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700001).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2007000700001
  • 63
    Perez SE, Bretschneider G, Leunda MR, Osório FA, Flores EF, Odeón AC. Primary infection, latency, and reactivation of Bovine Herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology. 2002;39(4):437-444. (https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437).
    » https://doi.org/10.1354/vp.39-4-437
  • 64
    Elias F, Schild AL, Riet-Correa F. Meningoencefalite e encefalomalacia por herpesvírus bovino-5: distribuição das lesões no sistema nervoso central de bovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2004;24(3):123-131. (https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000300003).
    » https://doi.org/10.1590/S0100-736X2004000300003
  • 65
    David N., Hübner S.O., Riet-Correa F., Halfen D. & Lemos R.A.A. 2007. Reactivation of latent bovine herpesvirus type 5 in cattle with polioencephalomalacia induced by ammonium sulphate. Pesq. Vet. Bras. 27:435-441.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    19 Dez 2022
  • Aceito
    11 Abr 2023
  • Publicado
    17 Maio 2023
Universidade Federal de Goiás Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, Campus II, Caixa Postal 131, CEP: 74001-970, Tel.: (55 62) 3521-1568, Fax: (55 62) 3521-1566 - Goiânia - GO - Brazil
E-mail: revistacab@gmail.com