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Bioética e longevidade humana

Bioethics and human longevity

BIOÉTICA E LONGEVIDADE HUMANA. Pessini, Leo; Barchifontaine, Christian de Paul de. (organizadores). 1. ed.São Paulo: Centro Universitário São Camilo, Edições Loyola, 2006. 535. 85-150320-31

América Latina e Caribe apresentam realidades na estrutura etária, consoante a transição demográfica e epidemiológica de cada formação histórica. Portanto, demandas sociais, econômicas e políticas diversas enfatizam o cuidado e importância das questões bioéticas. O processo de envelhecimento surge com destaque nessas regiões e avança em concomitância, por um lado, à intensidade em valor absoluto dos acima de 60 anos e, por outro, pelas melhores condições de existência na sobrevida. Por sua vez, há a busca por maior participação e autonomia das pessoas idosas na construção dos equipamentos sociais e coletivos.

A partir das repercussões oriundas do processo de envelhecimento populacional e humano, delineiam-se algumas questões geronto-geriátricas que ocorrem no cotidiano das práticas médico-sociais e que necessitam de uma interlocução bioética com os atores envolvidos com a saúde e bem-estar das pessoas idosas em suas várias dimensões relacionais. As pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias biomédicas vislumbram novos horizontes aos portadores de doenças e mal-estares, o que permite um melhor desempenho nas atividades da vida diária. Por sua vez, constrói uma nova ordem sanitária, de direito à saúde e autonomia dos usuários dos serviços.

O processo de envelhecimento revela e desvela um mosaico de realidades: transição demográfica e epidemiológica, aumento de expectativa de vida e engajamento dos grupos sociais de todos os matizes por direitos sociais e humanos. Todos esses eventos levantam questões éticas e morais, o que levará a conflitos que necessitarão de mediadores bioéticos para atenuá-los. Assim sendo, a bioética deste milênio pode-se transformar, segundo alguns, em uma “bioética do mundo que envelhece”.

A pessoa idosa, enquanto plural, encerra, indubitavelmente, especificidades de ordem moral, o que nem sempre se coaduna com o ethos da sociedade e comunidade onde habita. Em alguns casos, a quase cristalização de determinados hábitos e costumes produz comportamentos que, muitas vezes, são tipificados em bases diagnósticas, como por exemplo, certos mecanismos de defesa. Dessa forma, as expectativas criadas a partir de um convívio intergeracional demarcado e marcado pela continuidade/descontinuidade dos eventos cotidianos fragilizam a dialogicidade.

O livro apresenta um painel de temas acerca do envelhecimento que são recorrentes no diálogo bioético: a busca de uma fundamentação histórico-conceitual ; algumas reflexões e experiências sobre educação em bioética ; longevidade humana . Ao mesmo tempo traduz, ao longo de 535 páginas, que as questões éticas se afirmam pela generalidade; as de ordem moral são concretas, vivenciadas. A ética (do grego éthos , modo de ser ou caráter) é um conhecimento racional, teórico, cujo objeto é a moral (do latim mos ou mores , costumes), preocupada com a tomada de decisão para agir numa situação dada. A bioética (do grego bios e ethica ) problematiza as especificidades das práticas cotidianas à luz dos sujeitos e contextos em pauta. Questiona as ações oriundas das deliberações clínicas e dos avanços científicos e tecnológicos. É um conhecimento complexo e de cunho pragmático que parte do pluralismo moral da pós-modernidade e dispõe de variados julgamentos culturais, jurídicos, religiosos e éticos. Já a deontologia (do grego déon , dever), enquanto código de conduta, normatiza as práticas profissionais.

Conteúdo temático: 1. Bioética: das origens à prospecção de alguns desafios contemporâneos; 2. O lugar da bioética na história da ética e o conceito de justiça como cuidado; 3. Bioética: reflexões sobre os avanços biológicos no contexto da vida com ênfase em educação ambiental; 4. Determinismo ou livre-arbítrio?; 5. Bioética, cidadania e controle social; 6. Bioética e teologia: janelas e interpelações; 7. Rumos da liberdade em bioética: uma leitura teológica; 8. Em bioética é preciso educar-se: uma provocação; 9. Onze reflexões sobre educação e bioética; 10. Bioética e educação: um novo desafio para a escola; 11. O ensino da bioética; 12. Como ensinar a bioética; 13. Perspectivas da bioética na América Latina e o pioneirismo no ensino de bioética no Centro Universitário São Camilo, SP; 14. O ensino da bioética nas escolas médicas; 15. Universidade e educação em bioética; 16. Educação em bioética: desafios para a formação crítico-criativa dos profissionais de enfermagem; 17. O ensino da bioética e a experiência no campo da saúde pública; 18. Longevidade: desafio no terceiro milênio; 19. Políticas sobre envelhecimento e saúde no mundo; 20. Características demográficas e socioeconômicas da população idosa brasileira; 21. Desafios da longevidade: qualidade de vida; 22. A co-educação entre as gerações: um desafio da longevidade; 23. Novas perspectivas em cuidados paliativos: ética, geriatria, gerontologia, comunicação e espiritualidade; 24. A longevidade e o cérebro; 25. Idosos muito idosos: reflexões e tendências; 26. Longevidade, qualidade de vida e idosos hipertensos; 27. Ouvindo o idoso hospitalizado: direitos envolvidos na assistência cotidiana de enfermagem; 28. O cuidado gerontológico: um repensar sobre a assistência em gerontologia; 29. Identificação e prevenção de negligência em idosos; 30. Uma viagem interdisciplinar na enigmática memória e o envelhecimento; 31. Terapia multidisciplinar: uma proposta de tratamento global do idoso; 32. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Out 2019
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2006
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