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Organização da atenção à saúde bucal prestada ao idoso nas equipes de saúde bucal da Estratégia Saúde da Família

Organization of oral health care to the elderly in the Family Health Strategy

Resumos

Este trabalho teve por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a atenção à saúde bucal do idoso, considerando a necessidade de organizar a atenção à saúde bucal para essa faixa etária no cotidiano da Estratégia Saúde da Família. Os dados foram buscados, através da BIREME Biblioteca Virtual em Saúde-BVS, nas bases de dados BBO, MEDLINE e LILACS, em publicações datadas entre 2000 e 2010, na língua portuguesa. Foram encontradas 46 publicações. Também foram pesquisados documentos oficiais, envolvendo políticas de saúde do idoso. Aplicados os critérios de inclusão e exclusão, restaram 23 publicações científicas para análise. Os artigos selecionados confirmam a necessidade de organizar a atenção à saúde bucal do idoso, pois estudos epidemiológicos apontam para a precária condição de saúde bucal desse grupo populacional. A organização da atenção à saúde bucal passa pela necessidade de um planejamento inter e multidisciplinar. A intersetorialidade pode contribuir sobremaneira para a promoção da saúde.

Idoso; Saúde Bucal do Idoso; Saúde Bucal; Atenção à Saúde; Atenção Primária à Saúde


This study aimed to conduct a literature review on the oral health of the elderly, considering the need to organize oral health care for this age group in the routine of the Family Health Strategy. Data were collected, through BIREME Biblioteca Virtual na Saúde-BVS, in databases BBO, LILACS and MEDLINE, in publications dated between 2000 and 2010, in Portuguese. We selected 46 publications. Official documents, policies involving health of the elderly were also surveyed. Inclusion and exclusion criteria were applied and 23 scientific publications were selected for analysis. The articles confirm the need to organize oral health care of the elderly. Such organization requires the involvement of several specialties, not only due to the physiological process of aging, but also because in most cases this public displays multiple systemic changes. The elderly care needs the involvement of a multidisciplinary and interdisciplinary team, seeking health promotion and intersectoral support. Epidemiological studies indicate the poor oral health status of this population group. The organization of oral health care requires inter- and multi-disciplinary planning. Intersectoriality may contribute significantly to health promotion.

Elderly; Elderly's Oral Health; Oral Health; Health Care Public Health; Primary Health Care


INTRODUÇÃO

Discutir a nova realidade demográfica brasileira se torna cada vez mais urgente, pois o grande crescimento da população idosa observado nos últimos anos deve ser levado em consideração no planejamento e reformulação das políticas social, econômica e de saúde.11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores Sociodemográficos e de saúde no Brasil, 2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2009. A Dinâmica demográfica brasileira e os impactos nas políticas públicas; 18 folhas. Estudos e pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica, 25.

Além da transição demográfica, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, caracterizada pelo aumento de doenças crônico-degenerativas e redução das infecto-contagiosas. Como consequência, a demanda e custos dos serviços de saúde serão maiores.22. Gordilho A, Sérgio J, Silvestre J, Ramos LR, Freire MPA, Espindola N, et al. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção integral do idoso. Rio de Janeiro: UERJ, UnATI; 2000. , 3 3. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75.

A saúde bucal do idoso foi submetida a um modelo assistencial curativo mutilador com características excludentes, muitas vezes restritos aos serviços de urgência odontológica. Esse modelo assistencial gerou um quadro de saúde bucal precária nos idosos, que apresentam alta prevalência de doenças bucais, como cáries, doenças periodontais, edentulismo e necessidade de uso de próteses. Assim, a saúde bucal do idoso implica organizar e ampliar a oferta tanto de atenção preventiva e de promoção de saúde, como de atenção curativa e reabilitadora.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. , 44. Colussi C, Freitas SFT. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do idoso no Brasil. Cad Saúde Pública 2002;185:1313-20.

Em 1994, o Ministério da Saúde adotou a Estratégia Saúde da Família ESF, na época chamado Programa Saúde da Família, como uma estratégia prioritária para a organização da atenção primária e estruturação do sistema de saúde. A ESF trabalha com práticas interdisciplinares desenvolvidas por equipes que se responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita e na perspectiva de uma atenção integral humanizada, considerando a realidade local e valorizando as diferentes necessidades dos grupos populacionais.55. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes operacionais dos pactos pela vida, em defesa do SUS e de gestão. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. Série A. Normas e manuais técnicos.

Decorridos seis anos da criação da ESF, o Ministério da Saúde MS, com o objetivo de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal e ampliar o acesso da população brasileira às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde em todos os níveis de atenção, regulamentou a Portaria nº. 1.444/GM, de 28 de dezembro de 2000, que aprovou as normas e diretrizes de inclusão da saúde bucal na ESF. Criou-se, assim, o incentivo destinado ao financiamento de ações e à inserção de profissionais da área odontológica.66. Brasil. Portaria GM/MS nº. 1.444, de 28 de dezembro de 2000. Portaria de incentivos financeiros. Diário Oficial da União de 29 dez. 2000, seção 1, p.85.

Em 2004, o governo federal criou a Política Nacional de Saúde Bucal PNSB, também chamada Programa Brasil Sorridente. Suas diretrizes têm o conceito do cuidado com eixo norteador de reorientação do modelo, deixando a concepção de saúde não centrada na doença, mas, sobretudo, na promoção de qualidade de vida e intervenção nos fatores de risco, com a incorporação de ações programáticas de forma mais abrangente e desenvolvimento de ações intersetoriais. No campo de ação da assistência, essas diretrizes apontam para a ampliação e a qualificação da atenção primária, possibilitando o acesso a todas as faixas etárias e à oferta de mais serviços. Buscando a integralidade da atenção, são assegurados atendimentos nos níveis secundário e terciário.77. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da política nacional de saúde bucal. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2004.

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre a atenção à saúde bucal do idoso, possibilitando que sejam elaboradas propostas voltadas para o planejamento da atenção a saúde bucal desse grupo populacional no cotidiano das Equipes de Saúde da Família, contribuindo, assim, para a consolidação das ações do Sistema Único de Saúde SUS.

METODOLOGIA

Trata-se de revisão narrativa, considerada apropriada para descrever e discutir o desenvolvimento ou "estado da arte" de determinado assunto, sob o ponto de vista teórico ou contextual. Esse tipo de revisão permite adquirir e atualizar o conhecimento sobre determinada temática específica, sendo ainda caracterizada pela análise da literatura publicada em livros, teses, dissertações, monografias e artigos em formato impresso ou eletrônico.88. Bernardo WM, Nobre MRC, Jatene FB. A prática clínica baseada em evidências. Parte II: buscando as evidências em fontes de informação. Rev Assoc Med Bras 2004;501:1-9.

Para obtenção dos dados, utilizou-se levantamento bibliográfico realizado na BIREME Biblioteca Virtual em Saúde-BVS nas bases de dados BBO, MEDLINE e LILACS. Foram incluídas publicações datadas entre 2000 e 2010, na língua portuguesa, na forma de artigo, tendo sido usados inicialmente os unitermos "saúde bucal idoso" e "atenção à saúde bucal".

Além da pesquisa na BIREME, foram pesquisados documentos oficiais do governo federal, envolvendo políticas e saúde do idoso e cadernos da atenção básica, saúde bucal e saúde do idoso. A busca das publicações no Ministério da Saúde MS foi feita por meio do site desse órgão.*

Considerando todas as bases, foram recuperadas 46 produções científicas, dentre artigos, monografias e teses. Para prosseguimento do estudo, o critério de seleção era que fossem artigos científicos, sendo selecionados 36.

Procedeu-se inicialmente à leitura dos títulos e resumos desses artigos. Após esse segundo processo seletivo, restaram 23 artigos para leitura e análise. A leitura dos resumos levou em consideração a presença de conteúdo que abordasse a questão da atenção à saúde bucal para a população idosa e possibilidades de como organizar essa atenção à saúde no âmbito do SUS. O processo de exclusão levou em consideração a presença de conteúdo presente nos títulos e resumos, que, embora de interesse para a saúde bucal dos idosos por exemplo, repercussões bucais de problemas sistêmicos, não fosse diretamente relacionada a propostas de organização da atenção à saúde bucal para essa faixa etária.

RESULTADOS

Observa-se que os artigos podem ser agregados em dois grupos principais, de acordo com a abordagem adotada nas pesquisas. Dessa maneira, 56,5% n=13 dos artigos abordavam políticas voltadas para a saúde bucal de idosos, enquanto 43,5% n=10 abordavam a mesma questão a partir de estudos epidemiológicos realizados em diferentes realidades do país. Quanto à metodologia empregada, observa-se predominância de estudos quantitativos em relação aos de abordagem qualitativa.

Como aspecto geral, é possível apontar que a saúde bucal do idoso brasileiro encontra-se em situação precária, com elevados índices de edentulismo, refletindo a ineficácia historicamente presente nos serviços públicos de atenção odontológica, limitado a extrações em série e serviços de urgência, baseados no modelo curativista.

O quadro 1 traz uma exposição resumida do conteúdo presente nos artigos selecionados.

Quadro 1.
Autores, títulos, ano de publicação, objetivos e principais resultados dos trabalhos selecionados

DISCUSSÃO

Epidemiologia da saúde bucal em idosos: algumas notas

Os artigos selecionados, focando diferentes realidades do nosso país, apontam para a precária condição de saúde bucal desse grupo populacional. Assim, analisando os dados encontrados, constata-se a atual necessidade de tratamento odontológico pelos idosos, seja para reposição de próteses ou para tratamento de alguma afecção bucal.99. Costa IMD, Maciel SML, Cavalcanti AL. Acesso aos serviços odontológicos e motivos da procura por atendimento por pacientes idosos em Campina Grande - PB. Odontol Clín-Cient 2010;74: 331-5.

Esse fato reafirma que no Brasil é baixo o relato de uso dos serviços odontológicos por idosos, uma vez que 6,3% relataram nunca terem utilizado os serviços odontológicos, que somente 13,2% utilizaram os serviços há menos de um ano e que 80,5% utilizaram o serviço há um ano ou mais.1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. Afirma-se que 56,5% dos idosos não iam ao dentista há mais de três anos. Quanto a idosos restritos ao domicílio, 79% relataram não ter acesso aos serviços odontológicos há mais de cinco anos.11 11. Silva AL, Saintrain MVL. Interferência do perfil epidemiológico do idoso na atenção odontológica. Rev Bras Epidemiol 2006;92:242-50.

O acesso à atenção em saúde bucal é necessário para manter a saúde bucal, prevenir o edentulismo, e também para melhorar a qualidade de vida dos idosos, sejam eles dentados ou desdentados. No caso dos idosos desdentados, o uso de serviços odontológicos é importante para avaliar a necessidade de utilização ou substituição de próteses dentárias e para o diagnóstico precoce de lesões potencialmente cancerígenas.1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. Resultados das pesquisas epidemiológicas sobre a saúde bucal do idoso no Brasil demonstram dados preocupantes quando se referem à universalidade e à equidade de acesso e uso dos serviços de saúde bucal.1313. Saintrain MVL, Souza EHA. Saúde bucal do idoso: Desafio a ser perseguido. Odontol Clín-Cient 2005;42:152-60.

Estudos comprovam que há pouca procura pelos serviços de saúde bucal por idosos, o que pode estar relacionado com a falta de percepção da real situação de saúde oral desse grupo. A autoavaliação é positiva, mas contraditória: mesmo tendo uma saúde bucal ruim, a maioria dos idosos faz uma boa avaliação sobre sua saúde bucal.1111. Silva AL, Saintrain MVL. Interferência do perfil epidemiológico do idoso na atenção odontológica. Rev Bras Epidemiol 2006;92:242-50. , 1414. Benedetti TRB, Mello ALSF, Gonçalves LHT. Idosos de Florianópolis: autopercepção das condições de saúde bucal e utilização de serviços odontológicos. Ciênc Saúde Coletiva 2007;126:1683-90.

15. Martins AMEBL, Barreto SM, Pordeus IA. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad Saúde Pública 2009;252:421-35.
- 1616. Mesas AE, Trelha CS, Azevedo MJ. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis 2008;181:61-75. O adoecer, as péssimas condições de saúde bucal e o edentulismo são aceitos como condição natural e normal do indivíduo que envelhece.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. Assim, observa-se que o uso dos serviços odontológicos por idosos se reduz conforme aumenta a idade.1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. Essa cultura acaba refletindo em menores cuidados com a saúde bucal.1515. Martins AMEBL, Barreto SM, Pordeus IA. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad Saúde Pública 2009;252:421-35.

As diferenças entre a autoavaliação e as condições objetivas de saúde bucal são provavelmente a principal razão para os indivíduos não procurarem os serviços odontológicos quando estes estão disponíveis.15 15. Martins AMEBL, Barreto SM, Pordeus IA. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad Saúde Pública 2009;252:421-35.

Além do fator cultural, outros fatores levam à iniquidade no acesso e uso dos serviços odontológicos, como aspectos sociais e econômicos, baixo nível de escolaridade, baixa renda,33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. , 1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. residir em área rural1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. e ainda a pouca oferta de serviços públicos.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. Indivíduos dentados usam mais os serviços que os desdentados, sendo que o principal motivo são os problemas bucais relacionados à dor,99. Costa IMD, Maciel SML, Cavalcanti AL. Acesso aos serviços odontológicos e motivos da procura por atendimento por pacientes idosos em Campina Grande - PB. Odontol Clín-Cient 2010;74: 331-5. , 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. podendo indicar o uso dos serviços para exodontias de dentes remanescentes e comprometidos por cárie e/ou doença periodontal, acentuando o edentulismo.1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. Os idosos desdentados acreditam não necessitar de serviços odontológicos, pois já não possuem dentes. Dessa forma, informações quanto à prevenção de patologias bucais, como cáries, perda dental e câncer bucal não chegam até essa população.1111. Silva AL, Saintrain MVL. Interferência do perfil epidemiológico do idoso na atenção odontológica. Rev Bras Epidemiol 2006;92:242-50.

Atualmente, os idosos carregam a herança de um modelo assistencial centrado na doença com práticas curativas e mutiladoras,33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. o que resultou em um quadro atual precário, com idosos apresentando grande quantidade de problemas bucais, como dentes extraídos, sextantes com doença periodontal, lesões da mucosa bucal e necessidade de próteses e, consequentemente, grande demanda por serviços protéticos para essa população.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. , 1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1313. Saintrain MVL, Souza EHA. Saúde bucal do idoso: Desafio a ser perseguido. Odontol Clín-Cient 2005;42:152-60. , 1717. Colussi C, Freitas SFT. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do idoso no Brasil. Cad Saúde Pública 2002;185:1313-20. , 1818. Silva SRC, Valsecki A Júnior. Avaliação das condições de saúde bucal dos idosos em um município brasileiro. Rev Panam Salud Publica 2000;84:198-210.

Outros autores sugerem que a condição dentária dos idosos não seja explicada pela exposição a tratamentos inadequados, visto que a oferta de serviços odontológicos era pouco frequente quando esses idosos eram crianças e jovens, fase essencial para uma dentição sadia, e que alguns idosos jamais usaram esses serviços.1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. Vale lembrar, também, que os idosos atuais não foram expostos à fluoretação da água e da pasta dental, o que com certeza concorreu para a precariedade de sua saúde bucal.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75.

Analisando os artigos com dados epidemiológicos,33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. , 44. Colussi C, Freitas SFT. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do idoso no Brasil. Cad Saúde Pública 2002;185:1313-20. , 1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7.

11. Silva AL, Saintrain MVL. Interferência do perfil epidemiológico do idoso na atenção odontológica. Rev Bras Epidemiol 2006;92:242-50.
- 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. , 1717. Colussi C, Freitas SFT. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do idoso no Brasil. Cad Saúde Pública 2002;185:1313-20.

18. Silva SRC, Valsecki A Júnior. Avaliação das condições de saúde bucal dos idosos em um município brasileiro. Rev Panam Salud Publica 2000;84:198-210.

19. Matos DL, Lima-Costa MF. Tendência na utilização de serviços odontológicos entre idosos brasileiros e fatores associados: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1998 e 2003. Cad Saúde Pública 2007;2311:2740-8.
- 2020. Silva AL, Saintrain MVL. Interferência do perfil epidemiológico do idoso na atenção odontológica. Rev Bras Epidemiol 2006;92:242-50. os resultados referentes ao índice de dentes cariados, perdidos e obturados CPOD médio encontrado foi de 28,02%, sendo que o componente extraído foi o mais prevalente, variando de 66% a 93%. A prevalência do edentulismo ficou em 67,39%. O uso da prótese total é mais frequente no arco superior do que no inferior. Quando o estudo envolve idosos institucionalizados ou restritos ao domicílio, a situação ainda é mais precária com CPOD, chegando a 30,91%1515. Martins AMEBL, Barreto SM, Pordeus IA. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad Saúde Pública 2009;252:421-35. e 29,7%,1616. Mesas AE, Trelha CS, Azevedo MJ. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis 2008;181:61-75. respectivamente.

A histórica escassez de atenção odontológica a essa faixa etária resultou na necessidade de formulação de políticas públicas para promoção de saúde bucal para pessoas idosas, para que elas experimentem essa época da vida com qualidade.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75. , 1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1313. Saintrain MVL, Souza EHA. Saúde bucal do idoso: Desafio a ser perseguido. Odontol Clín-Cient 2005;42:152-60. , 1414. Benedetti TRB, Mello ALSF, Gonçalves LHT. Idosos de Florianópolis: autopercepção das condições de saúde bucal e utilização de serviços odontológicos. Ciênc Saúde Coletiva 2007;126:1683-90. , 19 19. Matos DL, Lima-Costa MF. Tendência na utilização de serviços odontológicos entre idosos brasileiros e fatores associados: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1998 e 2003. Cad Saúde Pública 2007;2311:2740-8.

A abordagem à saúde bucal do idoso: propostas para o cotidiano do SUS

Conforme demonstrado, as condições de saúde bucal do idoso não são boas e tendem a se agravar caso não sejam tomadas medidas de atenção a essa população. Para tal, entende-se que o atendimento ao paciente idoso requer ações interdisciplinares.1616. Mesas AE, Trelha CS, Azevedo MJ. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis 2008;181:61-75. , 2121. Macedo DN, Carvalho SS, Lira SS, Sena CA, Bezerra EAD. Proposta de um protocolo para o atendimento odontológico do paciente idoso na atenção básica. Odontol Clín-Cient 2005;83:257-62.

22. Rosa LB, Zuccolotto MCC, Bataglion C, Coronatto EAS. Odontogeriatria: a saúde bucal na terceira idade. RFO UPF 2008;132:82-6.
- 2323. Saintrain ML, Vieira LJES. Saúde bucal do idoso: abordagem interdisciplinar. Ciênc Saúde Coletiva 2008;134:1127-32. Fisicamente, o envelhecimento leva a alterações fisiológicas e/ou patológicas. Psicologicamente, o idoso apresenta uma carga emotiva acumulada ao longo dos anos.2121. Macedo DN, Carvalho SS, Lira SS, Sena CA, Bezerra EAD. Proposta de um protocolo para o atendimento odontológico do paciente idoso na atenção básica. Odontol Clín-Cient 2005;83:257-62. - 2222. Rosa LB, Zuccolotto MCC, Bataglion C, Coronatto EAS. Odontogeriatria: a saúde bucal na terceira idade. RFO UPF 2008;132:82-6. Todos os profissionais da equipe de saúde da família devem observar as condições de saúde bucal dos idosos, independentemente de sua formação, e as situações que levantem dúvidas devem ser esclarecidas com o cirurgião-dentista responsável pela área de abrangência.1616. Mesas AE, Trelha CS, Azevedo MJ. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis 2008;181:61-75. Por outro ângulo, é necessário que o cirurgião-dentista considere o impacto das condições sistêmicas sobre a saúde bucal, sendo necessária a avaliação de profissionais de outras áreas para prestar um atendimento odontológico integral ao idoso.2323. Saintrain ML, Vieira LJES. Saúde bucal do idoso: abordagem interdisciplinar. Ciênc Saúde Coletiva 2008;134:1127-32. , 2424. Silva EMM, Da Silva CE Filho, Fajardo RS, Fernandes AUR, Marchiori AV. Mudanças fisiológicas e psicológicas na velhice relevantes no tratamento odontológico. Rev Ciênc Ext 2005;21:72-5.

A precariedade da saúde bucal do idoso pode ser notada tanto pelo quadro epidemiológico como pela ausência de programas específicos para esse grupo populacional. Nesse contexto, poderiam ser exploradas as ações de educação enfatizando a autopercepção e, através disso, conscientizar o grupo da necessidade de cuidados com a sua saúde bucal.11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores Sociodemográficos e de saúde no Brasil, 2009. Rio de Janeiro: IBGE; 2009. A Dinâmica demográfica brasileira e os impactos nas políticas públicas; 18 folhas. Estudos e pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica, 25. O edentulismo não deve ser aceito como um fenômeno normal e natural que acompanha o envelhecimento. Políticas preventivas de saúde devem ser criadas e destinadas à população adulta para a manutenção dos dentes até idades avançadas.44. Colussi C, Freitas SFT. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do idoso no Brasil. Cad Saúde Pública 2002;185:1313-20.

O modelo assistencial de atenção à saúde bucal do idoso deve seguir os princípios do SUS com destaque para a integralidade, equidade e universalidade, estando ainda de acordo com as condições técnico-administrativas do município. Para tanto, é necessário conhecer e compreender a realidade desses idosos por meio de estudos epidemiológicos e ações intersetoriais, estabelecendo a partir daí as prioridades necessárias para traçar as estratégias de mudanças no modelo de assistência, onde o idoso possa assumir seu papel de agente transformador de sua própria saúde.33. Moreira RS, Nico LS, Tomita NE, Ruiz T. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad Saúde Pública 2005;216:1665-75.

Com a inserção da saúde bucal na ESF e a implantação do Programa Brasil Sorridente pelo Ministério da Saúde, surge uma nova perspectiva de melhorar a situação de saúde bucal da população idosa. As Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família ESB/ESF podem ofertar serviços de atenção à saúde bucal do idoso como tratamento das alterações de tecidos moles, com ênfase na detecção de lesões cancerizáveis,2525. Shinkai RSA, Cury AADB. O papel da odontologia na equipe interdisciplinar: contribuindo para a atenção integral ao idoso. Cad Saúde Pública 2000;164:1099-1109. o tratamento ou remoção de dentes em precárias condições, o tratamento periodontal, a reabilitação protética e considerações sobre promoção e prevenção da saúde bucal. No entanto, faz-se necessário que os profissionais das ESB/ESF identifiquem os idosos nas suas áreas de abrangência, direcionando ações específicas para esse grupo populacional.66. Brasil. Portaria GM/MS nº. 1.444, de 28 de dezembro de 2000. Portaria de incentivos financeiros. Diário Oficial da União de 29 dez. 2000, seção 1, p.85. Acrescenta-se a isso o fato de que a Odontologia não pode adotar uma postura de omissão frente a essa realidade, uma vez que suas ações específicas são importantes para que se conforme o princípio da integralidade, contribuindo para a qualidade de vida de imensos contingentes populacionais.

O paciente idoso é um indivíduo que vivenciou várias experiências e passou por diversas mudanças ao longo de sua vida e, apesar da sabedoria adquirida, várias limitações lhe são impostas, tanto funcionais quanto psicossociais.2424. Silva EMM, Da Silva CE Filho, Fajardo RS, Fernandes AUR, Marchiori AV. Mudanças fisiológicas e psicológicas na velhice relevantes no tratamento odontológico. Rev Ciênc Ext 2005;21:72-5. Portanto, o atendimento odontológico ao paciente deve ser observado sob diversos aspectos. Há uma relação direta entre o tratamento odontológico e as manifestações sistêmicas. Com isso, o cuidado com os idosos deve ser diferenciado. Essa complexidade deve ser atendida por uma equipe interdisciplinar de profissionais, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes idosos e proporcionar um envelhecimento saudável. Viver mais e bem está intimamente relacionado à saúde tanto geral como odontológica.2121. Macedo DN, Carvalho SS, Lira SS, Sena CA, Bezerra EAD. Proposta de um protocolo para o atendimento odontológico do paciente idoso na atenção básica. Odontol Clín-Cient 2005;83:257-62. , 2222. Rosa LB, Zuccolotto MCC, Bataglion C, Coronatto EAS. Odontogeriatria: a saúde bucal na terceira idade. RFO UPF 2008;132:82-6. , 2424. Silva EMM, Da Silva CE Filho, Fajardo RS, Fernandes AUR, Marchiori AV. Mudanças fisiológicas e psicológicas na velhice relevantes no tratamento odontológico. Rev Ciênc Ext 2005;21:72-5.

25. Shinkai RSA, Cury AADB. O papel da odontologia na equipe interdisciplinar: contribuindo para a atenção integral ao idoso. Cad Saúde Pública 2000;164:1099-1109.
- 2626. Santos FB. Autopercepção em saúde bucal de idosos em unidades de saúde da família do Distrito Sanitário III de João Pessoa-PB. Arq Odontol 2007;432:435-50.

Mesmo com as políticas públicas atuais, os idosos não são capazes de perceber a relação entre a saúde geral e a saúde bucal. Os profissionais da ESF devem compreender o idoso como um todo indissociável, atendendo-o na sua totalidade no que se refere ao estado de saúde bucal e geral. A ESF visa à integralidade - portanto, a formação de seus membros deve ser voltada para a interdisciplinaridade.2727. Hebling E, Rodrigues KC. O Estatuto do Idoso e a saúde bucal. ROBRAC 2006;1539:51-6.

Considerando os princípios do SUS, a atenção à saúde bucal do idoso deve ser "assegurada pelo SUS desde a prevenção, terapia das doenças bucais, seja em ambiente ambulatorial, consultórios ou clínicas de referência, ou em ambiente domiciliar com o uso de equipamentos odontológico transportável".2727. Hebling E, Rodrigues KC. O Estatuto do Idoso e a saúde bucal. ROBRAC 2006;1539:51-6. Nas equipes de ESF, as visitas domiciliares da ESB às pessoas acamadas ou com dificuldades de locomoção devem ser organizadas, ampliando e qualificando as ações de saúde bucal, objetivando identificar os riscos e proporcionando o acompanhamento e tratamentos necessários.1616. Mesas AE, Trelha CS, Azevedo MJ. Saúde bucal de idosos restritos ao domicílio: estudo descritivo de uma demanda interdisciplinar. Physis 2008;181:61-75. , 2727. Hebling E, Rodrigues KC. O Estatuto do Idoso e a saúde bucal. ROBRAC 2006;1539:51-6.

Na literatura pesquisada,55. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes operacionais dos pactos pela vida, em defesa do SUS e de gestão. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. Série A. Normas e manuais técnicos. , 1010. Matos DL, Giatti L, Lima-Costa MF. Fatores sócio-demográficos associados ao uso de serviços odontológicos entre idosos brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2004;205:1290-7. , 1212. Martins AMEBL, Haikal DS, Pereira SM, Barreto SM. Uso de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros: Projeto SB Brasil. Cad Saúde Pública 2008;247:1651-66. , 1515. Martins AMEBL, Barreto SM, Pordeus IA. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad Saúde Pública 2009;252:421-35. , 2323. Saintrain ML, Vieira LJES. Saúde bucal do idoso: abordagem interdisciplinar. Ciênc Saúde Coletiva 2008;134:1127-32. há um consenso quanto a organizar a atenção à saúde bucal do idoso, devendo a equipe de saúde bucal oferecer ações educativas, preventivas, de recuperação e reabilitação da saúde bucal, visando a mudanças no quadro epidemiológico desses indivíduos como também qualidade de vida.

CONCLUSÃO

A leitura dos artigos selecionados aponta para a necessidade de um planejamento inter e multidisciplinar capaz de responder aos desafios da atenção à saúde bucal de idosos. O processo fisiológico do envelhecimento, aliado às possíveis alterações sistêmicas a que o grupo está sujeito, justifica essa escolha. O necessário apoio intersetorial é apontado e pode contribuir sobremaneira para a promoção da saúde.

As equipes devem buscar reconhecer nos idosos em suas áreas de abrangência aqueles que apresentem demandas de saúde bucal. Acredita-se que a atenção à saúde bucal prestada pelas atuais Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família em muitos municípios necessita de uma reformulação, direcionando suas ações para os problemas específicos da população idosa em suas áreas de abrangência. Essas ações vão desde o planejamento, levantamentos epidemiológicos, ações de prevenção e promoção da saúde bucal, como também ações de restauração e reabilitação.

Diante do exposto, propõe-se que sejam incluídas no processo de trabalho das Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família ações de atenção à saúde bucal do idoso.

Tal escolha não é aleatória, uma vez que se entende que são essas equipes que devem possuir competência necessária para a implementação de ações que possibilitem a ruptura com o modelo assistencial hegemônico hospitalocêntrico, curativista, reducionista, biologicista e permitam que práticas baseadas na promoção da saúde, ampliadas, usuário-centradas, possam ser uma realidade no dia a dia do sistema público de saúde que se busca construir.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    03 Out 2013
  • Revisado
    17 Jul 2014
  • Aceito
    26 Set 2014
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