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Exercícios terapêuticos domiciliares na doença de Parkinson: uma revisão integrativa

Resumo

Exercícios terapêuticos domiciliares vêm assumindo importância em estudos recentes como estratégia do cuidado para o controle de sinais e sintomas da doença de Parkinson (DP). Essa revisão integrativa da literatura objetivou reunir estudos publicados entre o período de 2010 e 2014, disponibilizados em português, inglês ou espanhol sobre a utilização de exercícios terapêuticos domiciliares como estratégia do cuidado fisioterapêutico na DP. Realizou-se levantamento de artigos nas bases de dados LILACS, PEDro, PubMed e Cochrane, mediante as combinações: Fisioterapia AND doença de Parkinson ou Home Exercise AND Parkinson's Disease. Para análise da qualidade metodológica, os instrumentos utilizados foram o Critical Appraisal Skill Programme (CASP) adaptado e o Agency for Healthcare and Research and Quality (AHRQ). Os benefícios da cinesioterapia foram: estímulo ao autocuidado; ganho de força e amplitude de movimento; redução do número de queixas e do medo de cair; melhora de sintomas motores relacionados ao Parkinson e à qualidade de vida. Com relação aos benefícios da reabilitação com realidade virtual houve: melhora na marcha, na capacidade funcional e no equilíbrio, além de boa aceitação e aspecto motivacional.

Palavras-chave:
Doença de Parkinson; Fisioterapia; Serviços de Assistência Domiciliar; Terapia por Exercício.

Abstract

Home-based therapeutic exercise has been examined by a number of recent studies as a care strategy for the control of signs and symptoms of Parkinson's Disease (PD). This integrative review of literature aimed to collect studies published in the last five years (2010-2014) about the use of home-based therapeutic exercise as a physical therapy care strategy for PD. A survey of articles in the LILACS, PEDro, PubMed and Cochrane databases was carried out, using the combinations: Physiotherapy AND Parkinson's Disease or Home Exercise AND Parkinson's Disease. To analyze methodological quality, the adapted Critical Appraisal Skill Program (CASP) and the Agency for Healthcare and Research and Quality (AHRQ) were used. The benefits of conventional exercises were: stimulation of self-care; strength gain and increased range of movement; reduction in number of complaints and fear of falling; improvement in the motor symptoms of Parkinson's Disease and related quality of life. The benefits of rehabilitation with virtual reality were: improvement of gait, functional ability and balance, as well as positive findings for acceptance and motivation.

Keywords:
Parkinson Disease; Physical Therapy Specialty; Home Care Services; Exercise Therapy.

INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson (DP) é uma patologia neurodegenerativa comum entre idosos, acometendo mais homens do que mulheres.11. Wirdefeldt K, Adami HO, Cole P, Trichopoulos D, Mandel J. Epidemiology and etiology of Parkinson's disease: a review of the evidence. Eur J Epidemiol 2011;26 Suppl:1-58. Seu diagnóstico clássico é baseado em critérios clínicos, como presença de bradicinesia somado a um dos demais sintomas cardinais: rigidez, tremor de repouso ou instabilidade postural.22. Hughes AJ, Daniel SE, Kilford L, Lees AJ. Accuracy of clinical diagnosis of idiopathic Parkinson's disease: a clinico-pathological study of 100 cases. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1992;55:181-4.

3. Brasil. Portaria nº 228, de 10 de maio de 2010. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Doença De Parkinson. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2010/prt0228_10_05_2010.html
-44. Reichmann H. Clinical Criteria for the Diagnosis of Parkinson's Disease. Neurodegenerative Dis 2010;7:284-90. Além desses, pacientes podem apresentar sintomas não motores como disfunções olfativa, gustativa, distúrbios do sono e da cognição.55. Maass A, Reichmann H. Sleep and non-motor symptoms in Parkinson's disease. J Neural Transm 2013;120(4):565-9.,66. Breen KC, Drutyte G. Non-motor symptoms of Parkinson's disease: the patient's perspective. J Neural Transm 2013;120(4):531-5.

Com a transição demográfica, estima-se o dobro do número de casos de DP em 2030, o que corresponderá a 12 milhões no mundo.77. Dorsey ER, Constantinescu R, Thompson JP, Biglan KM, Holloway RG, Kieburtz K, et al. Projected number of people with Parkinson Disease in the most populous nations, 2005 through 2030. Neurology 2007;68(5):384-6. Neste contexto, países em desenvolvimento como o Brasil precisam planejar métodos acessíveis e eficazes de controle da doença, visando qualidade de vida, que está comprometida devido aos sinais e sintomas.88. Lana RC, Álvares LMRS, Nasciutti-Prudente C, Goulart FRP, Teixeira-Salmela LF, Cardoso FE. Percepção da qualidade de vida de indivíduos com doença de Parkinson através do PDQ-39. Rev Bras Fisioter 2007;1(5):397-402.

9. Silva JAMG, Dibai Filho AV, Faganello FR. Mensuração da qualidade de vida de indivíduos com Doença de Parkinson através do PDQ-39. Fisioter Mov 2011;24(1):141-6
-1010. Navarro-Peternella FM, Marcon SS. Qualidade de vida de indivíduos com Parkinson e sua relação com tempo de evolução e gravidade da doença. Rev Latinoam Enferm 2012;20(2):384-91. O controle da doença se faz por meio do tratamento farmacológico, não farmacológico e/ou cirúrgico,1111. Grimes D, Gordon J, Snelgrove B, Lim-Carter I, Fon E, Martin W, et al. Canadian Guidelines on Parkinson's disease Introduction. Can J Neurol Sci 2012;39(4):Suppl 4:1-30. sendo a abordagem multidisciplinar aquela sugerida como melhor alternativa.1212. Stewart DA. NICE guideline for Parkinson's disease. Age Ageing 2007;36:240-2.

13. Post B, Van der Eijk M, Munneke M, Bloem BR. Multidisciplinary care for Parkinson's disease: not if, but how! Pract Neurol 2011;11:58-61.

14. Van der Marck MA, Kalf JG, Sturkenboom IHWM, Nijkrake MJ, Munneke M, Bloem BR. Multidisciplinary care for patients with Parkinson's disease. Parkinsonism Relat Disord 2009;15:Supl.3:219-23.
-1515. Domingos J, Coelho M, Ferreira JJ. Referral to rehabilitation in Parkinson's disease: who, when and to what end? Arq Neuropsiquiatr 2013;71(12):967-2.

Como terapia adjuvante, a fisioterapia promove benefícios na DP1616. Tomlinson CL, Patel S, Meek C, Herd CP, Clarke CE, Stowe R, et al. Physiotherapy intervention in Parkinson's disease: systematic review and meta-analysis. BMJ 2012;345:1-9. ao englobar a orientação e prática de exercícios terapêuticos de alongamento, fortalecimento muscular, marcha, mobilidade, equilíbrio, transferência, relaxamento e exercícios respiratórios.1515. Domingos J, Coelho M, Ferreira JJ. Referral to rehabilitation in Parkinson's disease: who, when and to what end? Arq Neuropsiquiatr 2013;71(12):967-2.,1717. Keus SH, Bloem BR, Hendriks EJM, Bredero-Cohen AB, Munneke M. Evidence-based analysis of physical therapy in parkinson's disease with recommendations for practice and research. Mov Disord 2007;22(4):451-60.,1818. Santos VV, Leite MAA, Silveira R, Antoniolli R, Nascimento OJM, Freitas MRG. Fisioterapia na Doença de Parkinson: uma Breve Revisão. Rev Bras Neurol 2010;46(2):17-25. Essas estratégias fisioterapêuticas poderiam ser utilizadas em domicílio, tendo em vista a dificuldade de locomoção e financeira dos pacientes, bem como a inexistência de profissionais suficientes para atender a demanda de enfermos.1818. Santos VV, Leite MAA, Silveira R, Antoniolli R, Nascimento OJM, Freitas MRG. Fisioterapia na Doença de Parkinson: uma Breve Revisão. Rev Bras Neurol 2010;46(2):17-25.

19. Lopes TM. Efeitos dos exercícios domiciliares em pacientes portadores de Doença de Parkinson [tese]. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas; 2010.
-2020. Pickering RM, Fitton C, Ballinger C, Fazakarley L, Ashburn A. Self reported adherence to a home-based exercise programme among people with Parkinson's disease. Parkinsonism Relat Disord 2013;19(1):66-71.

Apesar da importância da temática, não há ainda estudo publicado que reúna evidências científicas sobre exercícios terapêuticos domiciliares utilizados como estratégia do cuidado fisioterapêutico na DP. Diante disso, objetivou-se reunir estudos publicados no período de 2010 a 2014 sobre a utilização de exercícios terapêuticos domiciliares como estratégia do cuidado fisioterapêutico na doença de Parkinson.

MÉTODO

Trata-se de revisão integrativa da literatura, a qual permite a busca, avaliação crítica e síntese das evidências disponíveis sobre um delimitado tema ou questão norteadora, contribuindo para a prática baseada em evidência na saúde.2121. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão Integrativa: método de pesquisa para incorporação de evidências na saúde e na Enfermagem. Texto & Contexto Enferm 2008;17(4):758-64.

Foram utilizadas seis etapas metodológicas: 1- identificação do tema e seleção da questão norteadora da pesquisa; 2- estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão dos estudos; 3- definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e categorização destes; 4- avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5- interpretação dos resultados; 6- apresentação da revisão e síntese do conhecimento.2121. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão Integrativa: método de pesquisa para incorporação de evidências na saúde e na Enfermagem. Texto & Contexto Enferm 2008;17(4):758-64.

Para a primeira etapa foi elaborada a seguinte questão norteadora: Quais as evidências científicas publicadas no período de 2010 a 2014 sobre a utilização de exercícios terapêuticos domiciliares como estratégia do cuidado fisioterapêutico na DP? Em seguida, estabeleceram-se critérios de elegibilidade para obtenção e seleção dos artigos por meio de busca, entre novembro e dezembro de 2014, nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PEDro (Base de Dados em Evidências em Fisioterapia), PubMed (U.S. National Library of Medicine) e Cochrane (Base de Dados Cochrane de Revisões Sistemáticas).

Os artigos incluídos deveriam tratar de abordagens domiciliares utilizadas como estratégia do cuidado fisioterapêutico em pessoas com diagnóstico de DP; terem sido publicados entre os anos de 2010 e 2014 e disponibilizados em português, inglês ou espanhol. Não houve restrição quanto ao desenho de estudo. Foram excluídos estudos repetidos em bases de dados; aqueles em que os sujeitos fizeram exercícios domiciliares associados a outros tratamentos que não o farmacológico e publicações não disponíveis na íntegra ou cujos resultados ainda não foram publicados. Para a busca dos artigos foram utilizadas palavras-chave indexadas aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) - Fisioterapia e doença de Parkinson - e ao Medical Subject Headings (MESH) - Home Exercise e Parkinson's Disease. O operador booleano de escolha foi o AND.

Para melhor análise crítica metodológica dos artigos incluídos, foram aplicados dois instrumentos que possibilitaram a avaliação de diferentes desenhos de estudo: 1- Critical Appraisal Skill Programme (CASP) (adaptado)22 e 2- Agency for Healthcare and Research and Quality (AHRQ).2323. Stillwell SB, Fineout-Overholt E, Melnyk BM, Williamson KM. Evidence-based practice: step by step. Am J Nurs 2010;110(5):41-7.

O CASP original2424. Critical Appraisal Skills Programme. CASP Checklists. Oxford: CASP; 2014 [acesso em 15 dez. 2014]. Disponível em: http://www.casp-uk.net/#!casp-tools-checklists/c18f8 contempla oito ferramentas específicas de avaliação para diferentes delineamentos de estudo como revisões, coortes, ensaios clínicos, estudos transversais, entre outros. Nesta revisão, utilizou-se um instrumento adaptado do CASP que contemplou 10 itens a serem pontuados, incluindo: 1) objetivo; 2) adequação do método; 3) apresentação dos procedimentos teórico-metodológicos; 4) critérios de seleção da amostra; 5) detalhamento da amostra; 6) relação entre pesquisadores e pesquisados (randomização/cegamento); 7) respeito aos aspectos éticos; 8) rigor na análise dos dados; 9) propriedade para discutir resultados e 10) contribuições e limitações da pesquisa. Para o item 8, considerou-se rigor de análise metodológica a adequação à análise dos dados, como a análise por intenção de tratar. Ao final, estudos foram classificados em nível A (pontuação entre 6 e 10 pontos), sendo considerado de boa qualidade metodológica e viés reduzido, ou nível B (até 5 pontos) significando qualidade metodológica satisfatória, mas com risco de viés considerável.2222. Alencar DL, Marques APO, Leal MCC, Vieira JCM. Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva 2014;19(8):3533-42.

O AHRQ classifica estudos em seis níveis de acordo com o nível de evidência: (1) revisão sistemática ou metanálise; (2) ensaios clínicos randomizados; (3) ensaios clínicos sem randomização; (4) estudos de coorte e de caso-controle; (5) revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos e (6) único estudo descritivo ou qualitativo. 23

RESULTADOS

Dos 143 estudos encontrados mediante cruzamento dos descritores, 29 atenderam aos critérios de inclusão. Destes, 13 foram excluídos (11 repetidos, um não disponível na íntegra e um cujo resultado ainda não foi publicado), remanescendo 16 artigos que compuseram a amostra final (quadro 1). As principais informações dos artigos desta revisão estão apresentadas no quadro 2.

Quadro 1
Bases de dados consultadas e quantidade de artigos que compuseram a amostra do estudo. Recife-PE, 2014.

Quadro 2
Descrição compilada de cada estudo incluído. Recife-PE, 2014.

Dos 16 artigos, 15 (93,75%) foram publicados em inglês e um (6,25%) em português. Ademais, 14 (87,5%) eram de revistas internacionais e dois (12,5%) de revistas nacionais.

Dos anos de publicação, seis artigos (37,5%) foram de 2012, cinco (31,25%) de 2010, três (18,75%) de 2014 e dois (12,5%) de 2013. Os locais de estudo compreenderam: Inglaterra e Estados Unidos com 18,75% cada um, seguidos por Brasil, Canadá e Alemanha com 12,5% e Itália, Austrália, Turquia e Japão com 6,25%.

Realizada a leitura na íntegra dos estudos, 14 (87,5%) foram classificados como nível A e apenas dois (12,5%) como nível B em qualidade metodológica mediante instrumento adaptado do CASP2222. Alencar DL, Marques APO, Leal MCC, Vieira JCM. Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva 2014;19(8):3533-42. (quadro 3).

Quadro 3
Descrição das intervenções domiciliares e níveis de evidência dos artigos, segundo CASP adaptado2222. Alencar DL, Marques APO, Leal MCC, Vieira JCM. Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva 2014;19(8):3533-42. e AHRQ.23 Recife-PE, 2014.

Em avaliação por meio do AHRQ,2323. Stillwell SB, Fineout-Overholt E, Melnyk BM, Williamson KM. Evidence-based practice: step by step. Am J Nurs 2010;110(5):41-7. um artigo (6,25%) foi revisão sistemática - nível um de evidência; sete (43,75%) ensaios clínicos randomizados - nível dois de evidência; três (18,75%) ensaios clínicos não randomizados - nível três de evidência; um (6,25%) coorte prospectiva - nível quatro de evidência; dois (12,5%) observacionais transversais, um (6,25%) série de casos e um (6,25%) revisão de literatura - nível seis de evidência. Nenhum dos estudos apresentou abordagem qualitativa (quadro 3).

No quadro 3, pode-se observar a descrição das intervenções domiciliares acompanhada pelos níveis de evidência dos estudos correspondentes segundo instrumento adaptado do CASP2222. Alencar DL, Marques APO, Leal MCC, Vieira JCM. Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa. Ciênc Saúde Coletiva 2014;19(8):3533-42. e AHRQ.2323. Stillwell SB, Fineout-Overholt E, Melnyk BM, Williamson KM. Evidence-based practice: step by step. Am J Nurs 2010;110(5):41-7.

DISCUSSÃO

Estudos incluídos nesta revisão20,25,27,32-36,39-42 sugeriram os exercícios terapêuticos domiciliares como uma importante estratégia do cuidado na DP, destacando-se a cinesioterapia18,20,25,28,29,33,35,36,38-41 e a reabilitação com realidade virtual.2727. Barry G, Galna B, Rochester L. The role of exergaming in Parkinson's disease rehabilitation: a systematic review of the evidence. J Neuroengineering Rehabil 2014;11:2-10.,3232. Dowling GA, Hone R, Brown C, Mastick J, Melnick M. Feasibility of adapting a classroom balance training program to a video game platform for people with Parkinson's Disease. Telemed J E Health 2013;19(4):298-304.,3434. Esculier JF, Vaudrin J, Bériault P, Gagnon K, Tremblay LE. Home-based balance training programme using Wii Fit with balance board for Parkinsons's disease: a pilot study. J Rehabil Med 2012;44(2):144-50.,4242. Espay AJ, Baram Y, Dwivedi AK, Shukla R, Gartner M, Gaines L, et al. At-home training with closed-loop augmented-reality cueing device for improving gait in patients with Parkinson disease. J Rehabil Res Dev 2010; 47(6):573-81. A cinesioterapia englobou exercícios de flexibilidade; fortalecimento; mobilidade; equilíbrio; relaxamento; respiração; estratégias de movimento e orientações sobre atividades da vida diária (AVDs). Já a reabilitação com realidade virtual, o uso de jogos comerciais ou adaptados e de dispositivo capaz de simular uma realidade sobreposta a real.

Cinesioterapia

Quatro estudos desta revisão20,25,35,39 analisaram programas domiciliares com diversas combinações convencionais de exercícios terapêuticos. Nakae & Tsushima2525. Nakae H, Tsushima H. Effects of home exercise on physical function and activity in home care patients with Parkinson's Disease. J Phys Ther Sci 2014;26:1701-6. encontraram redução significativa do número de queixas, medo de cair e tempo gasto deitado, bem como aumento significativo da flexibilidade e força muscular e, também, observaram boa adesão, corroborando Pickering et al.,2020. Pickering RM, Fitton C, Ballinger C, Fazakarley L, Ashburn A. Self reported adherence to a home-based exercise programme among people with Parkinson's disease. Parkinsonism Relat Disord 2013;19(1):66-71. entretanto, estes relataram menor adesão em pessoas mais velhas, com maior limitação em exame motor e problemas cognitivo-comportamentais.

Os estudos anteriores20,25 têm em comum a avaliação de programas domiciliares de curta duração que utilizaram material educativo de suporte e visitas semanais. Entende-se que esses programas podem apresentar vantagens como a comodidade e custo reduzido, entretanto, sugere-se cautela ao reproduzir os protocolos, pois o estudo de Pickering et al.2020. Pickering RM, Fitton C, Ballinger C, Fazakarley L, Ashburn A. Self reported adherence to a home-based exercise programme among people with Parkinson's disease. Parkinsonism Relat Disord 2013;19(1):66-71. não testou a intervenção e o de Nakae & Tsushima25 obteve nível B de evidência, ou seja, risco de viés considerável. Nesse último estudo,2525. Nakae H, Tsushima H. Effects of home exercise on physical function and activity in home care patients with Parkinson's Disease. J Phys Ther Sci 2014;26:1701-6. a metodologia não estava adequada para o que se propôs a responder, teve pequeno número amostral, não detalhou bem a sua amostra e apresentou pouco rigor na análise de dados.

Santos et al.3939. Santos VV, Araújo MA, Nascimento OJM, Guimarães FS, Orsini M, De Freitas MRG. Effects of a physical therapy home-based exercise program for Parkinson's disease. Fisioter Mov 2012;25(4):709-15. avaliaram um programa com prática autossupervisionada e uso de material ilustrativo com exercícios, mas optaram por uma intervenção com maior duração e acompanhamento semanal por telefone pelo fisioterapeuta. Benefícios sobre sinais e sintomas da doença na Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS) foram encontrados,3939. Santos VV, Araújo MA, Nascimento OJM, Guimarães FS, Orsini M, De Freitas MRG. Effects of a physical therapy home-based exercise program for Parkinson's disease. Fisioter Mov 2012;25(4):709-15. embora não tenham sido em todos os pacientes. Segundo os autores,3939. Santos VV, Araújo MA, Nascimento OJM, Guimarães FS, Orsini M, De Freitas MRG. Effects of a physical therapy home-based exercise program for Parkinson's disease. Fisioter Mov 2012;25(4):709-15. é possível que a capacidade cognitiva de alguns pacientes e familiares tenha comprometido a realização correta dos exercícios. As principais limitações desse estudo3939. Santos VV, Araújo MA, Nascimento OJM, Guimarães FS, Orsini M, De Freitas MRG. Effects of a physical therapy home-based exercise program for Parkinson's disease. Fisioter Mov 2012;25(4):709-15. foram o pequeno número amostral e ausência de grupo controle. Por outro lado, destaca-se que seu programa é mais acessível do que um semissupervisionado e supervisionado, pois não depende da presença do fisioterapeuta nas sessões. Contudo, é mais indicado para pacientes independentes e com cognição preservada. Também, considerando que esse estudo foi desenvolvido em uma cidade do Brasil onde o telefone é um meio de comunicação comum nos domicílios, considera-se a viabilidade deste no monitoramento a distância. Todavia, são necessários estudos que avaliem o custo-benefício desse monitoramento em longo prazo.

Stack et al.3535. Stack E, Roberts H, Ashburn A. The PIT: SToPP Trial-A Feasibility Randomised Controlled Trial of Home-Based Physiotherapy for People with Parkinson's Disease Using Video-Based Measures to Preserve Assessor Blinding. Parkinson's Disease 2012;2012:1-8. optaram pela prática supervisionada em ensaio clínico randomizado controlado de curta duração. Observaram tendência a melhora na transferência, mobilidade e equilíbrio, não encontrada para o grupo controle que apresentou piora. Segundo o estudo,3535. Stack E, Roberts H, Ashburn A. The PIT: SToPP Trial-A Feasibility Randomised Controlled Trial of Home-Based Physiotherapy for People with Parkinson's Disease Using Video-Based Measures to Preserve Assessor Blinding. Parkinson's Disease 2012;2012:1-8. o treinamento de transferência em domicílio assume importância por ser onde os pacientes podem implementar estratégias aprendidas. Por outro lado, alguns participantes relataram fadiga extrema após a intervenção, sugerindo que o tipo e intensidade dos exercícios prescritos devem ser revistos.

Ensaios clínicos randomizados controlados de Ebersbach et al.2828. Ebserbach G, Ebersbach A, Gandor F, Wegner B, Wissel J, Kupsch A. Impact of physical exercise on reaction time in patients with Parkinson's Diseased: data from the Berlin BIG Study. Arch Phys Med Rehabil 2014; 95(5):996-9.,2929. Ebserbach G, Ebersbach A, Edler D, Kaufhold O, Kusch M, Kupsch A, et al. Comparing exercise in Parkinson's Disease: the Berlin LSVT(r)BIG Study. Mov Disord 2010;25(12):1902-8. e Frazzitta et al.3838. Frazzitta G, Bertotti G, Riboldazzi G, Turla M, Uccellini D, Boveri N, et al. Effectiveness of intensive inpatient rehabilitation treatment on disease progression in parkinsonian patients: a randomized controlled trial with 1-year follow-up. Neurorehabilitation Neural Repair 2012;26(2):144-50. defenderam os efeitos benéficos da reabilitação ambulatorial supervisionada comparada ao controle domiciliar. Ebersbach et al.2828. Ebserbach G, Ebersbach A, Gandor F, Wegner B, Wissel J, Kupsch A. Impact of physical exercise on reaction time in patients with Parkinson's Diseased: data from the Berlin BIG Study. Arch Phys Med Rehabil 2014; 95(5):996-9.,2929. Ebserbach G, Ebersbach A, Edler D, Kaufhold O, Kusch M, Kupsch A, et al. Comparing exercise in Parkinson's Disease: the Berlin LSVT(r)BIG Study. Mov Disord 2010;25(12):1902-8. obtiveram melhora significativa no desempenho motor, mobilidade e tempo de reação com estímulo auditivo no grupo ambulatorial, não observada no controle domiciliar que apresentou desempenho relativamente estável. Já Frazzitta et al.3838. Frazzitta G, Bertotti G, Riboldazzi G, Turla M, Uccellini D, Boveri N, et al. Effectiveness of intensive inpatient rehabilitation treatment on disease progression in parkinsonian patients: a randomized controlled trial with 1-year follow-up. Neurorehabilitation Neural Repair 2012;26(2):144-50. encontraram melhora dos sintomas motores e AVDs para o grupo ambulatorial, com piora significativa sobre os desfechos e aumento da dosagem da medicação no controle domiciliar. Em seu estudo3838. Frazzitta G, Bertotti G, Riboldazzi G, Turla M, Uccellini D, Boveri N, et al. Effectiveness of intensive inpatient rehabilitation treatment on disease progression in parkinsonian patients: a randomized controlled trial with 1-year follow-up. Neurorehabilitation Neural Repair 2012;26(2):144-50. não foram especificados exercícios recomendados pelo neurologista e como realizá-los. A forma como os pacientes foram orientados e motivados pode ter influenciado resultados negativos.

Contrariando os estudos anteriores, ensaio clínico randomizado controlado de Schenkman et al.3636. Schenkman M, Hall DA, Barón AE, Schwartz RS, Mettler P, Kohrt WM. Exercise for people in early- or mid-stage Parkinson disease: a 16-month randomized controlled trial. Phys Ther 2012;92(11):1395-410. e quase randomizado de Dereli & Yaliman4040. Dereli EE, Yaliman A. Comparison of the effects of a physiotherapist-supervised exercise programme and a self-supervised exercise programme on quality of life in patients with Parkinson's disease. Clin Rehabil 2010;24(4):352-62. demonstraram que programa domiciliar confere benefícios, embora em menor extensão que programa ambulatorial. Schenkman et al.3636. Schenkman M, Hall DA, Barón AE, Schwartz RS, Mettler P, Kohrt WM. Exercise for people in early- or mid-stage Parkinson disease: a 16-month randomized controlled trial. Phys Ther 2012;92(11):1395-410. utilizaram manual ilustrado3737. Cianc H. Parkinson's disease: fitness counts [Internet]. Hagerstown: National Parkinson Fundation; 2012 [acesso em 15 jan. 2015]. Disponível em: http://www.parkinson.org/sites/default/files/Fitness_Counts.pdf com exercícios domiciliares autossupervisionado e um encontro em grupo supervisionado por mês. Foram pontos positivos a falta de declínio significativo em sintomas motores e na qualidade de vida ao longo do estudo, assim como a continuidade da prática após intervenção. Estudo de Dereli & Yaliman4040. Dereli EE, Yaliman A. Comparison of the effects of a physiotherapist-supervised exercise programme and a self-supervised exercise programme on quality of life in patients with Parkinson's disease. Clin Rehabil 2010;24(4):352-62. realizou uma sessão de educação individualizada com o paciente, entregando cartilha de exercícios para prática autossupervisionada, além de fazer monitoramento telefônico semanal. Dessa forma, encontraram melhora significativa sobre a qualidade de vida, embora em menor extensão que para o grupo supervisionado. As principais limitações deste estudo4040. Dereli EE, Yaliman A. Comparison of the effects of a physiotherapist-supervised exercise programme and a self-supervised exercise programme on quality of life in patients with Parkinson's disease. Clin Rehabil 2010;24(4):352-62. foram o pequeno número amostral e a quase randomização.

Estudo de Canning et al.3333. Canning CG, Allen NE, Dean CM, Goh L, Fung VS. Home-based treadmill training for individuals with Parkinson's disease: a randomized controlled pilot trial. Clin Rehabil 2012;26(9):817-26. investigou o treino semissupervisionado de marcha domiciliar com esteira e encontrou boa viabilidade e melhora no tempo de caminhada de seis minutos, fadiga e qualidade de vida. No entanto, ressalta-se que participantes apresentavam DP em estágios iniciais e cognição intacta. Também, por se tratar de estudo piloto, são necessárias outras pesquisas investigando métodos para aumentar a segurança da intensidade e duração do treino. Ademais, questiona-se a viabilidade do protocolo em grande escala, devido ao custo de uma esteira e a necessidade de supervisão adequada.

Somente o estudo de De Bruin et al.4141. De Bruin N, Doan JB, Turnbull G, Suchowersky O, Bonfield S, Hu B, et al. Walking with music Is a safe and viable tool for gait training in Parkinson's Disease: the effect of a 13-Week feasibility study on single and dual task walking. Parkinson's Disease 2010:483530. avaliou a viabilidade e eficácia da integração entre marcha e música, encontrando melhora na velocidade da marcha, do tempo da passada, cadência e gravidade dos sintomas motores. Achados sugeriram que música pode ser integrada de forma segura durante exercício domiciliar para tratamento dos sintomas motores na DP. Entende-se que a principal dificuldade apresentada para colocar o protocolo em prática seria produzir uma lista de músicas de forma individualizada com arranjo ajustado à cadência. Ademais, sugerem-se mais pesquisas para avaliar os efeitos dessa terapia em domicílio, pois o único ensaio clínico encontrado apresentou pequeno número amostral.

Por fim, revisão da literatura de Santos et al.1818. Santos VV, Leite MAA, Silveira R, Antoniolli R, Nascimento OJM, Freitas MRG. Fisioterapia na Doença de Parkinson: uma Breve Revisão. Rev Bras Neurol 2010;46(2):17-25. defendeu efeitos positivos do uso de exercícios domiciliares pelo fisioterapeuta tendo em vista que grande parte dos enfermos não pode frequentar locais específicos devido a dificuldades de locomoção e ao custo do tratamento.

Os achados desta revisão ressaltam os benefícios da cinesioterapia domiciliar como: estímulo ao autocuidado; ganho de força e amplitude de movimento; redução de número de queixas e do medo de cair; melhora de sintomas motores relacionados ao Parkinson e qualidade de vida. No entanto, programa deve ser acessível e ajustado às necessidades dos pacientes, com orientação adequada e monitoramento fisioterapêutico presencial ou a distância.

Reabilitação com realidade virtual

Esta revisão incluiu quatro estudos27,32,34,42 que abordaram a reabilitação com realidade virtual como estratégia do cuidado domiciliar na DP. Destes, três foram originais3232. Dowling GA, Hone R, Brown C, Mastick J, Melnick M. Feasibility of adapting a classroom balance training program to a video game platform for people with Parkinson's Disease. Telemed J E Health 2013;19(4):298-304.,3434. Esculier JF, Vaudrin J, Bériault P, Gagnon K, Tremblay LE. Home-based balance training programme using Wii Fit with balance board for Parkinsons's disease: a pilot study. J Rehabil Med 2012;44(2):144-50.,4242. Espay AJ, Baram Y, Dwivedi AK, Shukla R, Gartner M, Gaines L, et al. At-home training with closed-loop augmented-reality cueing device for improving gait in patients with Parkinson disease. J Rehabil Res Dev 2010; 47(6):573-81. realizados em países desenvolvidos. É provável que o custo dessa ferramenta terapêutica seja o principal fator limitante para pesquisas em países em desenvolvimento como o Brasil.

Esculier et al.3434. Esculier JF, Vaudrin J, Bériault P, Gagnon K, Tremblay LE. Home-based balance training programme using Wii Fit with balance board for Parkinsons's disease: a pilot study. J Rehabil Med 2012;44(2):144-50. analisaram efeitos de programa domiciliar com uso de jogos comerciais do Nintendo(tm) Wii Fit e plataforma de equilíbrio, encontrando boa resposta para equilíbrio estático e dinâmico, mobilidade e capacidade funcional no grupo com DP. Para os autores,3434. Esculier JF, Vaudrin J, Bériault P, Gagnon K, Tremblay LE. Home-based balance training programme using Wii Fit with balance board for Parkinsons's disease: a pilot study. J Rehabil Med 2012;44(2):144-50. os benefícios conferidos pelo uso do Wii Fit estiveram relacionados à oferta de feedback visual, auditivo e proprioceptivo e à ativação do circuito de recompensa pela motivação dos usuários ao superar pontuações anteriores. O ensaio clínico apresentou nível B de evidência, sendo algumas das limitações a má adequação do método, ausência de grupo controle e pequeno número amostral. Então, deve-se ter cautela em extrapolar os resultados para a população geral. Também, entende-se que o programa tem seu uso limitado no Brasil devido ao custo do aparelho e da plataforma de equilíbrio, não alcançando indivíduos com menor renda. Além disso, há escassez de profissionais que utilizam esse recurso como estratégia domiciliar.

Estudo de Dowling et al.3232. Dowling GA, Hone R, Brown C, Mastick J, Melnick M. Feasibility of adapting a classroom balance training program to a video game platform for people with Parkinson's Disease. Telemed J E Health 2013;19(4):298-304. sugeriu que jogos adaptados com movimentos terapêuticos e uso de plataforma de equilíbrio em domicílio é um recurso atraente e viável para treinar marcha e equilíbrio. Pacientes relataram ter maior facilidade e preferência pelo uso de jogos com movimentos de sentar e levantar, diagonais funcionais e rotação de tronco, respectivamente. Em alguns momentos, como as orientações não estavam claras no jogo com rotação de tronco, isso impactou no desempenho motor. Os fatores motivadores para a prática foram os gráficos, áudio e material de suporte sobre os jogos. Destaca-se que se trata de estudo transversal, logo, são necessários ensaios clínicos randomizados para avaliar os efeitos da intervenção proposta.

Estudo de Espay et al.4242. Espay AJ, Baram Y, Dwivedi AK, Shukla R, Gartner M, Gaines L, et al. At-home training with closed-loop augmented-reality cueing device for improving gait in patients with Parkinson disease. J Rehabil Res Dev 2010; 47(6):573-81. foi o único que se propôs a investigar a eficácia da reabilitação com realidade virtual imersiva sobre a marcha de pacientes com DP, observando benefícios sobre velocidade da marcha, comprimento da passada e episódios de congelamento (freezing). Apesar dos benefícios conferidos, não é recurso viável e acessível, sobretudo para a realidade de serviços públicos. Ademais, a falta de detalhamento da sua amostra, bem como a ausência do grupo controle podem ser considerados vieses metodológicos.

Quanto à revisão sistemática de Barry et al.2727. Barry G, Galna B, Rochester L. The role of exergaming in Parkinson's disease rehabilitation: a systematic review of the evidence. J Neuroengineering Rehabil 2014;11:2-10. sobre efeitos de jogos de realidade virtual na DP, encontrou-se apenas um estudo com enfoque domiciliar, o de Esculier et al.,3434. Esculier JF, Vaudrin J, Bériault P, Gagnon K, Tremblay LE. Home-based balance training programme using Wii Fit with balance board for Parkinsons's disease: a pilot study. J Rehabil Med 2012;44(2):144-50. já discutido nesta revisão. De acordo com os autores,2727. Barry G, Galna B, Rochester L. The role of exergaming in Parkinson's disease rehabilitation: a systematic review of the evidence. J Neuroengineering Rehabil 2014;11:2-10. de forma geral, o principal ponto positivo é a oferta do feedback visual que estimula o aprendizado motor. No entanto, jogos comerciais rápidos e complexos podem diminuir motivação, aderência e segurança. Outros fatores dificultadores são o comando mediante controle de mão, devido ao tremor e discinesia, e o uso de plataforma, que pode ser um fator de risco para queda. As sugestões para melhorar aderência foram: jogos adaptados para estágio clínico da DP, sem feedback negativo, com instruções claras e metas, demanda cognitiva adequada e investigação do uso de jogos que não exigem plataforma como o XBOX Kinect. São necessárias mais investigações sobre segurança do uso da ferramenta para casa.

Por fim, esta revisão sugere benefícios da reabilitação com realidade virtual sobre marcha, equilíbrio e capacidade funcional, além de boa aceitação e aspecto motivacional. No entanto, a principal dificuldade do uso domiciliar na DP é o custo e a disponibilidade dos instrumentos necessários para a prática terapêutica.

CONCLUSÃO

Os estudos incluídos nesta revisão mostram evidências científicas sobre a utilização de exercícios terapêuticos domiciliares como uma importante estratégia do cuidado fisioterapêutico na doença de Parkinson, destacando-se a cinesioterapia e a reabilitação com realidade virtual. Os principais benefícios da cinesioterapia foram: estímulo ao autocuidado; ganho de força e amplitude de movimento; redução de número de queixas e do medo de cair; melhora de sintomas motores relacionados ao Parkinson e qualidade de vida. Quanto aos benefícios da reabilitação com realidade virtual, a melhora na marcha, capacidade funcional e equilíbrio, além de boa aceitação e aspecto motivacional. Por fim, cinesioterapia apresenta vantagens comparadas à reabilitação com realidade virtual, por ser um recurso mais acessível e com menor custo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2016

Histórico

  • Recebido
    03 Mar 2015
  • Revisado
    21 Nov 2015
  • Aceito
    04 Dez 2015
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