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O foco no paciente é o principal pilar da transformação digital na Saúde!

Em 1903, o famoso inventor Thomas Edison declarou, em uma de suas muitas previsões sobre o futuro, que “o médico do futuro não prescreverá medicamentos, mas instruirá os pacientes sobre os cuidados com o corpo, sobre a dieta e sobre a causa e prevenção de doenças”. Ele enxergou longe!

Esse desafio que enfrenta a saúde não é uma surpresa para todos nós, mas ainda assim nos deixa perplexos - temos que buscar persistentemente a estratégia da prevenção das doenças em vez de somente reagirmos ao tratamento daquelas que ocorrem e poderiam ser evitadas. A tempestade perfeita de fatores que se combinam para tornar os serviços atuais de saúde inacessíveis e insustentáveis ​​é bem conhecida e muito bem compreendida, dada a quantidade de estudos publicados. Mudanças econômicas, epidemiológicas e demográficas significam que a fórmula do ‘mais do mesmo’ não consegue mais lidar com os muitos problemas difíceis enfrentados pelos serviços de saúde deste século XXI11 Marsch, L. A., Hegel, M. T., & Greene, M. A. (2019). Leveraging digital technology to intervene on personality processes to promote healthy aging. Personality Disorders: Theory, Research, and Treatment, 10(1), 33-45. http://dx.doi.org/10.1037/per0000275
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. O aumento dos custos na cadeia da saúde, as expectativas dos consumidores, as novas tecnologias e a crescente globalização colocam uma pressão imensa no setor da saúde para que se alinhe melhor com as restrições econômicas que todos os países sofrem.

Sistemas estabelecidos de longa duração de atenção primária, secundária e terciária são cada vez mais incapazes para fornecer respostas aos desafios decorrentes do envelhecimento das populações, bem como ao ônus das doenças mudam para condições crônicas, como diabetes, doença musculoesquelética e doenças cardiovasculares.

A necessidade de melhorar a qualidade e a eficiência dos cuidados de saúde, não só nos hospitais, mas também nos lares, está se tornando cada vez mais importante para os doentes, em especial os crônicos, e para a sociedade em todo o mundo. A disponibilidade de novas tecnologias, como celulares inteligentes (ou smartphones), equipamentos e sensores vestíveis para monitoramento remoto (smart wearables), sistemas de dados digitais dos pacientes baseados na internet (ou cloud based eletronic medical records), facilitam o desenvolvimento de soluções tecnológicas mais ágeis e seguras para os pacientes22 Coughlin, S., Roberts, D., O’Neill, K. and Brooks, P. (2018), Looking to tomorrow’s healthcare today: a participatory health perspective. Intern Med J, 48: 92-96. doi:10.1111/imj.13661
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,33 Kuo AMH (2011). Opportunities and Challenges of Cloud Computing to Improve Health Care Services. J Med Internet Res 2011;13(3):e67. doi:10.2196/jmir.1867
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.

Uma questão recorrente é: será que os sistemas digitais universalizados de registro médico eletrônico poderão transformar os serviços de saúde atuais? De forma direta, SIM. Há potenciais benefícios para a gestão da saúde, com economia nos tratamentos e redução de custos desnecessários. O que buscamos com essa revolução digital na saúde é a sustentabilidade virtuosa do sistema44 Richard Hillestad, James Bigelow, Anthony Bower, Federico Girosi, Robin Meili, Richard Scoville, and Roger Taylor (2005). Can Electronic Medical Record Systems Transform Health Care? Potential Health Benefits, Savings, And Costs. Health Affairs 2005 24:5, 1103-1117.

O relatório preparado para o sistema NHS na Grã-Bretanha, chamado Topol Review, Preparing the healthcare workforce to deliver the digital future55 Health Education England. The Topol Review, Preparing the healthcare workforce to deliver the digital future: an independent report on behalf of the Secretary of State for Health and Social Care February 2019 [Internet]. [sem local]: HEE; 2019 [acesso em 02 mar. 2019]. Disponível em: https://topol.hee.nhs.uk/wp-content/uploads/HEE-Topol-Review-2019.pdf
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, publicado em fevereiro de 2019, inclui três princípios para apoiar a implantação dessas tecnologias digitais na saúde. Esses são:

  1. Os pacientes devem ser adequadamente informados sobre as tecnologias de saúde, com foco particular nos grupos vulneráveis ​​para garantir acesso justo;

  2. Os profissionais da saúde precisam de conhecimento e orientação para avaliar e adotar as novas tecnologias;

  3. A adoção de novas tecnologias deve ser usada para garantir às equipes de saúde mais tempo para cuidar e interagir diretamente com os pacientes. A tecnologia deve ser um facilitador, nunca uma barreira, na assistência aos pacientes.

A transformação digital na saúde parece ser uma engrenagem pronta para que os dados gerados pelas diferentes inovações tecnológicas - como exemplificada na chegada da inteligência artificial na medicina - venham oferecer diversas possibilidades de melhorar a segurança de ensaios clínicos, vigilância de novas e velhas doenças, engajamento dos pacientes nos tratamentos prescritos e, consequentemente, melhora dos resultados que permitam maior qualidade de vida dos pacientes, desde os recém-nascidos até os da geração crescente de idosos (público este que espera viver mais com qualidade). Os benefícios são potencialmente enormes, com impactos social e econômico óbvios.

Sendo assim, pensemos: Estamos nos preparando para essa revolução digital na saúde? Seremos os agentes da transformação ou os que sofrerão passíveis a transformação?

REFERENCES

  • 1
    Marsch, L. A., Hegel, M. T., & Greene, M. A. (2019). Leveraging digital technology to intervene on personality processes to promote healthy aging. Personality Disorders: Theory, Research, and Treatment, 10(1), 33-45. http://dx.doi.org/10.1037/per0000275
    » http://dx.doi.org/10.1037/per0000275
  • 2
    Coughlin, S., Roberts, D., O’Neill, K. and Brooks, P. (2018), Looking to tomorrow’s healthcare today: a participatory health perspective. Intern Med J, 48: 92-96. doi:10.1111/imj.13661
    » https://doi.org/10.1111/imj.13661
  • 3
    Kuo AMH (2011). Opportunities and Challenges of Cloud Computing to Improve Health Care Services. J Med Internet Res 2011;13(3):e67. doi:10.2196/jmir.1867
    » https://doi.org/10.2196/jmir.1867
  • 4
    Richard Hillestad, James Bigelow, Anthony Bower, Federico Girosi, Robin Meili, Richard Scoville, and Roger Taylor (2005). Can Electronic Medical Record Systems Transform Health Care? Potential Health Benefits, Savings, And Costs. Health Affairs 2005 24:5, 1103-1117
  • 5
    Health Education England. The Topol Review, Preparing the healthcare workforce to deliver the digital future: an independent report on behalf of the Secretary of State for Health and Social Care February 2019 [Internet]. [sem local]: HEE; 2019 [acesso em 02 mar. 2019]. Disponível em: https://topol.hee.nhs.uk/wp-content/uploads/HEE-Topol-Review-2019.pdf
    » https://topol.hee.nhs.uk/wp-content/uploads/HEE-Topol-Review-2019.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jun 2019
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2019
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